A elisão em São Borja

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Transcrição:

Anais do CELSUL 2008 A elisão em São Borja Juliana Ludwig-Gayer 1, Gisela Collischonn 2 1 Instituto de Letras Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 2 Instituto de Letras Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) julianaludwig@yahoo.com.br, giselac@via-rs.net Resumo. Esta pesquisa propõe uma análise variacionista do fenômeno da elisão em dados do Projeto VARSUL, mais especificamente da cidade de São Borja. Verificamos, nesses dados, que a aplicação da elisão é favorecida quando temos os seguintes contextos: dentro da frase fonológica, atonicidade máxima, V2 anterior média, combinação de palavras maiores que V, combinação não-funcional+outra palavra e distância de duas ou mais sílabas entre os acentos. Abstract. This research proposes a variacionist analysis of the phenomenon of elision on spoken data withdrawn from VARSUL Project, more specifically from São Borja. The analysis shows that the implementation of elision occurs more frequently in the following contexts: within the phonological phrase, when the two adjacent vowels are unstressed, when the second vowel is mid front, when the words involved are polysyllabic, when the sequence of words is built from a non-functional word and another word, and when there is a distance of two or more syllables between accents. Palavras-chave: sândi externo; elisão; variação 1. Introdução Em português, a aplicação da elisão ocorre em fronteira de palavras, ou de constituintes maiores, e afeta a vogal baixa /a/, a qual é elidida (ou apagada) no contexto /a#v/, ou seja, sempre que temos a vogal /a/ seguida de outra vogal diferente de /a/, como vemos em umempresa ( uma empresa ). Esta pesquisa propõe uma análise variacionista do fenômeno da elisão em dados da amostra de entrevistas sociolingüísticas de São Borja (RS) do Projeto VARSUL. Consideramos na análise os contextos a#e, a#i, a#o e a#u. Nesses contextos, podemos encontrar ainda, quando a elisão não se aplica, a ocorrência da ditongação. Por exemplo, em vida inteira, podemos ter a aplicação da elisão, vid[i]nteira, ou ainda a ditongação, vid[aj]nteira. Portanto, o que pretendemos verificar em nossa pesquisa é se a elisão é, nesses contextos, mais freqüente do que a ditongação e quais os demais fatores lingüísticos e extralingüísticos que interferem na realização desse processo. Alguns trabalhos que analisaram o fenômeno (Bisol, 2002a, 2002b; Tenani, 2004) mostraram que a aplicação da elisão é influenciada por fatores como acento, domínio prosódico, etc. Portanto, o objetivo geral desta pesquisa é verificar se esses fatores favorecem ou não a aplicação da elisão nos dados coletados. Para tanto, verificamos acusticamente os dados através do programa Wavesurfer e estatisticamente através do pacote de programas VARBRUL, versão GoldVarb-windowns. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 1

Este trabalho se concentrará em explicar, na segunda seção, os aspectos fonológicos relacionados à aplicação da elisão; e, na terceira, a metodologia utilizada na análise dos dados, com os grupos de fatores considerados, nossas hipóteses e a amostra selecionada. A quarta seção, por sua vez, será destinada à descrição dos resultados. 2. O processo de elisão No processo de elisão, a vogal que é elidida, como vimos, é a vogal baixa /a/, quando esta é seguida de outra vogal, diferente de /a/. Em termos silábicos, pode-se dizer que, em uma seqüência V1#V2, esse processo modifica uma sílaba sem ataque (V2), a qual passa a tê-lo devido ao apagamento de V1 e ao reajustamento dos segmentos. O resultado, portanto, é que a seqüência fonológica fica reduzida em uma sílaba, conforme Figura 1. Figura 1. Processo de elisão (fonte: Bisol, 2002a, p. 233) Vemos na Figura 1 que, em (a), ocorre a desassociação do núcleo da sílaba da primeira palavra, provocando, conseqüentemente, o desaparecimento dessa sílaba, como vemos em (b). Em (c), percebemos que os segmentos desassociados se ligam ao nó silábico da sílaba da segunda palavra. Como a rima da sílaba remanescente já está preenchida pela vogal [u], apenas o ataque, que na sílaba da segunda palavra estava vazio, é preenchido com a consoante que estava flutuante. Os outros elementos flutuantes são, então, apagados, como vemos em (d). Porém, o processo de elisão é bloqueado, em português, se a segunda vogal for tônica. Esse bloqueio é mais evidente se essa vogal portar também o acento principal ou frasal, o qual, conforme Abaurre (1996), precisa ser preservado por trazer informações entoacionais e sintáticas. Em outras palavras, o acento da segunda vogal somente bloqueia categoricamente a regra quando também incidir sobre ele o acento frasal. Em cantava ópera 1, por exemplo, o acento frasal incide na vogal tônica de ópera, bloqueando a elisão. Já em cantava ópera italiana, o acento frasal incide sobre a vogal 1 Exemplo de Collischonn, 2007, p. 216. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 2

tônica de italiana e não sobre a de ópera, criando, dessa forma, contexto para a aplicação da regra. Em relação à Fonologia Prosódica, a elisão não se aplica no interior de palavras. Dessa forma, ela apenas ocorre no interior de uma frase fonológica ou em fronteira de duas frases fonológicas, entre palavras prosódicas [[menina]ω[elegante]ω]φ > [meninelegante], ou no interior de um grupo clítico [uma hotelaria]c > [umotelaria] 2. Portanto, o domínio do grupo clítico é o mais baixo da hierarquia que serve de contexto para a aplicação da elisão. Entretanto, conforme salienta Bisol (2005), assim que ocorre o processo, o clítico se incorpora à palavra fonológica adjacente, formando uma nova palavra: [umotelaria]ω. 3. Metodologia Como dissemos anteriormente, utilizamos, para a análise dos dados, neste trabalho, dois programas, a saber: Wavesurfer e GoldVarb-windows. O primeiro foi utilizado para uma verificação acústica e não apenas auditiva dos dados, enquanto o segundo foi utilizado para a análise estatística dos mesmos. Para esta última, delimitamos variáveis (ou grupo de fatores) relacionadas ao fenômeno da elisão. Essas variáveis serão, então, apresentadas na próxima seção. 3.1. Variáveis consideradas A variável lingüística dependente desta pesquisa é a ocorrência da elisão em fronteira de palavras. Como, nos contextos propícios à elisão, podemos também encontrar ocorrências de ditongação, optamos por dividir a análise da seguinte forma: ELISÃO (nessa estação) elisão (nessestação) ditongação (nessajstação) não-aplicação (nessa estação) Ou seja, consideramos que à análise da elisão correspondem três variantes aplicação da elisão (1), aplicação da ditongação (2) e não-aplicação da elisão (0). Como este trabalho parte de estudos anteriores a respeito do mesmo fenômeno (Bisol, 2002a, 2002b; Tenani, 2004; Cabré e Prieto, 2005), consideramos os mesmos fatores destacados nessas pesquisas além de outros que achamos relevantes. Dessa forma, delimitamos ainda 11 variáveis independentes, sendo sete lingüísticas e quatro extralingüísticas. As variáveis lingüísticas foram divididas em: Acento (a) V átona + V átona (essa origem) (b) V átona + V tônica (nuclear) (tinha isso) (c) V átona + V tônica (não-nuclear) (luta ele) Domínio prosódico (a) grupo clítico (na ilha) (b) frase fonológica (estava enchendo) 2 Exemplos de Bisol (2005). GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 3

(c) enunciado 3 (cachaça o) Extensão do vocábulo (a) qualquer extensão (passa isso) (b) V +... (a ele) (c)... + V (fazenda e) Distância entre os acentos (a) 1 sílaba (casa ele) (b) 2 sílabas (essa origem) (c) mais de 2 sílabas (uma entrevista) Combinação de palavras (a) funcional + não-funcional (pra estudar) (b) não-funcional + funcional (comprava o) (c) funcional + funcional (pra o) (d) não-funcional + não-funcional (moça irmã) Estrutura silábica de V2 (a) sílaba aberta (uma obrigação) (b) sílaba fechada (C na coda) (nunca errava) Categoria da segunda vogal (a) V anterior alta (roupa inteirinha) (b) V anterior média 4 (uma entrevista) (c) V posterior alta (da união) (d) V posterior média (perna onde) Pelo fato de os fatores extralingüísticos não manifestarem a mesma expressão que os lingüísticos em pesquisas anteriores, selecionamos as variáveis levando em consideração a estratificação feita no banco de dados do Projeto VARSUL. Acrescentamos ainda a questão do informante para verificarmos possíveis casos em que apenas um informante aplicaria mais a regra. As variáveis extralingüísticas, então, foram divididas da seguinte maneira: a) Sexo: feminino e masculino; b) Idade: 25 a 39 anos e mais de 56; c) Escolaridade: primário e secundário; d) Informante. É importante destacar que, para manter a ortogonalidade na combinação dos fatores acima listados, foram feitas duas rodadas, ora tirando, ora mantendo fatores. Dessa maneira, em uma primeira rodada, consideramos os fatores: acento, domínio prosódico, extensão do vocábulo, estrutura silábica de V2, categoria de V2, sexo, idade e escolaridade. Já em uma segunda rodada, consideramos: extensão do vocábulo, distância entre os acentos, combinação de palavras, estrutura silábica de V2, categoria de V2 e informante. 3 Constituintes maiores do que a frase fonológica foram considerados enunciado. 4 Nesta análise, as vogais iniciais de palavras como encontro e escola foram classificadas como anteriores médias. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 4

3.2. Hipóteses A partir da definição de nossas variáveis independentes (Seção 3.1), podemos resumir as principais hipóteses que serviram de ponto de partida para nossa análise. São elas: (1) A frase fonológica será o domínio preferencial para a aplicação da elisão; (2) Contexto ideal para o processo será o de atonicidade máxima; (3) A elisão será desfavorecida quando a 2ª vogal portar o acento principal (frasal); (4) A elisão será desfavorecida quando sua aplicação gerar choque de acentos; (5) Espera-se um padrão de variação estável, no qual fatores como sexo, idade e escolaridade não tenham papel. Temos ainda algumas questões as quais não podemos chamar de hipóteses, pois são questões observadas em catalão e cuja pertinência pretendemos verificar em português. Por isso, resolvemos chamá-las de perguntas adicionais aos dados: Quando a 2ª vogal ocorrer em uma sílaba fechada, a elisão será favorecida? A presença de uma palavra funcional favorecerá a elisão? 3.3. Amostra O corpus que será analisado nesta pesquisa foi coletado a partir de parte de oito entrevistas da cidade de São Borja que compõem o banco de dados do Projeto VARSUL. É importante dizer que a escolha da cidade não foi aleatória, pois, dentre as amostras ainda não analisadas para o fenômeno em questão, escolhemos uma cidade que acreditamos não apresentar influências significativas de línguas de imigrantes alemães e italianos, se comparada às outras que fazem parte do projeto; apesar disso, devemos reconhecer que o fato de estar situada numa das regiões fronteiriças do país pode exercer algum papel na taxa de elisão apresentada. Como foi dito anteriormente, a distribuição dos informantes foi regulada pelas variáveis sexo, idade e escolaridade. Dessa forma, selecionamos quatro informantes de cada sexo, de cada faixa etária e de cada grau de escolaridade. 4. Resultados A primeira análise da elisão constituiu-se de 291 células, enquanto a segunda constituiuse de 272 células, a partir de um total de 784 ocorrências de choque entre núcleos silábicos. Dentre essas ocorrências, encontramos: (0) não-aplicação: 280 casos 35% (1) elisão: 435 casos 55% (2) ditongação: 69 casos 8% Percebemos, então, que nossa análise estatística indicou a regra da elisão como a mais atestada nos dados, com 55% de aplicação, contra 35% de não-aplicação e 8% de ditongação. Na primeira análise binária (multidimensional), considerando a elisão como aplicação da regra e as outras variantes como não-aplicação, o programa selecionou como relevantes as variáveis: domínio prosódico, acento, categoria de V2 e extensão do vocábulo, deixando de selecionar nossas variáveis extralingüísticas, bem como a lingüística estrutura silábica de V2. Passamos, então, para a análise individual dos grupos selecionados. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 5

4.1. Domínio prosódico O grupo domínio prosódico apresentou os seguintes resultados: Fatores Aplicação/Total % Peso Relativo Frase fonológica 244/344 70 0,68 (passa envolvido) Enunciado 135/264 51 0,38 (Caixa incorporou) Grupo clítico 56/176 31 0,32 (uma empresa) Significância: 0,009 Tabela 1. Domínio prosódico Verificamos, a partir da Tabela 1, que o fator frase fonológica, que apresenta peso relativo 0,68, é o que mais favorece a aplicação da regra da elisão, enquanto os constituintes grupo clítico e enunciado parecem não favorecer tal aplicação, com pesos relativos 0,32 e 0,38, respectivamente. 4.2. Acento Em relação ao grupo acento, obtivemos os resultados apresentados a seguir: Fatores Aplicação/Total % Peso Relativo V átona + V átona 254/438 57 0,59 (guerra econômica) V átona + V tônica 162/263 61 0,47 (não-nuclear) (pra outro) V átona + V tônica 19/83 22 0,16 (nuclear) (ia indo) Significância: 0,009 Tabela 2. Acento Percebemos que o contexto de atonicidade máxima se mostra favorecedor à aplicação da regra, com peso relativo 0,59. Quando a segunda vogal recebe o acento primário, o peso relativo 0,47 não indica nem favorecimento nem desfavorecimento da aplicação da elisão, pois se aproxima do ponto neutro. Dessa forma, o contexto que mais desfavorece (0,16) parece ser quando em V2 recai o acento nuclear (ou principal). 4.3. Categoria de V2 O terceiro grupo selecionado como relevante foi categoria de V2, o qual pode ser analisado a seguir: GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 6

Fatores Aplicação/Total % Peso Relativo V anterior média 140/216 64 0,65 (pra eles) V posterior alta 116/191 60 0,52 (zona urbana) V posterior média 111/205 54 0,48 (uma operação) V anterior alta 68/172 39 0,31 (na igreja) Significância: 0,009 Tabela 3. Categoria de V2 Os resultados apresentados na Tabela 3 indicam que a aplicação da elisão é favorecida quando a segunda vogal for anterior média, atingindo um peso relativo de 0,65, mas desfavorecida quando essa vogal for anterior alta (0,31). Os contextos constituídos de vogais posteriores parecem não exercer grande influência na aplicação da regra, já que os resultados mostraram pesos próximos ao ponto neutro (0,52, para posterior alta; e 0,48, para posterior média). 4.4. Extensão do vocábulo O grupo extensão do vocábulo apresentou os resultados listados na Tabela 4. Fatores Aplicação/Total % Peso Relativo Qualquer extensão 322/568 56 0,55 (trinta ovelhas)... + V 93/151 61 0,39 (fazenda e) V +... 20/65 30 0,37 (a eles) Significância: 0,009 Tabela 4. Extensão do vocábulo Estes resultados mostram que o fator qualquer extensão favorece mais a aplicação da regra do que os outros fatores analisados, pois apresenta peso relativo 0,55, enquanto os outros apresentam pesos abaixo de 0,40. Dessa forma, quando temos as combinações vogal+palavra e palavra+vogal, a elisão parece ser desfavorecida, com peso relativo 0,37 e 0,39, respectivamente. Já na segunda análise multidimensional, o programa selecionou os grupos de fatores combinação de palavras, distância entre os acentos, categoria de V2 e extensão do vocábulo, excluindo, além da variável extralingüística considerada (informante), o grupo estrutura silábica de V2. Nas próximas seções, analisaremos os novos grupos selecionados, ou seja, combinação de palavras e distância entre os acentos. 4.5. Combinação de palavras O grupo de fatores combinação de palavras apresentou os resultados da Tabela 5. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 7

Fatores Aplicação/Total % Peso Relativo Não-funcional + funcional 222/332 66 0,64 (ajudava os) Não-funcional + não-funcional 108/165 65 0,55 (dia inteiro) Funcional + funcional 24/64 37 0,36 (pra um) Funcional + não-funcional 81/223 36 0,30 (uma igreja) Significância: 0,011 Tabela 5. Combinação de palavras Estes resultados mostram que o fato de a primeira palavra da seqüência ser nãofuncional parece favorecer a aplicação da regra; com um maior favorecimento quando a segunda palavra for funcional (0,64) do que quando for não-funcional (0,55). Já quando a primeira palavra é funcional, a regra parece ser desfavorecida, independentemente de ser combinada com uma palavra funcional (0,36) ou não-funcional (0,30). 4.6. Distância entre os acentos Em relação ao grupo distância entre os acentos, obtivemos os resultados apresentados a seguir: Fatores Aplicação/Total % Peso Relativo + de 2 sílabas 60/89 67 0,70 (minha opinião) 2 sílabas 203/358 56 0,58 (estava enchendo) 1 sílaba 172/337 51 0,37 (seja onde) Significância: 0,011 Tabela 6. Distância entre os acentos Nesse caso, parece que, quanto maior a distância entre os acentos, maior a chance de a regra da elisão se aplicar. Como podemos ver na Tabela 6, quando a distância excede duas sílabas, a regra é mais favorecida (0,70) do que quando a distância é de apenas duas sílabas (0,58). Por outro lado, se os acentos das palavras estão separados apenas por uma única sílaba, a elisão é desfavorecida, com peso relativo 0,37. 5. Conclusão Pudemos verificamos, a partir da análise proposta neste trabalho, que a aplicação da elisão é favorecida quando temos os seguintes contextos: frase fonológica, atonicidade máxima, V2 anterior média, combinação de palavras maiores que V, combinação nãofuncional+outra palavra e distância de duas ou mais sílabas entre os acentos. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 8

Alguns desses contextos já nos dão subsídios para respondermos às hipóteses levantadas no início desta pesquisa. A seleção dos contextos frase fonológica e atonicidade máxima, por exemplo, sugere uma resposta afirmativa às nossas duas primeiras hipóteses; são elas: a frase fonológica será o domínio preferencial para a aplicação da elisão (cf. Tabela 1), e o contexto ideal para o processo será o de atonicidade máxima (cf. Tabela 2). Em relação à hipótese de que a elisão seria desfavorecida quando a 2ª vogal portasse o acento principal também parece ter sido confirmada, visto que o contexto que se mostrou mais desfavorecedor, com 0,16 de peso relativo, foi quando em V2 recaía o acento nuclear (ou principal). Acreditamos que este é um dos resultados mais interessantes desta pesquisa, pois confirma o que vinha sendo sugerido em trabalhos anteriores sobre o fenômeno, tais como Bisol (2002a), Tenani (2004) e Cabré e Prieto (2005). Os resultados listados na Tabela 6 indicam também uma resposta positiva para a hipótese a elisão será desfavorecida quando sua aplicação gerar choque de acentos. O peso relativo 0,37 para o fator distância de uma sílaba entre os acentos indica que há, em português brasileiro, assim como sugere Tenani (2004), uma restrição rítmica em evitar choque de acentos dentro de. Dessa forma, caso a elisão ocorresse nesses contextos, o choque de acentos seria inevitável. Nossos resultados indicam, ainda, um padrão de variação estável, pois, como vimos, nenhuma de nossas variáveis extralingüísticas foram selecionadas pelo programa. Isso faz com que possamos confirmar a última hipótese considerada para a análise da elisão. Apesar de respondermos afirmativamente todas as nossas hipóteses iniciais, nossos resultados não fornecem dados para respondermos da mesma forma às perguntas adicionais. Em relação à estrutura silábica de V2, verificamos que sequer esse grupo foi selecionado pelo programa, mostrando que, em português, essa variável parece não ser relevante para o processo de elisão. Além disso, considerando a questão da presença de uma palavra funcional na combinação, percebemos que, apesar de o grupo combinação de palavras ser selecionado pelo programa, os resultados mostraram que a ocorrência de uma palavra funcional não indica favorecimento da regra, pois o contexto não-funcional+nãofuncional também apresentou peso relativo acima do ponto neutro (0,55). O que parece ser relevante nesse caso é a ordem que essa palavra aparece na combinação. Conforme nossos resultados, se ela aparece na primeira posição ou nas duas posições simultaneamente (caso de duas palavras funcionais combinadas), a regra não é favorecida, com pesos relativos 0,30 e 0,36, respectivamente; e, se aparece na segunda posição, a elisão é favorecida, com peso relativo 0,64 (cf. Tabela 5). 6. Referências e Citações ABAURRE, M. Acento frasal e processos fonológicos segmentais. In: Letras de Hoje, Porto Alegre, v.2, n.31, 1996. p. 41-50. BISOL, L. A degeminação e a elisão no VARSUL. In: BISOL, L.; BRESCANCINI, C. (orgs.) Fonologia e variação: recortes do português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002a. p. 231-250. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 9

BISOL, L. Sândi externo: o processo e a variação. In: KATO, M. (org.) Gramática do português falado. Volume V: Convergências. 2ª ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2002b. p. 53-97. BISOL, L. Os constituintes prosódicos. In: BISOL, L. (org.) Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. 4ª ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005. p. 243-255. BRESCANCINI, C. A análise de regra variável e o programa VARBRUL 2S. In: BISOL, L.; BRESCANCINI, C. (orgs.) Fonologia e variação: recortes do português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. p. 13-75. BRESCANCINI, C.; BARBOSA, C. S. A elisão da vogal média /e/ no sul do Brasil. In: Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 40, n. 3, p. 39-56, setembro de 2005. CABRÉ, T.; PRIETO, P. (2005) Positional and metrical prominence effects on vowel sandhi in Catalan. Disponível em: <http://seneca.uab.es/ggt/reports/ggt-03-6- pub.pdf>. Data do acesso: 08/11/2007. COLLISCHONN, G. A sílaba em português. In: BISOL, L. (org.) Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro. 4ª ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005. p. 101-133. COLLISCHONN, G. Proeminência acentual e estrutura silábica: seus efeitos em fenômenos do português brasileiro. In: Araújo, G. A. de. (org.) O acento em português: abordagens fonológicas. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. p.195-223. GUY, G.; ZILLES, A. Sociolingüística quantitativa: instrumental de análise. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. LABOV, W. The social motivation of a sound change. In: Sociolinguistic patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1972. p. 1-42. MATEUS, M. H.; D ANDRADE, E. Phonological processes. In: The phonology of portuguese. New York: Oxford, 2000. p.129-148. NARO, A. Modelos quantitativos e tratamento estatístico. In: MOLLICA, M.; BRAGA, M. Introdução à sociolingüística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2004. p.15-25. SANKOFF, D. Variable rules. In: AMMON, U.; DITMAR, N.; MATTEIR, K. (eds) Sociolinguistics: an international handbook of language and the society. New York: Walter de Gruyter, 1988. p.984-997. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 10

TENANI, L. O bloqueio do sândi vocálico em PB e em PE: evidências da frase fonológica. In: Revista Organon: Estudos de Fonologia e Morfologia, v.18, n. 36, Porto Alegre, UFRGS, 2004. VIGÁRIO, M. On the prosodic status of stressless function words in European Portuguese. In: HALL, T; KLEINHENZ, U. (eds) Studies on the Phonological Word. Amsterdam/Philadelphia, John Benjamins, 1999, p. 254-294. GT Teoria Fonológica e suas Interfaces 11