O USO DO SENSORIAMENTO REMOTO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO



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Transcrição:

1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS E HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PAULO SERGIO PEREIRA DE SANT ANNA O USO DO SENSORIAMENTO REMOTO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO Anápolis 2009

2 PAULO SERGIO PEREIRA DE SANT ANNA O USO DO SENSORIAMENTO REMOTO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Geografia da Unidade Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do título de Licenciado em Geografia. Orientadora: Profª. Ms. Loçandra Borges de Moraes Anápolis 2009

3 PAULO SERGIO PEREIRA DE SANT ANNA O USO DO SENSORIAMENTO REMOTO COMO FERRAMENTA NO ENSINO DE GEGRAFIA NO ENSINO MÉDIO Trabalho de Conclusão de Curso defendido no Departamento de Geografia da Unidade Universitária de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da Universidade Estadual de Goiás, para obtenção do grau de Licenciado em Geografia, aprovado em de de, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores: Profª. Ms. Loçandra Borges de Moraes UEG Presidente da Banca Profª. Ms. Eunice de Oliveira Rios - UEG Examinadora Interna

4 Dedico este trabalho a minha mãe, ao meu pai que nos deixou durante esta caminhada, a minha esposa que foi uma grande incentivadora nos momentos que mais precisei e aos meus filhos. Dedico também a todos os professores, colegas e amigos de faculdade que ficarão sempre presente em minha vida.

5 AGRADECIMENTOS A todos do corpo docente do curso de Geografia da UEG, aos quais tive a oportunidade que fizessem parte do meu aprendizado, em especial a professora e orientadora deste trabalho Loçandra Borges de Moraes, que contribuíram para a construção do meu conhecimento e, ao transmiti-lo, que eu possa contribuir para o desenvolvimento da função da escola na atualidade, de formar cidadãos preparados para participações sociais consistentes e construtivas através dos recursos da ciência presentes na sociedade.

6 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES RESUMO INTRODUÇÃO 1 FUNDAMENTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO 1.1 DEFINIÇÃO, HISTÓRICO E FORMAS DE AQUISIÇÃO DE PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO 1.2 GRANDES PROGRAMAS ESPACIAIS E DISPONIBILIDADE DE PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO NO BRASIL 1.3 ANÁLISE APLICAÇÕES VISUAL DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO E 2 NOVAS TECNOLOGIAS E GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO 2.1 AS NOVAS TECNOLOGIAS NAS NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO ORIENTAÇÕES CURRICULARES 2.2 O SENSORIAMENTO REMOTO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO 2.3 O ESTUDO DO LUGAR E/OU DO ESPAÇO UTILIZANDO PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO 3 O USO DA TECNOLOGIA DO SENSORIAMENTO REMOTO NAS AULAS DE GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO. 3.1 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO A SER UTILIZADO NAS AULAS DE GEOGRAFIA 3.2 REALIZAÇÃO DE UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DE GEOGRAFIA UTILIZANDO PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO 3.3 RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA REALIZADA CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO

7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 01: Figura 01 - Obtenção de imagem por Sensoriamento Remoto...14 Ilustração 02: Figura 02 - Espectro eletromagnético e suas principais regiões...15 Ilustração 03: Figura 03 - Atuação dos sensores remotos segundo os diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagnético...16 Ilustração 04: Figura 04 - Níveis de coletas de dados de Sensoriamento remoto...16.. Ilustração 05: Figura 05-Tipos de resolução em produtos de sensoriamento 18 Ilustração 06: Quadro 01 Principais eventos e programas espaciais relacionados ao processo evolutivo do Sensoriamento Remoto...19 Ilustração 07: Quadro 02 Principais aplicações das imagens obtidas segundo as diferentes bandas ou canais do LANDSAT-5TM...22 Ilustração 08: Figura 06 Satélite produzindo imagens da Terra...24 Ilustração 09: Figura 07 Comportamento espectral de alguns alvos...25 Ilustração 10: Figura 08 Aparência dos alvos em função de sua assinatura espectral...26 Ilustração 11: Figura 09 Região do rio Parnaíba em composição de tons de cinza...27 Ilustração 12: Figura 10 Região do rio Parnaíba em composição colorida.28 Ilustração 13: Quadro 03 Características das imagens no processo de fotointerpretação...29 Ilustração 14: Figura 11 Imagem da Terra tendo ao fundo o por do sol...39 Ilustração 15: Figura 12 Satélite de observação terrestre ERS-1, lançado em 1991...40 Ilustração 16: Figura 13 Aglomeração urbana de Manaus, AM...41 Ilustração 17: Figura 14 Região metropolitana de Nova York...42

8 Ilustração 18: Figura 15 Represa Billings, SP...43 Ilustração 19: Figura 16 Município de São Joaquim da Barra...43 Ilustração 20: Figura 17 Praia de Sttela Maris, Salvador, BH...44 Ilustração 21: Figura 18 Cataratas do Iguaçu, PR...44 Ilustração 22: Figura 19 Imagem com resoluções espaciais distintas dos satélites LANDSAT 5 (30m), IRS-2 (5m) e IKONOS-2 (1m) que possibilitam níveis de detalhamento urbano diversos...46 Ilustração 23: Figura 20 Colégio que realizamos a nossa pesquisa...50 Ilustração 24: Figura 21 Turma com a qual foi realizada a pesquisa...53 Ilustração 25: Figura 22 Imagem orbital obtida pelo satélite LANDSAT- 7, em agosto de 2001...54 Ilustração 26: Figura 23 Imagem utilizada na segunda fase da pesquisa..56 Ilustração 27: Figura 24 Trabalho apresentado pela aluna G.S...58 Ilustração 28: Figura 25 Trabalho apresentado pela aluna N.I.S...58 Ilustração 29: Figura 26 Trabalho apresentado pela aluna K. C...59 Ilustração 30: Figura 27 Gráfico dos resultados da primeira e da segunda fase da pesquisa...60

9 RESUMO Novas tecnologias surgem a todo o momento e o ensino não deve se distanciar delas, pois a adoção de recursos tecnológicos poderá contribuir com aulas diversificadas e atrativas. Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) apontam como uma das tarefas do ensino fundamental e médio, a utilização pelos alunos, de diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos. Um desses recursos atualmente disponíveis para o professor de Geografia é o sensoriamento remoto. O sensoriamento remoto (SR) é uma técnica que se ocupa em estudar as propriedades físicas e químicas dos alvos a serem monitorados, sem ter nenhum contato físico com os mesmos, utilizando-se somente a radiação eletromagnética. Dentre os produtos do sensoriamento remoto estão as imagens de satélite. Por meio delas é possível conhecer os aspectos físicos, sociais e econômicos de um lugar ou região além de identificar as transformações ocorridas nesse lugar ao longo do tempo. A pesquisa foi realizada com uma turma do primeiro ano do segundo grau do turno vespertino, no segundo semestre de 2009. Quando da segunda fase da pesquisa, ao utilizarmos uma imagem do colégio e áreas adjacentes, observamos que os alunos se sentiram motivados ao trabalhar com o seu espaço diário de convivência. Entretanto, por haver poucos professores com conhecimento sobre SR é que as escolas não vêm fazendo uso desta tecnologia como ferramenta no ensino de Geografia. A importância do trabalho que foi desenvolvido com o projeto de pesquisa é que o mesmo possa contribuir para a disseminação do uso dessa tecnologia no meio escolar, fazendo com que os professores passem a utilizar da tecnologia do Sensoriamento Remoto no planejamento das aulas de Geografia. Palavras-chave: Sensoriamento Remoto Ensino Geografia.

10 INTRODUÇÃO As tecnologias estão imbricadas em nossa sociedade e novidades surgem a todo o momento. Em decorrência do papel a ser desempenhado pela escola, que é de formar cidadãos críticos e participativos, capazes de interferir e promover mudanças sociais; no ensino não se deve distanciar delas. Inclusive os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), documento oficial que apresenta as orientações básicas a serem seguidas pelas redes de ensino, defende a proposição de que os alunos devem se utilizar de diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos. Com base neste documento oficial e tendo como referências o papel das imagens enquanto conteúdo procedimental da Geografia, consideramos de fundamental importância a utilização dos produtos de sensoriamento remoto no ensino. A capacidade desses produtos em fornecer informações sobre os recursos naturais e o meio ambiente (utilizadas para o monitoramento da qualidade da água, do crescimento urbano, o controle de áreas de desmatamento, de queimadas etc.), tais imagens colocam-se, como mais uma ferramenta complementar para facilitar trabalhos temáticos no ensino da Geografia. A tecnologia do Sensoriamento Remoto pode ser entendida como um conjunto de atividades que permite a obtenção de informações (através de imagens emitidas por satélites, fotografias aéreas etc.) dos objetos que compõem a superfície terrestre sem a necessidade de contato direto com os mesmos. A energia eletromagnética refletida e emitida pelos objetos terrestres é a base de dados para todo o processo de sua identificação, pois ela permite quantificar a energia espectral refletida e/ou emitida por estes, e assim avaliar suas principais características. Considerando os aspectos acima referidos, este trabalho trata o sensoriamento remoto como conteúdo e como recurso didático no ensino de Geografia no Ensino Médio. A intenção é contribuir para a disseminação e uso, pelos professores, das imagens de satélite em seu trabalho em sala de aula; assim

11 como despertar nos alunos o interesse pela Geografia. Para tanto, o trabalho foi organizado em três capítulos assim constituídos: O capítulo 1 irá tratar sobre Fundamentos de Sensoriamento Remoto, o capítulo 2 sobre as Novas Tecnologias no Ensino Médio: o Sensoriamento Remoto na Geografia Escolar e no capítulo 3 Utilizando Produtos de Sensoriamento Remoto Orbital no Ensino Médio.

12 CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO Definir o Sensoriamento Remoto (SR) é o primeiro passo para que se possa compreender como funciona esta tecnologia. Também é importante conhecer as origens e as bases do SR. Além desses aspectos apresentaremos nesse capítulo alguns dos grandes programas espaciais responsáveis pela variedade de imagens de SR disponíveis no Brasil e discutiremos alguns dos elementos básicos necessários à análise visual de imagens de SR bem como suas aplicações. 1.1 Definição e Conceitos Básicos. O termo SR tem sido definido como a tecnologia que permite a aquisição de informações sobre objetos sem contato físico com eles. Alguns autores e instituições apresentam definições mais completas do termo, entre eles podem-se citar: Novo, IBGE e Venturi. Na visão de Novo (1995, p. 2), Sensoriamento Remoto é, [...] a utilização conjunta de modernos sensores, equipamentos para processamento de dados, equipamentos de transmissão de dados, aeronaves, espaçonaves etc., com o objetivo de estudar o ambiente terrestre através do registro e da análise das interações entre a radiação eletromagnética e as substâncias componentes do planeta Terra em suas mais diversas manifestações. Para o IBGE (1999, p. 55), entende-se o Sensoriamento Remoto como: a utilização conjunta de modernos sensores, equipamentos para processamento e transmissão de dados, aeronaves, espaçonaves e etc., com o objetivo de estudar o ambiente terrestre através do registro e da análise das interações eletromagnéticas e as substâncias componentes do planeta Terra, em suas mais diversas manifestações. Acerca desse conceito, Venturi (2005, p. 34), destaca que:

13 O sensoriamento remoto pode ser definido como técnica que permite a obtenção de informações acerca de objetos, áreas ou fenômenos (alvos) presentes na superfície terrestre, sem que haja necessidade de contato direto com os mesmos. O termo restringe-se à utilização de energia eletromagnética no processo de informações. Para se chegar a este conceito foi preciso que o homem percorresse um longo caminho. O ser humano sempre teve curiosidade em conhecer e estudar o planeta em que vive. Ao longo de sua história ele registrou os estudos e as descobertas realizadas utilizando os recursos disponíveis. Alguns destes registros, como os desenhos nas cavernas: os animais, as plantas, as paisagens e os fatos do dia a dia; que felizmente resistiram à passagem dos séculos, trouxeram até nós informações de como era o nosso planeta há milhões de anos atrás. Mas, o homem em toda a sua curiosidade, não se satisfez apenas com o que podia ver ao seu redor, no plano da superfície terrestre. Na busca por informações sobre o seu ambiente ele passou a procurar locais mais elevados, que lhe permitissem ampliar sua visão para além do espaço circundante. A partir daí, passou a subir em árvores, para ver do alto e de forma mais geral o local onde vivia. Por curiosidade, escalou lugares mais altos, o que possibilitou a ele uma visão não só do local onde vivia, mas também de toda a área ande a vista alcançasse. Na evolução natural da espécie, o homem foi adquirindo conhecimentos que lhe permitiram construir torres de observação e aparelhos, tais como lunetas e binóculos, que lhe davam uma visão mais detalhada do ambiente ao seu redor. Porém, não havia ainda uma forma de registrar o que era observado, a não ser através de desenhos. Com o advento da imprensa estes desenhos puderam ser reproduzidos em livros e passaram para o alcance de mais pessoas, inclusive daquelas que se encontravam muito distantes do lugar observado. No que diz respeito ao SR, o fator que alavancou seu desenvolvimento foram algumas descobertas, especialmente no campo da Física que permitiram o desenvolvimento da fotografia. A esse respeito Meneses (2001, p. 77), afirma que:

14 Com o advento da teoria da luz, os avanços no campo da óptica, e de experimentos com substâncias foto-sensíveis, o francês Niepa, pode gerar em 1822 a primeira imagem fotográfica fazendo uso de uma câmara primitiva e papel quimicamente sensibilizado à luz. Este evento deu impulso às pesquisas sobre incorporações de lentes nas câmaras fotográficas e novos tipos de emulsões fotográficas que pudessem registrar os objetos, inclusive alguns que não podem ser captados pelo olho do homem (uma espécie de sensor remoto). Os olhos humanos são comparáveis aos sensores remotos porque podem obter informação sobre os objetos sem que haja contato com os mesmos. Como os sensores remotos (câmaras fotográficas e de vídeo, satélites, radares etc.), nossos olhos recebem informações sobre os objetos através da propagação da radiação eletromagnética (originária do Sol e da Terra) incidentes sobre os mesmos. A principal fonte natural de radiação eletromagnética1 utilizada no sensoriamento remoto é o Sol. O Sol emite radiação para a superfície terrestre através da propagação da radiação eletromagnética pelo espaço. Ao incidir na superfície terrestre, parte desta radiação é refletida e retorna para o espaço onde pode ser captada por um sensor remoto a bordo de um satélite que, por sua vez, retransmite o sinal gravado para uma antena terrestre. Observe na ilustração 1 o esquema de obtenção dos produtos por sensoriamento remoto. Ilustração 1 Obtenção de imagens por sensoriamento remoto. Fonte: Ferreira (2005, s/p) 1 Radiação Eletromagnética é concebida como o resultado da emissão de pequenos pulsos de energia ou de ondas formadas pela oscilação dos campos elétrico e magnético. Esses pulsos de energia ou ondas (emitidos pelo Sol e pela Terra) se propagam no vácuo à velocidade da luz (300 mil km/s).

15 O conjunto eletromagnética é de comprimentos conhecido como de onda Espectro que compõem a radiação eletromagnético, o qual é, didaticamente, dividido em um certo número de regiões espectrais, conforme apresentado na ilustração 2. Ilustração 2 Espectro eletromagnético e suas principais regiões. Fonte: Rudorff (2008, s/p) Nossos sensores remotos podem detectar apenas parte do espectro visível; que como pode ser observado na ilustração 2, é uma pequena porção do espectro. Há muita radiação ao redor de nós que é "invisível" aos nossos olhos, mas pode ser detectada através de outros instrumentos de sensoriamento remoto. Na ilustração 3 é possível identificar as faixas em que sensores remotos (olho humano, máquinas fotográficas, imageadores multiespectrais e radares, são capazes de captar os diferentes comprimentos de ondas. Também é possível verificar que grande parte da energia solar (com diferentes comprimentos de ondas) é bloqueada pela atmosfera terrestre, sendo estas, portanto, aproveitadas pelos radares.

16 Ilustração 3 Atuação dos sensores remotos segundo os diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagnético. Fonte: Adaptado de Moraes (1999). Também se depreende da análise da ilustração que o sensoriamento remoto, como frequentemente se imagina, não tem como produto final somente as imagens de satélite, mas como também, as fotografias aéreas e outras. Esses produtos são obtidos em diferentes altitudes seja por meio do uso de balões, aeronaves, navios, radares etc., conforme demonstrado na ilustração 4.. Ilustração 4 Níveis de coletas de dados de sensoriamento remoto. Fonte: Steffen (s/d). Segundo Batista e Dias (2005), embora plataformas terrestres e a bordo de aeronaves possam ser usadas, os satélites produzem a maioria das imagens de sensoriamento remoto usadas hoje. Satélites têm várias características especiais que os tornam particularmente úteis para o sensoriamento remoto da superfície da Terra. Dentre essas características abordaremos a seguir os diferentes tipos de resoluções: a) Resolução Espacial Para alguns instrumentos de Sensoriamento Remoto, a distância entre o objeto a ser imageado e a plataforma de coleta de dados, tem um papel importante

17 para determinar o nível de detalhe da informação obtida e a área total imageada pelo sensor. Sensores a bordo de plataformas distantes dos objetos, tipicamente observam uma área maior, mas não podem prover grande detalhe dos objetos imageados2. Essa capacidade do sensor imagear os objetos é denominada de resolução espacial. b) Resolução Espacial Resolução espectral descreve a habilidade de um sensor definir intervalos de comprimento de onda estreitos. Quanto melhor a resolução espectral, mais estreita será o intervalo de comprimento de onda para um canal particular ou faixa. Filmes branco e preto registram comprimentos de onda que se estendem ao longo de toda a porção visível do espectro eletromagnético, assim, sua resolução espectral é bastante grossa (ou baixa). Filmes coloridos também são sensíveis à energia refletida da porção visível do espectro, mas têm resolução espectral mais alta, uma vez que eles são sensíveis individualmente à energia refletida no azul, verde, e no vermelho do espectro. c) Resolução Temporal Resolução temporal refere-se à freqüência com que o sensor imageia uma determinada área. É também referida como periodicidade ou repetitividade. A maioria dos sensores possui resolução temporal de 16 dias a 26 dias. Entretanto, alguns com capacidade de imageamento lateral apresentam a possibilidade de repetir o imageamento de uma certa área em um tempo menor (a cada 2 ou 3 dias). d) Resolução Radiométrica Resolução radiométrica está associada à sensibilidade do sistema sensor em distinguir dois níveis de intensidade do sinal de retorno. Por exemplo, uma resolução de 10 bits (1024 níveis digitais) é melhor que uma de 8 bits. Em resumo poderíamos dizer que: a) a resolução espacial tem como parâmetro o tamanho do pixel; b) a espectral tem relação com o número de bandas 3; 2 Essa característica não vale para sensores de alta resolução como o IKONOS e o QuickBird que, embora em grandes altitudes, apresentam uma resolução espacial grande. 3 Banda é um dos níveis de uma imagem multiespectral, representado por valores refletidos de luz ou calor de uma faixa específica do espectro eletromagnético.

18 c) a temporal diz respeito à freqüência com que o satélite imageia um mesmo lugar e d) a resolução radiométrica diz respeito aos níveis de cinza contidos na imagem (ilustração 5). Ilustração 5 - Tipos de resolução em produtos de sensoriamento. Fonte: Rudorff (2008). Como vimos o sensoriamento remoto é fruto de um esforço multidisciplinar que envolveu e envolve avanços da física, na físico-química, na química, nas biociências e geociências, na computação, na mecânica, etc. Veremos a seguir que seu avanço também contou com a contribuição de vários países, dentre eles o Brasil, apresentando a história do sensoriamento remoto e as características de alguns dos grandes programas espaciais responsáveis pelo desenvolvimento dessa tecnologia. 1.2 História do Sensoriamento Remoto: grandes programas espaciais e disponibilidade de imagens de satélite no Brasil A história do SR pode ser contada por meio de uma série de eventos e programas espaciais que se iniciaram com o desenvolvimento da câmera fotográfica que foi o primeiro instrumento utilizado para a tomada de fotos aéreas. Assim, a história do sensoriamento remoto pode ser dividida em duas fases: 1860 a 1960 (caracterizado pelo uso de fotografias aéreas) e 1960 aos dias atuais (com o uso predominante de imagens de satélite de diferentes resoluções). Assim como outras tecnologias, o SR teve seu desenvolvimento ligado a eventos militares. São alguns exemplos: a utilização de fotografias aéreas (obtidas a

19 partir de balões) durante a Guerra Civil dos EUA, em 1862, para reconhecimento do território; intensificação do uso de fotografias aéreas tomadas por avião (iniciada em 1909) durante a Primeira Grande Guerra Mundial, desenvolvimento do filme infravermelho (para detectar camuflagem) e dos radares durante a Segunda Grande Guerra Mundial e o desenvolvimento de sensores de alta resolução durante a Guerra Fria. Os eventos e os programas espaciais ligados ao Sensoriamento Remoto foram sintetizados no quadro 1 (ilustração 6) ANO EVENTOS E PROGRAMAS ESPACIAIS 1839 - Desenvolvimento de equipamentos ópticos. - Pesquisas de novas substâncias fotossensíveis. - Utilização de câmaras fotográficas a bordo de balões. - Utilização de fotografias aéreas para fins cartográficos. - Tomadas de fotografias aéreas por aviões. - Coberturas sistemáticas do território para fins de levantamento de recursos naturais. - Desenvolvimento de equipamentos para radiometria sensíveis à radiação infravermelha. - Utilização de filme infravermelho na II Guerra, para detecção de camuflagem. - Primeiros experimentos para utilizar câmaras multiespectrais. - Desenvolvimento de radiômetros de microondas. - Testes iniciais visando a construção de radares de visada lateral. - Lançamento do Sputnik primeiro satélite artificial terrestre (ex-urss). - Desenvolvimento de processamentos ópticos e digitais. - Primeiros radares de visada lateral. - Desenvolvimento de veículos espaciais tripulados e não tripulados. - Lançamentos de satélites meteorológicos. - Primeira fotografia orbital MA-4-Mercury (EUA) - Fotografias orbitais tiradas pelo programa Gemini (EUA) -Surgem programas espaciais envolvendo satélite de recursos naturais: Radar SEASAT (EUA), SPOT (França), ERS (ESA), LANDSAT (EUA). - Lançamento do LANDSAT-4 (EUA) - LANDSAT-5 (EUA) - SPOT-2 (França) - IRS-1B e IRS-1C (Índia), ERS-1 (ESA) - Lançamento do JERS-1 (Japão) 1859 1903 1909 1930 1940 1944 1954 1957 1961 1962 1972 1983 1984 1990 1991 992 ANO 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 EVENTOS E PROGRAMAS ESPACIAIS - Lançamento do SPOT 3 (França) e lançamento e perda do LANDSAT 6 (EUA) - IRS-P2 (Índia); RESURS-1 - IRS-1C (Índia), RADARSAT-1(Canadá) ; ERS-2 (ESA*) - IRS-P3 (Índia) - IRS-1D (Índia) - SPOT-4 (França) - CBERS 1 (satélite sino brasileiro), IKONOS-2 (EUA)**, IRS-P4 (Índia), KITSAT-3 (Coréia), LANDSAT-7 (EUA) - EROS-A1 (Israel). QuickBird-1 (USA)*; OrbView-3 (USA) - QuickBird-2(EUA)**; CBERS 2 (Brasil/China); EROS-A2 (Israel); ENVISAT (ESA*), RADARSAT-2 (Canadá), OrbView-4(USA) - ALOS (Japão); ARIES (Austrália); IRS-P6 (Índia); SPOT-5 (França) Ilustração 6: Quadro 1 Principais eventos e programas espaciais relacionados ao processo evolutivo do sensoriamento remoto. * (ESA) Agência Espacial Européia.** Satélites de alta resolução desenvolvidos por empresas particulares. Fonte: Organizado pelo autor a partir de Figueiredo (2005), Affonso (2002); Batista & Dias (2005) e Novo & Ponzoni (2001).

20 Graças ao avanço tecnológico, dentre os quais estão compreendidos os satélites artificiais, tornou-se possível conhecer mais detalhadamente a Terra, através da coleta de diferentes dados e da aquisição de imagens da sua superfície. A propósito, Florenzano (2002, s/p) destaca que: Os satélites são veículos colocados em órbita da Terra e que promovem continuamente a aquisição de dados relacionados às propriedades primárias dos objetos. Por estarem a grandes altitudes (tipicamente entre 600 e 1.000 km) têm a capacidade de abranger em seu campo de visada uma grande porção de superfície terrestre. Ao mesmo tempo, como têm que orbitar ao redor da Terra, promovem uma cobertura que se repete ao longo do tempo, permitindo o acompanhamento da evolução das propriedades de reflexão ou emissão dos objetos e fenômenos. Desta forma, os dados coletados pelos sensores remotos, sobretudo os que estão a bordo de satélites, têm auxiliado na análise dos processos ambientais, sócio-econômicos e político-culturais da ocupação dos espaços geográficos, assim como contribuem e servem de base para a elaboração e desenvolvimento de projetos associados às atividades humanas favorecendo a realização do planejamento sócio-econômico-ambiental em diversas escalas. Tal desenvolvimento só foi possível graças a grandes programas espaciais como o LANDSAT, o SPOT e o CBERS que apresentaremos a seguir. PROGRAMA ESPACIAL LANDSAT O LANDSAT- 1 (inicialmente denominado de ERTS-1) foi o primeiro satélite destinado as estudo dos recursos naturais. Lançado pelos Estados Unidos em 1972 esse satélite registrava informações relativas a comprimentos de onda correspondes a duas regiões visíveis (verde e vermelho) e duas localizadas em faixas de infravermelho. A resolução espacial desse satélite era de 80X80m. Até 1984, quando foi lançado o LANDSAT-5, contendo o sensor TM (Thematic mapper) houve grandes avanços na tecnologia desse satélite. Ele capta energia com base em sete diferentes intervalos de comprimentos de ondas (correspondentes a sete canais ou ainda sete bandas espectrais), localizadas na região do azul, do verde, do vermelho

21 e do infravermelho (uma no infravermelho próximo, duas no infravermelho médio, e uma no infravermelho termal). Uma síntese das aplicações das imagens obtidas por esse satélite pode ser conferida no quadro 2 ( ilustração 7). Ilustração 7- Principais aplicações das imagens obtidas segundo as diferentes bandas ou canais do LANDSAT-5 TM. Fonte: Novo (1989). O sensor ETM foi projetado para ser levado a bordo do Landsat 6, no entanto, não entrou em operação devido à falha ocorrida no lançamento do satélite. Em relação ao seu antecessor, o sensor TM, foi incluída uma nova banda pancromática (banda 8) com 15 metros de resolução espacial e mantidas as demais configurações técnicas. Já o sensor ETM+, a bordo do satélite Landsat 7, foi o sucessor operacional do instrumento TM e manteve configurações técnicas muito semelhantes a ele. Além disso, contribuiu para ampliar o uso dos produtos, pois conseguiu a geração de composições coloridas com 15 metros de resolução. Em 31/05/2003 o sensor apresentou problemas de funcionamento e a partir dessa data suas cenas passaram a necessitar de correções prévias.

22 PROGRAMA ESPACIAL SPOT O programa SPOT, estabelecido por iniciativa do governo francês em 1978, com a participação da Suécia e da Bélgica, é gerenciado pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais - CNES, o responsável pelo desenvolvimento do programa e operação dos satélites. Já foram lançados com sucesso os SPOT 1, 2 e 3 e 4. O SPOT 5 foi lançado em maio de 2002, tem dois instrumentos de alta-resolução geométrica (HRG), que oferecem uma resolução de 2,5 a 5 metros em modo pancromático4, e 10 metros em modo multiespectral. Devido à possibilidade de realizarem visadas em planos oblíquos verticais em ângulos de até 27º, o imageamento deste satélite permite a obtenção de imagens em estereoscopia (3 dimensões), além possibilitar a diminuição do período de revisita. PROGRAMA ESPACIAL CBERS O programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite ou Satélite SinoBrasileiro de Recursos Terrestres) foi implantado em 1988 após parceria assinada entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST). A missão CBERS mantém três satélites de observação terrestre em órbita: o CBERS-1 (lançado em 1999 e inativo desde 2003), o CBERS-2 (lançado em 2003) e CBERS-2B (lançado em 2007). Os satélites dessa missão são equipados com sensores de diferentes resoluções espaciais que podem cobrir o planeta em menos de 5 dias e ao mesmo tempo produzir informações mais detalhadas em uma visada mais estreita. O CBERS carrega câmeras para observação óptica e um sistema de coleta de dados ambientais, mantendo em órbita instrumentos sensores que combinam características especialmente adequadas às diversas escalas temporais e espaciais, necessárias ao monitoramento e à preservação dos ecossistemas. O 4 Imagens pancromáticas são imagens obtidas numa única banda de freqüência que inclui a maior parte da zona da luz visível. Ao contrário uma imagem multiespectral consiste em imagens de um mesmo objeto, tomadas com diferentes comprimentos de ondas eletromagnéticas.

23 CBERS-2B oferece imagens com resolução espacial de 2,7 metros. O projeto e lançamento do satélite CBERS-2B foi executado para garantir o fornecimento de imagens aos usuários, órgãos públicos e empresas que fazem uso sistemático das imagens do CBERS-2. Desde 2001 as imagens são distribuídas gratuitamente aos usuários em território nacional, o que contribui para democratizar o uso das imagens de satélites no Brasil. Embora somente três programas espaciais tenham sido abordados, atualmente há uma quantidade enorme de satélites em órbita fornecendo, a todo instante, imagens do nosso planeta (ilustração 8). Mais informações sobre sensores passivos5 estão disponíveis no anexo 1. No terceiro capítulo destacaremos as características e contribuições dos sensores utilizados em satélites de alta resolução, dentre eles o Ikonos utilizado em nosso trabalho prático. Ilustração 8 Figura de um satélite produzindo imagens da Terra. Fonte: INPE (2008). É possível fazer uso das imagens de satélite em diversas áreas do conhecimento científico: agricultura; análise do meio ambiente; arqueologa; cartografia; florestas; geografia; geologia; geomorfologia e meteorologia. Abordaremos mais detalhadamente esta questão no próximo item a partir da discussão acerca do comportamento escpectral dos alvos. 1.3 Análise Visual de Dados de Sensoriamento Remoto e Aplicações O sensoriamento remoto atualmente é considerado uma poderosa ferramenta para o monitoramento de mudanças na superfície terra. Segundo (Novo, 1993. p. 8), esta área do conhecimento estuda o ambiente terrestre através do registro e análise 5 Sensores que detectam a energia solar refletida ou energia emitida pelos alvos da superfície terrestre. Também existem os sensores ativos, como o radar, que produzem a energia eletromagnética empregada no sensoriamento remoto de objetos ou fenômenos sobre a superfície da terra.

24 das interações entre a radiação eletromagnética e as substâncias que compõem a superfície terrestre. As diferentes composições físico-químicas dos objetos ou feições terrestres em interação com a energia solar faz com que cada alvo terrestre tenha sua própria assinatura espectral. Em outras palavras, cada alvo absorve ou reflete de modo diferente cada uma das faixas do espectro da luz incidente (Ilustração 9). Ilustração 9 Comportamento espectral de alguns alvos. Fonte: Moreira (2001, s/p) Através da análise de curvas como as apresentadas na ilustração 7 pode ser prevista a aparência de alvos em produtos de SR, tais como imagens orbitais e/ou fotografias aéreas. Esta aparência é expressa pela tonalidade (clara ou escura) assumida pelos alvos e, dependendo do tipo de produto, ela ainda pode ser expressa pela cor e pela textura (Ilustração 10).

25 Ilustração 10 Aparência dos alvos em função de sua assinatura espectral. Fonte: Batista & Dias (2005). Outros fatores que também influenciam no processo de interação dos alvos são: textura, densidade e posição relativa das feições em relação ao ângulo de incidência solar e à geometria de imageamento. Em decorrência desta interação, segundo Figueiredo (2005, p.7), a radiação que deixa os alvos, leva para os satélites a assinatura espectral dos mesmos. Os sistemas sensores instalados nos satélites são sensíveis a estas diferenças, que as registram em forma de imagens. A respeito da mesma temática Venturi (2005, p. 36), afirma: Parte da energia eletromagnética proveniente do Sol incide sobre objetos e feições naturais da superfície do terreno. A energia que incide sobre esses elementos da superfície sofre processos de absorção e reflexão, e também pode sofrer processos de transmissão. Considerando a experiência visual do ser humano, pode-se dizer que a luz, quando incide sobre a folha de uma árvore, absorve os comprimentos de onda diferentes do verde (azul e vermelho) e reflete parte da luz neste comprimento de onda, ou seja, o verde. A energia absorvida pela folha desencadeia reações físico-químicas e, posteriormente, pode ser liberada em outro comprimento de onda, como o calor que pode ser detectado pelos sensores que operam no infravermelho termal. Essa energia refletida pelos objetos, em diferentes comprimentos de ondas é captada pelos sensores e transformada em imagens com diferentes tons de cinza

26 como as fotografias em preto e branco. A partir de processamentos feitos em computador (utilizando softwares específicos) tais imagens podem ganhar diferentes colorações ou composições coloridas (SANTOS, 2002, s/p). Veja nas ilustrações 11 e 12 a aparência da região do rio Parnaíba em uma composição contendo tons de cinza e noutra composição colorida.

27 Ilustração 11: região do rio Parnaíba em composição de tons de cinza Fonte: http://www.dgi.inpe.br/html/gal-1.htm. Ilustração 12: região do rio Parnaiba em composição colorida Fonte: http://www.dgi.inpe.br/html/gal-1.htm. Para transformar os dados coletados (as imagens) em mapas e cartas, há de ter um trabalho de interpretação. Por meio de padrões de tons de cinza e cores, tonalidades, textura (impressão de rugosidade), sombreamentos, tamanhos e formas, localização e contexto é possível diferenciar os elementos contidos nas imagens, como por exemplo, uma mata de uma plantação, um rio de uma estrada, etc. Maiores detalhes sobre os parâmetros utilizados para interpretação de imagens de satélite e fotografias aéreas podem ser conferidos no quadro 3 (ilustração 13).

28 Ilustração 13: Quadro 3 Características das imagens no processo de fotointerpretação. Fonte: Batista & Dias (2005) Depois deste processo de interpretação, como já foi dito anteriormente, estas imagens servirão a distintos objetivos como: análise do meio ambiente; arqueologia; cartografia; florestas; geografia; geologia; geomorfologia e meteorologia, entre outros. Neste trabalho focalizaremos a utilização dos produtos de sensoriamento

29 remoto, especialmente das imagens de satélite, no ensino de Geografia. Os detalhes podem ser conferidos no Capítulo 2.

30 CAPÍTULO 2 NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO MÉDIO: O SENSORIAMENTO REMOTO NA GEOGRAFIA ESCOLAR No atual estágio tecnológico, programas educativos, banco de dados, multimídia, e-mails e outros tipos de produções envolvendo o computador, são novos campos de ação do professor. Entretanto, saber usar as novas tecnologias ou inseri-las no cotidiano escolar é a grande dificuldade dos docentes. Trataremos neste capítulo da temática das novas tecnologias no Ensino Médio, tendo como referência as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) e algumas propostas de cursos e experiências já realizadas sobre o uso do sensoriamento remoto no ensino de Geografia. Também apresentaremos uma descrição dos conhecimentos e produtos de sensoriamento remoto presentes em alguns livros didáticos de Geografia. Por fim, discutiremos as possibilidades de utilização de imagens de satélite de alta resolução no estudo do lugar. 2.1 As Novas Tecnologias nas Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) apontam como uma das tarefas do ensino fundamental e médio a utilização de diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos como forma de os alunos adquirir e construir conhecimentos. Conforme o referido documento (Parte IV, Ciências Humanas e suas Tecnologias, p. 17). A presença de uma educação tecnológica no Ensino Médio como um todo e, em particular, na área de Ciências Humanas, propicia aos estudantes a construção e a apropriação de um significativo instrumental tanto de análise quanto de ação sobre os diversos aspectos da vida em sociedade. Os conhecimentos envolvidos na área, por seu caráter intrinsecamente humanista, agem no sentido de despir as novas tecnologias de sua aparente artificialidade e distanciamento diante do humano. Evitam-se, com isso, os riscos de uma naturalização das tecnologias e promove-se a culturalização de sua compreensão. E, desta forma, assegura-se um papel novo para a aprendizagem em Ciências Humanas na escola básica: o de humanizar o uso das novas tecnologias, recolocando o homem no centro dos processos produtivos e sociais.

31 Essas orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais embora pertinentes, poderão não surtir o efeito desejado se os professores não forem capacitados para adicionarem à sua prática conteúdos e metodologias indispensáveis para atender as necessidades dos indivíduos e da sociedade. Essa capacitação, segundo os PCNEM (s/p), pressupõe: Entender os princípios das tecnologias associadas ao conhecimento do indivíduo, da sociedade e da cultura, entre as quais as de planejamento, organização, gestão, trabalho de equipe, e associá-las aos problemas que se propõem resolver. Também, como propõe os PCNs+ Ensino Médio (Orientações Educacionais Complementares, p. 29), é preciso Compreender o desenvolvimento da sociedade como processo de ocupação de espaços físicos e das relações da vida humana com a paisagem, em seus desdobramentos políticos, culturais, econômicos e humanos. A adoção de produtos de sensoriamento remoto poderá contribuir para tornar as aulas mais diversificadas e atrativas? O aluno se sentirá motivado em estudar o espaço geográfico da sua própria região utilizando imagens de satélite? Os mapas digitais e as imagens de satélite são ferramentas básicas para o professor, em sala de aula, estimular a criatividade e o senso crítico do aluno? Considerando os resultados de cursos e os relatos de experiências de utilização de sensoriamento remoto em salas de aula de educação básica, que apresentaremos a seguir, as respostas para tais questões parecem ser afirmativas. 2.2 Cursos e Experiências com o Uso do Sensoriamento Remoto nas Aulas de Geografia O Brasil é um dos 18 países detentores de tecnologia capaz de produzir satélites e processar imagens. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), responsável pela aquisição, processamento e distribuição das imagens tem se

32 empenhado em disponibilizar tais recursos, seja na forma de cursos, em suas bibliotecas e laboratórios e nas páginas da Internet (FILHO,Israel Silva 2008). Ainda segundo o referido autor (2008, p. 15), utilização das imagens de satélite no ensino de Geografia ocorre de modo esporádico e sem consistência teórico/metodológica se considerarmos que no Brasil, as técnicas de sensoriamento remoto ainda são restritas às mãos de poucos especialistas, e que poucos professores tiveram, na Graduação, aulas que estimulassem a competência de ler imagens de satélite. Em virtude disso, acreditamos que poucos são os que utilizam esses documentos com o propósito de ajudar o aluno a se localizar e ampliar sua compreensão sobre o espaço. Para amenizar este problema, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) vem oferecendo cursos de capacitação, online e presencial a diferentes profissionais, inclusive cursos específicos para professores com o objetivo de difundir esta tecnologia. Um dos cursos oferecidos pelo referido instituto tem como objetivos: capacitar diferentes profissionais no uso da tecnologia de Sensoriamento Remoto, difundir o uso de dados do satélite sino-brasileiro (CBERS) e de outros satélites, disponíveis gratuitamente na Internet, bem como do Sistema de Processamento de Informações Georeferenciadas (SPRING) desenvolvido pelo INPE, e também gratuito. Nesse curso, é possível, entre outras coisas, conhecer os fundamentos do sensoriamento remoto, dos sensores e satélites, interpretar imagens de satélite, fazer o processamento de imagens e compreender os princípios básicos do Geoprocessamento. Especificamente voltado para atender os docentes, o INPE desenvolve, no âmbito do Programa Educa SeRe: Elaboração de Material didático para o Ensino de Sensoriamento utilizando Imagens CBERS, o Projeto Educa SeRe III: Elaboração de Carta Imagem para o Ensino de Sensoriamento Remoto. Esse projeto tem por objetivo geral criar uma coleção de cartas imagens das capitais brasileiras e de outras cidades, abordando várias aplicações de sensoriamento remoto na área de recursos naturais. Entre os objetivos específicos desse curso estão:

33 Disponibilizar, a baixo custo, para a comunidade em geral, dados de sensoriamento remoto dedicados à área de recursos naturais; difundir o uso de dados de sensoriamento remoto como recurso didático, nas disciplinas de ciência e geografia; tornar acessível, de forma ampla e a baixo custo, material didático para o ensino de sensoriamento remoto e de recursos naturais. (www.inpe.br/unidades/cep/atividadescep/educasere/) Como resultado deste trabalho já está disponível na internet, no endereço acima referido, as cartas imagens das seguintes capitais brasileiras: Aracajú, Belo Horizonte, Belém, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Macapá, Manaus, Natal, Porto Alegre, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Também podem ser copiadas as cartas das cidades de Cachoeira Paulista, Coxim, Foz do Iguaçu, Petrópolis, Santa Maria, São José dos Campos, São Leopoldo e do Distrito Federal. Além dessas cartas, o usuário ainda pode baixar e imprimir mosaicos6, produzidos com imagens de diferentes satélites, abarcando desde o globo, o mapa-múndi, o Brasil e os seguintes estados brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e o eixo Rio-São Paulo. Também com a finalidade de atingir um maior número de professores o INPE criou, no âmbito do programa Educa SeRe, o seguinte curso: O Uso de Sensoriamento Remoto como Recurso Didático nos Ensinos Fundamental e Médio. O objetivo desse curso é capacitar os docentes dos ensinos fundamental e médio, na utilização de dados de sensoriamento remoto como recurso didático em sala de aula e projetos escolares. Segundo Sausen e Coelho (2004, s/p.) Mais de 180 professores foram treinados pelo INPE [...]. Ele tem quatro dias de duração com aulas sobre fundamentos de sensoriamento remoto, satélites e sistemas sensores, interpretação de imagens, cartografia e GPS, trabalho de campo, aplicações de sensoriamento remoto e como usar as imagens em sala de aula. Há também um trabalho de grupo, onde os professores devem fazer uma proposta de projeto de como utilizar os conhecimentos adquiridos no curso, em sala de aula. 6 Conjunto de fotografias aéreas ou imagens de satélite, superpostas, recortadas artisticamente e montadas pelos detalhes comuns. Permite uma visão contínua da superfície fotografada ou imageada.

34 Outro curso oferecido pelo INPE, por meio da Divisão de Sensoriamento Remoto (DSR) denomina-se Uso escolar de sensoriamento remoto no estudo do meio ambiente. Este curso que ocorre desde 1998, durante as férias de julho, destina-se à capacitação de professores de todas as disciplinas do ensino fundamental e médio da rede pública e da rede particular de todo o país ( MORAES & FLORENZAN0, 2005, p.1.322). Seu objetivo é, considerando as orientações dos PCNs, disseminar o uso do sensoriamento remoto como conteúdo e recurso didático nas escolas. Segundo Moraes & Florenzano (op cit), desde sua primeira edição até o ano de 2004 foram capacitados 513 professores provenientes de 18 estados do Brasil, sendo 90,25% da Região Sudeste (especialmente de municípios do Vale do Paraíba, onde se localiza a sede do INPE), 5,4% da Região Sul, 1,95% da Região Nordeste, 1, 56% da Região Centro-Oeste e 0,78% da Região Norte. Estes dados, segundo as autoras acima referidas, demonstram a falta de apoio à capacitação dos professores, como exige a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN de 1996) e a necessidade da inclusão destes temas dentro das Universidades responsáveis pela capacitação, em cursos de formação inicial e continuada, dos professores de ensino fundamental e médio nas cinco regiões do país. Embora, como se constatou anteriormente, nos cursos de formação de professores de Geografia não seja frequente o uso do SR como ferramenta para o ensino, há uma razoável quantidade de experiências como uso do SR em salas de aula da educação básica. A esse respeito Filho, I. S. (2008, p. 21) afirma: Uma quantidade significativa de material que está sendo publicada em periódicos, revistas eletrônicas, sites especializados e livros revela experiências bem sucedidas de professores de Geografia que utilizaram as imagens de satélite em suas aulas. No entanto, ainda segundo o referido autor: [...] em muitos desses textos, as imagens de satélite utilizadas no ensino de Geografia têm um fim em si mesmas, ou seja, são apresentadas aos estudantes como se fossem auto-suficientes e constituíssem a essência do conhecimento geográfico. [...] dando-lhes a impressão de que elas podem ser utilizadas indiscriminadamente em todas as ocasiões e que possuem a capacidade de explicar as mais complexas espacialidades, minimizando a

35 importância de uma organização didática instrumentos de análise (FILHO, 2008, p. 21). que considere outros Apresentamos a seguir os resultados de alguns dos trabalhos desenvolvidos por profissionais que se dedicaram a experimentar e avaliar a contribuição dos produtos de SR (especificamente das imagens de satélite) no ensino de Geografia. Nogueira (2009, p. 44), num trabalho que realizou tendo como foco o ensino de mapas, afirmou que; As imagens de satélite podem de fato auxiliar o professor na abordagem e apresentação de conceitos que com mapas geralmente não se mostram tão evidentes, tais como as feições do relevo, as regiões conurbadas, os reflorestamentos, o adensamento populacional, a distribuição da população e as diversas formas de cultivos. E complementou: Nesse sentido, Loch e Fuckner (2005) consideram fundamental para o estudante ter um professor que, em sua prática pedagógica, introduza a alfabetização cartográfica nas séries iniciais, para nas séries seguintes, sem grandes dificuldades, ensinar geografia com o mapa. Recursos como o sensoriamento remoto podem ser excelentes aliados para essa finalidade, contribuindo para o sucesso no ensino do mapa e com o mapa.

36 Outro relato de como o uso do SR em aulas de geografia (Ensino Fundamental) obteve o resultado esperado ao final da experiência foi feito por Moraes (2008, p. 54). Para a referida autora, A utilização da imagem de satélite foi uma tentativa de explicar se os alunos eram capazes de observar o crescimento da cidade e a conseqüente redução das áreas verdes no período recorrido entre as décadas de 1970 e 1990. Surpreendentemente eles foram mais longe, alguns identificaram rodovias, rios, o centro da cidade e até o estádio Serra Dourada. Essa experiência permitiu inferir que as crianças podem compreender, sem grandes problemas, as imagens de satélites e sua utilização, por exemplo, na elaboração e atualização de mapas de uso da terra. Isso é claro, considerando que não se pode esperar delas o conhecimento exigido de um profissional da área. Por sua vez, Florenzano (2002, s/p) num artigo sobre a utilização do SR na formação de professores relata que, A avaliação da capacitação dos professores foi realizada a partir do acompanhamento das atividades com mapas, imagens e trabalho de campo, [...] O resultado positivo foi obtido das atividades conjuntas com imagens (de diferentes áreas, datas, resoluções e escalas) e mapas na exploração de conceitos de resoluções, escala, na relação entre estes dois conceitos e na relação imagem e mapa. [...]. E o material didático destinado ao ensino de Geografia, especialmente os livros didáticos que agora são fornecidos pelo governo (via Programa Nacional do Livro Didático) a todos os alunos de Ensino Médio, como abordam as novas tecnologias? Especificamente como o SR tem sido, ou não, utilizado como um suporte para o ensino de geografia? Responderemos a estas questões tendo como

37 referência a análise de alguns livros didáticos destinados ao ensino de Geografia em salas de aula de nível médio. 2.3 O Sensoriamento Remoto nos Livros Didáticos de Geografia do Ensino Médio Nos livros didáticos de ensino fundamental e médio já podem ser encontrados textos, exercícios e ilustrações referentes às novas tecnologias, como o sensoriamento remoto, SIG e o GPS (Global Positioning System). Entretanto, tais materiais geralmente são pouco exploradas pelos professores que desconhecem ou pouco conhecem acerca dessas novas tecnologias, em especial do ponto de vista prático. A análise que se segue foi feita a partir de livros didáticos utilizados nas escolas do município de Anápolis, procurando identificar o que os mesmos trazem sobre a tecnologia do SR e sobre seus produtos, especialmente sobre as imagens de satélite. Começaremos nossa exposição pelo livro cujo título de capa é Geografia: construção do mundo, em volume único, servindo as três séries do 2º grau. Este livro foi escrito por Magnoli, D. e por Araujo, R. no ano de 2005, sendo publicado pela editora Moderna. Neste livro, no capítulo 1 A produção do espaço geográfico (p. 12), aparece em primeiro plano a imagem da Terra (ilustração 14), certamente um produto do sensoriamento remoto, nada sendo citado neste sentido. O texto que acompanha a referia imagem diz: Nessa imagem orbital, as luzes das cidades assinalam os contornos da Europa e as áreas mais densamente povoadas do continente. Metrópoles como Roma, Londres, Paris e Madri destacam-se nitidamente, a luz do amanhecer, algumas horas à frente, banha a Ásia ocidental.