Os meios de prova a partir da Internet e das redes sociais no processo civil



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Transcrição:

IX Encontro Nacional do Instituto dos Advogados em Prática Individual Gondomar, 20 06 205 Os meios de prova a partir da Internet e das redes sociais no processo civil Joel Timóteo Ramos Pereira Juiz Secretário do Conselho Superior da Magistratura Juiz de Direito em Secção Cível de Instância Central. Regime geral da prova em processo civil. Provas atendíveis Artigo 43.º CPC O tribunal deve tomar em consideração todas as provas produzidas, tenham ou não emanado da parte que devia produzi-las, sem prejuízo das disposições que declarem irrelevante a alegação de um facto, quando não seja feita por certo interessado. 2. Dever de cooperação Artigo 47.º CPC - Todas as pessoas, sejam ou não partes na causa, têm o dever de prestar a sua colaboração para a descoberta da verdade, respondendo ao que lhes for perguntado, submetendo-se às inspeções necessárias, facultando o que for requisitado e praticando os atos que forem determinados. ( ) 2

. Regime geral da prova em processo civil 3. Princípio do inquisitório Artigo 4.º CPC Incumbe ao juiz realizar ou ordenar, mesmo oficiosamente, todas as diligências necessárias ao apuramento da verdade e à justa composição do litígio, quanto aos factos de que lhe é lícito conhecer. Sim, porém tem de cumprir o princípio da audiência contraditória Artigo 45.º, : Salvo disposição em contrário, não são admitidas nem produzidas provas sem audiência contraditória da parte a quem hajam de ser opostas. Pode o Juiz utilizar oficiosamente uma informação constante da Internet ou das redes sociais? Exemplos:» Um elemento de facto constante do sítio internet de uma das partes ou de terceiro, relevante para a decisão da matéria de facto;» Uma afirmação, comunicado ou posição veiculada pela área pública da página de facebook de uma das partes ou de terceiro. 3. Regime geral da prova em processo civil 4. A prova digital tem natureza documental Regra geral: Artigo 423.º CPC - Os documentos destinados a fazer prova dos fundamentos da ação ou da defesa devem ser apresentados com o articulado em que se aleguem os factos correspondentes. 2 - Se não forem juntos com o articulado respetivo, os documentos podem ser apresentados até 20 dias antes da data em que se realize a audiência final, mas a parte é condenada em multa, exceto se provar que os não pôde oferecer com o articulado. 3 - Após o limite temporal previsto no número anterior, só são admitidos os documentos cuja apresentação não tenha sido possível até àquele momento, bem como aqueles cuja apresentação se tenha tornado necessária em virtude de ocorrência posterior. 4

. Regime geral da prova em processo civil 5. Possibilidade da sua impugnação Genuinidade Artigo 444.º CPC - A impugnação da letra ou assinatura do documento particular ou da exatidão da reprodução mecânica, ( ) devem ser feitas no prazo de 0 dias contados da apresentação do documento, se a parte a ela estiver presente, ou da notificação da junção, no caso contrário. Ilisão da autenticidade ou da força probatória Artigo 446.º CPC - No prazo estabelecido no artigo 444.º, devem também ser arguidas a falta de autenticidade de documento presumido por lei como autêntico, a falsidade do documento, a subscrição de documento particular por pessoa que não sabia ou não podia ler sem a intervenção notarial a que se refere o artigo 373.º do Código Civil, a subtração de documento particular assinado em branco e a inserção nele de declarações divergentes do ajustado com o signatário.» Exemplo: formulário de preenchimento Internet; loja virtual. 5 2. Prova obtida pela internet e redes sociais Cópia de documentos eletrónicos Art.º 4.º, Decreto-Lei n.º 290-D/99, de 02-08 (alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 88/2009, de 09-04) «As cópias de documentos eletrónicos, sobre idêntico ou diferente tipo de suporte, são válidas e eficazes nos termos gerais de direito e têm a força probatória atribuída às cópias fotográficas pelo n.º 2 do artigo 387.º do Código Civil e pelo artigo 68.º do Código de Processo Penal, se forem observados os requisitos aí previstos». Artigo 387º Código Civil Fotocópias de documentos 2. As cópias fotográficas de documentos estranhos aos arquivos mencionados no número anterior têm o valor da pública-forma, se a sua conformidade com o original for atestada por notário; é aplicável, neste caso, o disposto no artigo 386º (força probatória do respetivo original) 6

3. 3.. E-mail Fisicamente, o e-mail não existe. Todavia, usado corretamente traduz uma mensagem, constituindo um documento suscetível de representação escrita (nomeadamente, imprimindo-o) ou documental eletrónica (gravando-o em pdf). 3.2. Formulários eletrónicos e outras comunicações eletrónicas Constitui um documento eletrónico. Nos termos da al. a), do art.º 2.º, do Dec.-Lei 290-D/99, de 2 de Agosto [alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 88/2009, de 9 de abril], documento eletrónico é o documento elaborado mediante processamento eletrónico de dados. O valor probatório destes documentos eletrónicos e comunicações está fixado de acordo com o disposto no art.º 3.º do Dec.-Lei 290-D/99, de 2 de Agosto. 7 3. 3.3. Valor probatório a) Equivalente à de documento particular assinado, se lhe tiver sido aposta uma assinatura eletrónica certificada por uma entidade credenciada, ou seja, com a mesma força probatória prevista no art.º 376.º do Código Civil; b) Prova de autoria e autenticidade, mesmo quando não lhe tiver sido aposta uma assinatura digital certificada mas tiver sido adotada pelas partes uma convenção válida sobre prova ou seja aceite pela pessoa a quem for oposto o documento confissão (n.º 4 do preceito); c) Subordinada às regras gerais de direito n.º 5), quando: não tenha sido aposta qualquer assinatura; tenha sido aposta uma assinatura meramente digitalizada; não tenha sido aposta uma assinatura eletrónica (simples, avançada ou qualificada). 8

3. 3.4. Comunicação de documentos eletrónicos Artigo 6.º Dec.-Lei n.º 290-D/99 Fotocópias de documentos - O documento eletrónico comunicado por um meio de telecomunicações considera-se enviado e recebido pelo destinatário se for transmitido para o endereço eletrónico definido por acordo das partes e neste for recebido. 2- São oponíveis entre as partes e a terceiros a data e a hora da criação, da expedição ou da receção de um documento eletrónico que contenha uma validação cronológica emitida por uma entidade certificadora. 3- A comunicação do documento eletrónico, assinado de acordo com os requisitos do presente diploma, por meio de telecomunicações que assegure a efetiva receção equivale à remessa por via postal registada e, se a receção for comprovada por mensagem de confirmação dirigida ao remetente pelo destinatário com assinatura digital e recebida pelo remetente, equivale à remessa por via postal registada com aviso de receção. 4- Os dados e documentos comunicados por meio de telecomunicações consideram-se em poder do remetente até à receção pelo destinatário. ( ) 9 3. 3.4. Comunicação de documentos eletrónicos. Convenção de endereço Nos termos do n.º do art.º 6.º do Dec.-Lei n.º 290-D/99, o documento eletrónico comunicado por um meio de telecomunicações considera-se enviado e recebido pelo destinatário se for transmitido para o endereço eletrónico definido por acordo das partes e neste for recebido, de forma a que a declaração de vontade produza o seu efeito negocial. Em regra, a convenção do endereço eletrónico será tácita. A saber, o proponente remete o documento (proposta) para o correio eletrónico do destinatário e este, recebendo o documento, responde usando esse mesmo correio eletrónico e para o endereço do proponente, declarando ter recebido a proposta (no respetivo endereço). Será expressa, quando ambas as partes convencionarem entre si os endereços de correio electrónico que devem ser usados para a apresentação da proposta e para a resposta à mesma. 0

3. 3.4. Comunicação de documentos eletrónicos 2. Perfeição da declaração negocial O art.º 224.º do Código Civil consagra a teoria da receção, segundo a qual, o contrato considera-se formado no momento e lugar em que o proponente recebe a declaração de aceitação da proposta. Ou seja, o contrato considera-se concluído no lugar do autor da proposta, desde que, cumulativamente: a) A proposta (em documento eletrónico) seja remetida para endereço eletrónico da outra parte; b) Esta, responda através desse endereço de correio eletrónico, declarando ter recebido a proposta ; c) Declarando, ainda aceitar a referida proposta, com as respetivas cláusulas. É irrelevante que as respetivas declarações e assinaturas estejam inscritas em documentos distintos. 3. 3.4. Comunicação de documentos eletrónicos 3. Valor da data aposta no documento eletrónico a) Documentos sem aposição de validação cronológica Em termos gerais, não tem qualquer valor a data aposta num documento eletrónico ou numa mensagem de correio eletrónico, em termos de veracidade ou de plenitude de efeitos, salvo se se tratar de um documento eletrónico com idêntica força probatória dos documentos autênticos ou autenticados. b) Documentos com validação eletrónica Constitui exceção ao referido supra, quando, nos termos do n.º 2 do art.º 6.º do Dec.-Lei n.º 290-D/99, seja aposto um selo temporal, ou seja, a validação cronológica emitida por uma entidade certificadora. Se porventura a entidade certificadora validar cronologicamente a criação, expedição ou receção de um documento, nesse caso as partes podem opor entre si ou perante terceiros a data e hora da prática desses atos sobre o documento eletrónico. 2

3. 3.5. Comunicação de documentos eletrónicos 4. Valor formal da comunicação de documentos eletrónicos a) Equivalente a carta registada ) Assinatura eletrónica qualificada; 2) Comunicação por meio de telecomunicação que assegure a efetiva receção. Esta comunicação mais não é do que o sistema de protocolos standard da Internet. b) Equivalente a carta registada com aviso de receção ) Os requisitos referidos supra para a carta registada 2) Receção comprovada por mensagem de confirmação dirigida ao remetente pelo destinatário; 3) Assinatura eletrónica qualificada aposta na mensagem de confirmação; 4) Receção da mensagem de confirmação pelo remetente. 3 3. 3.5. Comunicação de documentos eletrónicos 5. Momento da conclusão Para eliminar quaisquer dúvidas que pudessem subsistir, o n.º 4 do art.º 6.º do Dec.-Lei n.º 290-D/99 regula a situação dos documentos transmitidos, e em consequência com a teoria da receção, os dados e documentos comunicados por meio de telecomunicações consideram-se em poder do remetente até à receção pelo destinatário. Tratando-se de contratos, em termos gerais, os contratos virtuais são, na prática contratos entre ausentes, em virtude de inexistir contacto direto entre os outorgantes 4

4. Produção antecipada da prova.tribunal competente Artigo 78.º, n.º, CPC - Quanto a procedimentos cautelares e diligências anteriores à proposição da ação, observa-se o seguinte: ( ) d) As diligências antecipadas de produção de prova são requeridas no tribunal do lugar em que hajam de efetuar-se. 2. Admissibilidade Artigo 49.º Havendo justo receio de vir a tornar-se impossível ou muito difícil o depoimento de certas pessoas ou a verificação de certos factos por meio de perícia ou inspeção, pode o depoimento, a perícia ou a inspeção realizar-se antecipadamente e até antes de ser proposta a ação. 5 4. Produção antecipada da prova 3. Forma Artigo 420.º - O requerente da prova antecipada justifica sumariamente a necessidade da antecipação, menciona com precisão os factos sobre que há de recair e identifica as pessoas que hão de ser ouvidas, quando se trate de depoimento de parte ou de testemunhas. 2-Quando se requeira a diligência antes de a ação ser proposta, indica-se sucintamente o pedido e os fundamentos da demanda e identifica-se a pessoa contra quem se pretende fazer uso da prova, afimdeelasernotificadapessoalmenteparaos efeitos do artigo 45.º [audiência contraditória]; se esta não puder ser notificada, é notificado o Ministério Público, quando se trate de incertos ou de ausentes, ou um advogado nomeado pelo juiz, quando se trate de ausentes em parte certa. 6

4. Produção antecipada da prova 4. Valor extraprocessual Artigo 42.º - Os depoimentos e perícias produzidos num processo com audiência contraditória da parte podem ser invocados noutro processo contra a mesma parte, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 355.º do Código Civil; se, porém, o regime de produção da prova do primeiro processo oferecer às partes garantias inferiores às do segundo, os depoimentos e perícias produzidos no primeiro só valem no segundo como princípio de prova. 2 - O disposto no número anterior não tem aplicação quando o primeiro processo tiver sido anulado, na parte relativa à produção da prova que se pretende invocar. 7 5. Exemplificação prática Gravação de página internet Em imagem Em documento 2 Acesso a conteúdos antigos Em cache Em repositório 8

5. Exemplificação prática Gravação de página internet Em imagem Sugestão: instalar programa informático de gravação automática de print screen. Exemplo: picpick (download de versão gratuita: http://www.picpick.org) Em documento Instalar programa de gravação de pdf e/ou browser compatível (ex. Google Chrome) Ou instalar impressora virtual de pdf (ex. http://www.cutepdf.com/download/cutewriter.exe) Imprimir página web para ficheiro pdf, mantendo intactas as propriedades. 9 5. Exemplificação prática 2 Acesso a conteúdos antigos Em cache Em repositório Exemplo: www.archive.org 20

Grato pela atenção dispensada Joel Timóteo Ramos Pereira correio@joelpereira.pt