Mandatos da Criação CAPÍTULO III MANDATO SOCIAL

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Transcrição:

Mandatos da Criação CAPÍTULO III MANDATO SOCIAL Gênesis 1:28a E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeita-a... O segundo mandato dado ao homem é dado para que ele possa se relacionar agora em uma esfera de igualdade com o seu próximo. Vivemos em uma sociedade, composta por pessoas de diferentes credos religiosos, políticos e etnias. Para entendermos bem o princípio deste mandato, precisamos antes de qualquer coisa compreender a luz das escrituras quem é o meu próximo e o que ele representa para mim, pois somente assim poderemos viver este mandato com integridade. Quando estudamos português, aprendemos na escola o conteúdo chamado pronomes pessoais, e esses pronomes trazem uma ordem pelo qual devemos nos dirigir a alguém. A ordem dos nossos pronomes começa com o EU, depois o tu e depois o ele. Apesar de parecer sem sentido tratar de pronomes e mandato social, logo percebemos que esta simples análise, traz para nós o conceito de quem está em primeiro lugar no meu reino: EU. O mundo em que vivemos é um mundo de egoísmo, onde o homem está voltado exclusivamente para o seu ter, o seu possuir, o seu existir, seus sonhos, suas metas, e, portanto não tem tempo a perder com o outro, ou seja, com TU e com ELE; princípios que são ensinados a todos os nossos filhos e descendentes. Quando olhamos para as escrituras, precisamos entender como ela lida com essa questão de valores a partir do eu, pois para um ocidental eu sempre estou em primeiro lugar, e em segundo lugar eu novamente e em terceiro lugar eu novamente. No mundo oriental, que é a cultura que influenciou as escrituras, estabelece que nossa ordem de valor seja primeiro o Ele, depois o Tu e por último Eu. Ao estudarmos os pronomes pessoais em hebraico, eles aparecem exatamente nessa ordem: Ele, Tu, Eu. Mais uma vez isso não é por acaso, pois revela como os semitas realmente compreendiam o seu papel dentro da sociedade, e qual a importância do outro para mim dentro dos meus relacionamentos. Veja o quadro abaixo: Pessoa Cultura Ocidental Cultura Semítica Primeira Eu Ele Segunda Tu Tu Terceira Ele Eu Nossa cultura é ocidental, porém a Bíblia e toda escrita a luz dos princípios orientais. Então a pergunta é: quem deve ser atendido primeiro na escala das necessidades uma vez que somos norteados pelas escrituras sagrada? Ele! Veja por exemplo o que é ensinado pela Psicologia e por adeptos da teoria de Maslow que define um conjunto de cinco necessidades hierarquicamente ajustadas em uma pirâmide: Necessidades fisiológicas: fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo;

Necessidades de segurança: necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa, emprego estável, plano de saúde, seguro de vida, família, propriedades; Necessidades sociais: amor, afeto, afeição, amizade, intimidade sexual; Necessidades de estima: autoestima, confiança, conquista e respeito dos outros; Necessidades de realização pessoal: moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceitos, aceitação dos fatos. Dentro das necessidades, percebemos que nunca poderemos cumprir o mandato social, pois, minhas necessidades não têm fim, e se não tem fim, como posso olhar para o outro. Qualquer psicólogo dirá que existe uma necessidade faltando ser preenchida na sua vida, e não é a toa, que pessoas passam 5, 10, 15 anos em um psicólogo, pois ainda falta alguma coisa, uma necessidade a ser alcançada ou desenvolvida. E o tempo para o outro que deve ser prioridade na minha vida? Agora que já entendemos quem realmente somos na escala de valores, poderemos agora considerar os aspectos práticos sobre nossas vidas dentro dessa sociedade, e para isso iremos analisar alguns de vários textos das sagradas escrituras que nos traz luz sobre esse tema. Parábola do Bom Samaritano Lucas 10:29-37 Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu te pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira. Quando olhamos para essa parábola, muitas coisas saltam aos olhos sobre a forma como Jesus aborda essa questão de quem é o meu próximo e queremos destacá-las: 1. A primeira observação que temos que fazer sobre essa narrativa, é sobre esse caminho traçado por Jesus. A parábola inicia falando que esse caminho era um caminho muito perigoso, cercados de desfiladeiros rochosos e curvas imprevistas, o que tornava o lugar ideal para bandoleiros; 2. O sacerdote aparece agora nesse cenário como alguém que passa de largo. O que seria mais provável para tal atitude do sacerdote é a sua condição dentro da hierarquia judaica. Sua atitude provavelmente teria fundamento a partir da aplicação de lei, onde quem tocasse em um morto estaria impuro por pelo menos sete dias, e como não sabia exatamente se aquele homem estaria morto ou não, optou por não ajudá-lo; 3. O levita também passa nesse caminho, e como o sacerdote, opta em não se arriscar, devido a forma como os bandidos muitas vezes atuavam, vezes fingindo-se de morto para atacar quando alguém se aproximasse;

4. O samaritano com certeza não seria a pessoa que os judeus esperariam que fosse ajudar. Imagine o impacto quando Jesus relata que foi um samaritano que resolveu ajudar aquele homem caído, investindo recursos necessários sem medir as circunstâncias. 5. Os princípios estabelecidos por Cristo revelam pelo menos três atitudes para com o nosso próximo: a. Devemos nos libertar do nosso legalismo religioso para justificar nossas ações pecaminosas diante do nosso próximo, pois foi essa atitude tomada pelo sacerdote, que por causa da lei, optou em deixar para traz o seu próximo. Mesmo que ficasse impuro, depois de sete dias ele seria tido como limpo novamente e poderia desenvolver novamente suas atividades no templo; b. O amor ao próximo é algo que muitas vezes vai requerer de nós a submissão a riscos diversos, e não querendo correr esse risco o levita se dá o direito de não se arriscar em prol do seu próximo. Aqui em Brasília conheço um pastor que faz um trabalho de evangelismo nas ruas aos domingos. Ele entra em locais com todo seu equipamento de som onde a polícia não entra, e mesmo correndo esse risco ele vai anunciar a palavra de Deus para aquelas pessoas; c. O que temos não é nosso, mas Deus nos deu os recursos para que possamos acudir aos necessitados. Aquele samaritano entendeu exatamente isso. Ele não hesitou em gastar o que fosse necessário para que aquele homem fosse curado e tivesse sua saúde novamente estabelecida. Esse texto por si já seria um texto que nos ajudaria a entender, o que deve ser vivido no mandato social, pois revela exatamente o que Deus espera de nós. No fim da narrativa, Jesus então estabelece o princípio a ser adotado:...vai, e faze da mesma maneira (Lucas 10:37). Outro texto que revela como devo lidar com o meu próximo, está no sermão do monte, e também gostaria de trazer alguns princípios que deverão nos fazer entender quem realmente é prioridade no Reino de Deus. Sermão do Monte Mateus 5:38-42 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao perverso; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. 1. Olho por olho e dente por dente Jesus Cristo trata de um princípio muito forte para os judeus no que diz respeito à forma como julgar os casos de afronta contra o outro. Esta é uma expressão da Lex talionis (Lei de Talião), o princípio de uma retribuição exata, cujo propósito era estabelecer o fundamento da justiça, especificando o castigo que o culpado merecia, e limitar a compensação de sua vítima a um equivalente exato e não mais. Assim, tinha o duplo efeito de caracterizar a justiça e refrear a vingança. Também proibia que membros de famílias inimigas tomassem a lei em suas próprias mãos para atos de vingança. Jesus Cristo estabelece um novo conceito a respeito sobre uma interpretação errada da lei. Precisamos entender que o reino de Deus se resume a uma palavra: prejuízo. Em várias passagens das escrituras nos deparamos à chamada de levarmos o ônus da questão, em vez de devolvermos na mesma moeda, assumindo as agressões como quem entende a missão do mandato social. A natureza humana possui um dispositivo automático de defesa, e não somente de defesa, mas de agressão. Independente da injúria, agressão verbal, ofensas, calúnias o princípio é estabelecido com o não se vingar.

2. Não resistais ao perverso precisamos ser pacificadores. Jesus já havia falado sobre isso no sermão do monte: Bem-aventurado os pacificadores.... O mais difícil para nós é nos depararmos com os perversos que nos humilham, nos ofendem, nos ferem e termos que passar por isso calado. Mas a questão em destaque é: Jesus foi humilhado, ofendido e foi ferido e não abriu a sua boca. Isso serve para nós. Cristo nos orienta em pelo menos quatro áreas de nossas vidas sobre como devemos vivem sem resistir ao perverso. Não resisti ao perverso, mostra que não podemos contender com o próximo, que proíbe a retaliação cristã, ou seja, não se comporte com o se agressor da forma como ele se comportou diante de vos. Como é difícil essa prática na vida da humanidade, mas isso só é possível quando colocamos o outro como prioridade sobre nossas vidas. 3. Se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. Pode parecer fantástica a ideia de oferecermos a face esquerda a alguém que já nos tenha batido na direita, especialmente quando nos lembramos de que "bater na face direita, com as costas da mão, continua sendo ainda hoje, no Oriente, um golpe insultuoso" e que Jesus provavelmente tinha em mente não um insulto comum, mas "um golpe insultuoso bastante específico: o golpe desferido contra os discípulos de Jesus na qualidade de heréticos. Quando observamos a forma como Jesus viveu o seu ministério, Jesus revela exatamente o mostrar a outra face; veja a declaração do profeta Isaías: As minhas costas ofereci aos que me feriam, e a minha face aos que me arrancavam os cabelos; não escondi a minha face dos que me afrontavam e me cuspiam. Quando olhamos para os últimos momentos de Cristo na terra, é exatamente isso que Ele viveu, dando a outra face para o cumprimento de sua missão na terra; o que deve ser para nós o modelo, se desejarmos cumprir a nossa missão na terra com alegria. 4. E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa, abra mão dos seus direitos. Esse é o princípio da fala de Jesus. Somos tendenciosos a buscarmos nossos direitos a ferro e fogo porque temos esse direito. Mas, nem sempre eu estar com o direito legal garantido, permite eu fazer o que quero. Muitas vezes terei que ir além do que sou exigido. Não poderemos reclamar nosso direito. Novamente nos deparamos com a verdade máxima do reino de Deus: o reino de Deus é prejuízo para quem quer vier nesse reino. Paulo nos orienta sobre essa questão dos meus direitos e o fato de eu demandar contra o meu irmão. Veja o que ele diz em II Coríntios 6:7 Na verdade é já realmente uma falta entre vós; terdes demandas uns contra os outros. Porque não sofreis antes a injustiça? Porque não sofreis antes o dano?. Somos orientados a sofrer os dano quando temos alguma questão que poderia ser resolvida na justiça. O meu direito deixa de ser direito quando penso no conceito de prioridades no reino de Deus: o outro é prioridade. 5. E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas; eu preciso ir além do que me é exigido. Conta uma história que um irmão foi afrontado na porta de sua casa por um vizinho, por este achar que o mesmo havia sido denunciado por conta do som que estava alto. Aquele irmão tentou se justificar de toda forma dizendo que não tinha sido ele e não havia sido, mas o vizinho não deu crédito. No outro dia a esposa desse irmão fez pão de queijo e ele separou uma tigela e levou para o vizinho agressor o que o constrangeu muito, e o irmão pode se explicar diante do mal entendido; não bastava apenas perdoar, ele precisou ir além do que era normal para uma situação como essas. Andar a segunda milha significa dar uma chance para

aquele que desperdiçou a primeira, é fazer o que um ímpio não faria, é ajudar quem já foi ajudado, literalmente é gastar o seu tempo com o outro. 6. Dá a quem te pedir Agora Jesus Cristo vai tornar a situação bem difícil para nós. Somos educados a vivermos para nós como já discutimos anteriormente, e quanto alguém nos pede na rua, por exemplo, o sentimento que nos toma é um sentimento de ira, porque pensamos logo no nosso esforço. Pensamentos invadem nossa mente, pois eu valorizo demais o que tenho e a forma como consegui. Ofendemos nosso próximo com toda sorte de palavras torpes, humilhamos, mas, pense no preceito: quem te pedir dá. Na ordem de Cristo não há uma exceção, e Ele não manda nós julgarmos o que será feito com a minha oferta pelo que recebeu. Mas ele vai comprar cachaça, vai comprar droga! Você não foi colocado como juiz nessa questão, pois o que recebe também será julgado pelo que fez com tal ajuda e nós seremos julgados por não ajudarmos. Sei que crises surgem, mas vamos pensar no caso dos moradores de ruas. Ricardo é um irmão da igreja do Pr. Airton que tem um trabalho com essas pessoas. Certa vez ele comentou que o que sustenta muitos moradores é o litro de cachaça que ele toma muitas vezes para ser o seu alimento e lhe ajuda a se esquentar no frio da madrugada. O que fazer, por exemplo, se um morador de rua lhe pedir dinheiro para comprar cachaça? Você sabe que isso será seu alimento e lhe esquentará do frio. Jesus diz: a quem pedi, dá! 7. E não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes o que fazer diante de tal afirmação? Sabe aquele dinheiro que você está juntando com tanto esforço para comprar um carro, ou trocar de carro, para dar entrada no apartamento? Então, agora imagine que chegue à sua casa alguém precisando exatamente do valor que você juntou? Você muito piedosamente dirá: eu vou levar o seu nome para o grupo de oração da igreja para que Deus possa atender sua necessidade. Mas você se perguntou por que Deus, isso mesmo Deus, enviou essa pessoa até você? Seria porque Deus sabia que você tem esse dinheiro? Como é difícil amar ao próximo quando temos que abrir mão de nossos sonhos, de nossos desejos, de nossas ambições. Um último texto que analisaremos para compreendermos melhor essa questão do amor ao próximo, relata o modelo prático deixado pelo próprio Cristo. Vejamos o texto abaixo: O mandamento de Cristo João 15:12 O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. O mandamento estabelecido como padrão de amor ao próximo vem de nós mesmos, pois foi assim que fora passado por gerações:... ama o teu próximo como a ti mesmo. Esse modelo de amar na verdade acabou se tornando uma falácia no nosso discurso fraterno, pois não conseguiríamos jamais amar alguém como nos amamos. O discurso é bem encantador e romântico, contudo a prática é totalmente diferente. O princípio é: o que eu quero para mim, eu farei para o outro, ou, o que eu desejo para mim eu farei para o outro. Agora imagine você no centro da cidade, no aeroporto, na rodoviária, lanchando, almoçando e alguém se aproxima de você e pede um alimento, você tem um copo de suco na mão pela metade e um salgado pela metade. As pessoas na maioria das vezes vão dar o que tem na mão e pedir outro para si. Mas, se eu estivesse no lugar do pedinte, eu me sentiria bem com aquela situação, sabendo que recebi algo que já estava pela metade? Por que não comprar um suco e um salgado para o pedinte e você continua com o seu? Veja o que Jesus falou sobre essa questão: Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhe também vós, porque esta é a lei e os profetas. Amar ao próximo como a mim mesmo me estabelece como

referencial e amor para com os outros, eu sou o meu modelo, e como eu gostaria de ser tratado, assim eu vou tratar o meu próximo. O grande problema nessa questão, é que nos amamos tanto, que não concebemos a ideia de perder, abrir mão. Jesus Cristo com sua vida prática muda isso. Ele estabelece um mandamento que vai agora impactar radicalmente aqueles que se achavam justos e piedosos. Parafraseando a fala de Jesus, eu o imagino dizendo o seguinte: vocês não entenderam o que é o reino de Deus, não entenderam o que é amar ao próximo como a si mesmo, e por perceber essa falha no entendimento de vocês, eu quero deixar um modelo prático sobre isso: ame ao seu próximo assim como eu vos amei. Agora eu não sou mais o referencial de amor ao próximo. Cristo o é. Ele muda o referencial de amor e manda, pois é um mandamento, que seja cumprido a partir dele. Poderíamos gastar muito tempo falando sobre esse amor de Cristo, mas podemos resumi-lo apontando para cruz. O amor de Cristo apontava para cruz, para morte e é assim que Ele espera que amemos ao meu próximo. Se necessário for, terei que morrer pelo meu próximo. Mas essa morte é diária, pois diariamente somos chamados a morrer pelo nosso próximo. É a viagem, é o carro, é o passeio, o relógio, a calça, a bolsa e qualquer outra coisa que terei que abrir mão para atender a necessidade de meu próximo. Uma frase que impactou minha vida e que pode resumir toda a ideia do reino de Deus para cumprimento do mandato social é: Pessoas são mais importantes do que coisas.