PROPOSTA N.º 769/2017 Assunto: Aprovar submeter à apreciação da Assembleia Municipal a autorização para a aquisição do imóvel sito no Beco dos Toucinheiros, correspondente à designada Vila Dias, por exercício do direito legal de preferência. Pelouro: Património Serviços: DMGP Considerando que: a) A Vila Dias é um conjunto urbano com tipologia de vila operária, construído para albergar os funcionários que trabalhavam nas fábricas de Xabregas, constituído por habitações agrupadas em banda (maioritariamente de tipologia T1), organizado em torno de um arruamento principal com entrada pelo Beco dos Toucinheiros, n.º 12, e integrado numa parcela de grandes dimensões com aproximadamente 21 859 m 2 Planta n.º 17/059A/DMGP (planta simplificada) - sito na Freguesia do Beato, em Lisboa, descrito na Conservatória do Registo Predial sob o n.º 1135, da Freguesia do Beato, Beco dos Toucinheiros, inscrito na matriz predial urbana sob os artigos 433, 440, 2210, 442, 2209, 444, 445, 446, 447, 448, 449, 450, 2324, 452, 2208, 2007, 455, 456, 2211, 2325, 459, 460 e 2323 da mesma freguesia (Anexo I); b) O prédio urbano correspondente à designada Vila Dias integra a Área de Reabilitação Urbana do Vale de Chelas (ARU - Vale de Chelas), aprovada pela Assembleia Municipal de Lisboa em 21/04/2015, através da Deliberação n.º 95/AML/2015, publicada no 4.º Suplemento do Boletim Municipal n.º 1105, de 23/04/2015, e no Diário da República II Série, n.º 92, de 13/05/2015, mediante o Aviso n.º 5239/2015 (Anexo II); c) A área delimitada a cor amarela na Planta n.º 17/059A/DMGP integra um conjunto habitacional no qual importa intervir, de forma a dotá-lo de condições de habitabilidade, atento o mau estado de conservação, insalubridade e perigo para a segurança e saúde públicas; d) Para a área de reabilitação urbana onde se insere o prédio urbano designado por Vila Dias foram definidos os objetivos gerais e específicos com intenção de promover a salvaguarda dos valores 1
patrimoniais e ambientais em presença, equilibrados com evidente necessidade de estruturação de espaços e atividades; e) A regeneração do edificado viável da Vila Dias, por forma a salvaguardar a sua utilização habitacional adaptada aos padrões atuais, procurando manter a maioria dos ocupantes residenciais, introduzindo novos equipamentos de bairro, são objetivos específicos que o Município de Lisboa pretende promover no local e que não se coadunam com o atual programa delineado pelos atuais proprietários, estando em risco direitos fundamentais como o Direito à Habitação, entre outros; f) De acordo com o disposto nos artigos 5.º, 7.º e 58.º do Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23/10, que aprovou o Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (RJRU), na redação em vigor, os municípios gozam de direito legal de preferência nas transmissões a título oneroso, entre particulares, de terrenos, edifícios ou frações situados em área de reabilitação urbana; g) O Município de Lisboa pode exercer o direito de preferência nas transmissões a título oneroso, entre particulares, de terrenos, edifícios ou frações situados em área de reabilitação urbana (n.º 1 do artigo 58.º do RJRU) e no âmbito de execução de planos de pormenor ou de unidades de execução, designadamente para reabilitação, regeneração ou reestruturação da propriedade (Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio); h) O direito de preferência previsto no RJRU apenas pode ser exercido caso o Município entenda que o imóvel deve ser objeto de intervenção no âmbito da operação de reabilitação urbana, discriminando na declaração de preferência, nomeadamente, a intervenção de que o imóvel carece e o prazo dentro do qual pretende executá-la (artigo 58.º, n.º 3, do RJRU); i) Em 11/10/2016, veio ao conhecimento do Município de Lisboa que, em sede do processo judicial n.º 5006/15.2T8LSB, as primitivas proprietárias de Vila Dias, as Senhoras Maria Paula Menezes de Castro Alves e Virgínia Santa Alvarez de Menezes Cabral de Castro Alves (Rés), confessaram o pedido de execução específica peticionado pela Autora, RETOQUE, RESTAURO RECUPERAÇÃO DE IMÓVEIS, Lda., em ação de processo comum, através do qual era pretendida sentença substitutiva das declarações negociais por aquelas omitidas, com vista à celebração do contrato de compra e venda do prédio urbano identificado no considerando primeiro; j) Em 04/11/2016, por via do Ofício n.º 61/DJ/DCAJ/2016, veio o Município de Lisboa requerer incidentalmente nesse processo judicial que o douto Tribunal se dignasse a notificar as Rés (as primitivas proprietárias) para que, em cumprimento do disposto no artigo 416.º do Código Civil, procedessem à comunicação ao Município de Lisboa do projeto de venda e das cláusulas do contrato-promessa de compra e venda cuja execução específica era peticionada na ação (Anexo III); 2
k) O Município pretendia a não homologação da transação judicial entre as partes, obstando assim à transferência da propriedade do prédio, por não ter sido cumprida a legislação que confere à entidade pública o direito de preferência, no caso por falta de comunicação da intenção de venda; l) Em 24/02/2017 veio o douto Tribunal decidir que a questão suscitada pelo Município de Lisboa era alheia aos autos, não cabendo naquela sede a notificação das Rés nos termos pretendidos pelo Município - Ofício referência 364010062, de 03/03/2017 (Anexo IV); m) O preferente (no caso, o Município) a quem se não dê conhecimento da venda ou da dação em pagamento tem o direito de haver para si o bem alienado, contando que o requeira dentro do prazo de seis meses a contar da data em que teve conhecimento dos elementos essenciais da alienação, ou seja, do contrato integral e não apenas da venda artigo 1410.º, n.º 1, do Código Civil por remissão do artigo 37.º, n.º 2, da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro; n) O prazo para intentar a ação de preferência terminava a 06/09/2017 seis meses contados após a notificação do Município de Lisboa, no âmbito do Processo n.º 5006/15.2 T8LSB; o) A pretensão do Município de Lisboa, por via de ação judicial, a obter vencimento, implicará a anulação do negócio celebrado e aquisição do prédio urbano sito no Beco dos Toucinheiros, correspondente à designada por Vila Dias, nos mesmos termos, pelo Município de Lisboa, designadamente, quanto ao preço devido; p) Para exercer judicialmente o direito de preferência, impendia sobre o Município de Lisboa a obrigação de depositar, nos 15 dias seguintes à propositura da ação, o preço devido, ou seja, a contraprestação efetivamente paga pelo adquirente, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 1410.º do Código Civil, por remissão do artigo 37.º, n.º 2, da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, no montante de 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil euros); q) É competência da Câmara Municipal, entre outras, a inscrita na alínea ccc) do n.º 1 do artigo 33.º do Anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro; r) A aquisição do prédio deve obedecer ao disposto na Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na redação atual, devendo a Câmara, sempre que o valor de aquisição seja superior a 557.000,00 (quinhentos e cinquenta e sete mil euros), obter a respetiva autorização da Assembleia Municipal, nos termos da alínea i) do n.º 1 do artigo 25.º do referido diploma, ficando, igualmente, sujeita a Visto Prévio do Tribunal de Contas; 3
s) Não foi possível reunir extraordinariamente a Câmara Municipal, bem como a Assembleia Municipal, por decorrer, à data, período de interrupção por férias destes órgãos a que se seguiu o período eleitoral para as Eleições Autárquicas de 1 de outubro; t) O prazo legal para o Município exercer judicialmente o direito de preferência, e requerer haver para si o bem alienado, seis meses, terminava a 6 de setembro, sendo necessária a prática dos atos administrativos indispensáveis para o efeito; u) É competência do Presidente da Câmara representar o Município em juízo e fora dele, nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 35.º do Anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro; v) Nos termos do disposto no n.º3 do artigo 35.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de Setembro, o Presidente da Câmara pode praticar quaisquer atos da competência da câmara, ficando os mesmos sujeitos a ratificação na primeira reunião realizada após a sua prática; w) Através do Despacho n.º 64/P/2017 de 29/08/2017, publicado no Boletim Municipal n.º 1230, de 14 de setembro, o Presidente da Câmara determinou: (A) A propositura pelo Departamento Jurídico de ação de preferência, nos termos do artigo 1410.º n.º 1 do Código Civil por remissão do artigo 37.º, n.º 2, da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, para exercício do direito legal de preferência relativamente à transmissão, entre particulares, do imóvel sito na Freguesia do Beato, em Lisboa, descrito em sede de registo predial sob o n.º 1135, da Freguesia do Beato, Beco dos Toucinheiros, inscrito na matriz predial urbana sob os artigos 433, 440, 2210, 442, 2209, 444, 445, 446, 447, 448, 449, 450, 2324, 452, 2208, 2007, 455, 456, 2211, 2325, 459, 460 e 2323 da mesma freguesia, ao abrigo do disposto na Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro e da Lei n.º 307/2009 de 23 de outubro, na redação dada pela Lei n.º 32/2012, de 14 de agosto, e legislação complementar; (B) Para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 1410.º do Código Civil, por remissão do artigo 37.º, n.º 2, da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, que se proceda ao depósito, nos 15 dias seguintes à propositura da ação, do preço devido, ou seja, a contraprestação efetivamente paga pelo adquirente, no montante de 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil euros), encontrando-se assegurado para o efeito o enquadramento orçamental, com cabimento da totalidade da despesa (cabimento n.º 5317002841) e Declaração de Fundos Disponíveis emitida com o n.º 1108/2017; (C) Submeter a ratificação da Câmara Municipal o ato aprovado pelo Despacho (Anexo V); x) A ação judicial foi proposta em 5/09/2017 e autuada sob o Proc. n.º 19460/17.4T8LSB, Juízo Central Cível de Lisboa - Juiz 6 (Anexo VI); y) A procedência da pretensão do Município de Lisboa no processo judicial identificado no considerando anterior resultará na aquisição, por exercício do direito legal de preferência, do imóvel descrito 4
no Considerando 1 pelo valor de 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil euros) importando, nessa condição, obter a autorização da Assembleia Municipal, nos termos e para os efeitos previstos na alínea i) do n.º 1 do artigo 25.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na redação atual, e o visto prévio do Tribunal de Contas; z) No mandato que cessou com a tomada de posse do novo executivo camarário, ocorrida em 26 de outubro passado, a Câmara Municipal de Lisboa aprovou, em reunião extraordinária de 20 de outubro de 2017, pela Proposta n.º 602/2017, ratificar o Despacho n.º 64/P/2017, de 29 de agosto, e submeter à Assembleia Municipal, a fim de ser, por esta, apreciada, a autorização para aquisição do imóvel sito no Beco dos Toucinheiros, correspondente à designada Vila Dias, por exercício do direito de preferência (Anexo VII); aa) Apesar de aprovada em reunião extraordinária de 20 de outubro de 2017, a Proposta n.º 602/2017 não chegou a ser apreciada pela Assembleia Municipal no mandato transato tendo sido devolvida pela Senhora Presidente da Assembleia Municipal para nova deliberação do novo executivo municipal (Anexo VIII); bb) Da comunicação da Senhora Presidente da Assembleia Municipal de 31/10/2017 se conclui que a deliberação do novo executivo camarário deverá incidir, não sobre a ratificação do Despacho n.º 64/P/2017, de 29 de agosto, publicado no Boletim Municipal n.º 1230, de 14 de setembro, ato administrativo já consolidado na ordem jurídica por via da Proposta n.º 602/2017, mas sim, sob pena de ilegalidade, apenas quanto ao determinado no Ponto 2 da referida Proposta, ou seja: a necessidade de, e para efeitos do disposto nas alíneas i) do n.º1 do artigo 25.º e ccc) do n.º1 do artigo 33.º, todos da Lei n.º 75/2013, submeter à apreciação e votação da Assembleia Municipal a autorização para aquisição do imóvel em apreço, por exercício do direito de preferência; cc) Está assegurado o devido enquadramento orçamental, Cabimento e Declaração de Fundos Disponíveis (Anexo IX). Tenho a honra de propor que a Câmara delibere: Ao abrigo do disposto nas alíneas ccc) do n.º 1 do artigo 33.º e i) do n.º 1 do artigo 25.º, todos da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na redação atual, submeter à apreciação e votação da Assembleia Municipal: 5
- A autorização para aquisição do imóvel sito no Beco dos Toucinheiros, correspondente à designada Vila Dias, na freguesia do Beato, em Lisboa, pelo valor de 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil euros), por exercício do direito legal de preferência, na condição de o Município de Lisboa vir obter procedência na ação judicial que corre termos sob o n.º 19460/17.4T8LSB no Juízo Central Cível de Lisboa Juiz 6, e após obtenção de visto prévio do Tribunal de Contas. ANEXOS: I. Planta n.º 17/059A/DMGP- planta simplificada II. Deliberação n.º 95/AML/2015, publicada no 4.º Suplemento do Boletim Municipal n.º 1105, de 23/04/2015, e no Diário da República II Série, n.º 92, de 13/05/2015, mediante o Aviso n.º 5239/2015 III. Ofício n.º 61/DJ/DCAJ/2016 IV. Ofício referência n.º 364010062, de 03/03/2017 V. Despacho n.º 64/P/2017 de 29/08/2017, publicado no Boletim Municipal n.º 1230, de 14 de setembro, VI. Certidão registo da ação judicial VII. Ata em minuta da reunião extraordinária de 20/10/2017 VIII. Oficio n.º 0926/AML/17, de 31/10/2017 IX. Cabimento e Declaração de Fundos Disponíveis Processo n.º 22813/CML/2017 Sala de Reuniões da Câmara Municipal de Lisboa, 15 de dezembro de 2017 O Vereador Manuel Salgado 6