AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS QUÍMICOS EM UM SISTEMA PILOTO QUE SIMULA A CRIAÇÃO DE SUÍNOS SOBRE CAMA

Documentos relacionados
DEJETOS DE SUÍNOS COMO FONTE PROTÉICA. DE PIAUÇU (Leporinus p macrocephalus).

UTILIZAÇÃO DA COMPOSTAGEM PARA O TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA E APARAS DE GRAMA

GESTÃO DE DEJETOS DE BOVINOS, CASCA SECA E ÚMIDA DE CAFÉ ( Coffea arabica L.) ATRAVÉS DO PROCESSO DE VERMICOMPOSTAGEM

Modelo de gestão ambiental para a suinocultura. Rodrigo S. Nicoloso Eng. Agrônomo, Dr. Núcleo Temático de Meio Ambiente Embrapa Suínos e Aves

Geração de Renda a Partir dos Dejetos da Suinocultura: Biofertilizante, Biogás e Energia Elétrica

Resumo Expandido. Título da Pesquisa: UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA FRIGORÍFICA NA FERTILIZAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS DO GÊNERO BRACHIÁRIA

Compostagem de resíduos orgânicos: avaliação de resíduos disponíveis no amapá. Organic Composting: assessment of the available waste in Amapá state

REDUÇÃO DE SÓLIDOS VOLÁTEIS E TAXA DE APLICAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA DE ÁGUA RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURA EM BIODIGESTOR TUBULAR DE PVC

AVALIAÇÃO DA COMPOSTAGEM DE DIFERENTES TIPOS DE COMBINAÇÕES DE RESÍDUOS ORGÂNICOS, DE UMA PROPRIEDADE RURAL

IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO USO IRREGULAR DE DEJETOS DE SUÍNOS NO SOLO

Uso de remineralizadores no processo de compostagem de dejeto líquido de suínos

COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS DE FÁBRICA DE CELULOSE E PAPEL

Aula Manejo de dejetos suinos 1/9. Produção de suínos. Eduardo Viola

APRESENTAÇÃO: FERTILIZANTE TERRAPLANT

23/04/2014. Compostagem: uma nova opção sustentável de reciclagem. Oferta e demanda de fertilizantes no Brasil. Brasil: potencial e fragilidades

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

Plano de aula. ZOOTECNIA I (Suínos) 01/04/2016. Resíduos de origem animal. Produção Animal vs Impacto Ambiental. Dejetos. Problemas.

COMPOSTAGEM PARA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO DE PESQUISA

Aproveitamento Energético de Biogás : a experiência da

Equipe Principal: Jonas Irineu dos Santos Filho, Marcelo Miele,

MANEJO DOS DEJETOS DE SUÍNOS COM BIOESTERQUEIRA E ESTERQUEIRA CONVENCIONAL

ICTR 2004 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho Florianópolis Santa Catarina

SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS EM CAMA SOBREPOSTA DEEP BEDDING

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Biodigestores. Profa. Dra. Letícia Ane Sizuki Nociti

O SOLO COMO F0RNECEDOR DE NUTRIENTES

ESTUDO EM CÉLULAS EXPERIMENTAIS DE RESÍDUOS SÓLIDOS: UMA SIMULAÇÃO DE ATERROS SANITÁRIOS

PRODUÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DE BIOMASSA MICROALGAL

ESTIMATIVA DA QUANTIDADE E DESTINO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DE AVIÁRIOS PRODUZIDOS NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

UTILIZAÇÃO NA AGRICULTURA DE RESÍDUOS SÓLIDOS PROVINDOS DA BIODIGESTÃO.

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

Microbiologia associada à suinocultura. A alta carga orgânica observada nos sistemas. Modo de ação. As culturas microbianas que compõem o produto são

SEPARADOR S 655 / S 855

NECESSIDADE ENERGÉTICA DAS MATRIZES SUÍNAS NA FASE DE GESTAÇÃO

10º ENTEC Encontro de Tecnologia: 28 de novembro a 3 de dezembro de 2016

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Rurais Curso de Zootecnia Disciplina de Manejo e fertilidade do Solo ADUBAÇÃO ORGÂNICA

REDUÇÃO DE SOLIDOS DE DEJETOS DE POEDEIRAS EM BIODIGESTORES OPERADOS COM DIFERENTES TEMPO DE RETENÇÃO HIDRÁULICA

III-072 CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO E AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO CARBONO NITROGÊNIO NA COMPOSTAGEM

EMPREGO DO BALANÇO DE MASSA NA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DIGESTÃO ANAERÓBIA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Palavras-chave: Dióxido de carbono. Micro-organismo. Manejo. Atmosfera.

COMPOSTAGEM ORGÂNICA: MÉTODO EFICIENTE PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS DE ANIMAIS DA AQUICULTURA

file://e:\arquivos\poster\451.htm

HSA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Plano de Ação 8: Separação de fases e compostagem da fração sólida dos dejetos de suínos

Corretivos Adubos e Adubações. Prof. ELOIR MISSIO

Palavras-Chave: Adubação mineral. Adubação orgânica. Cama de Peru. Glycine max.

INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES: CARBOIDRATOS, LIPÍDEOS E PROTEINAS NA PRODUÇÃO DE METANO

Ciclos Biogeoquímicos

PRODUÇÃO DE MASSA SECA DA PARTE AÉREA E DE RAÍZES DA SOJA ADUBADA COM DEJETOS LÍQUIDOS DE SUÍNOS

PROTOCOLO DE KYOTO E REDUÇÕES CERTIFICADAS DE EMISSÕES - OPORTUNIDADES ECONÔMICAS PARA OS SUINOCULTORES

Produtividade de Matéria Seca de Capim Brachiaria brizantha cv. Marandu, com residual de 4 Toneladas de Cama Aviária e Diferentes Doses de Nitrogênio.

O que é a fossa Séptica

Física do Solo Danni Maisa da Silva

1) Introdução CONCEITO:

Manejo da adubação nitrogenada na cultura do milho

Manejo do Nitrogênio como percussor de melhoria nas produtividades de Milho

Projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água. Projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água

RESÍDUOS ORGÂNICOS COMO FONTE DE FÓSFORO: POTENCIAL FERTILIZANTE E RISCOS AMBIENTAIS

DISCIPLINAS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IRRIGAÇÃO NO CERRADO - PPGIC DISCIPLINAS CRÉDITOS CH MATRIZ CURRICULAR CARACTERÍSTICA

Ensaio de aceleração de compostagem de resíduos de podas de árvores urbanas através da adição de RINENBAC.

INFLUÊNCIA DO ph NO TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO POR PROCESSO DE STRIPPING DE AMÔNIA.

FERTILIZANTES ORGÂNICOS E SEU EMPREGO

Um modelo de gestão ambiental para a suinocultura. Rodrigo S. Nicoloso Eng. Agrônomo, Dr. Núcleo Temático de Meio Ambiente Embrapa Suínos e Aves

MÉTODOS ALTERNATIVOS DE MUDA FORÇADA EM POEDEIRAS COMERCIAIS

4 Reciclagem do lodo para utilização final na agricultura

FONTES ORGÂNICAS DE NUTRIENTES E SEUS EFEITOS NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA MAMONEIRA*

Cadeia Produtiva da Silvicultura

EFEITO DA TORTA DE MAMONA SOBRE O CRESCIMENTO DA MAMONEIRA BRS 149 NORDESTINA.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE EXPERIMENTAÇÃO. Profª. Sheila Regina Oro

IMPACTO DA CODISPOSIÇÃO DE LODO SÉPTICO NAS TRINCHEIRAS DE UM ATERRO SANITÁRIO RESUMO

TELHADO VERDE INTRODUÇÃO

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO DA

Desempenho de leitões em fase de creche alimentados com soro de leite.

DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA DE COMPOSTAGEM NO CAMPUS DA FAP

AVALIAÇÃO DO MANEJO DE DIFERENTES SUBSTRATOS PARA COMPOSTAGEM DE DEJETOS LÍQUIDOS DE SUÍNOS

PRODUÇÃO DE MUDAS DE CAFEEIRO EM TUBETES UTILIZANDO SUBSTRATOS CONSTITUÍDOS POR CASCA DE ARROZ CARBONIZADA E CASCA DE CAFÉ COMPOSTADA

Título da Pesquisa: Palavras-chave: Campus: Tipo Bolsa Financiador Bolsista (as): Professor Orientador: Área de Conhecimento: Resumo

BIOMETRIA DO COQUEIRO ANÃO SUMETIDO À UTILIZAÇÃO DE BIOFERTILIZANTE LÍQUIDO COM E SEM COBERTURA DO SOLO

LARGURA DE APLICAÇÃO DE PRODUTOS DE COBERTURA: Linhas FULL e FULL N MAX: Ureia + Sulfato de Amônia

AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO BOTÃO DE OURO (TITHONIA DIVERSIFOLIA) EM DIFERENTES IDADES DE CORTE NO PRIMEIRO ANO DE IMPLANTAÇÃO

Uso da Espectrometria de Infravermelho nas aferições de gases de efeito estufa na suinocultura

ZOOTECNIA I (Suínos) Sistemas de produção de suínos. Sistemas de produção de suínos 01/04/2014

LICENCIAMENTO AGROSSILVIPASTORIL

Modelo de gestão ambiental para a suinocultura. Rodrigo S. Nicoloso Eng. Agrônomo, Dr. Núcleo Temático de Meio Ambiente Embrapa Suínos e Aves

Bem-estar, comportamento e desempenho de porcas lactantes por 28 dias alojadas em diferentes tipos de maternidades no verão

Degradação Bioquímica

Capacidade suporte em pastagens fertirrigadas e exemplos de propriedades comerciais em operação

EFEITO DO RESÍDUO EXAURIDO DO CULTIVO DE COGUMELOS SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Eucalyptus dunnii

Biodigestores. Fontes alternativas de energia - Biodigestores 1

Tratamento de Resíduos Orgânicos COMPOSTAGEM

144 - Utilização de minhoca gigante africana para tratamento de resíduos orgânicos sólidos provenientes de agroindústrias e atividades rurais

23/6/2010. Dejetos fezes, urina, bebedouros, higienização e resíduos suínos, aves e bovinos leiteiros Confinamento. Dejetos.

Caracterização físico-química de efluente de indústria de laticínios tratado por sistema de lagoas de estabilização

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS

Aluno do Curso de Engenharia Elétrica da UNIJUÍ, 3

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

AGRICULTURA GERAL. Conceito COMPOSTAGEM COMPOSTAGEM POMBAL PB. Prof. Dr. Francisco Hevilásio F. Pereira (UAGRA/CCTA/UFCG)

Transcrição:

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS QUÍMICOS EM UM SISTEMA PILOTO QUE SIMULA A CRIAÇÃO DE SUÍNOS SOBRE CAMA 1 PERONDI, Arlan; 1 CORRÊA, Èrico Kunde; 1 LUCIA JR, Thomaz; 1 ULGUIN, Rafael da Rosa; 1 BIANCHI, Ivan; 2 GIL-TURNES, Carlos; 1 PIGPEL: Ensino, Pesquisa e Serviços em Produção de Suínos, Centro de Biotecnologia, Universidade Federal de Pelotas. 2 LABORATÓRIO DE BACTERIOLOGIA, CENBIOT UFPEL. INTRODUÇÃO A suinocultura é uma atividade importante do ponto de vista econômico e social, uma vez que promove a fixação do homem no campo, gerando empregos diretos e indiretos em toda cadeia produtiva. Porém, ambientalmente é considerada atividade de alto potencial poluidor. O rebanho suíno nacional em 2005 foi estimado em 34.481.000 cabeças, sendo 2.588.000 matrizes. O que gerou uma produção de 2.760 milhões de toneladas de carne suína (ANUÁRIO 2006 SUINOCULTURA INDUSTRIAL). Para a produção de carne suína, ocorre a geração de resíduos (dejetos). A quantidade total de dejetos produzidos na suinocultura varia de acordo com o peso corporal dos animais, com valores de 4,9 a 8,5% de seu peso vivo/dia, para faixas de 15 a 100 kg (Corrêa, 2000). Considerando-se uma produção média de 2,5 m 3 de dejeto líquido por suíno/ano e um rebanho de aproximadamente 40 milhões de cabeças, tem-se no país uma produção anual de 100 milhões de metros cúbicos de dejeto líquido. (Nääs 2004), demonstrando assim seu potencial poluidor. Os dejetos suínos até a década de 70, não constituíam fator preocupante, pois a concentração de animais era pequena e o solo das propriedades tinha capacidade para absorvê-los, na forma de adubo orgânico. O desenvolvimento da suinocultura intensiva trouxe a produção de grandes quantidades de dejetos que são lançados ao solo na maioria das vezes sem tratamento prévio, transformando-se em uma grande fonte poluidora dos mananciais hídricos. (Kunz 2005). Em virtude disto, sistemas alternativos para a produção de suínos tem despertado o interesse do setor produtivo, principalmente por apresentarem, quando comparados aos sistemas convencionais, edificações de menor custo, melhora do bem-estar dos animais e menor impacto ao meio ambiente (Honeyman, 1996). Assim, o sistema de produção de suínos sobre cama (SPC) vem ganhando espaço junto aos produtores, principalmente por facilitar e também reduzir os custos com o manejo dos dejetos, quando comparada ao sistema convencional de produção (Honeyman & Harmon, 2003). O SPC tem como princípio a substituição do piso convencional, concreto, ferro ou plástico, por uma cama com material rico em carbono (OLIVEIRA et al., 1999). Esta cama desempenha a dupla função de piso e biodigestor dos dejetos, que são retidos, armazenados e estabilizados dentro da própria edificação suinícola, sendo manejados em estado sólido (CAMPBELL et al, 2003). Na medida em que ocorre o aumento do conteúdo de matéria seca dos dejetos, ocorre também o aumento da concentração de nutrientes, tornando os dejetos mais valorizados do ponto de vista agronômico (Honeyman, 2005). Esta

concentração de nutrientes deve-se principalmente à evaporação da fração líquida que é absorvida temporariamente pela cama. O presente trabalho tem por objetivo estudar as transformações químicas, que ocorrem durante a compostagem de dejetos suínos proporcionadas através do uso de diferentes inóculos em escala piloto. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em uma granja suinícola, com 400 matrizes alojadas em ciclo completo, localizada no município de Pelotas RS Brasil (latitude 31º38 47 S - longitude 52º21 03 W). O experimento foi realizado em escala piloto em caixas de madeira, com 1 m de largura; 1 m de comprimento e altura de 0,50 m, simulando a área disponível para suínos em fase de crescimento-terminação criados sobre cama. O substrato utilizado como cama em todos os tratamentos foi a casca de arroz. Foram adicionados diariamente 6,4 litros de dejetos retirados da calha lateral da instalação de crescimento-terminação. Este valor é proporcional aos 8 litros diários produzidos por suínos (Kunz, 2005) em crescimento-terminação com 1,25 m 2 de área. Os dejetos eram homogeneizados aos substrato uma vez por semana, mediante escarificação manual. Foram comparados três tratamentos: substrato de casca de arroz com com adição de 250 g de Bacillus cereus com 8,4 x 10 7 UFC/g (CERE); substrato de casca de arroz com de 250 g de EnziLimp (Bacillus subtilis, Bacillus licheniformis e Bacillus plimyxa) com 8,4 x 10 7 UFC/g (ENZI) e substrato de casca de arroz sem inoculo (TEST). Cada caixa foi adotada como unidade experimental. Cada tratamento apresentou uma repetições no espaço. O período experimental foi de 187 dias, dividido em duas etapas de 90 dias cada, com intervalo de 7 dias entre cada etapa. As caixas com os tratamentos foram dispostas aleatoriamente sobre uma cobertura de telha, com pé direito de 3 m. Para as análises químicas das camas foram coletadas quinzenalmente, subamostras em cinco diferentes pontos de cada unidade experimental, a meia profundidade, que após homogeneização, passaram a constituir uma amostra. Foram analisados das amostras coletadas os teores de matéria seca (MS) em estufa a 105 C por 24h; o teor de nitrogênio (N) pelo método de Kjeldhal teor de carbono orgânico (C) pelo método de Walkley-Black e relação carbono/nitrogênio (C/N) por cálculo. Os efeitos dos tratamentos foram avaliados através de análise de variância, com comparação entre médias através do teste de Tukey. Foram realizadas duas repetições, sendo que a primeira se refere à cama nova e a segunda a cama usada. As comparações entre médias para os contrastes da primeira e segunda cama foram realizadas pelo teste de Schefeé. Todas as avaliações foram realizadas com o software Statistix versão 8.0 (2003). RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1. Teores de carbono, nitrogênio, matéria-seca e relação C/N de acordo com o tratamento Tratamento C (%) N (%) MS(%) Relação C/N TEST 31.253 A 1.1925 A 69,8 A 20.207 A CERE 30.950 AB 1.3162 A 69,7 A 23.514 B ENZI 30.597 B 1.2618 A 70,1 A 24.248 B

MS = teor de matéria seca, N = nitrogênio presente no composto, C = carbono presente no composto, Relação C/N = Relação carbono/nitrogênio. Médias seguidas na coluna de letras diferentes, diferiram significativamente a 5% no teste de Tukey. Tabela 2. Teores de carbono, nitrogênio, matéria-seca e relação C/N de acordo com a repetição Repetição C (%) N (%) MS(%) Relação C/N PRIMEIRA 31.207 A 1.5311 A 74,6 A 20.382 A SEGUNDA 30.659 B 0.9826 B 63,8 B 31.201 B MS = teor de matéria seca, N = nitrogênio presente no composto, C = carbono presente no composto, Relação C/N = Relação carbono/nitrogênio. Médias seguidas na coluna de letras diferentes, diferiram significativamente a 5% no teste de Schefeé. Analisando os resultados apresentados na Tabela 1, constata-se que para o teor de N não foi observado diferença entre os tratamentos (p>0,05), Entretanto existe diferença significativa entre a primeira e segunda repetição (Tab. 2), principalmente no teor de nitrogênio que diminuiu significativamente da primeira para a segunda repetição em decorrência da atividade microbiana e do tempo de exposição da cama aos microrganismos. Pois segundo Nääs (2004). nos dejetos suínos, grande parte do nitrogênio está presente na forma mineral, mas sujeito à perda por volatilização de N-NH3 ou lixiviação de N-NO3. A atividade microbiana promove liberação de amônia, a qual possui nitrogênio como constituinte da molécula, esta é volátil e conforme é produzida pelos microrganismos ela é liberada no meio ambiente. O processo de compostagem que ocorre in situ converte o nitrogênio instável presente nos dejetos em amônia, a qual é volátil, isto contribui para a estabilidade da matéria orgânica e para a qualidade do biofertilizante (Liao et al., 1993). Com relação ao teor de carbono, foi observado que este foi superior no TEST em relação ao ENZI (p<0,05), porém o CERE não diferiu dos demais (p>0,05) (Tab. 1). Com relação às repetições (Tab. 2) também foi verificada diferença significativa, que foi promovida provavelmente pela atividade microbiana aeróbica, onde ocorre liberação de gás carbônico (CO 2 ) e água, o gás carbônico possui carbono em sua molécula e é volátil portanto, a cada molécula de gás carbônico produzido se perde um carbono no ar. De 30 carbonos,dez C são incorporados ao protoplasma e 20 são eliminados como gás (CO 2 ) ( ABES RS, 2003). No presente trabalho para o teor de MS não foi observada diferença entre os tratamentos (p>0,05). Porém a tabela 2 mostra que existe diferença significativa entre as repetições, devido à redução dos teores de C e N que são parte da matéria-seca. Para a relação C/N o maior valor observado foi para o ENZI e o menor para o TEST (p<0,05), que não recebeu nenhum inóculo, contendo apenas os microrganismos presentes nos dejetos e na cama, pois segundo Tiquia (2005) o equilíbrio dinâmico dos microorganismos presentes na cama depende da sua capacidade de adaptação ao meio, o que vai determinar sua maior ou menor competitividade. O que provavelmente não ocorreu com os inóculos. O tratamento TEST mostrou uma relação C/N muito próxima da recomendada para um composto estabilizado, que segundo Dorffer (1998) deve ser menor que 20. Já nas repetições, observou-se diferença significativa da primeira para a segunda, sendo que, ocorreu um aumento na relação C/N da primeira para a segunda repetição, provavelmente devido a uma sobreposição das reações anaeróbicas as aeróbicas, fato este que pode ser explicado por uma falha na aeração da cama. Pois segundo Kiehl (1985), a

presença de oxigênio do ar atmosférico deve ser garantido evitando-se a compactação da massa para que haja um processo de compostagem eficiente. Outra hipótese para o aumento da relação C/N é o excesso de umidade presente nas camas. O teor de umidade não deve ser superior a 60% pois acima disto levará o processo à anaerobiose (ABES RS, 2003). Uma terceira hipótese seria a baixa atividade microbiana gerada devido á condições inadequadas de ph, umidade, aeração e temperatura, conforme citado pela ABES (2003). CONCLUSÃO Com o presente trabalho pode-se concluir que não foi necessário a adição de inóculos para a estabilização da matéria orgânica da cama. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anuário da Suinocultura Industrial.. Fnp Consultoria e Comércio. Suinocultura Industrial, Nº 1, Ed. 193, 2006. BARTELS, H. Criação de suíno sobre cama. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v.2, n.2, p.16-21, 2001. CAMPBELL, A.J.; VAN LUNEN, T.A.; MACLEOD, J.A. Design and performance of a swine finishing barn for production and manure research. Canadian Biosystems Engineering v.45, n.2, p.51-56, 2003. CORRÊA, E.K.; PERDOMO, C.C.; JACONDINO, I.F. Condicionamento ambiental e desempenho de suínos em crescimento e terminação criados sobre piso com leito de cama. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.06, p.2072-2079, 2000. CURSO TEORIA E PRÁTICA DA COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL ABES RS. Passo Fundo, RS. p. 10-13. 2003 DORFFER, M. Le compostagem accessible aux gros excédents. Porc Magazine, N. 314, p. 129 130, 1998. HONEYMAN, M.S. Extensive bedded indoor and outdoor pig production systems in USA: current trends and effects on animal care and product quality. Livestock Production Science 94 (2005) 15 24 HONEYMAN M. S., J. D. HARMON, Performance of finishing pigs in hoop structures and confinement during winter and summer. J. Anim. Sci.. 81:1663 1670. 2003 HONEYMAN, M. S. Sustainability Issues of U.S. in Swine Production. Journal of Animal Science, n.74, p.1410 1417, 1996. KAPUINEN, P. Deep litter systems for beef cattle housed in uninsulated barns, Part2: temperature and nutrients. Journal Agricultural Research, v.80, n.1, p.87-97, 2001. KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba, Ed. Agronômica Ceres Ltda.1985. 492 p. KUNZ, A. Tratamento de Dejetos: Desafio da Suinocultura Tecnificada. Suinocultura Industrial, nº 4 de 2005. LIAO, P. H.; VIZCARRA, A. T.; CHEN, A. & LO, K. V. Composting separed solid swine manure. J. environ. Sci. Health, A28, 9 1889-1901, 1993. NÄÄS, I.A. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o Comércio de Carbono. Pork World, nº 22, Setembro e Outubro de 2004. OLIVEIRA, J.A.; MEUNIER-SALAÜM, M.C.; ROBIN, P.; TONNEL, N.; FRABOULE, J.B. Analyse du comportement du porc en engraissement eleve sur litiére de sciure ou sur caillebotis integral. Journées de Recherche Porcine en France, n.31, p.117-123, 1999. STATISTIX 8.0, Analytical Software. User s Manual, 2004. 396 p.

TIQUIA, S.M. Microbiological parameters as indicators of compost maturity. Journal of Applied Microbiology, n.99, p. 816 828, 2005.