COMISSÃO EUROPEIA. Bruxelas, C(2010)1051 final. Assunto: Auxílio estatal N 51/2010 Portugal Prorrogação do regime de garantias de Portugal

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Transcrição:

COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 22.2.2010 C(2010)1051 final Assunto: Auxílio estatal N 51/2010 Portugal Prorrogação do regime de garantias de Portugal Excelência, I. PROCEDIMENTO 1. Em 15 de Outubro de 2008, Portugal notificou o regime de garantias à Comissão. O referido regime foi registado pela Comissão com o número de processo NN 60/2008 e, em 29 de Outubro de 2008, autorizado até 31 de Dezembro de 2009 1. 2. Em 11 de Janeiro de 2010, Portugal pré-notificou à Comissão um pedido de prorrogação do regime de garantias até 30 de Junho de 2010. Tal pré-notificação foi registada pela Comissão com o número de processo PN 13/2010. Em 8 de Fevereiro de 2010, foram recebidas informações adicionais. Em 11 de Fevereiro de 2010, Portugal apresentou a notificação, que foi registada pela Comissão com o número de processo N 51/2010. II. DESCRIÇÃO 1. O objectivo do regime de garantias 3. Em resposta à turbulência excepcional dos mercados financeiros mundiais que então se verificava, Portugal apresentou uma medida destinada a preservar a estabilidade do sistema financeiro e a resolver uma grave perturbação da economia. Em especial, o regime de garantias visava apoiar uma disponibilização de liquidez a favor de instituições de crédito solventes com sede em Portugal, no contexto da crise financeira. 1 Decisão C(2008) 8686 da Comissão, de 29 de Outubro de 2008 Auxílio estatal NN60/2008, JO C 9 de 14.1.2009 e Rectificação, JO C 25 de 31.01.2009. Sua Excelência Dr. Luís AMADO Ministro dos Negócios Estrangeiros Largo do Rilvas P 1399-030 - Lisboa Commission européenne, B-1049 Bruxelles Europese Commissie, B-1049 Brussel Belgium Telephone: 32 (0) 2 299.11.11

2. Descrição do regime de garantias autorizado pela Decisão NN 60/2008 da Comissão 4. Os beneficiários do regime são todas as instituições de crédito com sede em Portugal, incluindo as filiais de bancos estrangeiros sedeadas em Portugal. Só podem beneficiar do regime as instituições que respeitem as condições de solvabilidade previstas na legislação portuguesa. 5. O regime de garantias abrange a dívida não subordinada, com um prazo mínimo de três meses e um prazo máximo de três anos, denominada em euros. Em circunstâncias excepcionais, devidamente fundamentadas pelo Banco de Portugal, o prazo máximo acima mencionado pode ir até cinco anos. 6. O regime de garantias exclui do seu âmbito as operações do mercado monetário de depósitos interbancários, as operações de dívida subordinada, as operações que já beneficiam de outros tipos de garantias, bem como as operações de financiamento realizadas em jurisdições que não observam padrões de transparência internacionalmente aceites. 7. O montante global do regime de garantias foi inicialmente fixado em 20 mil milhões de EUR. 8. O beneficiário deve pagar uma comissão sobre a garantia de acordo com as condições comerciais recomendadas pelo Banco Central Europeu. Na sequência de tais recomendações, as comissões relativas a dívidas com um prazo entre 3 meses e 1 ano ascendem a 50 pontos base; relativamente a dívidas com um prazo superior a 1 ano as comissões baseiam-se no spread do credit default swap relevante + 50 pontos base 2. 9. As Autoridades portuguesas assumiram o compromisso de, no caso de haver accionamento de uma garantia por incumprimento da instituição de crédito beneficiária, o Banco de Portugal exercerá os poderes que lhe competem, requerendo à instituição de crédito beneficiária a apresentação de um plano de recuperação e saneamento (plano de reestruturação) a notificar à Comissão para autorização. O plano de reestruturação deve ser elaborado com urgência e, em qualquer caso, no prazo máximo de seis meses. 10. No caso de accionamento da garantia em virtude de incumprimento pela entidade beneficiária, o Estado fica sub-rogado no direito do credor até ao seu integral ressarcimento. Pelo cumprimento da obrigação de pagamento responderão todos os bens da instituição de crédito devedora. 11. No cenário acima descrito, o Estado pode, em certas circunstâncias, decidir converter o crédito que detém sobre a entidade beneficiária em acções preferenciais. Nesse caso, de acordo com os compromissos apresentados pelas Autoridades portuguesas, essas acções conferirão direito a um dividendo não inferior a 10 % do seu valor nominal, retirado dos lucros, e ao reembolso prioritário do seu valor nominal em caso de liquidação da instituição de crédito. 12. As Autoridades portuguesas assumiram o compromisso de fiscalizar e acompanhar a expansão das actividades das instituições de crédito beneficiárias de garantias, de forma a assegurar que o seu crescimento agregado em termos de volume do balanço não excede o maior dos seguintes valores: a taxa de crescimento anual do PIB português, definido em termos nominais, no ano anterior, 2 Recomendações do Banco Central Europeu relativas às garantias do Estado sobre as dívidas das instituições de crédito, de 20 de Outubro de 2008. 2

a taxa de crescimento média dos balanços do sector bancário português entre 1987 e 2007, a taxa de crescimento média do volume do balanço do sector bancário na UE durante os 6 meses anteriores. 4. Funcionamento do regime de garantias até 31 de Dezembro de 2009 13. As Autoridades portuguesas apresentaram relatórios sobre o funcionamento do regime de garantias em 11 de Junho de 2009 e em 11 de Janeiro de 2010. 14. Desde que o regime de garantias foi autorizado em 29 de Outubro de 2008, seis beneficiários emitiram instrumentos de dívida num montante total 4,95 mil milhões de EUR (Quadro 1). Quadro 1 Funcionamento do regime de garantias Instituição de crédito CGD - Caixa Geral de Depósitos S.A. Millenium - Banco Comercial Português S.A. BANIF Banco International do Funchal S.A. Tipo de financiamento Acordo de empréstimo Schuldschein Data 24 de Novembro de 2008 10 Dezembro de 2008 23 Dezembro de 2008 16 de Abril de 2009 Montante (milhões de EUR) Prazo Comissão anual da garantia 1 250 3 anos 0,865% 1 500 3 anos 0,948% 50 1 anos 0,50% 500 3 anos 0,948% BES Banco Espírito Santo S.A. Banco Invest S.A. contrato de mútuo 25 de Novembro de 2008 (prorrogada em 26 de Dezembro de 2008) 23 de Janeiro de 2009 23 de Janeiro de 2009 1 500 3 anos 0,948% 25 1 ano 0,50% 25 3 anos 0,948% Banco Finantia S.A. 6 de Abril de 2009 100 3 anos 0,948% Total 4 950 5. Descrição da proposta de prorrogação e de alterações ao regime de garantias 15. Portugal pretende prorrogar o regime até 30 de Junho de 2010. 16. As alterações introduzidos pela presente prorrogação são as seguintes: 3

a) As Autoridades portuguesas comprometeram-se a assegurar que apenas em circunstâncias excepcionais garantirão dívidas com prazos de vencimento superiores a três anos e até cinco anos e unicamente até um terço do volume total do regime e em casos devidamente fundamentados, sem limitações a nível de cada instituição financeira; b) As Autoridades portuguesas comprometeram-se a assegurar que os beneficiários do regime de garantias não utilizarão a garantia estatal como uma vantagem comercial em actividades publicitárias ou de marketing; c) Para além do compromisso de apresentação de relatórios estabelecido no ponto 21 da decisão inicial NN 60/2008, as Autoridades portuguesas comprometem-se a apresentar relatórios que incluam dados recentes sobre os custos de títulos de dívida comparáveis (natureza, volume, notação, moeda, etc.) garantidas e não garantidas. d) De acordo com o Projecto de Lei do Orçamento para 2010, o montante total do regime de garantias para 2010 é de 9,1462 mil milhões de EUR. 17. Todas as outras condições do regime de garantias mantêm-se inalteradas. III. POSIÇÃO DE PORTUGAL 18. Em conformidade com a decisão anterior relativa ao regime de garantias, as Autoridades portuguesas aceitam que o regime alterado contém elementos de auxílio estatal. 19. As Autoridades portuguesas observam que a prorrogação do regime de garantias até 30 de Junho de 2010 é necessária em razão da incerteza em torno da retoma económica em 2010 e à reestruturação dos sistemas financeiros. Uma carta enviada pelo Banco de Portugal de 26 de Novembro de 2009 confirmou esta necessidade. 20. As Autoridades portuguesas afirmam que o regime de garantias cumpria, até agora, os objectivos propostos, permitindo ao mesmo tempo o desbloqueamento da títulos de dívida e a melhoria do nível de liquidez do sistema financeiro e do risco do financiamento intrínseco. IV. APRECIAÇÃO 1. Carácter de auxílio estatal do regime de garantias prorrogado e alterado 21. Tal como previsto no artigo 107.º, n.º 1, do TFUE 3, são incompatíveis com o mercado interno, na medida em que afectem as trocas comerciais entre os Estados-Membros, os auxílios concedidos pelos Estados-Membros ou provenientes de recursos estatais, independentemente da forma que assumam, que falseiem ou ameacem falsear a concorrência, favorecendo certas empresas ou certas produções. 22. Tal como indicado na decisão anterior relativa ao regime de garantias, a Comissão concorda com posição de Portugal, segundo a qual o regime de garantias constitui um auxílio estatal. 3 Com efeitos a partir de 1 de Dezembro de 2009, os artigos 87.º e 88.º do Tratado CE passaram a ser os artigos 107.º e 108.º, respectivamente, do Tratado sobre Funcionamento da União Europeia. As duas séries de disposições são idênticas em termos de substância. Para efeitos da presente decisão, deve considerar-se que as referências aos artigos 107.º e 108.º do TFUE são feitas, quando apropriado, para os artigos 87.º e 88.º do Tratado CE, respectivamente. 4

23. A prorrogação e a alteração do regime de garantias não alteram a natureza das garantias estatais, continuando a constituir, consequentemente, um auxílio na acepção do artigo 107.º, n.º 1, do TFUE. 2. Compatibilidade do regime de garantias prorrogado e alterado 24. Na anterior decisão relativa ao regime de garantias, a Comissão considerou a medida notificada compatível com o mercado interno na acepção do artigo 107.º, n.º 3, alínea b), do TFUE. 25. A prorrogação do regime de garantias constitui uma resposta às dificuldades de financiamento no mercado grossista português de crédito não garantido. As informações fornecidas pelas Autoridades portuguesas confirmam que a prorrogação do regime de garantias é necessário para assegurar a liquidez e o normal financiamento da economia. 26. Na apreciação do pedido de prorrogação do regime de garantias, a Comissão tem de ponderar os seus efeitos positivos em termos de estabilidade financeira e as distorções da concorrência e o atraso em relação ao regresso ao funcionamento normal dos mercados financeiros devido à prorrogação. Os regimes de garantias devem incluir incentivos mínimos para a saída e deve estabelecer-se um alinhamento gradual com as condições de mercado, a fim de minimizar as repercussões negativas sobre os concorrentes e os restantes Estados-Membros. 27. A evolução da situação do mercado e a redução dos prémios de risco para empréstimos não garantidos constituíram um primeiro passo no sentido de um alinhamento com as condições de mercado, fornecendo ao mesmo tempo um incentivo para a saída para as instituições mais sólidas. Muito embora possa ser necessária uma maior convergência para as condições de mercado, a fim de reduzir as distorções da concorrência entre bancos no mercado interno e evitar o risco de uma dependência dos auxílios estatais, a retoma ainda frágil sugere que os bancos devam manter, por enquanto, a possibilidade de acesso a regimes de garantias públicas nas condições vigentes. 28. A Comissão regista positivamente a diminuição do orçamento do regime de garantias relativo a 2010 (9,1462 mil milhões de EUR), em comparação com o orçamento do regime inicial (20 milhões de EUR). 29. Tendo em conta os prós e os contras, a Comissão considera que a prorrogação até meados de 2010 do regime de garantias de acordo com as condições vigentes é compatível com o mercado interno. 30. Tal como indicado no Anexo à Comunicação relativa à reestruturação, os planos de reestruturação devem ter em conta todos os auxílios estatais recebidos enquanto auxílios individuais ou no quadro de um regime de auxílio durante o período de reestruturação e todos os auxílios devem ser justificados, demonstrando que preenchem todos os critérios previstos na Comunicação relativa à reestruturação (isto é, regresso à viabilidade, contribuição própria do beneficiário e limitação da distorção da concorrência). Consequentemente, se um Estado-Membro estiver obrigado a apresentar um plano de reestruturação em relação a um determinado beneficiário do auxílio, a Comissão tem de formular um parecer na sua decisão final sobre se os auxílios concedidos durante o período de reestruturação satisfazem os critérios previstos para a autorização do auxílio à reestruturação. Para esse efeito, é necessária uma notificação ex ante individual. 31. Além disso, a Comissão recorda que, com base no ponto 16 da Comunicação relativa à reestruturação, caso um auxílio inicialmente não previsto num plano de reestruturação 5

notificado venha a ser necessário para o restabelecimento da viabilidade, tal auxílio adicional não pode ser concedido ao abrigo de um regime autorizado, devendo ser objecto de uma notificação ex ante individual e será tido em conta na decisão final da Comissão sobre o banco em causa. 32. Para além do acima exposto, Portugal concordou em complementar os seus futuros relatórios com dados disponíveis actualizados sobre o custos de instrumentos de dívida comparáveis (natureza, volume, notação, moeda, etc.) garantidos e não garantidos. Este facto permitirá à Comissão apreciar a adequação, a necessidade e a proporcionalidade de eventuais prorrogações do regime de garantias e das suas condições após 30 de Junho de 2010. Qualquer nova prorrogação exigirá a autorização da Comissão e terá de se basear numa análise da evolução dos mercados financeiros e da eficácia do regime de garantias. 33. Consequentemente, a Comissão não coloca objecções à prorrogação do regime até 30 de Junho de 2010. V. DECISÃO A Comissão decidiu não levantar objecções à prorrogação do regime de garantias até 30 de Junho de 2010, uma vez que tal prorrogação satisfaz as condições para que o regime seja considerado compatível com o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia. Caso a presente carta contenha elementos confidenciais que não devam ser divulgados a terceiros, as autoridades portuguesas são convidadas a informar a Comissão desse facto no prazo de quinze dias úteis a contar da data de recepção da presente carta. Se não receber um pedido fundamentado nesse sentido no prazo indicado, a Comissão presumirá que existe acordo quanto à divulgação a terceiros e à publicação do texto integral da carta na língua que faz fé no sítio Internet: http://ec.europa.eu/community_law/state_aids/state_aids_texts_pt.htm O vosso pedido deve ser enviado por carta registada ou por fax para o seguinte endereço: Comissão Europeia Direcção Geral da Concorrência Registo dos Auxílios Estatais Rue Joseph II, 70 B-1049 Bruxelas Fax No: +32-2-296 12 42 Queira Vossa Excelência aceitar a expressão da minha mais elevada consideração, Pela Comissão Joaquín ALMUNIA Vice-Presidente da Comissão 6