CAPACIDADE PARA O TRABALHO DE PESSOAS IDOSAS

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Transcrição:

CAPACIDADE PARA O TRABALHO DE PESSOAS IDOSAS Abner Tribst Aguiar (1); José Vitor da Silva (2); Ewerton Naves Dias (3) 1. Universidade do Vale do Sapucaí, Brasil. abnerraiuga@yahoo.com.br 2. Universidade do Vale do Sapucaí. Faculdade Wenceslau Braz, Brasil. enfjvitorsilva@oi.com.br 3. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal. Universidade de Mogi das Cruzes, Brasil. ewertonnaves@alumni.usp.br Resumo O envelhecimento populacional é um acontecimento sem precedentes que irá causar impactos profundos em todos os setores da sociedade. Na atualidade é cada vez maior o número de pessoas idosas que precisam ou querem se manter no mundo do trabalho, situação essa que parece se distanciar do previsto para pessoas nessa faixa etária, pois a sociedade de forma geral espera que elas se encaminhem para a aposentadoria e para o afastamento do mundo laboral. A carência de informações sobre o potencial das pessoas idosas gerou muitos mitos e preconceitos, que foram disseminados na sociedade e no meio industrial, transformando o processo de envelhecimento em algo pejorativo, com reflexos negativos nos campos sociais, político e econômico. Diante desse contexto, o objetivo deste estudo foi identificar as características pessoais e de saúde de pessoas idosas e avaliar as suas capacidades para o trabalho. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e descritivo, realizado em uma cidade do Sul de Minas Gerais, com 510 idosos. Observou-se que a maioria dos participantes era do sexo masculino, casado, com ensino fundamental incompleto, trabalhava por conta própria, professava a religião católica, com família nuclear e possuía filhos. À idade média dos participantes foi de 68,7 anos, sendo a idade mínima de 60 anos e a máxima de 93 anos. Em relação ao rendimento mensal, a maioria recebia entre 2 a 4 salários mínimos, sendo que duas a três pessoas viviam com esse rendimento. 43,5% dos participantes classificaram sua situação de saúde como boa. Em relação ao Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT), 57% dos idosos relataram boa capacidade. Evidencia-se que de modo geral os idosos estão aptos a permanecer no mercado de trabalho. Palavras-Chave: Capacidade funcional, Trabalho, Idoso.

Introdução O envelhecimento é um processo fisiológico e a manutenção da capacidade funcional no idoso pode ser afetada por diversos fatores. Em geral, os idosos apresentam mais problemas crônicos de saúde do que o restante da população. Dessa forma, a capacidade funcional, em gerontologia, é entendida como o produto da interação entre saúde física, mental, independência nas atividades da vida diária e integração no meio social, tendo como suportes a família e a independência econômica (1). A capacidade funcional também é apontada como um importante indicador da saúde do idoso, tendo em vista que a presença de fatores limitantes como doenças ou imobilidade pode desencadear diferentes impactos na sua vida diária (2). Com isso, pode-se afirmar que a pessoa idosa, quando desenvolve atividades laborais tende a manter sua capacidade funcional preservada e, consequentemente, a melhorar seu estado de saúde. Estudos evidenciam que cada vez mais as pessoas idosas precisam ou querem se manter no mundo do trabalho, situação esta que parece se distanciar do previsto para pessoas nessa faixa etária, pois a sociedade de forma geral espera que elas se encaminhem para a aposentadoria e para o afastamento do mundo laboral. A carência de informações sobre o potencial das pessoas idosas gerou muitos mitos e preconceitos, que foram disseminados na sociedade e no meio industrial, transformando o processo de envelhecimento em algo pejorativo, com reflexos negativos nos campos sociais, político e econômico. Entretanto, essa visão parece que vem se modificando lentamente, já que, atualmente, as políticas públicas para os idosos têm investido na prevenção, reduzindo assim, os custos com hospitalizações e elevando a sua qualidade de vida (3). Objetivos - Identificar as características pessoais e de saúde de pessoas idosas. -Avaliar a capacidade desses idosos para o trabalho. Método Estudo de abordagem quantitativa, do tipo descritivo e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade de Ciências da Saúde da UNIVAS, Pouso Alegre, MG. O estudo foi realizado na cidade mineira de Pouso Alegre, MG. A amostra se constituiu de 510 pessoas idosas, tanto do gênero masculino quanto do feminino, com idade igual ou superior a 60 anos e que se encontravam realizando trabalho formal ou informal. A amostragem foi não probabilística por conveniência.

Os critérios de elegibilidade adotados foram: Concordar em participar do estudo; Ser capaz de comunicar-se verbalmente, com lucidez e sem desordens cognitivas (Para certificar-se se a pessoa idosa atendia a esse critério, foi utilizado o Questionário de Avaliação Mental). Residir na cidade de Pouso Alegre, MG. Os instrumentos aplicados foram: 1 - Questionário de avaliação mental: consiste em 10 perguntas que analisam basicamente a orientação têmporo-espacial e a memória para os fatos tardios, possibilitando avaliar se a pessoa idosa sofre ou não de alguma síndrome mental orgânica (4). 2 - Caracterização biossocial, familiar, econômica e de saúde: constituído por questões abertas e fechadas, relacionadas às características pessoais, familiares, sociais, econômicas e de saúde do idoso (5). 3 - Índice de capacidade para o trabalho (ICT): foi elaborado por Tuomi e colaboradores do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, com a finalidade de acompanhar servidores municipais em processo de envelhecimento (6, 7). O ICT foi traduzido para o português e testado por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Saúde pública da Universidade de São Paulo e também por outros profissionais de diferentes instituições do Brasil (8). Resultados Houve prevalência do gênero masculino (66,9%), estado civil de casados (60,0%), com nível educacional fundamental incompleto (43,3%). A situação de trabalho frequente foi o de autônomo (60,0%). Os idosos classificaram sua situação de saúde como boa (43,5%), considerando como mesma coisa a sua saúde quando comparada ao ano anterior (86,9%). Referente à prática de exercício físico, 76,3% dos participantes o realizam e dentre eles, a caminhada representou 62,5% dos casos. Do total de entrevistados 26,5% vivem com uma renda mensal de 2 a 4 salários mínimos, sendo que se 73,1 % recebem até 6 salários mínimos. Também na maioria dos entrevistados afirma que de duas a três pessoas vivem com esta renda que são 46,7%. Com relação ao ICT, os idosos referiram boa capacidade para o trabalho (57,1%), de acordo com a tabela 1.

Tabela 1 - Capacidade para o trabalho (ICP) em classes, Pouso Alegre, MG. ICP n % Moderada capacidade 69 13,5 Boa capacidade 291 57,1 Ótima capacidade 150 29,4 Total 510 100,0 Fonte: Instrumento de pesquisa Discussão Sabe-se que a capacidade funcional, no seu conceito mais amplo, envolve a capacidade para o trabalho, principalmente entre pessoas idosas, sendo assim, a discussão dos dados deste trabalho referentes ao ICT será realizada por meio de comparações com pesquisas realizadas sobre capacidade funcional. A capacidade funcional envolve múltiplos fatores como autonomia, independência, cognição, suporte financeiro e social. Na prática, trabalha-se com o conceito de capacidade versus incapacidade. A incapacidade funcional pode ser definida pelo grau de dificuldade no desempenho de atividades da vida diária que compreende também as atividades laborais com ou sem remuneração (9). O envelhecimento funcional é entendido como perda da capacidade para o trabalho e geralmente se faz notar antes do envelhecimento cronológico (10). Partindo desse pressuposto, pode-se deduzir que não é a idade, por si só, um fator impeditivo à realização do trabalho, mas os aspectos funcionais do ponto de vista físico e psíquico da pessoa. Estudo realizado na Rússia, aponta que profissionais competentes estão relacionados ao potencial de adaptação no ambiente de trabalho e capacidade compensatória do corpo, os quais são determinados pela experiência ao longo da vida, e não meramente pela idade cronológica (11). No presente estudo, ao analisar o ICT identificou-se que os idosos em sua maioria apresentam boa capacidade para o trabalho. Esse dado coincide com o trabalho realizado na Holanda com 10.542 trabalhadores de 18 a 68 anos, onde se obteve predominantemente muito boa. Esse dado nos leva a concluir que, independentemente da idade, a maioria dos entrevistados teve sua capacidade laboral inalterada através dos anos (12). Outro estudo com trabalhadores finlandeses acompanhou 818 trabalhadores de diversas áreas de atuação em três momentos: 1981, 1985 e 1992, quando, no início da pesquisa, a idade variava de 44 a 51 anos e, no final, de 55 a 62 anos. Os autores mencionam que mudanças na atividade laboral e estilo de vida estão mais

fortemente associados ao declínio da capacidade para o trabalho. Algumas variáveis independentes como: diminuição da satisfação no trabalho, locais de trabalho, diminuição do reconhecimento e da estima no trabalho, e diminuição da prática de exercícios físicos durante o tempo de lazer explicam a deterioração da mão de obra. Dentre essas variáveis, a diminuição do reconhecimento e estima no trabalho tiveram a mais forte associação com o declínio para a capacidade para o trabalho (7). Outro estudo comparou entre trabalhadores jovens e mais velhos o perfil sociodemográfico, condições de saúde e a capacidade físico-funcional e correlacionou com o ICT. Os autores encontraram que ICT não diferiu entre os grupos, e as pessoas mais velhas classificaram sua capacidade para o trabalho como moderada a boa, assim como os jovens (13). Supõe-se que quando o idoso pode utilizar-se de suas próprias estratégias e recursos, os mesmos podem executar de maneira similar suas funções no ambiente de trabalho em relação aos mais jovens (14). Conclusão De acordo com os objetivos mencionados neste presente trabalho, observou-se que a maioria dos participantes era do sexo masculino, casada, com ensino fundamental incompleto, trabalhava por conta própria, professa a religião católica, com família nuclear e possuía filhos. Em relação à idade dos participantes, obtivemos média de 68,7 anos, sendo a idade mínima de 60 anos e a máxima de 93 anos. Em relação ao rendimento mensal, a maioria recebia entre 2 e 4 salários mínimos e informou que duas a três pessoas viviam com esse rendimento. Notou-se que eles classificaram sua situação de saúde como boa e que ela se apresentava da mesma forma se comparada ao ano passado; em comparação com pessoas de mesma idade, consideravam a sua saúde melhor em relação ao ano anterior; praticam algum exercício físico pelo menos 3 vezes na semana. De todos os participantes, a maioria faz uso de algum tipo de medicamento com frequência. Com relação ao Índice de Capacidade para o Trabalho, os idosos apresentaram Boa capacidade em sua maioria, com isso, podemos concluir que de modo geral os idosos de nossa pesquisa estão aptos a trabalhar e, embora a velhice acarrete alterações em todos os sistemas fisiológicos principais, isso não impede que essas pessoas sejam ativas e independentes.

Referências Bibliográficas 1. Mitre NCD, et al. Adaptação para o português e confiabilidade de uma versão modificada do physical performance test. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2008;2(3):104-119. 2. Pereira FB, et al. Efeito das variáveis antropométricas e da idade no comportamento da força muscular de homens idosos. Brasília Médica, 2010;47(1):26-34. 3. Ramos EL, Souza NVO, Caldas CP. Qualidade de Vida do Idoso Trabalhador. Revista de Enfermagem da UERJ, 2008;16(4):507-511. 4. Ventura MM, Bortino CMC. Avaliação Cognitiva em Pacientes Idosos. In: Papaleo Neto, M. Gerontologia. São Paulo: Atheneu; 1992. 5. Silva JV. Adaptação cultural e validação da Appraisal self-care agency (ASA-A). São Paulo. Tese [doutorado em enfermagem] Escola de Enfermagem da USP; 2002. 6. Tuomi K, et al. Índice de capacidade para o trabalho: Institute of Occupational Health, Helsinki. Traduzido por Frida Marina Fischer. et al. São Paulo: FSPUSP; 1997. 7. Tuomi K, et al. Aging, work, life-style and work ability among Finnish municipal workers in 1981-1992. Scand J Work Environ Health, 1997b;23(1):58-65. 8. Fischer FM. Breve histórico desta tradução. In: Tuomi, et al. Índice de Capacidade para o Trabalho. São Carlos: EDUFSCAr; 2005. 9. Rosa TEC, et al. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Revista de Saúde Pública, 2003;37(1):40-48. 10. Bellusci SM, Fischer FM. Envelhecimento funcional e condições de trabalho em servidores forenses. Revista Saúde Pública, 1999;33(6):602-609. 11. Bashkireva AS. Evaluation of Accelerated Aging of Commercial Drivers on Model of Biological Age Based on Parameters of Physical Work Ability. Advances in Gerontology, 2013;3(3):236 242 12. Van Den Berg TI, et al. The importance of job control for workers with decreased work ability to remain productive at work. International Archives of Occupational and Environmental Health, 2011;84:705-712. 13. Pádula RS, Comper MLC, Moraes SA, Sabbagh C, Pagliato Junior W, Perracini MR. The work ability index and functional capacity among older workers. Brazilian Journal of Physical Therapy, 2013;17(4):382-391. 14. Jeske D, Stamov Robnagel C. Learning capability and performance in later working life: towards a contextual view. Education & Training, 2015;57(4):79-391.