Avaliação de Resíduos de Metamidofos em Frutos de Tomate Comercializados em Botucatu-SP Carlos Luiz Milhomem de Abreu e Luciana Maestro Borges 1, Antonio Ismael Inácio Cardoso 2 e Amauri Mercadante. Pós-graduandos em Horticultura - FCA/UNESP, Botucatu-SP e-mail: camilhomem@fca.unesp.br, e-mail: lucianaborges@fca.unesp.br Prof. Assistente Doutor do Departamento de Produção Vegetal - FCA/UNESP, Botucatu-SP, email: ismaelhd@fca.unesp.br Químico do Laboratório de Toxicologia do CEATOX / I.B.B./ UNESP., Botucatu-SP. RESUMO Frutos de tomate, comercializados em Botucatu-SP, foram amostrados para análise da presença de resíduos de inseticida metamidofós. Oito amostras foram coletadas no comércio varejista, uma para cada estabelecimento (supermercados e sacolões). Os resíduos metamidofós foram quantificados por espectrofotometria gasosa. Foi observado teor residual de metamidofós em apenas uma amostra na concentração de,56 ppm de metamidofós, excedendo o menor LMR (limite máximo de resíduo) estabelecido pela legislação brasileira, que é de 0, ppm do resíduo em tomates. Palavras-chave: Lycopersicum esculentum, metamidofós, contaminação. ABSTRACT Residues of methamidophos on tomatoes produced and commercialized in Botucatu-SP. The present work was carried out to evaluate the levels of metamidofós residues on tomatoes sold in Botucatu - SP. The eighth samples were obtained from stores 1 2 Pós-graduandos em Horticultura - FCA/UNESP, Botucatu-SP e-mail: camilhomem@fca.unesp.br, e-mail: lucianaborges@fca.unesp.br Prof. Assistente Doutor do Departamento de Produção Vegetal - FCA/UNESP, Botucatu-SP, email: ismaelhd@fca.unesp.br Químico do Laboratório de Toxicologia do CEATOX / I.B.B./ UNESP., Botucatu-SP.
and supermarkets. Inseticids residues were quantified by gaseous spectrophotometer. It was observed some methamidophos residues content in only one sample around,56 ppm of concentration, exceeding smallest LMR (maximum limit of residue) established for the Brazilian legislation, that is of 0, ppm of the residue in tomatoes. Keywords:: Lycopersicum esculentum, methamidophos, contamination. O metamidofós, nome técnico do inseticida e acaricida pertencente ao grupo dos fosforados de ação sistêmica, age por contato e ingestão, tem boa ação residual, é permitido para uso em tomateiro, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Ministério da Saúde, com registro no CAS sob o número 10.265-92-6, com limite máximo de resíduo de 0, mg/kg de peso corpóreo e período de carência de contra 21 dias (Andrei, 1990). O uso de defensivos agrícolas ou agrotóxicos e o respeito ao período de carência tornou-se um problema clássico na agricultura atual, pois não bastasse o desconhecimento dos usuários sobre os riscos a que estão expostos, desrespeitos às recomendações dos períodos de carência, tem proporcionado a comercialização de alimentos contaminados pondo em risco a saúde dos consumidores. O perigo do metamidofós na vida e na saúde humana é uma realidade. Silva et al., citados por Ferro et al. (2002), constataram que na região produtora de fumo, no município de Vicente Aires, o uso dos organofosforados está associado ao alto índice de suicídios, que em 1995 chegaram a 7,22 suicídios por 100.000 habitantes, contra 8,01/100.000 habitantes no Estado do Rio grande do Sul, e 28,6/100.000 habitantes na Dinamarca, um dos países com o maior índice de suicídio do mundo. Estes mesmos autores mostraram que os agrotóxicos organofosforados causam três tipos de seqüelas neurológicas após intoxicações agudas ou crônicas: polineuropatia retardada, síndrome intermediária e efeitos comportamentais. Os efeitos comportamentais de trabalhadores contaminados por agrotóxicos não são de hoje. Segundo Ferro et al., (2002), o médico argentino Emilio Astolfi, na
década de 60, relacionou o aumento do número de suicídios de agricultores de fumo ao uso de organofosforados na região do Chaco. Em trabalho realizado por FERNANDES & OLIVEIRA (1997), na região agrícola de Viçosa-MG, foram detectadas a presença de resíduos do metamidofós nos frutos tomates colhidos nas lavouras e nas bancas das feiras livres, nas concentrações de 1,15 ppm (média das 2 amostras), muito acima dos 0, ppm que é permitido para a espécie. O objetivo deste trabalho foi de verificar a presença de resíduos de metamidofós em frutos de tomate comercializados em estabelecimentos comerciais na cidade de Botucatu-SP. 2. MATERIAL E MÉTODOS No dia 18 de setembro de 2002, foram coletados amostras de tomates comercializados nos estabelecimentos, Estabelecimento 1 (tomate tipo italiano), Estabelecimento 2 (Tipo Débora-longa vida), Estabelecimento (Longa vida tipo Carmem), Estabelecimento 4 ( Tipo Débora longa vida), Estabelecimento 5 (Tipo Débora longa vida), Estabelecimento 6 (Tipo Débora longa vida), Estabelecimento 7 (Tipo Débora longa vida) e Estabelecimento 8 (Tipo Débora longa vida). Em cada estabelecimento foram coletados na bancada de exposição, 4 frutos de forma aleatória, sendo cada fruto foi utilizado como repetição. O delineamento utilizado foi de 8 tratamentos e 4 repetições. Após a coleta os materiais foram etiquetados, identificados e encaminhados ao Laboratório de Toxicologia do Centro de Assistência Toxicológica CEATOX I.B.B. UNESP/BOTUCATU. A determinação do pesticida foi feita pelo método de Cromatografia gasosa com as condições cromatográficas - coluna capilar DB-5 com 0m e 250 µm de diâmetro e detector TSD. O gás de arraste utilizado foi o nitrogênio, a temperatura do forno 80ºC/1 minuto, 0ºC/ 1 minuto até 180ºC/ 1 minuto, 0ºC/1 minuto até 250ºC/14,40 minutos.. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises efetuadas pelo Laboratório de Toxicologia do Centro de Assistência Toxicológica CEATOX I.B.B. UNESP/BOTUCATU, detectaram a presença de metamidofós, na concentração de,56 mg/kg de polpa de tomate em apenas uma repetição, das amostras colhidos do Estabelecimento 5 (Tabela 01), em níveis bem acima do permitido pela ANVISA, que é de 0, mg/kg. Isto demonstra que o metamidofós ainda continua sendo usado de forma inadequada por produtores na cultura do tomate, sendo necessário que autoridades de vigilância sanitária tomam providências, ou seja, monitore a presença dos agrotóxicos nos alimentos. A não presença de resíduos de metamidofós nas outras amostras de frutos de tomate, não isenta que os mesmos não estejam contaminados por agrotóxicos, porque existem novas gerações de inseticidas que estão substituindo os mais antigos no controle de pragas e para Tabela. 01. Resultados da análise de resíduo de metamidofós em frutos de tomate comercializados em Botucatu-SP, 2002. Estabelecimentos AMOSTRAS Metamidofós (mg/kg) Médias (mg/kg) Comerciais I II III IV Estabelecimento 1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Estabelecimento 2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Estabelecimento 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Estabelecimento 4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Estabelecimento 5 0,0 0,0 0,0,56 0,89 Estabelecimento 6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Estabelecimento 7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Estabelecimento 8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 os quais ainda não existem padrões de detecção no Laboratório de Toxicologia. Como o cromatógrafo gasoso acusou várias substâncias estranhas nas amostras dos tomates, são necessárias novas pesquisas de análises de resíduos para identificar quais os pesticidas podem estar presentes nos frutos comercializados na cidade de Botucatu-SP.
LITERATURA CITADA ANDREI, E. Compêndio de defensivos agrícolas: Guia prático de produtos fitossaniários para uso agrícola. ª Ed.. São Paulo. Organização Andrei Editora Ltda. 1990. 478p. FERNANDES, L. M.; OLIVEIRA, J.S. de. Análise de resíduos de methamidophos em frutas de tomate e água suja da região agrícola de Viçosa - MG. Revista Ceres. Viçosa. 1997. n.º 44: v. 252, 161-168p. FERRO, F. F. D; PRETTO, A.; ROSSETTO, M. S. http://www.preservacaolimeira.com.br/agrotoxicos/ferro5.htm - acessado em 05/09/2002 às 04:7 hs.