TEMPOS DE REVERBERAÇÃO EM SALAS DE AULA

Documentos relacionados
NORMAS EN ISO E EN ISO 140-4: COMPARAÇÃO DE RESULTADOS PRÁTICOS

Acústica nos edifícios. Acústica nos edifícios. Acústica nos edifícios. Som directo. Som reflectido. 6dB, quando se (2X) a distância à fonte

46º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA ENCUENTRO IBÉRICO DE ACÚSTICA EUROPEAN SYMPOSIUM ON VIRTUAL ACOUSTICS AND AMBISONICS

Simpósio de Acústica e Vibrações 3 de fevereiro Coimbra

44º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA ENCUENTRO IBÉRICO DE ACÚSTICA EAA EUROPEAN SYMPOSIUM ON ENVIRONMENTAL ACOUSTICS AND NOISE MAPPING

DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE ABSORÇÃO SONORA

45º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA 8º CONGRESO IBÉRICO DE ACÚSTICA EUROPEAN SYMPOSIUM ON SMART CITIES AND ENVIRONMENTAL ACOUSTICS

ACÚSTICA DA EDIFICAÇÃO

Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Tecnologia da Arquitetura

Acústica em Reabilitação de Edifícios

Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Tecnologia da Arquitetura

EFEITO DO TAMANHO DA AMOSTRA EM ENSAIOS LABORATORIAIS DE ABSORÇÃO SONORA

Teste de Coeficiente de Absorção em Câmara Reverberante

Consequências da Utilização de Parâmetros Padronizados nas Alterações do Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO NUMÉRICO-EXPERIMENTAL DE QUALIDADE ACÚSTICA DE AUDITÓRIOS

Quimicryl S/A. Empreendimento Veredas de Itaquá Rua Netuno, 222 Itaquaquecetuba/SP

MEDIÇÃO DO ISOLAMENTO SONORO A SONS DE CONDUÇÃO AREA E DE PERCUSSÃO. ENSAIO DE COMPARAÇÃO LABORATORIAL

44º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA ENCUENTRO IBÉRICO DE ACÚSTICA EAA EUROPEAN SYMPOSIUM ON ENVIRONMENTAL ACOUSTICS AND NOISE MAPPING

XIV CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENGENHARIA MECÂNICA Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Mecânica


44º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA ENCUENTRO IBÉRICO DE ACÚSTICA EAA EUROPEAN SYMPOSIUM ON ENVIRONMENTAL ACOUSTICS AND NOISE MAPPING

PROGRAMA DE CONFORTO ACÚSTICO EM EDIFÍCIOS

Materiais. Conceitos para acústica arquitetônica. Marcelo Portela LVA/UFSC

Pavimentos e revestimentos de pavimentos, isolamento a sons de percussão ÍNDICE

MELHORIA DO DESEMPENHO ACÚSTICO DE UMA SALA DE AULA COM MATERIAIS DE DESPERDÍCIO

Acústica em Reabilitação de Edifícios

Conforto Ambiental I I Aula 04 Tratamento Acústico

Reverberação nas Salas do ISEP

REABILITAÇÃO DE FACHADAS O ISOLAMENTO ACÚSTICO COMO FACTOR CONTRIBUTIVO

Código: MS Revisão: 01 Data:04/04/2016. Página 1 de 8. Laudo Técnico

FIA 2018 XI Congreso Iberoamericano de Acústica; X Congreso Ibérico de Acústica; 49º Congreso Español de Acústica TECNIACUSTICA al 26 de octubre

Campo sonoro em espaços fechados

Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Tecnologia da Arquitetura

ACÚSTICA DA EDIFICAÇÃO

A Tabela 2 apresenta os valores médios de porosidade e o desvio padrão para as amostras dos Painéis de Fibra de Coco definidos nesta etapa.

ANÁLISE ACÚSTICA DE AUDITÓRIOS DA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

EFICÁCIA DE BARREIRAS ACÚSTICAS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE ACÚSTICA PRÉ-OCUPAÇÃO PARA O SISTEMA DE PISO EM AMBIENTE CONSTRUÍDO DE UM APARTAMENTO RESIDENCIAL EM NITERÓI-RJ

Avaliação acústica de uma sala de aula do curso de Engenharia de Produção na FAACZ Faculdades Integradas de Aracruz.

Campo sonoro em espaços fechados

Página 1 de 7. Código: MS Revisão: 01 Data: 14/12/2015. Laudo Técnico

Código: MS Revisão: 01 Data: Página 1 de 9. Laudo Técnico

AVALIAÇÃO DA ISOLAÇÃO SONORA DE PAREDES DE ALVENARIA USADAS COMO DIVISÓRIAS INTERNAS EM HABITAÇÕES

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA ACÚSTICA DE UM EDIFÍCIO MBT

ACÚSTICA DA EDIFICAÇÃO

Simpósio de Acústica e Vibrações 3 de fevereiro Coimbra

Apresentação. CAEd versão1.0. CAEd Cálculo Acústico de Edifícios. Jorge Patrício. Luís Santos Lopes

46º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA ENCUENTRO IBÉRICO DE ACÚSTICA EUROPEAN SYMPOSIUM ON VIRTUAL ACOUSTICS AND AMBISONICS


PROPOSTA DE CORREÇÃO ACÚSTICA DO AUDITÓRIO CENTRAL DO CAMPUS PALMAS DO IFTO 1

ÁREA DE ENSAIOS ACÚSTICA RELATÓRIO DE ENSAIO Nº Amostra nº: S0615 Data de entrada: 16 / 06 / 2015

Tabela 1 Identificação das amostras ensaiadas. Espessura (mm) 01 Manta PISO EBIOS AM A 10 Referência Laje+contrapiso+porcelanato 170

Palavras-chave: Isolamento sonoro. Parede em light steel frame. Banda acústica. Barra resiliente. Índice de redução sonora ponderado (Rw).

AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE ISOLAMENTO ACUSTICO DE MODELO DE CASA POPULAR BRASILEIRA

ESTUDO DE CONDICIONAMENTO ACÚSTICO INTERIOR DE UM AUDITÓRIO AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DE QUALIDADE SONORA

ACÚSTICA DA EDIFICAÇÃO

PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO DOS COEFICIENTES DE ABSORÇÃO SONORA DO AR E DA MASSA DE ÁGUA EM FUNÇÃO DA UMIDADE RELATIVA PARA AMBIENTES ÚMIDOS

introdução //

Evento PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFÍCIOS, SUSTENTABILIDADE E CONFORTO INTERIOR OPTIMIZAÇÃO DE SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS AVALIAÇÕES ACÚSTICAS

Comunicado de Imprensa Ganhar em luminosidade com tetos OPTIMA Baffles da Armstrong

ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO DAS VEDAÇÕES VERTICAIS EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO 1

APRESENTAÇÃO GRUPO ABSORSOR. MADRID c/ Lopez Aranda, Madrid Tel: Fax:

ACÚSTICA AMBIENTAL E DE EDIFÍCIOS

BANDA ACÚSTICA FIXADA EM GUIAS E MONTANTES PROMOVE AUMENTO DO ISOLAMENTO SONORO EM PAREDE DE LIGHT STEEL FRAME. Graziella Ferrer Radavelli

Case study of acoustic performance of corrections in junctions of internal wall and curtain wall façade

Primeiros Ensaios para a Determinação de Nível de Potência Sonora de Furadeiras no Brasil

Análise da eficiência acústica de diferentes materiais em enclausuramentos de grupos geradores

45º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA 8º CONGRESO IBÉRICO DE ACÚSTICA EUROPEAN SYMPOSIUM ON SMART CITIES AND ENVIRONMENTAL ACOUSTICS

Legislação e Normas Técnicas

MEDIDAS ACÚSTICAS EM MATERIAIS DE REVESTIMENTO: CONSTRUÇÃO E TESTE DE UM EQUIPAMENTO SIMPLES PARA INVESTIGAÇÕES INICIAIS

ACÚSTICA DA EDIFICAÇÃO

ACÚSTICA DA EDIFICAÇÃO

IMPACTE DO NOVO DL 96/2008 NAS CONDIÇÕES ACÚSTICAS DA CONSTRUÇÃO EM PORTUGAL

ESTUDO DA ISOLAÇÃO SONORA EM PAREDES E DIVISÓRIAS DE DIVERSAS NATUREZAS

RUÍDO DE IMPACTO EM LAJES: Análise comparativa entre desempenho de modelos computacionais e ensaios de campo

44º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA ENCUENTRO IBÉRICO DE ACÚSTICA EAA EUROPEAN SYMPOSIUM ON ENVIRONMENTAL ACOUSTICS AND NOISE MAPPING

Acústica nos edifícios

DOC. 07 DEZEMBRO 2007 REQUISITOS DE CONDICIONAMENTO ACÚSTICO

Avaliação acústica e propostas para a adequação de ambientes educacionais

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso Arquitetura e Urbanismo. Ênfase. Disciplina A - Acústica Arquitetônica

ISOLAMENTO A SONS AÉREOS ISOLAMENTO AOS SONS SONS AÉREOS. Proveniência dos Sons Aéreos. Sons Aéreos. Isolamento. Sons de Percussão

INSTALAÇÕES AT E MT. Requisitos de ruído para postos de transformação D00-C13-030/N NOV Generalidades

CORREÇÃO. Resumo projeto, Abstract. preferred. obtaining applying

FMF Indústria e Comércio de Esquadrias Ltda - Rua: Pedro Ripoli, Barro Branco - Ribeirão Pires - SP

ACÚSTICA DA EDIFICAÇÃO

ACÚSTICA DE EDIFÍCIOS Adaptação e Reabilitação

As fachadas de dupla pele e o ambiente acústico interior

Projeto de condicionamento acústico do Sesc Cine Boulevard Belém/PA.

AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDO EM AMBIENTES ESCOLARES NO INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CAMPUS COLATINA

TRANSMISSÃO DO SOM TRANSMISSÃO DO SOM TRANSMISSÃO DO SOM 1º MODO DE VIBRAÇÃO ESTRUTURAL ÍNDICE DE REDUÇÃO SONORA DE ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO

DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DE ABSORÇÃOACÚSTICA DE PLACAS CONFECCIONADAS COM MATERIAL RECICLADO

HISTÓRIA. 2.2 Características Térmicas do Bloco CCA: Transmitância e capacidade térmica conceitos e valores

AVALIAÇÃO E PROPOSTA DE SOLUCÃO PARA 0 CONFORTO ACÚSTICO DO NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL (NDI) DA UFSC *

Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Tecnologia da Arquitetura

COMPARAÇÃO INTERLABORATORIAL - UMA FERRAMENTA AO SERVIÇO DOS LABORATÒRIOS DE ACÚSTICA E VIBRAÇÕES

FMF Indústria e Comércio de Esquadrias Ltda - Rua: Pedro Ripoli, Barro Branco - Ribeirão Pires - SP

FMF Indústria e Comércio de Esquadrias Ltda - Rua: Pedro Ripoli, Barro Branco - Ribeirão Pires - SP

BOBADELA, OLIVEIRA DO HOSPITAL

44º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA ENCUENTRO IBÉRICO DE ACÚSTICA EAA EUROPEAN SYMPOSIUM ON ENVIRONMENTAL ACOUSTICS AND NOISE MAPPING

Transcrição:

EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER TEMPOS DE REVERBERAÇÃO EM SALAS DE AULA PACS: 43.55.Br Cristiane, Hupalo; Duarte, Lopes Instituição: Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) Endereço: Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431, 4200-072 Porto, Portugal E-mail: cristianehupalo@gmail.com E-mail: dbl@isep.ipp.pt ABSTRACT The reverberation time TR is important for speech understanding. The theoretical and experimental values of TR, obtained by the Sabine formula and by experimental Brüel & Kjaer equipments, respectively, were applied in seven classrooms of ISEP and compared. For a room (auditorium of 100 seats) daily variables (windows, blinds, blackouts, ducts, grids, and audience) were analyzed. All the rooms studied did not present TR within the normative recommendation and the presence of people was the variable that most influenced the TR. Some improvements are suggested, namely the use of upholstery and perforated panels. Keywords: Acoustics; Sabine's formula; Reverberation Time; Absorption. RESUMO O tempo de reverberação TR é importante para entendimento da palavra. Os valores teóricos e experimentais do TR, obtidos pela fórmula de Sabine e através dos equipamentos Brüel & Kjaer, respetivamente, foram aplicados em sete salas do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e comparados. Para uma sala (auditório de 100 lugares), variáveis cotidianas (janelas, estores, blackouts, condutas, grelhas, audiência) foram analisadas. Todas as salas estudadas não apresentaram TR dentro da recomendação normativa e a presença de pessoas foi a variável que mais influenciou o TR. Algumas melhorias foram sugeridas, nomeadamente o uso de estofos e painéis perfurados. Keywords: Absorção, Acústica, Fórmula de Sabine, Tempo de Reverberação. 1. INTRODUÇÃO O tempo de reverberação TR é um parâmetro acústico, o mais importante a ser avaliado no desempenho acústico de um compartimento. O TR está diretamente associado ao entendimento das palavras / inteligibilidade. O TR deve estar de acordo com o uso do compartimento. Não

EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER deve ser longo em demasiado para não perturbar o entendimento, mas, também, não deve ser pequeno demais, que prejudique a percepção de alguns tipos de fontes sonoras (Losso, 2003). Num recinto fechado e uma determinada banda de frequência, o tempo de reverberação pode ser definido como: [ ] o intervalo de tempo necessário para que o nível de pressão sonora dessa banda de frequência, após ter sido interrompida a emissão de energia sonora, decresça em 60 db, ou, de um ponto de vista energético, ao tempo que é necessário decorrer para que a densidade média da energia sonora atinja um milionésimo do seu valor inicial (Patrício, 2002). No que diz respeito ao TR teórico, a Fórmula é a mais comum para a estimativa do tempo de reverberação de um compartimento. Bistafa (2006) explica que esta é uma relação entre volume e absorção sonora. V TR 0,161 (1) A recinto Entretanto, a fórmula de Sabine não é válida quando há superfícies muito mais absorventes que outras, da ordem de > 0,4. n A maneira mais comum de alterar o valor do TR de um compartimento é o uso de materiais absorvedores nos revestimentos. A capacidade que uma superfície possui de absorver o som, ou a energia sonora, é chamada de coeficiente de absorção sonora (α) e é dada pela seguinte fórmula: I I I I absorvida incidente refletida refletida 1 (2) I I I incidente incidente incidente De acordo com Michalski (2017) os materiais absorventes podem ser classificados em porosos (espumas) ou fibrosos (lãs), além dos sistemas acústicos (ressonados, painel perfurado, painel flexível). Na Tabela 1 apresentam-se quase uma dezena de normas de diferentes países (Europeus e Americanos) com sugestões para os valores do TR. Tabela 1 Legislação de diferentes países e sugestões para o TR. País/Legislação Bandas de Oitava Tempo de Reverberação (s) Alemanha DIN 18041 250 Hz a 2000 Hz (4 bandas) 0,32 log(v) - 0,17 Brasil NBR 12179 500 Hz Conforme diagrama apresentado na (1 banda) norma. Espanha DB-HR 500 Hz a 2000 Hz 0,5 se V 350 m³ (3 bandas) Sem prescrição para V > 350 m³ EUA ANSI/ASA S12.60 < 0,6 se V 283 m³ 500 Hz a 2000 Hz < 0,7 se 283 < V 566 m³ (3 bandas) Sem prescrição para V > 566 m³ França Decreto de 25/04/2003 500 Hz a 2000 Hz 0,4 TR 0,8 se V 250 m³ (3 bandas) 0,6 TR 1,2 se V > 250 m³ Noruega NS 8175 125 Hz a 2000 Hz (5 bandas) 0,2 altura média da sala < 0,6 Portugal RRAE 500 Hz a 2000 Hz 0,15V 1/3

EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER Reino Unido BB 93 Suécia SS 25268 (3 bandas) 500 Hz a 2000 Hz < 0,8 para salas de aula (3 bandas) < 1,0 para auditórios 250 Hz a 2000 Hz (4 bandas) < 0,6 Em países como a Alemanha e Portugal levam em consideração o volume do compartimento para estabelecer o TR limite. Por outro lado, a Espanha, os Estados Unidos e a França têm o volume como um balizador, porém nada muito específico. Já o Reino Unido e a Suécia prescrevem limites apenas de acordo com o uso da sala de aula. No Brasil, o limite se dá em função do volume e do uso. 2. CASO DE ESTUDO E METODOLOGIA Foram analisadas 7 salas do Instituto Superior de Engenharia do Porto ISEP Porto (Portugal), sendo duas salas em forma de auditório, uma sala de reuniões e quatro salas de aula, ver Tabela 2. Estas salas são designadas conforme a tabela abaixo, que também abrange algumas de suas características. Em Hupalo (2017) poderemos encontrar toda a informação adicional das salas ensaiadas. Tabela 2 Características das salas ensaiadas. Capacidade* Área* Volume* Auditório Magno 450 334 1.802,2 Auditório E 200 240 1.014,9 Sala C301 90 82 237,5 Sala C302 90 82 237,5 Sala I201 104 103 266,4 Sala J206 50 89 305,3 Sala de Reuniões - CTC 30 72 261,2 *Capacidade em lugares / pessoas, área em m 2 e volume em m 3. Na realização do ensaio de determinação do TR foi seguido o procedimento da NP EN ISO 3382-2 (2011) e utilizado equipamento da Brüel & Kjaer: Sonómetro 2260 D, amplificador 2716, fonte sonora Omnidireccional 4296, Calibrador acústico 4231 e Software Building Acoustics BZ 7204. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A primeira análise compara o TR ensaiado e o teórico de cada sala (Tabela 3). A segunda estuda a influência de diferentes variáveis nas salas idênticas, C301 e C302, porém espelhadas na sua configuração arquitetónica. Já a última compara o TR de todas as salas entre elas mesmas (com sugestões de melhoria) e com a legislação da Tabela 1. Na Tabela 3, o TR ensaiado é, em grande parte das salas ensaiadas, maior do que o TR estimado teoricamente (eq. 1). Isso se deve ao fato de que, como as áreas absorventes são relativamente grandes, a escolha dos coeficientes tem grande influência no resultado final (da equação 2), e, como o TR teórico foi baseado em valores gerais, é difícil chegar-se a uma boa precisão.

EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER Tabela 3 Comparação entre TR ensaiado e TR teórico em segundos. TR ensaiado TR teórico TR Auditório Magno 2,41 1,95 19% Auditório E 2,09 1,77 15% Sala C301 3,30 2,81 15% Sala C302 2,41 2,46-2% Sala I201 1,77 1,56 12% Sala J206 3,47 3,47 0% Sala de Reuniões - CTC 3,21 2,78 13% TR = ( TR ensaiado - TR teórico ) / TR ensaiado. Na análise das variáveis existentes dentro das salas, capazes de interferirem nos valores do TR, foram analisadas as salas C301 e C302. Evidenciaram-se os seguintes parâmetros, capazes de interferirem com o TR: janelas, estores, blackouts, condutas de ar condicionado, grelhas e audiência. A Tabela 4 apresenta as variáveis utilizadas e a respetiva posição aquando da realização do ensaio. Tabela 4 Variáveis analisadas nas salas C301 e C302. Janelas Estores Blackout Pessoas TR1 Fechadas Erguidos Erguidos 0 TR2 Abertas Erguidos Erguidos 0 TR3 Fechadas Abaixados Erguidos 0 TR4 Fechadas Erguidos Abaixados 0 TR5 Fechadas Erguidos Erguidos 20 A Figura 1, para a sala C301, mostra que não há diferença significativa com a alteração dos parâmetros da Tabela 4. Nas frequências mais baixas, as janelas abertas resultam em um TR menor. Em contrapartida, nas frequências mais altas são os estores abaixados que trazem esse efeito. 5,00 Tempo de Reverberação (s) 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 TR-1 TR-2 TR-3 Figura 1 TR60 da sala C301. A Figura 2, traz que, para a sala C302, o TR-1 é o que tem, no geral, o maior tempo de reverberação. O TR-3 e o TR-4 quase coincidem, já o TR-2 é ligeiramente menor que estes. Entretanto, o TR-5 é o que apresenta o menor tempo de reverberação. Em outras palavras, ao abaixar os estores ou os blackouts, há uma ligeira diminuição dos tempos de reverberação. Isto

Tempo de Reverberação (s) Tempo de Reverberação (s) 48º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER porque os materiais constituintes destas estruturas não apresentam coeficientes de absorção sonora consideráveis. 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 Figura 2 TR60 da sala C302. TR-1 TR-2 TR-3 TR-4 TR-5 O que mais influência e o que mais se aproxima da realidade de um ambiente de sala de aula é a presença de pessoas. Mesmo tendo uma lotação de 90 pessoas e o ensaio contar com 20, o resultado foi muito expressivo. Dessa forma, a melhor maneira de diminuir o tempo de reverberação, levando-o a um valor mais próximo do adequado, foi trabalhar mais próximo da lotação total da sala. A partir das Figuras 1 e 2, pode-se extrair que as maiores diferenças entre os TRs estão nas frequências de 250 Hz e 500 Hz, o que, de acordo com a análise dos resultados feita para a sala C302, implica que são nestas frequências que as grelhas em baixo dos degraus, com área maior na C302, atuam melhor no que diz respeito à absorção sonora. Como última análise, tem-se uma análise geral de todas as salas estudadas, considerando apenas os TRs ensaiados. Sendo que, a partir da Figura 3, pode-se concluir que a sala que possui o pior TR é a J206 e a que possui o melhor TR é a I201. 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 Figura 3 TR60 de todas as salas analisadas. Auditório Magno Auditório E Sala C301 Sala C302 Sala I201 Sala J206 Sala de Reuniões CTC Como possíveis sugestões de melhoria, poderiam ser inseridas cadeiras com assento estofado (TRI), colocado teto com painel perfurado (TRII) ou essas duas recomendações associadas

Tempo de Reverberação (s) Tempo de Reverberação (s) 48º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER (TRIII). As salas em que estas soluções foram inseridas foram: C301, J206 e Sala de Reuniões CTC. Começando com a sala C301, tem-se os seguintes resultados: 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 TR teórico TRI TRII TRIII Figura 4 Sala C301, sugestões de melhoria (TRI - cadeiras estofadas, TRII - painel perfurado no teto, TRIII - recomendações anteriores associadas). A partir da Figura 4, pode-se concluir que, no âmbito do leque de frequências, a utilização destas propostas altera mais significativamente as frequências iniciais e finais. Além disso, só a aplicação do painel perfurado já fica próximo do TR do conjunto, ou seja, o resultado da mudança do teto tem um impacto maior. Entretanto, é possível afirmar que as soluções apresentadas contribuem consideravelmente para a melhoria do TR da sala. Na sala J206, a Figura 5 mostra que as propostas de melhoria atuam mais nas frequências baixas e altas, também apresenta que o acréscimo das cadeiras não tem uma importância muito grande para o TR, comparado ao uso do painel perfurado no teto. Ainda assim, a associação das soluções potencializa o resultado. 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 TR teórico TRI TRII TRIII Figura 5 Sala J206, sugestões de melhoria (TRI - cadeiras estofadas, TRII - painel perfurado no teto, TRIII - recomendações anteriores associadas). As sugestões de melhoria para a Sala de Reuniões CTC, com cadeiras com assento estofado (TRI), conduz ao resultado apresentado seguidamente.

Tempo de Reverberação (s) 48º CONGRESO ESPAÑOL DE ACÚSTICA EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 TR teórico TRI Figura 6 Sala de Reuniões CTC, sugestões de melhoria (TRI - cadeiras estofadas). A Figura 6 mostra as maiores diferenças nas frequências das extremidades e um resultado satisfatório. As salas também foram analisadas de acordo com os valores de TR recomendados pela legislação, Tabela 1. Os resultados obtidos se encontram na tabela abaixo, Tabela 5. Comparando os valores obtidos nos ensaios e aqueles sugeridos pela legislação dos diferentes países abordados neste trabalho, de acordo com a Tabela 5, constatou-se que nenhuma das salas cumpre com a legislação (Tabela 1), com exceção daquelas que não possuem prescrição (demarcadas com - ). Portanto, pode-se afirmar que as salas precisam de uma reestruturação acústica para chegarem ao TR ideal. Para isso, pode-se utilizar das soluções propostas para as salas C301, J206 e Sala de Reuniões CTC. Tabela 5 Comparação entre os TRs ensaiados e TRs na legislação. Auditório Auditório País Legislação C301 C302 I201 J206 Sala - CTC Magno E Alemanha DIN 18041 Brasil NBR 12179 2,44 > 0,87 2,35 > 1,23 2,13 > 0,79 2,12 > 1,10 Espanha DB-HR - - EUA ANSI/ASA S12.60 França Decreto de 25/04/2003 - - 2,42 > 1,20 2,15 >1,20 Noruega NS 8175 - - Portugal RRAE Reino Unido BB 93 Suécia SS 25268 2,42 > 1,82 2,42 > 1,00 2,44 > 2,15 > 1,52 2,15 > 1,00 2,13 > 3,20 > 0,59 3,02 > 3,40 > 0,58 0,93 3,20 > 2,36 > 0,59 2,17 > 2,42 > 0,58 0,93 2,36 > 1,78 > 0,61 1,80 > 1,77 > 0,52 0,96 1,78 > 0,63 4,06 > 0,70 1,20 3,27 > 3,00 > 1,20 - - 1,01 0,96 3,27 >

EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados mostraram que é de grande valia a caracterização de revestimentos, materiais juntamente com suas técnicas e móveis para constar em seus catálogos técnicos e nos memoriais descritivos. Também foi observado o quanto as grelhas de ventilação, em baixo dos degraus, se mostram positivas para a redução do tempo de reverberação TR, tendo dado uma diferença final de 0,89 segundos e, neste caso, atuando principalmente nas frequências de 250 Hz e 500 Hz. Entretanto, tais grelhas são simples, implicando que fosse colocado um material absorvente dentro dos degraus a efetividade e o TR seria melhorado. Desse modo, foi possível concluir que, das sete salas estudadas, a que apresentou a melhor qualidade acústica baseada no TR foi a sala I201 (1,77 s) que possui um tratamento acústico e a de pior desempenho foi a sala J206 (3,47 s). Contudo, nenhuma destas salas se enquadrou dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação portuguesa ou daquelas utilizadas pelos demais países presentes neste estudo. Sendo assim, todas as salas necessitariam de uma revisão no que diz respeito a materiais de revestimento e sistemas acústicos. 5. BIBLIOGRAFIA ANSI S12.60-2002 American National Standard Acoustical Performance Criteria, Design Requirements, and Guidelines for Schools, 2002. BB 93, Acoustic Design of Schools: Building Bulletin 93, 2003. BISTAFA, Sylvio R. Acústica Aplicada ao Controle do Ruído. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. ISBN 85-212-0376-4. DIN 18041:2004-05 Hörsamkeit von kleinen und mittleren Räumen, Beuth Verlag GmbH, 2004. DOCUMENTO BÁSICO HR. 2009, Acústica Protección frente al ruido. Ministérios de Vivienda, Espanha, Update of Septiembre. HUPALO, C. - Reverberação nas Salas do ISEP. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil Ramo de Construções Instituto Superior de Engenharia Do Porto, Portugal, 109 páginas, julho, 2017. LOSSO, Marco A. F. Qualidade acústica de edificações escolares em Santa Catarina: avaliação e elaboração de diretrizes para projeto e implantação. Florianóplis, 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Programa de Pós-Graduação em Construção Civil - PGCC, Universidade Federal de Santa Catarina, 2003. MICHALSKI, Ranny L. X. N. Absorção sonora [Em linha]. [Consult. 13 Mar. 2017]. Disponível na http://www.fau.usp.br/arquivos/disciplinas/au/aut0135/05%20- %20Absor%C3%A7%C3%A3o.pdf NBR 12179: Tratamento Acústico em Recintos Fechados Procedimento. Rio de Janeiro, 1992. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NP EN ISO 3382 Acústica: Medição de parâmetros de acústica de salas Parte 2: Tempo de reverberação em salas correntes, INSTITUTO PORTUGUÊS DA QUALIDADE, 2011, 26 p. NS 8175:2012, Lydforhold i bygninger Lydklasser for ulike bygningstyper, 2012.

EUROPEAN SYMPOSIUM ON UNDERWATER PATRÍCIO, Jorge V. Isolamento Sonoro a Sons Aéreos e de Percussão: metodologias de caracterização. Lisboa: ICT, 2002. PATRÍCIO, Jorge V. Acústica nos Edifícios. 5ª ed. Lisboa: Verlarg Dashöfer, 2008. ISNB 978-972-8906-55-9. RRAE Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios Decreto-lei no 96/2008, de 9 de Junho, 2008. SS 25268 Byggakustik: Ljudklassning av utrymmen i byggnader Vårdlokaler, undervisningslokaler, dag- och fritidshem, kontor och hotel, 20