BOLETIM PIB do agronegócio NOVEMBRO/2017 BRASILEIRO Brazilian Agribusiness Cepea Report
Notas Metodológicas - BOLETIM CEPEA do Agronegócio Brasileiro BRAZILIAN AGRIBUSINESS CEPEA REPORT O Boletim Cepea do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal, elaborada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), que aborda aspectos da conjuntura e da estrutura do agronegócio brasileiro sob diferentes óticas, oferecendo um panorama completo a respeito do desempenho do setor. Em todas as suas edições mensais são apresentadas as mais recentes perspectivas e análises a respeito do PIB do agronegócio brasileiro. Complementarmente, volumes trimestrais mais completos abordam também aspectos sobre o mercado de trabalho e o comércio internacional do setor. A cada semestre, há ainda textos de opinião, elaborados por analistas envolvidos no setor, visando tratar de problemas específicos relacionados ao agronegócio brasileiro. O agronegócio, setor foco deste boletim, é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou primária, agroindústria (processamento) e agrosserviços. A análise desse conjunto de segmentos é feita também para o ramo agrícola e para o pecuário. Especificamente em relação ao PIB do Agronegócio Brasileiro, trata-se de resultado de pesquisa realizada em parceria entre o CEPEA e a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Pelo critério metodológico do Cepea, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado total deste setor na economia, a preços de mercado. O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo a todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. Para a análise do PIB do setor, o Cepea calcula e analisa diferentes indicadores, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas: o PIB-volume Agronegócio, que é produto medido pelo critério de preços constantes; o Deflator do PIB do Agronegócio, ou índice de inflação do setor; o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais; e os Preços relativos, que relacionam os deflatores do agronegócio e seus segmentos com o deflator do PIB nacional. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram o mesmo momento do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior). Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis preços e produções observadas e estimativas anuais de produção até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, é possível, portanto, que os resultados sejam alterados. Para detalhamento metodológico, acessar material completo: http://www.cepea.esalq.usp.br/br/metodologia.aspx. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA). BOLETIM CEPEA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. PIRACICABA, V. 1, N.6, 2017. EQUIPE RESPONSÁVEL: Coordenação Geral: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea/ Esalq/USP; Equipe técnica: MSc. Nicole Rennó Castro, MSc. Leandro Gilio, Dra. Adriana Ferreira Silva, Dr. Arlei Luiz Fachinello, Ana Carolina de Paula Morais e Msc. Gustavo Ferrarezi Giachini, Marcello Luiz de Souza Junior no PIB e Mercado de Trabalho do Agronegócio; Dr. Alexandre Nunes de Almeida no Mercado de Trabalho do Agronegócio; Dra. Andréia Cristina de Oliveira Adami no setor externo do agronegócio.
PIB DO AGRONEGÓCIO PIB do Agronegócio Brasil SETEMBRO/2017 AGRONEGÓCIO PRODUZ MAIS A MENORES PREÇOS EM 2017, CONTRIBUINDO COM O CRESCIMENTO DO PIB BRASILEIRO E COM O CONTROLE DA INFLAÇÃO C onsideradas informações disponíveis até novembro/17, estima-se expressivo crescimento interanual de 7,2% para o PIB-volume do agronegócio. O impulso advém principalmente do ramo agrícola, para o qual se espera aumento de 9,3% no ano. Dentro deste ramo, destaca-se a alta de 23,5% do segmento primário, ou dentro da porteira crescimento este que estimulou também os demais segmentos relacionados no ramo, verificando-se altas de 1,8% para os insumos agrícolas, de 2,7% para a agroindústria e de 7,0% para os serviços prestados ao ramo. No ramo pecuário, o segmento primário deve crescer (4,8%), seguido por elevações de 1,3% na indústria, de 1,9% em serviços e baixa de 0,8% em insumos, sendo estimado crescimento interanual de 2,4% para o ramo como um todo. Para o agronegócio (considerando-se os ramos pecuário e agrícola) verifica-se crescimento em todos os segmentos de composição. A Tabela 1 apresenta os resultados detalhados por ramos e segmentos para as variações anuais do PIB-volume, dos Preços Relativos e do PIB-renda. Tabela 1 - PIB do Agronegócio: taxas de variação anual avaliadas de janeiro a novembro de 2017 Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA. *Relação entre os deflatores do agronegócio e de seus segmentos e o deflator do PIB Nacional. Ramos Ramo agrícola Ramo pecuário AGRONEGÓCIO Segmentos PIB-volume Preços Relativos* PIB-renda 1,8% -5,4% -3,7% 23,5% -21,7% -3,2% 2,7% -7,3% -4,8% 7,0% -12,4% -6,2% Ramo agrícola total 9,3% -13,0% -5,0% -0,8% -6,6% -7,3% 4,8% -6,8% -2,4% 1,3% -4,4% -3,2% 1,9% -4,5% -2,7% Ramo pecuário total 2,4% -5,3% -3,0% 0,9% -5,8% -5,0% 17,1% -17,1% -2,9% 2,4% -6,7% -4,5% 5,3% -9,8% -5,1% Agronegócio 7,2% -10,8% -4,4% 3
PIB do Agronegócio Brasil SETEMBRO/2017 4 O resultado excepcional da produção agrícola, por sua vez, atrelou-se principalmente à boa produtividade. Em 2017, os importantes investimentos em tecnologia aplicados no campo por esse setor e o clima favorável resultaram em alta produtividade. Esse resultado, por sua vez, foi importante impulso ao modesto crescimento do PIB brasileiro no ano, que, consideradas informações recentemente divulgadas pelo IBGE, cresceu 1% em 2017. A Tabela 2 apresenta as variações produzidas pelo IBGE do PIB brasileiro e dos valores adicionados setoriais. Com o elevado crescimento da agropecuária, ainda que a participação do setor na economia seja relativamente baixa (5% em 2017), o seu resultado positivo foi o grande responsável pelo crescimento do PIB nacional no ano. Especificamente, 79% do crescimento de valor adicionado na economia decorreu do desempenho da agropecuária. Destaca-se, ainda, o papel da agroindústria, que cresceu 2,4% e contribuiu para o desempenho agregado positivo da indústria de transformação. Tabela 2 - Variação do PIB e valores adicionados setoriais em 2017 Fonte: IBGE Contas Nacionais Trimestrais. *Em relação ao mesmo período do ano anterior - % PIB Total 1% Valor adicionado Total 0,9% Setores (Valor Adicionado) Agropecuária 13% 0,01% - de Transformação 1,7% Serviços 0,3% Apesar do expressivo crescimento em volume, 2017 foi marcado por fortes quedas de preços dos produtos do agronegócio. Então, a renda do setor segue pressionada por esse movimento de preços desfavorável. Na comparação de janeiro a novembro de 2017 com o mesmo período de 2016, os preços do agronegócio apresentaram decréscimo relativo de 10,8% em relação aos preços da economia como um todo¹. Então, considerando-se as informações disponíveis até novembro/17, estima-se retração interanual de 4,4% no PI- B-renda do agronegócio brasileiro (Tabela 1). No ramo agrícola, verificou-se a maior queda nos preços relativos, de 13%, com reduções significativas nas cotações de grãos e hortifrutícolas. Esse cenário reflete, principalmente, a grande oferta em volume de produção no segmento. No ramo pecuário, as reduções nos preços relativos foram mais amenas, mas com maior magnitude no segmento primário. De modo geral, o setor pecuário relatou dificuldades principalmente relacionadas à fraca demanda do mercado interno, resultado do baixo poder de compra do consumidor com a situação econômica desfavorável. Conforme apontado em análises anteriores, enquanto o movimento de queda dos preços relativos do agronegócio expressa a perda de rentabilidade da produção do setor frente à média da economia, deve-se destacar seu impacto positivo sobre a economia e a sociedade como um todo. Produzindo mais, a menores preços, o setor contribuiu com um maior abas-
PIB do Agronegócio Brasil SETEMBRO/2017 tecimento, com a geração de divisas e com o controle da inflação. A inflação em baixo patamar, por sua vez, foi muito importante para garantir o bem-estar principalmente de uma parcela de mais baixa renda da população e também para permitir a queda observada na taxa de juros. No início do ano, a taxa Selic estava em 13% a.a. e, no final de 2017, caiu para 7% a.a., expressivos 5 pontos percentuais². No caso do controle inflacionário, verifica-se na Figura 1 o comportamento da inflação acumulada ao longo do ano para o índice geral do IPCA e para o subgrupo de alimentação no domicílio. O IPCA acumulado chegou a 2,95% em 2017, menor acumulado anual desde 1998. Para o grupo de alimentos no domicílio, por sua vez, houve deflação de 4,85%. Dado o alto peso desse grupo na formação do indicador, verifica- -se o papel determinante dos baixos preços dos alimentos no ano para garantir a manutenção do poder de compra da população. Figura 1 - Variação acumulada no ano do Índice Geral IPCA e do subgrupo de Alimentação no domicílio, entre janeiro/17 e dezembro/17. Fonte: IBGE - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 5 ¹ Sendo considerada a relação entre o deflator do PIB do agronegócio e o deflator implícito do PIB nacional. ² https://www.bcb.gov.br/pec/copom/port/taxaselic.asp