Citações e Notificações no Quadro do Regulamento (CE) Nº 1393/2007 de 13 de novembro de 2007 JORNADAS DE ESTUDOS DOS AGENTES DE EXECUÇÃO Carvoeiro 5/6 outubro 2012 CARLOS DE MATOS
O Regulamento (CE) n. 1393/2007, de 13 de novembro de 2007, do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo à citação e à notificação dos actos judiciais e extrajudiciais em matérias civil e comercial nos Estados-Membros, contém regras de transmissão dos actos judiciais e extrajudiciais entre os Estados-Membros, permitindo melhorar e acelerar a tramitação dos processos.
O Regulamento é aplicável em todos os Estados-Membros da União Europeia, incluindo a Dinamarca, que confirmou a sua intenção de aplicar o conteúdo do regulamento numa declaração de 10.12.2008, assente num acordo paralelo concluído com a Comunidade Europeia.
O Regulamento estabelece diferentes meios de citação e notificação dos actos, nomeadamente através da sua transmissão entre entidades de origem e entidades requeridas, transmissão por meio de agentes diplomáticos e consulares, transmissão por via postal e transmissão directa com intervenção de pessoa competente.
As entidades de origem têm competência para a transmissão judicial e extrajudicial dos actos que devam ser notificados noutros Estados-Membros. As entidades requeridas são competentes para a recepção dos actos judiciais e extrajudiciais.
A entidade central portuguesa - ponto de contato http://www.redecivil.mj.pt/ é a responsável por facultar informações às entidades de origem e encontrar soluções face a qualquer dificuldade que possa surgir durante a transmissão dos atos que devam ser notificados.
O Regulamento estabelece sete tipos de formulários necessários. O ATLAS JUDICIÁRIO EUROPEU EM MATÉRIA CIVIL, acessível em http:/ec.europa.eu/justice_home/judicialatlascivil/h tml/ds_information_pt.htm/ disponibiliza informações relativas à aplicação do Regulamento, sendo assim uma ferramenta de fácil uso, que permitirá preencher os formulários necessários.
A citação ou notificação de um ato deve ser efetuada logo que possível e, em todo o caso, no prazo de um mês a contar da receção do ato pela entidade requerida. E a celeridade implica que a citação ou notificação do ato tenha lugar nos dias subsequentes à receção do ato, prevendo-se que, caso a citação ou notificação não tenha sido efetuada no prazo de um mês, a entidade requerida deva informar a entidade de origem.
O artigo 1º do Regulamento limita o âmbito do mesmo a matéria civil e comercial, não se aplicando quando o domicílio do destinatário for desconhecido. E é permitido que cada Estado-Membro designe os funcionários, autoridades ou outras pessoas que terão competência para transmitir e para receber atos judiciais ou extrajudiciais provenientes de outros Estados-Membros.
Em Portugal, atualmente, segundo a legislação em vigor, as citações e notificações podem ser celebradas por oficial de justiça ou por agente de execução. A figura do agente de execução inicialmente designado solicitador de execução foi criada em 2003, pelo Decreto-Lei nº. 38/2003, de 8 de Março.
O agente de execução é um profissional liberal, com funções públicas, a quem compete praticar, entre outras, todas as diligências no processo de execução. Além de todos os actos materiais no processo de execução, o agente de execução, enquanto operador judiciário, pratica actos de citação e notificação no processo declarativo, por contacto pessoal com os citandos/notificandos e ainda notificações avulsas.
Pela prática desses actos, o agente de execução, cobra valores, fixados em Portaria do governo. De igual forma, o agente de execução, para poder exercer a sua actividade, terá de ser profissional - advogado ou solicitador -, frequentar um estágio teórico-prático e sujeitar-se a um exame final.
O artigo 15º do Regulamento refere que as citações e notificações podem ser promovidas por pessoas competentes do Estado-Membro requerido. Nesse sentido, os agentes de execução, em Portugal, são os profissionais privilegiados para praticar atos de citação e notificação no âmbito do Regulamento.
A profissão de agente de execução é comum em vários estados membros da União Europeia, embora com várias designações, nomeadamente Huissiers de Justice, em França e na Bélgica. Apesar de ser norma os Estados-Membros designarem a entidade interna competente para ser o interlocutor da entidade de origem, tais procedimentos, em Portugal, originam demora na concretização das citações ou notificações.
Por exemplo, os oficiais de justiça holandeses são responsáveis pela recepção e transmissão de documentos, nos termos do Regulamento (CE) n. 1393/2007 do Conselho, de 13 de novembro de 2007, relativo à citação e à notificação dos actos judiciais e extrajudiciais em matérias civil e comercial nos Estados-Membros.
Quando se pretenda notificar um certo documento na Holanda, este deve ser enviado directamente para um dos oficiais de justiça holandeses. Os requerimentos dirigidos a este serviço devem ser redigidos em holandês ou em inglês.
Também, em França, são os huissiers de Justice que praticam os atos previstos no Regulamento, não havendo outra intervenção entre a entidade de origem e a entidade de destino.
Nesse sentido, deverão ser desenvolvidos esforços com vista a imprimir o máximo de celeridade à prática do acto de citação ou notificação, sugerindo-se que:
Esses actos, em Portugal, sejam praticados por agente de execução; À prática desses actos seja aplicada a tabela de honorários fixada para os agentes de execução; Tratando-se de processos da competência dos agentes de execução dos vários Estados, sejam criados mecanismos que possibilitem que a citação ou notificação seja promovida entre profissionais, de preferência por via electrónica.
Que cumpra ao agente de execução solicitar o pagamento dos honorários ao requerente ou entidade requerente. Com estes procedimentos ganha-se, seguramente, em celeridade e em eficácia das citações e notificações a nível comunitário.
Obrigado pela vossa atenção.