RECURSOS HÍDRICOS VULNERABILIDADE DOS AQUÍFEROS DO MUNICÍPIO DE CACOAL-RO: UMA APLICAÇÃO DO MÉTODO GOD

Documentos relacionados
DIAGNÓSTICO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO MUNICÍPIO DE VILA NOVA DO SUL / RS AUTORES: Autor: Diego Silveira Co-autor: Carlos Alberto Löbler Orientador:

MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA ÁREA URBANA DE MANAUS

ZONEAMENTO DA VULNERABILIDADE À CONTAMINAÇÃO DO SISTEMA AQUÍFERO GUARANI EM SUA ÁREA DE AFLORAMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL

Uso das Técnicas de Geoprocessamento na Elaboração de Mapa Preliminar de Vulnerabilidade dos Aqüíferos do Município de Campos de Goytacazes - RJ

244 - ESTUDO E AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO MUNICÍPIO DE NÃO-ME-TOQUE-RS

ESPACIALIZAÇÃO DO REBAIXAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TRAMANDAÍ, RS 1

Análise da vulnerabilidade dos recursos hídricos subterrâneos no municipio de Sant Ana do Livramento - RS

LEVANTAMENTO DA VULNERABILIDADE DO AQUÍFERO NO MUNICÍPIO DE GOIANIRA NO ESTADO DE GOIÁS.

ESPACIALIZAÇÃO DE PARÂMETROS DE SOLO EM UMA MICROBACIA DE OCUPAÇÃO URBANA - SOROCABA/SP

ESPACIALIZAÇÃO DE DADOS SOBRE FONTES ALTERNATIVAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM CHAPECÓ-SC (2010)¹.

Resumo. Construção de cartografias de vulnerabilidade. O que é o projeto piloto Águeda? Construção de Cartografias de vulnerabilidade

VULNERABILIDADE NATURAL À CONTAMINAÇÃO DOS AQÜÍFEROS DA REGIÃO DE ROCHAS SEDIMENTARES DA BACIA DO RIO MUNDAÚ / CEARÁ.

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DE AQUÍFEROS LOCALIZADOS NA REGIÃO CENTRAL DE CANOAS RS

Siclério Ahlert Pedro Antônio Roehe Reginato

Análise de vulnerabilidade à contaminação de aqüífero no Distrito Industrial de Cuiabá MT, através do método GOD.

DIAGNÓSTICO DOS POÇOS TUBULARES E A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

XII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE CONTAMINAÇÃO DO AQUÍFERO BEBERIBE: OFICINAS MECÂNICAS NA ÁREA DE RECARGA

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE À CONTAMINAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBSUPERFICIAIS EM ÁREAS URBANAS COMO FERRAMENTA DE GESTÃO

José Cláudio Viégas Campos 1 ; Paulo Roberto Callegaro Morais 1 & Jaime Estevão Scandolara 1

Vulnerabilidade dos aquíferos da sub-bacia do Rio Vermelho: Aplicação do método GOD. Ana Karolyna Nunes Amaral 1 Dr. Maximiliano Bayer 2

MONITORAMENTO DE NÍVEL DO AQÜÍFERO BAURU NA CIDADE DE ARAGUARI COM VISTAS AO ESTUDO DA VULNERABILIDADE À POLUIÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Distribuição Da Precipitação Média Na Bacia Do Riacho Corrente E Aptidões Para Cultura Do Eucalipto

Mapeamento da vulnerabilidade de parte da Bacia Sedimentar do Baixo Curso do rio Paraíba utilizando o método GOD

VULNERABILIDADE NATURAL À CONTAMINAÇÃO DE AQUÍFEROS NO MUNICÍPIO DE CAMPO FORMOSO BAHIA

MAPEAMENTO E ANÁLISE AMBIENTAL DAS NASCENTES DO MUNICÍPIO DE IPORÁ-GO 1

ANÁLISE DE POSSÍVEL VULNERABILIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA DA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE BENEVIDES NO ESTADO DO PARÁ.

Mapeamento da vulnerabilidade do aquífero à contaminação no Município de Rosário do Sul RS, Brasil.

VULNERABILIDADE NATURAL E SAZONALIDADE DO AQUÍFERO LIVRE NO LOTEAMENTO MARABAIXO III - MACAPÁ - AP

COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS DE VULNERABILIDADE NA REGIÃO DO BAIXO CURSO DO RIO PARAÍBA, BRASIL

AVALIAÇÃO DA EXPLOTAÇÃO DE ÁGUA NO POÇO ESTRADA JARDIM BOTÂNICO DO CAMPUS DA UFSM

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental

UNIDADES ECODINÂMICAS DA PAISAGEM DO MUNICÍPIO DE JEREMOABO- BA.

EVAPOTRANSPIRAÇÃO INTERCEPTAÇÃO PELO DOSSEL

Mapeamento do risco à contaminação do sistema aquífero Serra Geral no município de Chapecó (SC)

ESGOTAMENTO SANITÁRIO MAPA DE VULNERABILIDADE COMO FERRAMENTA DE AUXÍLIO NA TOMADA DE DECISÃO EM PROJETOS DE REDES DE

RELAÇÃO ENTRE OS ÍNDICES DE PRECIPITAÇÃO E RECARGA NOS POÇOS TUBULARES DO CAMPUS DA UFSM

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - MONITORAMENTO AMBIENTAL

Uso da terra na bacia hidrográfica do alto rio Paraguai no Brasil

7 Hidrologia de Água Subterrânea

Controlo de Vulnerabilidade dos Aquíferos Costeiros das Bacias Hidrográficas:

PHD Hidrologia Aplicada. Águas Subterrâneas (2) Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Prof. Dr. Renato Carlos Zambon

Manejo Integrado e Sustentável dos Recursos Hídricos Transfronteiriços da Bacia do Amazonas Considerando a Variabilidade e as Mudanças Climáticas

PROSPECÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA NA CIDADE DE RIO BRANCO (AC), USANDO SONDAGEM ELÉTRICA VERTICAL

Anais 1º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Campo Grande, Brasil, novembro 2006, Embrapa Informática Agropecuária/INPE, p

ANÁLISE DA VULNERABILIDADE INTRÍNSECA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA BACIA DO RIO ITAPICURU, BAHIA.

MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DA VULNERABILIDADE DE AQUÍFEROS

VULNERABILIDADE NATURAL DE AQÜÍFEROS, BACIA DO RIO PARNAÍBA, ESCALA 1 :

RECURSOS HÍDRICOS. Prof. Marcel Sena Campos (65)

Geografia. Evolução Político-administrativa e Econômica-RO. Professor Luciano Teixeira.

Avaliação da vulnerabilidade natural à contaminação de águas subterrâneas: Estudo de caso em região de Juiz de Fora MG.

Gestão de Recursos Hídricos na Mineração

Mini - curso Monitoramento de Águas Subterrâneas

Divisão Ambiental Prazer em servir melhor!

AQÜÍFERO ALUVIONAR COMO ALTERNATIVA PARA O ABASTECIMENTO PÚBLICO, EM SANTANA DO ARAGUAIA, SUDESTE DO ESTADO DO PARÁ

POLUIÇÃO AMBIENTAL: DIAGNÓSTICO DAS FONTES CONTAMINANTES DO CÓRREGO DE TANQUES

ÁREAS CONTAMINADAS NO CONCELHO DO SEIXAL

JANEIRO / 2013 Versão 1.0 N O 1

INFLUÊNCIA DO NECROCHORUME NA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA UTILIZADA PARA CONSUMO HUMANO: ESTUDO NO

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO GRUPO CUIABÁ

USO DA TERRA E COBERTURA VEGETAL NA BACIA HIDROGRÁFICA DO XIDARINI NO MUNICÍPIO DE TEFÉ-AM.

O USO E OCUPAÇÃO DA BACIA DO ALTO CURSO DO RIO UBERABINHA, MG E OS REFLEXOS NA PERMEABILIDADE DO SOLO E NA RECARGA DA ZONA SATURADA FREÁTICA

ESTIMATIVA DA VULNERABILIDADE NATURAL DE AQÜÍFEROS: UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA RESISTIVIDADE E CONDUTÂNCIA LONGITUDINAL

Características da hidrografia brasileira

ANÁLISE DO FLUXO HÍDRICO E A VULNERABILIDADE DOS SISTEMAS HÍDRICOS DO MUNICÍPIO DE CURUÇÁ-PA

Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ

FLUXO SUBTERRÂNEO DO SISTEMA AQUÍFERO GUARANI NA REGIÃO DE GRAVATAÍ/RS.

APLICAÇÃO DO MÉTODO GOD PARA AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE DE AQUÍFERO LIVRE EM BACIA HIDROGRÁFICA

MAPEAMENTO DA VULNERABILIDADE À POLUIÇÃO DO AQÜÍFERO RIO DA BATATEIRA, UTILIZANDO O MÉTODO GOD, CRATO-CE.

Características hidroquímicas e hidrodinâmicas do aquífero na planície arenosa da Costa da Caparica

PROPOSTA DE PADRONIZAÇÃO DAS DENOMINAÇÕES DOS AQUÍFEROS NO ESTADO DE SÃO PAULO. José Luiz Galvão de Mendonça 1

Dr. Mário Jorge de Souza Gonçalves

O crescimento urbano e suas implicações na água subterrânea: o exemplo de Mirassol/SP

Determinação do nível d água do Sítio Controlado de Geofísica Rasa do IAG USP através do método de Sondagem Elétrica Vertical

ESTUDO PRELIMINAR DA VULNERABILIDADE DOS AQÜÍFEROS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES RIO DE JANEIRO

ÁGUA SUBTERRÂNEA E OBRAS DE CAPTAÇÃO

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE INTRÍNSECA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO/RO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DO RIO PARAGUAÇU E AFLUENTES, BAHIA, BRASIL

HIDROLOGIA AULA semestre - Engenharia Civil. ESCOAMENTO SUPERFICIAL 1 Profª. Priscila Pini

II Semana de Geografia UNESP / Ourinhos 29 de Maio a 02 de Junho de 2006

Ciclo hidrológico e água subterrânea. Água como recurso natural Água como agente geológico Clima Reservatórios Aquíferos

Elaboração de Mapa de Vulnerabilidade dos Aqüíferos Superiores no Município de João Pessoa PB, Através de Técnicas de Geoprocessamento

Vulnerabilidade das águas subterrâneas da bacia do rio Santa Maria, Rio Grande do Sul

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE E PERIGO À CONTAMINAÇÃO DO AQÜÍFERO FURNAS NA CIDADE DE RONDONÓPOLIS (MT) COM APLICAÇÃO DOS MÉTODOS GOD E POSH

CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP CT-HIDRO 01/2010 CANDIDATURAS APROVADAS

Figura 10- Mapa da Planície de Inundação para a cota de 15 m, nas proximidades da cidade de Propriá.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE PESQUISA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO (X) PARCIAL ( ) FINAL

ANÁLISE DOS DESASTRES NATURAIS OCORRIDOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IJUÍ NO PERÍODO DE 2003 A

Capitulo 120. Infiltração com Green e Ampt, 1911

ESTUDO DE VARIABILIDADE DAS PRECIPITAÇÕES EM RELAÇÃO COM O EL NIÑO OSCILAÇÃO SUL (ENOS) EM ERECHIM/RS, BRASIL.

ESTUDO DA RECARGA DO AQÜÍFERO FURNAS NA CIDADE DE RONDONÓPOLIS-MT

VULNERABILIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: ESTUDO DE CASO EM SANTA ISABEL DO PARÁ

file://e:\arquivos\poster\451.htm

COMPARTIMENTAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DA FORMAÇÃO CAPIRU NA REGIÃO NORTE DE CURITIBA-PR, BRASIL. Ernani Francisco da Rosa Filho 1, Marcos Justino Guarda 2

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-ACRE.

Água Subterrânea 16/03/2016. Revisão: Composição do solo: Revisão: Porosidade do solo: Porosidade do solo:

Geografia. Claudio Hansen (Rhanna Leoncio) Água

O que são Áreas Contaminadas???

AÇÕES DA VIGILÂNCIA EM ÁREAS DE RISCO

CONTRIBUIÇÃO AO CONHECIMENTO DA BIOTA DO AÇUDE ITANS EM CAICÓ/RN: ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA RH-VIII BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS MACAÉ, DAS OSTRAS E LAGOA DE IMBOASSICA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA RH-VIII

Transcrição:

RECURSOS HÍDRICOS VULNERABILIDADE DOS AQUÍFEROS DO MUNICÍPIO DE CACOAL-RO: UMA APLICAÇÃO DO MÉTODO GOD Weliton Teixeira da Cruz welitonteixeira74@gmail.com Fundação Universidade Federal de Rondônia Claudinei Domingos Cassimiro claudinei.domingoseng@gmail.com Fundação Universidade Federal de Rondônia Gabriel Freire Paes paesfreire@gmail.com Fundação Universidade Federal de Rondônia Nara Luísa Reis de Andrade naraluisar@gmail.com Fundação Universidade Federal de Rondônia Resumo: Por ser um componente indispensável à vida, a água é um elemento que vem sendo amplamente discutido nas suas diferentes fases. Não obstante, as águas subterrâneas, devido ao seu caráter estratégico, têm sido vastamente estudadas, principalmente no que se refere à vulnerabilidade de aquíferos. Mediante a isso, o presente trabalho teve por objetivo utilizar a metodologia GOD para a obtenção do grau de vulnerabilidade natural do aquífero na cidade de Cacoal-RO, utilizando como base uma amostragem de 10 poços. Para a aplicação da metodologia, foram utilizados dados de grau de confinamento, litologia no perfil do nível estático e a distância até o lençol freático que podem ser obtidos na plataforma do Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS). Na região estudada foi possível observar que o aquífero é predominantemente do tipo confinado, com um total de sete poços, o que está relacionado a uma menor vulnerabilidade dos mesmos. Para a região dos poços de números 3 e 10, sendo eles de solo arenoso, tem-se que aquela parte do aquífero seja mais vulnerável à contaminação, com valor em torno de 0,56. Essa condição faz com que o processo de infiltração seja facilitado, justificando maior vulnerabilidade. Os valores de vulnerabilidade encontrados foram influenciados principalmente pela variação da camada litológica, visto que o tipo de aquífero e o nível estático receberam valores próximos. Palavras-Chave: Poluição, Subterrânea, Recursos hídricos, Nível freático, Litologia. 1

1. INTRODUÇÃO Por ser um componente indispensável à vida, a água é um elemento que vem sendo amplamente discutido nas suas diferentes fases. Não obstante, as águas subterrâneas são vastamente estudadas, principalmente no que se refere à vulnerabilidade de aquíferos. A contaminação dos aquíferos tem sido observada e estudada para que se tenha uma boa gestão dos recursos hídricos subterrâneos. As águas subterrâneas respondem a cerca de 14,16% de água doce, sendo que grande parcela no que se refere ao abastecimento e utilização da mesma. (OLIVEIRA, 2012). Sendo utilizada para vários fins, como abastecimento industrial e residencial, irrigação de lavouras, criação de gados, entre outros, sendo de suma importância à vida, porém não é dada a atenção devida à proteção das mesmas (CAMPONOGARA et al., 2005). Mediante a esses e outros fatores, as águas subterrâneas devem ser preservadas para que haja uma maior quantidade e qualidade da mesma, se fazendo necessária à sua proteção aos problemas de contaminação. A vulnerabilidade natural, ou seja, à contaminação do aquífero, é o conjunto de características intrínsecas que determinam a sua susceptibilidade a ser eventualmente afetado por uma carga contaminante (FOSTER et al., 2002). Segundo Barros (2014), estes estudos surgem como ferramenta de monitoramento e apoio técnico no que se refere nas tomadas de decisões e proteção das águas subterrâneas. Essa técnica de mapeamento de aquíferos é o primeiro passo para a avaliação da contaminação da água subterrânea e de sua proteção, que pode ser utilizado em escala municipal ou estadual (FOSTER et al., 2006). Essa análise depende de suas propriedades físicas do aquífero, assim como de sua sensibilidade a impactos naturais ou antrópicos. A vulnerabilidade baseia-se na ideia que o aquífero oferece certo grau de proteção às águas subterrâneas contra a contaminação, mas essa proteção pode ser alta ou nenhuma (GUIGUER & KOHNKE, 2002). Dentre os métodos para determinação de vulnerabilidade de aquífero podemos mencionar o método DRASTIC, (D= Profundidade da zona não saturada, R= Recarga do aquífero, A= Material do aquífero, S= Tipo de solo, T= Topografia, I= Influência da zona vadosa e C= Condutividade hidráulica do aquífero); o método AVI (Aquifer Vulnerability Index) ; o método GOD (G = grau de confinamento hidráulico da água subterrânea; O = ocorrência de estratos litológicos; D = profundidade do nível d água subterrânea); entre outros (ALLER et al., 1985 apud BOS, 2012; FOSTER & HIRATA, 1988; ROMEIRO, 2014). Mediante a isso, o presente trabalho teve por objetivo utilizar a metodologia GOD para a obtenção do grau de vulnerabilidade natural do aquífero na cidade de Cacoal-RO. 2. METODOLOGIA 2.1 Área de Estudo O município de Cacoal está localizado no Estado de Rondônia, na porção Centro- Leste do Estado, a uma distância de 400 km de Porto Velho, capital do Estado, na mesorregião do Leste Rondoniense, fazendo fronteira com Presidente Médici, Pimenta Bueno, Espigão d Oeste, Rolim de Moura e Castanheiras (Figura 1). 2

Segundo a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental, Localiza-se na bacia do rio Ji-Paraná, inserido no domínio da região Amazônica. Segundo Koppen, a classificação do clima da região é do tipo AM, que é clima de monção, com média de 24ºC. A vegetação é de transição, passando de floresta aberta para savana. 2.2 Metodologia GOD Figura 1- Localização do município de Cacoal RO. No presente estudo, para realização da análise da vulnerabilidade natural de aquífero, foi empregada a metodologia GOD, proposta por Foster e Hirata (1988), que leva em consideração a avaliação de três parâmetros: o tipo de aquífero (G), que varia de acordo com o grau de confinamento, tendo grande correlação com o grau de vulnerabilidade, podendo admitir valores de 0 a 1. Litologia (O), o solo e a litologia situada acima da zona saturada do aquífero condicionam o tempo de deslocamento de contaminantes e vários processos de sua atenuação. Cada tipo de solo tem sua capacidade de atenuação. A ocorrência de estratos litológicos pode ter valores de 0,3 a 1. O último parâmetro a ser analisado é a Profundidade da Água no Aquífero (D), que corresponde a profundidade do aquífero, sendo a distância que o contaminante terá de percorrer para alcançar a zona saturada do aquífero. A Profundidade ou nível estático pode assumir valores de 0,4 a 1 (TERRA et al., 2013). Mediante a isso, o índice de vulnerabilidade natural é dado pela multiplicação dos parâmetros e pode ser considerado insignificante (valores de 0 a 0,1), baixa (0,1 a 0,3), média (0,3 a 0,5), alta (0,5 a 0,7) e extrema (0,7 a 1,0) (FOSTER & HIRATA, 1988). Esse método é amplamente utilizado pela sua facilidade de aplicação e pelo fácil acesso das informações necessárias para que possa ser realizado o estudo. Vale ressaltar que esse método é utilizado apenas para se obter a vulnerabilidade natural do aquífero, sem levar em consideração o tipo de contaminação que possa estar acontecendo (SANTOS et al., 2013). A Figura 2 mostra o esquema e os valores de cada parâmetro, utilizado no cálculo da vulnerabilidade pela metodologia GOD. 3

Para a aplicação da metodologia, os dados de grau de confinamento, litologia no perfil do nível estático e a distância até o lençol freático foram obtidos na plataforma do Sistemas de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS). Figura 2- Diagrama explicativo da metodologia GOD. Fonte: Foster e Hirata (2002) Levantamento preliminar ao estudo indicou que o município de Cacoal-RO possui 52 poços cadastrados (SIAGAS), contudo, somente 10 poços apresentaram os dados necessários para a aplicação da metodologia, sendo os mesmos utilizados na geração do mapa de interpolação. Os dados dos 10 poços, coletados no SIAGAS, foram computados em uma planilha do Excel (Tabela 1), os valores finais da metodologia foram dados pela multiplicação dos parâmetros individuais. Posteriormente os pontos de cada poço foram espacializados no ArcGis 10.2 e foi realizada a interpolação dos mesmos utilizando o método da Ponderação do Inverso da Distância (IDW), disponibilizada pela extensão Spatial Analyst, assim como realizado por Nicochelli et al. (2009). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados de vulnerabilidade natural do aquífero determinada pela metodologia GOD estão representadas na Tabela 1. 4

Poços Coordenadas Geográficas Tipo de Aquífero Tabela 1- Aplicação da metodologia GOD Litologia Nível Estático (m) VALORES Vulnerabilidade X Y G O D G O D Valores 1 61,18 11,24 Confinado Argila 21 0,2 0,4 0,7 0,056 2 61,40 11,28 Confinado Argila 7 0,2 0,4 0,8 0,064 3 61,46 11,43 Não Arenoso 13 1 0,7 0,8 0,56 Confinado 4 61,44 11,43 Não Areia 8 1 0,6 0,8 0,48 Confinado Fina 5 61,43 11,44 Confinado Argila 28 0,2 0,4 0,8 0,064 6 61,40 11,22 Confinado Argila 10 0,2 0,4 0,8 0,064 7 61,37 11,23 Confinado Argila 12 0,2 0,4 0,8 0,064 8 61,46 11,43 Confinado Arenito 18 0,2 0,8 0,8 0,128 9 61,29 11,25 Confinado Argila 28 0,2 0,4 0,7 0,126 10 61,49 11,44 Não Confinado Arenoso 15 1 0,7 0,8 0,56 Na região estudada foi possível observar que o aquífero é predominantemente do tipo confinado, totalizando de sete dos 10 poços observados, o que condiciona a uma menor vulnerabilidade dos mesmos. Com relação ao valor empregado para a litologia, foram considerados os valores das tipologias de texturas e/ou solo e rocha presente na camada vadosa, que é a camada localizada acima do nível freático de cada poço, onde predominou uma maior camada argilosa, adquirindo valores de 0,4. Nos poços com presença de sedimentos de arenito, admitiu-se valores de 0,6 a 0,8. No que se refere aos valores de distância até do nível d água os valores obtidos foram de 0,7 e 0,8. O Grau de confinamento hidráulico do aquífero é o primeiro parâmetro a ser analisado para aplicação do método GOD, de acordo com o SIAGAS, pode adotar-se os valores de 0,2 e 1, sendo esses, confinados e não confinados, respectivamente. A interpolação final foi realizada a partir do valor de vulnerabilidade de cada poço e a partir desses valores o interpolador fez uma estimativa para todo aquífero da área estudada, representado na Figura 3. 5

Figura 3 - Mapa da Vulnerabilidade do Aquífero Estudado. A tipologia do solo vai ser um fator predominante na definição da vulnerabilidade, no qual os mesmos são solos arenosos. Essa condição faz com que o processo de infiltração seja facilitado, o que pode justificar um maior valor da vulnerabilidade. Os níveis estáticos dos poços variaram de 7 a 28 metros. Poços mais rasos tendem a determinar uma maior vulnerabilidade e recebem valores mais altos de acordo com a metodologia adotada. De acordo com a Figura 3, foi observado que o valor da vulnerabilidade do aquífero varia de insignificante até alta significância de vulnerabilidade. De um modo geral, observou-se que os valores de vulnerabilidade encontrados foram influenciados principalmente pela variação da camada litológica, visto que o tipo de aquífero e o nível estático apresentam características semelhantes entre eles. Observando a Figura 3, cerca de 50% dos poços são insignificantes, onde Barros (2014) observou que 47,22% do aquífero possui insignificância. Nesse contexto constatou-se que 20% dos poços são de baixa significância, 10% de média significância e 20% dos poços possuem alta significância, onde Barros (2014) encontrou 38,89% dos poços com média significância e 13,89% de alta significância. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A metodologia é imprescindível para determinar a vulnerabilidade dos aquíferos, onde pode ajudar os municípios a gerirem os recursos hídricos, assim como o uso e cobertura do solo na área urbana no que se refere ao lançamento de esgotos, onde podem representar risco à saúde (SANTOS et al., 2013). 6

A metodologia é simples comparada com os outros métodos de estimativa de vulnerabilidade de aquíferos, onde consistindo apenas em um estudo preliminar da área, sendo necessário que se realize estudos complementares para se obter uma melhor resposta. Essa metodologia consistiu em uma coleta reduzida do número de dados, no qual apresentam grande relevância e coerência, permitindo a obtenção de um melhor resultado. A cartografia de vulnerabilidade de aquíferos foi obtida através de técnicas de geoprocessamento, instrumentos estes que podem ser empregados como ferramenta auxiliar na gestão dos recursos hídricos e bacias hidrográficas. 5. REFERÊNCIAS BARROS, C.G.D; Estimativa da vulnerabilidade natural do aquífero Parecis utilizando o método GOD: estudo de caso do município de Vilhena RO. Ji-Paraná, 2014. Monografia (Engenharia Ambiental) Universidade Federal de Rondônia. BÓS, S. M.; THOMÉ, A. Métodos para Avaliar Vulnerabilidade das Águas Subterrâneas. 1ª edição. 82 p. ISBN 978-85-66146-02-8. Porto Alegre, RS, 2012. CAMPONOGARA, I., MAZIERO, L., FRANTZ, L. C., SILVA, J.L.S. Exemplo de utilização do aplicativo surfer 8.0 na análise de parâmetros hidrodinâmico tendo como área de estudo Quaraí-BR e Artigas-UY. In: 1º SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO SUL - RS-SC-PR, 2005, Santa Maria. Disponível em: < http://jararaca.ufsm.br/websites/labhidro/download/134.pdf.>, acesso em: 18/11/2015. FOSTER, S. S. D. e HIRATA, R. C. A. Groundwater pollution risk assessment: a methodology using available data. WHO-PAHO/HPE-CEPIS Technical Manual, Lima, Peru. 81pp, 1988. FOSTER, S.; HIRATA, R.; GOMES, D.; D ELIA, M.;PARIS, M. Groundwa-ter quality protection: a guide for water service companies, municipal au-thorities and environment agencies. World Bank, GWMATE.Washington, 101 p., 2002. FOSTER, S; HIRATA, R; GOMES, D; D ELIA, M; PARIS, M. Proteção da Qualidade da Água Subterrânea: um guia para empresas de abastecimento de água, órgãos municipais e agências ambientais. São Paulo, Servemar. 2006. GUIGUER, N; KHONKE, M. W. Métodos para determinação da vulnerabilidade de aquíferos. In: XII Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, 2012. Disponível em: <http://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/download/22314/14657.>, acesso em: 18/11/2015. NICOCHELLI, L.M., SIQUEIRA, A. J. B., MIGLIORINI, R. B., ALBRECHT, K.J., DELGUINGARO, A. R, Análise de vulnerabilidade à contaminação de aqüífero no Distrito Industrial de Cuiabá MT, através do método GOD. In: XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009. Disponível em: < http://marte.sid.inpe.br/3erpfqrtbw/348plsf?languagebutton=en.>, acesso em: 18/11/2015. 7

ROMEIRO, C. I. R. A Tecnologia SIG Aplicada ao Estudo da Vulnerabilidade à Poluição das Águas Subterrâneas na Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Oeste. 2012. 123 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Sistema de Informação Geográfica). Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informações da Universidade Nova de Lisboa, 2012. SANTOS, A.C.B., MENDES, R.L.R., SILVA, G.N, TAVARES, A.N., Vulnerabilidade dos aquíferos do município de Irituia-PA: Uma aplicação do método GOD. IN: Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Disponível em: https://www.abrh.org.br/sgcv3/userfiles/sumarios/41d907eb17180b7a2c54613617830cd8_2 d1d6923072978b9d9731f134cce02a0.pdf>, acessoem: 18/11/2015. SIAGAS, Sistemas de informações de águas subterrânea [base de dados na internet], 2015. Disponível em: <http://siagasweb.cprm.gov.br/layout/ >, acesso em: 18/11/2015. TERRA, L.G., LÖBER, C.A., SILVA, J.L.S, ERTEL, T. Análise dos recursos hídricos subterrâneos do município de Santiago-RS, como ferramenta de gestão. In: XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 2013. Disponível em: < https://www.abrh.org.br/sgcv3/userfiles/sumarios/b3c52c8b9730287b9627fca5ea34072f_ 37eeba28b70cd006d7d3cf79d9f68b43.pdf.>, acesso em: 18/11/2015. 8