Arquitetura Militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos São Paulo 2018
Arquitetura Militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos Victor Hugo Mori Carlos A. Cerqueira Lemos Adler Homero F. de Castro
Direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19.02.1998. É proibida a reprodução total ou parcial sem autorização, por escrito, da editora. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Sumário Nota à presente edição...11 Apresentação...13 Textos Victor Hugo Mori Projeto Gráfico, Capa e Editoração Guen Yokoyama Capítulo i ARQUITETURA MILITAR: DA CORTINA VERTICAL À CORTINA VIRTUAL...15 A cortina vertical e a neurobalística...17 A cortina Horizontal e a Pirobalística...20 Vauban e o sistema de defesa territorial: a Cortina Rasante...24 A Cortina invisível e a Artilharia Raiada...26 A Cortina virtual e o fim do capítulo da história da arquitetura militar...27 2018 Foi feito o depósito legal na Biblioteca Nacional (Lei nº 1825, de 20/12/1997) Capítulo ii A EVOLUÇÃO DA ARTILHARIA...29 Introdução...31 A artilharia experimental e o início da colonização do Brasil...33 O progresso da artilharia lisa no período colonial...39 O Tratado de Artilharia luso-brasileiro do engenheiro Alpoim de 1744...43 A época da artilharia raiada...45 5
Capítulo iii AS FORTIFICAÇÕES COLONIAIS NO BRASIL... 49 Introdução...51 A primeira etapa...56 A segunda etapa...62 A terceira etapa...67 A quarta etapa...72 Capítulo iv MAPA DAS FORTIFICAÇÕES DA BAIXADA SANTISTA...77 Capítulo vii AS FORTIFICAÇÕES DA ENTRADA DO CANAL DA BARRA GRANDE: FORTALEZA DE SANTO AMARO DA BARRA GRANDE E FORTIM DO GÓES FORTE DO CRASTO OU DA ESTACADA...125 Séculos xvi e xvii...127 Séculos xviii e xix...140 Último relatório do Comando da Fortaleza...158 da Barra de Santos de 1º/01/1904...159 A História do Restauro nas obras da Fortaleza da Barra Grande...160 Capítulo v A ORGANIZAÇÃO MILITAR NA CAPITANIA DE SÃO VICENTE NOS PRIMEIROS SÉCULOS O Sistema de Ordenanças...85 Os Engenheiros Militares...93 Capítulo vi AS FORTIFICAÇÕES DO CANAL DA BERTIOGA: FORTES DE SÃO TIAGO OU SÃO JOÃO - SÃO FELIPE - SÃO LUIZ...97 Séculos xvi e xvii...99 Séculos xviii e xix...108 Século xx...117 Capítulo viii SISTEMA DE PROTEÇÃO DA VILA DE SANTOS: FORTE DE MONSERRATE, FORTE DE ITAPEMA, CASA DO TREM BÉLICO E O PLANO DE DEFESA DE JOÃO MASSÉ...179 Séculos xvi e xvii...181 Século xviii...187 Séculos xix e xx...196 Capítulo ix AS NOVAS FORTIFICAÇÕES DA ENTRADA DA BARRA DE SANTOS...201 Fortaleza de Itaipu e Forte dos Andradas...203 6 Arquitetura Militar 7
Capítulo x AS FORTIFICAÇÕES DESAPARECIDAS DO CANAL DE SÃO SEBASTIÃO...213 A Proteção do Porto de São Sebastião...215 Linha do Tempo PANORAMA HISTÓRICO SÃO PAULO/BRASIL/GERAL... 221 Esse trabalho é dedicado a duas pessoas especiais na história da preservação do patrimônio no Brasil, recentemente falecidas. Tive o privilégio de ter sido amigo e aluno informal desses dois mestres, tão diferentes entre si. Um muito jovem, arquiteto e professor da fau-usp, o outro, um velho militar dos quadros da engenharia do Exército Nacional. O que os unia era a paixão comum pela preservação da memória nacional. O jovem Antonio Luiz Dias de Andrade, a quem o Dr. Lúcio Costa carinhosamente acrescentava um pronome possessivo "o nosso Janjão", fez sua trincheira de luta no iphan. O velho Coronel Reginaldo Moreira de Miranda, fez seu baluarte dentro do Arquivo Histórico do Exército. Muito antes do arquiteto Antonio Luiz iniciar seu aprendizado no iphan, o historiador Miranda já era um colaborador assíduo de Luís Saia e o ajudou, inclusive, nos momentos difíceis de sua vida particular como um amigo fraterno. Parte dos documentos aqui reproduzidos foram frutos de seu trabalho durante os anos em que serviu no Arquivo do Exército como Capitão. O início dos estudos objetivando a restauração das Fortificações da Baixada Santista, em 1989, levou o jovem Antonio Luiz, então diretor do iphan-sp, a convocar o velho soldado Miranda Antonio Luiz Dias de Andrade 8 Arquitetura Militar 9
para mais essa luta. Nessa batalha de dez anos, em que atuei como coadjuvante e aluno, acumularam-se sobre as mesas centenas de anotações, documentos, fotografias e desenhos. O "nosso Janjão" queria que eu os transformasse em uma Tese de Mestrado sob a sua orientação. O "nosso coronel Miranda" sonhava com uma grande exposição sobre a engenharia militar nos fortes restaurados da Baixada Santista. O resultado, porém, foi modesto. Nem uma inovadora tese nem tampouco, uma grande exposição. A importância desse catálogo reside no tênue lampejo dos ensinamentos transmitidos pelo jovem arquiteto e pelo velho coronel. Victor Hugo Mori Coronel Reginaldo Miranda no Forte São Luiz Nota à presente edição ULTIMA RATIO REGIS Victor Hugo Mori, com muita imaginação, sabedoria e simplicidade, transfere ao público não especializado e aos estudantes em geral, conhecimentos inestimáveis sobre a complexa evolução da Arquitetura Militar, desde os primórdios da neurobalística até o advento da "guerra nas estrelas". Toma como linha narrativa as fortificações do Porto de Santos, para nos conduzir à formação histórica da nossa nacionalidade. A pesquisa histórica estabelece um paralelo entre o troar dos canhões e os diferentes sistemas defensivos arquitetados, ao longo dos últimos séculos, sob a forma de fortalezas, fortes, fortins, redutos, baterias e baluartes. Para tanto, Victor Hugo contou com a colaboração do professor Carlos A. C. Lemos, um dos mais importantes estudiosos da arquitetura brasileira, e do historiador Adler Homero F. de Castro, renomado pesquisador da História Militar. Até meados do século xx, a Arquitetura Militar oferecia um poderoso invólucro de proteção contra os projéteis de artilharia que cruzavam os espaços vazios entre forças antagônicas, num campo de batalha. Hoje, os projéteis cruzam o espaço aéreo, lançados a partir de posições virtuais momentâneas em perseguição a objetos também fugazes. A Artilharia libertou-se progressivamente dos invólucros arquitetônicos construídos sob a forma de "cortinas fortificadas", verticais, rasantes, horizontais e invisíveis, submersas ou aflorantes, deixando porém, de pé ou em ruínas, um acervo patrimonial de inestimável valor cultural. 10 Arquitetura Militar 11
A Artilharia, conhecida no mundo desde os primórdios da civilização, evoluiu do arco e flecha à catapulta medieval, do canhão de alma lisa ao míssil continental, sideral, espacial, que transporta ogivas de poder atômico. Nos últimos séculos, o canhão último argumento dos reis troava sob o controle das forças em teatro de operações militares. No momento, o imaginário desloca-se para a "guerra nas estrelas", onde vetores balísticos podem atingir qualquer lugar, disparados sob a chancela do chefe de Estado. A Artilharia, torna-se assim, instrumento de um poder avassalador, libertando-se do invólucro da arquitetura militar que a acompanhou até o século passado. Algumas fortalezas centenárias ainda permanecem de pé, desafiando o tempo, as intempéries e as agressões humanas. Muito se deve aos profissionais do iphan Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional que não medem esforços para preservá-las. Victor Hugo Mori, como arquiteto do iphan, foi o responsável pelas obras de restauração dos mais antigos e mais importantes monumentos arquitetônicomilitares do Estado de São Paulo: o Forte São João da Bertioga, erguido a partir de 1553, e a Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, edificada a partir de 1583. Atualmente, como voluntário, o arquiteto empenha-se na restauração do complexo arquitetônico da Fortaleza de Itaipu, na Praia Grande SP, que abriga a última bateria "invisível" de artilharia construída no Brasil. Ao amigo, que prossiga trilhando o seu caminho do dever. Elcio Rogerio Secomandi - Coronel de Artilharia R/1 Fundação Cultural Exército Brasileiro Apresentação Escolher a publicação de um livro demanda agilidade em avaliar o que de fato ele oferece como divulgador de cultura, expansão de conhecimentos, que lado de uma questão ele vem tornar claro ou reavaliar. Conteúdo bom em história, ciência ou memória é o que muitas vezes se apresenta em textos que pretendem tornar-se livros, mas é preciso pôr algo mais na escolha ou aceitação de publicar. Que escolher, visto que, no geral, o autor se ampara na confiança sem abalos de que seu trabalho é o melhor, talvez até um achado literário ou científico? Apenas para exemplificar a importância desta publicação, podemos afirmar que o capítulo "A Organização Militar na Capitania de São Vicente nos Primeiros Séculos", assinado por Victor Hugo Mori, é um substancial acréscimo ao que até agora se escreveu sobre São Vicente, região fundamental na história de São Paulo e na do Brasil, assim também o capítulo viii: "O Sistema de Proteção da Vila de Santos: Forte de Monserrate, Forte de Itapema," e vários outros cujo relato chega ao século xx. Só me resta desejar que Arquitetura Militar cumpra a sua função como livro, abrindo caminhos que levam o homem à consciência do que ele verdadeiramente representa neste planeta. Sérgio Kobayashi 12 Arquitetura Militar 13