XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

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Transcrição:

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012 Manejo Integrado da Lagarta-do-Cartucho (Spodoptera frugiperda) do Milho em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) Fredson Ferreira Chaves¹, Leonardo Henrique Ferreira Calsavara 2, João Batista Guimarães Sobrinho 3, Antônio Carlos de Oliveira 4, Marco Aurelio Noce 5, Diego Oliveira Carvalho 6 e Silvio Torres Pessoa 7 ¹Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, Minas Gerais fredson@cnpms.embrapa.br 2 Emater-MG, Coronel Xavier Chaves, Minas Gerais, leonardo.calsavara@emater.mg.gov.br 3 sobrinho@cnpms.embapa.br 4 oliveira@cnpms.embrapa.br 5 noce@cnpms.embrapa.br 6 diego@cnpms.embrapa.br 7 torres@cnpms.embrapa.br RESUMO - O Manejo Integrado de Pragas é um dos fatores que merece destaque no sistema de produção de milho, pois a lagarta-do-cartucho é considerada a principal praga do milho no Brasil. O controle biológico é uma estratégia eficiente para reduzir o uso de produtos químicos, que é a forma mais utilizada para a redução de pragas na agricultura. As vespinhas, do grupo Trichogramma são utilizadas visando a redução da lagarta-do-cartucho pelo parasitismo dos ovos. O objetivo deste trabalho foi avaliar estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP) como o tratamento de sementes e o controle biológico com o uso da vespinha Trichogramma pretiosum, em diferentes liberações deste parasitoide de ovos no controle da lagarta-docartucho do milho, em comparação com o uso de inseticida químico na pulverização. O experimento foi conduzido na Unidade de Referência Tecnológica, em Coronel Xavier Chaves, MG, na safra 2011/2012, em sistema de ILP, com três tratamentos em cada experimento (com e sem tratamento das sementes) e 8 repetições. Os dados foram submetidos a análise de variância e teste de média. Houve diferença significativa na porcentagem de plantas atacadas por Spodoptera frugiperda. O tratamento de sementes influenciou positivamente no ataque de Spodoptera frugiperda, havendo diminuição na porcentagem de plantas atacadas por esta praga. O número de liberações de Trichogramma pretiosum tem influência positiva no controle efetivo de Spodoptera frugiperda, sendo, neste experimento, três solturas, o número que teve maior diminuição na porcentagem de plantas atacadas. Palavras-chave: Controle biológico, Trichogramma pretiosum, parasitoides, tratamento de sementes. Introdução O Estado de Minas Gerais teve na primeira safra 2011/2012 a maior área plantada com milho dentre os estados brasileiros (CONAB, 2012). Segundo a Conab, a produção estimada no Estado é de 7.038,6 milhões de toneladas, com produtividade média de 5.831 Kg/ha, superando a média nacional, que é de 4.314 kg/ha. A maior parte da produção de milho em Minas Gerais destina-se à produção de grãos, no entanto, um percentual significativo da área de produção de milho tem como objetivo a produção de silagem. O milho é uma forragem tradicionalmente utilizada para produção de silagem, pois possui características ideais para um produto de boa qualidade, com teores de matéria seca, no momento da ensilagem, variando de 30 a 35% (NUSSIO et al., 2001). O sistema de produção de milho tanto para a produção de grãos como silagem tem poucas variações, devendo-se 1013

observar que, para a produção de biomossa, o desgaste do solo é maior em função da exportação de nutrientes no sistema para silagem. O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um dos fatores que merece destaque no manejo da cultura, pois a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é considerada a principal praga do milho no Brasil (CRUZ, 1993). O ataque deste inseto pode reduzir a produção de grãos em até 52%, sendo o controle feito essencialmente com inseticidas químicos (agrotóxicos), e nem sempre a efetividade alcança níveis satisfatórios, pois na tomada de decisão sobre o momento correto de controle, seja químico ou biológico, na maioria das vezes não se leva em consideração o nível de dano econômico. Além da perda de produção em grãos, o ataque da lagarta-do-cartucho provoca perda na qualidade do produto, seja em grãos ou em milho verde, ou ainda na perda de biomassa para a produção de silagem. O controle biológico pode ser uma estratégia utilizada no manejo integrado de pragas, para reduzir a utilização de produtos químicos na agricultura, com a produção de alimentos de forma mais saudável. Em se tratando de agricultura familiar, em que na maioria das vezes o agricultor utiliza de sua mão de obra e da família para o desenvolvimento das atividades agropecuárias, o uso do controle biológico pode se tornar uma alternativa econômica, social e ambientalmente viável para o controle de pragas em suas lavouras. O controle biológico pode ser definido como sendo o uso de parasitoides, predadores e patógenos no controle de insetos e vem sendo usado como uma alternativa eficiente aos inseticidas químicos no combate às pragas do milho e de outras culturas. Um dos agentes de controle biológico utilizados no controle da lagarta-do-cartucho na cultura do milho são vespinhas do gênero Trichogramma. Estas vespinhas parasitam os ovos de várias ordens de insetos e podem ser multiplicadas em laboratório de maneira fácil e econômica, utilizando-se, para isso, hospedeiros alternativos (CRUZ et al., 1999; CRUZ; MONTEIRO, 2004; CRUZ, 2009). A fêmea adulta de Trichogramma coloca seus ovos no interior do ovo de Spodoptera frugiperda e todo o ciclo de vida do parasitoide, que dura cerca de dez dias, é intralarval, tendo como vantagem o impedimento da continuidade do ciclo de vida da praga. O parasitismo pode ser verificado cerca de quatro dias após a oviposição, quando os ovos da praga tornam-se enegrecidos. Sá (1991) verificou que a taxa de parasitismo natural de Trichogramma pretiosum Ryley (Hymenoptera: Trichogrammatidae) em Spodoptera frugiperda pode variar de 0,06 a 98%, sendo esses valores influenciados por características de postura, como camadas de ovos e presença de escamas. Segundo Beserra et al. (2003), a criação de Trichogramma em hospedeiro 1014

alternativo por várias gerações pode afetar a preferência do parasitoide pelo hospedeiro natural e alterar a eficiência de controle da lagarta do cartucho. A simples presença de determinado inseto-praga na lavoura de milho não indica a necessidade de uma medida de controle. A tomada de decisão sobre o momento correto de lançar mão de uma medida de controle deve levar em consideração o nível de dano ou nível de infestação provocado pela praga à cultura, o custo da medida de controle e o valor econômico da lavoura. Com base nestas três informações, chega-se ao Nível de Dano Econômico (NDE). Quanto maior o valor econômico da produção e menor o custo de controle em determinado período ou safra, menor deve ser o nível de infestação da praga considerado para uma medida de controle. Com estas estratégias de MIP, o agricultor terá maior racionalidade no uso de insumos e possibilidades de maiores lucros com a sua atividade. As estratégias de tomadas de decisão para o controle de pragas, quando utilizadas pelo agricultor, baseiam-se principalmente no número de plantas atacadas, e podem ser eficiente, no entanto, em função do método de controle, talvez não seja a melhor estratégia de amostragem e de tomada de decisão. Para o controle biológico, com parasitoides de ovos, Cruz et al.(2010) verificaram que o uso de armadilhas contendo o feromônio Bio spodoptera é uma excelente ferramenta na tomada de decisão para a liberação dos parasitoides de ovos T. pretiosum, como também para a definição do momento oportuno para o início do controle químico desta praga. Segundo Sá (1991), são necessárias três liberações de 100.000 vespinhas por hectare para se conseguir uma redução de 26% nos danos na produção provocados por Helicoverpa zea, a lagarta da espiga do milho. No entanto, há poucos estudos para verificar o número de liberações ideal para um controle eficiente da lagarta-do-cartucho do milho. O objetivo deste trabalho foi avaliar estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP) como o tratamento de sementes e o controle biológico com o uso da vespinha T. pretiosum, em diferentes liberações deste parasitoide de ovos no controle da lagarta-do-cartucho do milho, em comparação com o uso de inseticida químico na pulverização. Material e Métodos O experimento foi instalado e conduzido na Unidade de Refêrencia Tecnológica, implantada no Sítio do Cascalho Preto, município de Coronel Xavier Chaves, MG, na safra 2011/2012, em uma área de 1 hectare de pastagem degradada, sendo adotado o sistema de integração lavoura-pecuária. Foram utilizados no sistema os seguintes componentes: Brachiaria brizhanta cv. Xaraés e a cultivar de milho, híbrido simples, BRS 1055. Para o plantio da lavoura e do pasto foi adotado o sistema de plantio direto, modelo Santa Fé. 1015

Para a semeadura do milho foi utilizada uma semeadora de plantio direto e adotado o espaçamento de 0,80 m entre linhas com uma densidade de 65.000 plantas/ha. O capimbraquiária foi semeado na linha do milho e a lanço, concomitantemente à semeadura do milho, na quantidade de 10 kg/ha de sementes (VC de 51%). De acordo com a análise de solo, foram aplicados 1,8 t ha -1 de calcário dolomítico, na safra 2010/2011. A adubação de semeadura foi constituída de 414 kg ha -1 da formulação NPK (08-28-16 + Zn). A adubação em cobertura foi realizada em duas etapas. Na primeira operação, foram aplicados 400 kg ha -1 da formulação NPK (20-00-20), quando o milho estava no estádio V4. Já a segunda adubação foi realizada quando o milho estava no estádio V6, com 100 kg ha -1 de ureia (45% N). A aplicação dos herbicidas foi realizada 15 DAE, (Dias Após a Emergência). Utilizou-se um pulverizador gás tanque, mecanizado, com barra de aplicação de 12 metros, equipada com quatro bicos 110.02, espaçados de 0,5 m. O volume de pulverização foi de 200L/ha. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, em dois experimentos, cada um com três tratamentos e oito repetições. No primeiro experimento, sem tratamento das sementes, os tratamentos aplicados foram: (i) testemunha sem nenhum controle da lagarta-do-cartucho, (ii) inseticida químico, à base de Espinosade (48g i.a ha -1 ), (iii) T. pretiosum, uma única soltura. No segundo experimento, com tratamento das sementes, os tratamentos aplicados foram: (iv) T. pretiosum, duas solturas, (v) T. pretiosum, três solturas e (vi) testemunha, com tratamento de sementes. Os tratamentos iv, v e vi tiveram as sementes tratadas com imidacloprido + tiodicarbe, sendo usados 180 g i.a. ha -1, imediatamente antes do plantio. As parcelas foram de 0,166 ha, cada uma, sendo a área total do experimento de 1,0 ha. Com o objetivo de indicar o momento correto de iniciar uma medida de controle de S. frugiperda, no dia do plantio foi instalada uma armadilha, modelo Delta, com feromônio Bio spodoptera. A armadilha foi implantada no centro da lavoura, a uma altura de 1,0 m da superfície do solo. O monitoramento foi realizado nos primeiros 60 dias após o plantio. A contagem do número de machos adultos capturados na armadilha foi realizada a cada três dias, durante os 60 dias de monitoramento. O feromônio sexual sintético, Bio-spodoptera, foi trocado a cada 15 dias. A soltura do T. pretiosum foi realizada após a captura de cinco machos da S. frugiperda (lagarta do cartucho) na armadilha tipo Delta. A primeira soltura foi realizada nas áreas; (iii), (iv) e (v). A segunda soltura foi realizada três dias após a primeira, nas áreas (iv) e (v). A terceira soltura na área (v) foi realizada um dia após a segunda. O inseticida químico, tratamento (ii), foi aplicado 10 dias após a captura dos cinco machos da S. frugiperda. Em cada soltura foram liberados o correspondente a 100.000 parasitoides por hectare. A liberação foi 1016

realizada no centro de cada parcela e as vespinhas foram levados a campo logo após a emergência dos adultos. A contagem do número de plantas total e plantas atacadas pela lagarta-do-cartucho foi realizada 10 dias após o último tratamento. Cada parcela era constituída de oito linhas (repetições), cada linha com 10 m de comprimento. Com estas informações chegou-se à porcentagem de plantas atacadas Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias, comparadas pelo teste Duncan a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Houve diferença significativa na porcentagem de plantas atacadas por S. frugiperda entre os tratamentos (Tabela 1). O tratamento de sementes influenciou positivamente no ataque de S. frugiperda, havendo diminuição na porcentagem de plantas atacadas por esta praga (Tabela 1). Nas parcelas sem tratamento de sementes, a porcentagem de plantas atacadas diferiu significativamente nos três tratamentos (Tabela 1). O controle químico teve maior eficiência na porcentagem de plantas atacadas, reduzindo este valor para abaixo do nível de dano da lagartado-cartucho. Este resultado demonstra a eficiência do controle químico, com inseticida à base de espinosade como resultado imediato no controle de S. frugiperda em milho. Uma liberação de T. pretiosum diminuiu a porcentagem de plantas atacadas de milho, no entanto, esse número de liberações, conforme demonstra o resultado, não foi suficiente para reduzir o ataque da praga para abaixo do nível de dano. Este resultado pode indicar a necessidade de mais de uma liberação de vespinhas na lavoura durante o ciclo da cultura. No entanto, deve ser também avaliado o nível de infestação da praga para comprovar de forma mais eficiente o número de liberações necessárias para o controle efetivo da lagarta-docartucho. Nas parcelas com tratamento de sementes a porcentagem de plantadas atacadas diferiu entre os tratamentos, contudo, na testemunha onde foi feito somente o tratamento das sementes com inseticida à base de imidacloprido + tiodicarbe(cropstar), sendo 300 ml/20 Kg de sementes do produto comercial, não houve diferença significativa para o tratamento com duas liberações de Trichogramma (Tabela 1). Quando foram feitas três liberações de T. Pretiosum, houve redução na porcentagem de plantas atacadas por Spodoptera e este valor ficou abaixo do nível de dano para esta praga (Tabela 1). Estes resultados mostram os benefícios do tratamento para a cultura do milho em relação ao ataque da lagarta-do-cartucho. O agricultor pode lançar 1017

mão desta tecnologia como estratégia no MIP, para retardar o uso de outra tática de controle, seja biológica ou química, no manejo da lagarta-do-cartucho na cultura do milho. Além disso, o tratamento de sementes como tecnologia de uso direcionado traz benefícios para o meio ambiente pela redução do número de aplicações de inseticida via pulverizações. Os resultados obtidos neste experimento mostram que três liberações de Trichogramma, com 100.000 vespinhas/ha em cada liberação pode ser um número adequado para o controle da lagarta-do-cartucho na cultura do milho. Outros parâmetros, como redução de área fotossintética da planta, número de espigas e peso de grãos, dentre outros, devem ser avaliados para melhor comprovar a eficiência do número de liberações de Trichogramma no controle de S. frugiperda. Conclusões O tratamento de sementes influencia positivamente no controle da lagarta-do-cartucho do milho. O número de liberações de Trichogramma Pretiosum tem influência no controle efetivo de Spodoptera frugiperda. financeiro Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG pelo apoio Literatura Citada BESERRA, E. B.; DIAS, C. T. S.; PARRA, J. R. P. Características biológicas de linhagens de Trichogramma pretiosum desenvolvidas em ovos de Spodoptera frugiperda. Acta Scientiarum Agronomy, Maringá, v. 25, p. 479-483, 2003. CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira: grãos, oitavo levantamento, maio 2012. Brasília, 2012. 36 p. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/>. Acesso em: 29 maio 2012. CRUZ, I. Métodos de criação de agentes entomófagos de Spodoptera frugiperda. In: BUENO, V. H. P. (Ed.). Controle biológico de pragas: produção massal e controle de qualidade. Lavras: UFLA, 2009. p. 311-338. CRUZ, I. Principais pragas e seu controle. In: CRUZ, J. C.; MONTEIRO, J. de A.; SANTANA, D. P.; GARCIA, J. C.; BAHIA, F. G. F. T. de C.; SANS, M. A.; PEREIRA FILHO, I. S. Recomendações técnicas para o cultivo do milho. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1993. p. 143-160. (Recomendação Técnica, 1). 1018

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