CONTRIBUIÇÃO DA ALTITUDE NO EQUIVALENTE DE DOSE AMBIENTE



Documentos relacionados
ESTUDO DA APLICAÇÃO DA DOSIMETRIA OSL EM ALTAS DOSES UTILIZANDO OS DOSÍMETROS CaF 2 :Dy E CaF 2 :Mn

COMPARAÇÃO DA CURVA DE RENDIMENTO DE UM APARELHO DE RAIOS X PEDIÁTRICO UTILIZANDO DOSÍMETROS TERMOLUMINESCENTES E CÂMARADE IONIZAÇÃO CILÍNDRICA

UMA CÂMARA DE IONIZAÇÃO DE PLACAS PARALELAS PARA DOSIMETRIA DE FEIXES DE ELÉTRONS

Radio 2011 Análise do Espectro de Energias de Radiações X de Referência Ajustadas para a mesma Camada Semirredutora

Aplicação de Metodologia de Testes de Desempenho de Monitores Portáteis. de Radiação. V. Vivolo, L.V.E. Caldas

Estudo da resposta de um dosímetro eletrónico individual

TESTES PRELIMINARES EM UM SIMULADOR PEDIÁTRICO DE CRÂNIO PARA DOSIMETRIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Exposição do público devido ao transporte de radiofármacos

Detectores de Radiação Ionizante

O USO DO PROTETOR DE OLHOS PARA REDUÇÃO DA DOSE VARREDURAS DE TC DE CRÂNIO

Estudo da correção de espalhamento de nêutrons na calibração do monitor individual de albedo no LN

Leocadio J.C 1.; Ramalho A. T. 1 ; Pinho, A S. 1 ; Lourenço, M. M. J. 1 ; Nicola, M. S. 1 ; D Avila, R. L. 1 ; Melo, I. F 1.; Cucco, A C. S.

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DOS GASES RADÔNIO E TORÔNIO PRESENTES NO AR EM CENTRO COMERCIAL DO RIO DE JANEIRO E POÇOS DE CALDAS


USINA HIDRELÉTRICA SANTO ANTÔNIO

Aplicação de Redes Neurais Artificiais na Caracterização de Tambores de Rejeito Radioativo

PROPOSTA DE REQUISITOS DE DESEMPENHO NO BRASIL PARA SISTEMAS DE MONITORAÇÃO INDIVIDUAL EXTERNA PARA NÊUTRONS EMPREGANDO A TÉCNICA TLD-ALBEDO

ESTUDO DA REPRODUTIBILIDADE DAS MEDIÇÕES COM O ESPECTRÔMETRO DE MULTIESFERAS DE BONNER

VARIAÇÃO DE DOSE NO PACIENTE EM VARREDURAS DE TC DE CRÂNIO USANDO UM FANTOMA FEMININO

MÉTODO CONSERVATIVO PARA DETERMINAÇÃO DE ESPESSURA DE MATERIAIS UTILIZADOS PARA BLINDAGEM DE INSTALAÇÕES VETERINÁRIAS

Emissão Veicular de Gases de Efeito Estufa (GEE) Em Automotivos Movidos a Diesel

MANUAL EXPERIMENTAL DE INSTRUÇÃO DE MANUFATURA E USO DO

Aquecedor Solar Tubos de Vácuo.

Degradação de Polímeros

Testes preliminares em um simulador pediátrico de crânio para dosimetria em tomografia computadorizada

MONITORAÇÃO INDIVIDUAL DE NÊUTRONS: 18 ANOS DE EXPERIÊNCIA

O que é o Programa de Qualidade em Radioterapia do Instituto Nacional de Câncer INCA?

Protocolo de instalação de piezômetros em locais com nível freático pouco profundo (áreas sazonalmente encharcadas)

Introdução a Propagação Prof. Nilton Cesar de Oliveira Borges

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE RISCO DA BRAQUITERAPIA DOS SERVIÇOS DE RADIOTERAPIA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

3 Modelo Evolucionário para Sustentabilidade Inteligente

materiais ou produtos,sem prejudicar a posterior utilização destes, contribuindo para o incremento da

Ensaio de Emissão Acústica Aplicado em Cilindros sem Costura para Armazenamento de Gases

Os procedimentos para determinar a resistência do condutor são:

Proteção Radiológica OBJETIVO. O objetivo da proteção radiológica é o de garantir o uso das radiações ionizantes com o menor dano ao ser humano

FUNCIONAMENTO DE UM MONITOR CONTÍNUO DE OZÔNIO

MEDIDA DO FLUXO DE NÊUTRONS NO REATOR IPEN-MB-01

NORMA PROCEDIMENTAL RADIOPROTEÇÃO (SEGURANÇA)

Avaliação da Exposição Radiológica dos Profissionais da Saúde

Sazonalidade da temperatura do ar e radiação solar global em cidades de diferentes portes na Amazônia Brasileira.

A maneira mais inteligente de aquecer água.

Acumuladores de Calor

PLANIFICAÇÃO CIÊNCIAS NATURAIS (8.º ANO) 2015/2016 Docentes: João Mendes, Madalena Serra e Vanda Messenário

INFORMATIVO MENSAL ANO 01 NÚMERO 14 MARÇO DE 2001 APRESENTAÇÃO

Nota referente às unidades de dose registradas no prontuário eletrônico radiológico:

Abel Júlio Manuel Correia Djairosse Sairosse Mujanje DISPOSITIVO DE AQUECIMENTO DE ÁGUA USANDO A ENERGIA SOLAR. Mestrado Em Ensino de Física

DETERMINAÇÃO DE CAMADAS SEMI-REDUTORAS E DECI- REDUTORAS PARA BARITA COMO BLINDAGEM CONTRA RADIAÇÃO X EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

Identificação de materiais radioativos pelo método de espectrometria de fótons com detector cintilador

CAPÍTULO 2 A ATMOSFERA TERRESTRE

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO DA QUADRA MULTIFUNCIONAL DO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO CEARÁ, BRASIL.

Estudo da emissão veicular de Gases de Efeito Estufa (GEE) em veículos movidos à DIESEL. Prof. Dr. Ariston da Silva Melo Júnior

PARÂMETROS DE INFLUÊNCIA NA ESTABILIDADE DO DOSÍMETRO FRICKE

OS CLIMAS DO BRASIL Clima é o conjunto de variações do tempo de um determinado local da superfície terrestre.

Exploração sustentada de recursos geológicos Recursos energéticos

Aspectos Metrológicos na Estimativa da Atividade Administrada em Pacientes de Medicina Nuclear

HARDWARE E SOFTWARE PARA MONITORAMENTO EM INSTALAÇÕES RADIOATIVAS

DETECÇÃO E ESTUDO DE EVENTOS SOLARES TRANSIENTES E VARIAÇÃO CLIMÁTICA

FICHA TÉCNICA. Painel Solar Compacto FCC-2S. Janeiro 2013

PROIMRAD X.01: NOVO CÓDIGO PARA GERENCIAMENTO DE REJEITOS RADIOATIVOS

INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES TERMOLUMINESCENTES DO ALUMINATO DE LANTÂNIO (LaAlO 3 ) DOPADO COM CARBONO PARA APLICAÇÃO EM DOSIMETRIA DAS RADIAÇÕES

CALIBRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE DOSÍMETROS DE EXTREMIDADES

Detecção de vazamentos na rede urbana de água com rede de sensores sem fio

VARIAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR AO LONGO DO ANO EM PORTUGAL

UNIDADE 4 - ESTRUTURA CRISTALINA

Processo de Certificação Serviço de Monitoração Individual Externa (SMIE)

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PÓS-GRADUAÇÃO EM GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DOSIMÉTRICO PARA O CONTROLE DE QUALIDADE NOS TRATAMENTOS DE CÂNCER DE MAMA

Pag: 1/20. SGI Manual. Controle de Padrões

15- Representação Cartográfica - Estudos Temáticos a partir de imagens de Sensoriamento Remoto

Aprovação & Procedimento de Recepção

Prof. Eduardo Loureiro, DSc.

Kit de Montagem de Mastro

Mapeamento de curvas de isoexposição para avaliação de equivalente de dose ambiente para equipamentos móveis de radiodiagnóstico

Evitando o Desforestamento na Amazônia: REDD e os Mercados PSA Cuiabá, 1º de abril de 2009

Plano de aula incluindo recursos multimédia de Química

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

CONTROLE DE QUALIDADE DE MEDIDORES DE TENSÃO NÃO- INVASIVOS EM EQUIPAMENTO DE RAIOS X, NÍVEL DIAGNÓSTICO

F ATORES DE PONDERAÇÃO PARA AS GRANDEZAS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

Proposta de Nota Técnica Cgcre. Verificação intermediária das balanças utilizadas por laboratórios que realizam ensaios químicos e biológicos

MENSAGEM PREGÃO ELETRÔNICO N. 61/2008 ESCLARECIMENTO 2

PRO-FAE: FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA AUXILIO NO PROJETO PRELIMINAR DE FAZENDAS EÓLICAS.

Procedimentos para verificação da eficácia do Sistema de Segurança Radiológica de Instalações Cíclotrons Categoria II (AIEA)

Exercícios Tipos de Chuvas e Circulação Atmosférica

EFEITO DO CORTE NAS PROPRIEDADES MAGNÉTICAS DE AÇOS ELÉTRICOS M. Emura 1, F.J.G. Landgraf 1, W. Rossi 2, J. Barreta 2

Procedimento para Licenciamento de Fontes Radioactivas Seladas

MEMORIAL DESCRITIVO, ORÇAMENTO E PROJETO DO ACESSO PRINCIPAL E IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE FRONTEIRA

Objetivo Conteúdos Habilidades

Caderno de projetos para blindagens de ressonância magnética

MONITORAMENTO DE EXPLOSÕES NUCLEARES

CONJUNTO SUBCRÍTICO ACOPLADO COM ACELERADOR (ADS) PARA TRANSMUTAÇÃO DE REJEITOS NUCLEARES: UMA ABORDAGEM DE MODELAGEM COMPUTACIONAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENG03108 MEDIÇÕES TÉRMICAS

1 INSPEÇÃO DA INSTALAÇÃO ELÉTRICA CONFORME A NBR 5410

MANUAL DE MONTAGEM. Revisão 10 MONTAGEM DO DISCO SOLAR PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA

Performance Ratio. Conteúdo. Factor de qualidade para o sistema fotovoltaico

CAMADAS SEMIRREDUTORAS DE RAIOS-X DE BAIXA ENERGIA: MEDIDAS COM CÂMARA DE EXTRAPOLAÇÃO

Ensaios Não Destrutivos END CONCRETO ARMADO

Estudo da Emissão Veicular de Gases de Efeito Estufa (GEE) em Veículos Movidos à Gasolina

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Rua Espírito Santo, 35 - Centro Belo Horizonte, MG jeanvb@cdtn.br

Esse grupo já foi conhecido como gases raros e gases inertes.

Transcrição:

IX Latin American IRPA Regional Congress on Radiation Protection and Safety - IRPA 2013 Rio de Janeiro, RJ, Brazil, April 15-19, 2013 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA - SBPR CONTRIBUIÇÃO DA ALTITUDE NO EQUIVALENTE DE DOSE AMBIENTE Vicente de P. de Campos, José E. Manzoli, Osvaldo C. Alípio, Janete C. G Carneiro e Orlando Rodrigues Jr. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/SP) Av. Professor Lineu Prestes, 2242 Cidade Universitária. 05508-000 São Paulo, SP vpcampos@ipen.br RESUMO Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos intensificaram o uso das radiações ionizantes em diversas áreas do desenvolvimento humano. Além do controle das doses nos indivíduos ocupacionalmente expostos e na população em geral, torna-se cada vez mais importante a avaliação das doses ambientais. Diversas fontes de origem natural e artificial contribuem para a exposição ambiental e por consequência nas doses dos individuas ocupacionalmente exposto. Fontes naturais incluem a radiação cósmica, a radiação terrestre natural, a radiação no ar proveniente do decaimento do radônio e a radiação de diversos radionuclídeos presentes naturalmente na comida e na água. Já as fontes artificiais têm as aplicações médicas, radionuclídeos presentes no ambiente provenientes de explosões nucleares e radiações das demais instalações radioativas e nucleares. O objetivo deste trabalho é avaliar a contribuição das fontes naturais no equivalente de dose ambiente. A avaliação dos níveis de radiação ambiental foi realizada utilizando-se dosímetros termoluminescentes de CaSO 4 dopados com disprósio, que apresentam alta sensibilidade e pequeno desvanecimento. Os dosímetros foram posicionados em cinco localidades em diferentes altitudes, compreendendo o período de três a nove anos conforme sua localização. Os resultados foram agrupados de acordo com o uso e ocupação do solo nas imediações do ponto de medida. 1. INTRODUÇÃO O Brasil ocupa uma vasta área territorial com características geológicas variadas, heterogeneidade na sua população e com flora e fauna bastante diversificada. No entanto, quase não existem pesquisas sobre os níveis de radiação natural no território brasileiro [1], principalmente em relação à altitude. O fluxo da radiação cósmica que atinge a terra próximo ao ambiente depende dentre outros parâmetros da latitude e altitude [2]. Segundo estudos da UNSCEAR (United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation ) uma pessoa recebe em média uma dose de 2,4 msv/ano a partir de fontes naturais tornando relevante o seu levantamento. Avaliar estas contribuições é um trabalho complexo, principalmente devido as mais diferentes regiões geológicas e dimensões continentais do Brasil. A exposição cósmica varia de 0,26 msv ao nível do mar até 20 vezes mais para altitude de 6000 m [3]. Nosso objetivo é colaborar com mais este componente para o conhecimento do nível de radiação ambiental e sua variação com relação a altitude. Com este objetivo foram colocados dosímetros termoluminescente em cinco cidades com diferentes altitudes a fim de observamos a contribuição no nível de dose da radiação ambiental. Os monitores TL foram colocados em cinco cidades com diferentes altitudes. Um ponto está localizado ao nível do mar, na cidade de Praia Grande a 50 km de São Paulo, outro ponto em Araraquara a 400 km de São Paulo, um terceiro ponto em São Lourenço da Serra a 50 km de São Paulo, um quarto ponto na própria cidade de São Paulo no bairro do Tatuapé e finalmente

um ponto em Barueri cerca de 30 km de São Paulo. O mapa da Fig. 1 apresenta as regiões pesquisadas. Figura 1. Localização no estado de São Paulo, Brasil, onde as medidas foram realizadas. No ponto A temos a cidade de Praia Grande, em B a cidade de Araraquara, em C a cidade de São Paulo, bairro do Tatuapé, em D a cidade de S. Lourenço da Serra e em E a cidade de Barueri. Estas cidades estão a 3 m, 664 m, 720 m, 760 m e 1000 m de altitude ao nível de mar respectivamente. Além do fator altitude foi considerada a ocupação destas localidades, representada por regiões com alta densidade populacional e outras com baixa densidade populacional. A medição dos níveis de dose da radiação ambiental ao ar livre foi realizada utilizando-se dosímetros de termoluminescência (TLD) de sulfato de cálcio dopado com disprósio (CaSO4:Dy) produzidos pelo IPEN. Os dados foram coletados em períodos de amostragem de 6 meses por até seis anos no caso de Araraquara.

2. MATERIAL E MÉTODO 2.1 Material O dosímetros termoluminescentes (TLD) utilizados neste trabalho tem o formato de discos sinterizados com teflon com 6 mm de diâmetro e 0,8 milímetros de espessura, montados sobre películas de plástico e colocados em porta dosímetros, posicionando os TLD sob filtros de chumbo com diferentes geometrias para avaliar e corrigir a dependência energética do dosímetros. Os porta dosímetros TL do IPEN acomodam três detectores de CaSO4: Dy: o primeiro posicionado entre filtros de plástico (2,3 mm de espessura), o segundo posicionado entre dois filtros de chumbo com 1 mm de espessura e o terceiro posicionado entre dois filtros de chumbo de 0,8 mm de espessura com um furo central de 2 mm de diâmetro, que procura fornecer a resposta TL independente da energia. A área do filtro é maior do que o detector de TL, conforme a Fig. 2 que apresenta o porta dosímetro utilizado. Figura 2. Portas dosímetros utilizado neste trabalho e os TLD montados sobre películas de plástico. Após a montagem o porta dosímetro foi envolvido por uma película de plástico para evitar contaminação e perda da informação de localização dos TLD conforme Fig. 3. Antes da montagem no porta dosímetro, os dosímetros foram tratados termicamente por um período de 1 hora a 300 o C seguido de um resfriamento rápido a temperatura ambiente, colocando estes dosímetros sobre uma chapa de alumínio previamente resfriada. Este tratamento tem como objetivo eliminar os sinais residuais dos TLD.

Figura 3. Porta dosímetro envolvido por plástico contendo a identificação do ponto de monitoramento. Para as monitorações em campo o porta dosímetro foi posicionado em um suporte de PVC a uma altura de 1m do solo permanecendo por um período de no mínimo 3 meses. A Fig. 4 mostra o momento de acondicionamento do porta dosímetro no ponto. Com o objetivo de se avaliar possíveis exposição à radiações ionizantes espúrias, dosímetros de controle (viagem), acompanham os dosímetros dos pontos durante o transporte até a colocação nos pontos e no retorno ao laboratório [4,5]. Na avaliação final dos dosímetros dos pontos foram descontadas as leituras dos dosímetros controle. Figura 4: Um dos pontos de monitoração e posicionamento do porta dosímetro TL no tubo de PVC.

2.2. Avaliação do Dosímetros Após o período de monitoração no campo os dosímetros são encaminhados ao laboratório para que sejam realizadas as leituras TL. As leituras foram realizadas em um leitor automático Harshaw, modelo 5500 em atmosfera de nitrogênio, com uma taxa de aquecimento linear de 10 o C.s -1 e ciclo de leitura de 23 s e temperatura máxima de 250 o C. A Fig. 5 mostra o equipamento de leitura utilizado neste trabalho. Figura 5: Leitor Tl Harshaw modelo 5500 utilizado neste trabalho. A leitura TL foi então convertida em equivalente de dose ambiente (H*) através da calibração prévia dos dosímetros TL. Para a construção da curva de calibração, dosímetros selecionados do mesmo lote dos dosímetros de campo foram irradiados em condições de equilíbrio eletrônico utilizando uma fonte de Cobalto 60 calibrada em kerma no ar e rastreada pelo LNMRI (Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes). As leituras em nc foram convertidas em equivalente de dose ambiente pelo fator 1,16 [6]. 2.3. Resultados Os resultados das doses anuais nas cinco cidades durante os períodos que foram monitorados estão apresentados na tabela 1 em ordem crescente de altitude. Podemos observar uma correlação positiva entre a dose e a altitude, o que estaria de acordo com o esperado uma vez que uma maior altitude, maior seria a contribuição das fontes naturais tais como raios cósmico e menor seria a blindagem decorrente da camada atmosférica [7]. Alguns períodos não puderam ser avaliados nas monitorações trimestrais, nestes casos, foram feitos a média das avaliações realizadas durante o ano e este valor foi utilizado para compor a média anual.

Tabela 1. Resultados das doses anuais dos pontos monitorados. Ponto de monitoração Altitude (m) 2008 2009 2010 2011 2012 (ao nível do mar) H* H* H* H* H* Praia Grande, S.P. 3 N. M. N. M. 0,6 0,5 0,6 Araraquara, S.P. 664 0,8 0,9 0,8 N. M. N. M. São lourenço da Serra, S. P. 720 N. M N. M N. M N. M 0,8 Vila Carrão, São Paulo, S.P. 760 N. M 1,7 1,3 1,2 1,7 Aldeia da Serra, S.P. 1000 N. M 1,3 1,1 0,9 1,2 Obs: N. M. não monitorado Na Fig. 6 é mostrado o equivalente de dose ambiente médio anual para os cinco pontos avaliados e verificamos que o nível de radiação em altitude próxima não varia muito, com exceção do ponto da Vila Carrão onde temos uma alta densidade, populacional e de construções ao redor que podem interferir na avaliação do nível de radiação. Figura 6: Gráfico com a média anual nas cinco cidades avaliadas.

A seguir temos uma tabela fazendo uma comparação entre cidades ao nível de mar e a 1000 m de altitude. É o caso de praia grande e Aldeia da Serra veja que temos em média por ano uma equivalente de dose ambiente duas vezes maior. Tabela 3. Comparativo entre cidades com diferentes altitudes. Ponto de monitoração Praia Grande, S.P. Aldeia da Serra, S.P. Altitude (m) (ao nível do mar) Dose media, H*/ano 3 0,6 1000 1,1 3. CONCLUSÃO Embora a UNSCEAR informe que uma pessoa recebe em média uma dose de 2,4 msv/ano a partir de fontes naturais constatamos que o nível de radiação média anual é bem menor nas cidades avaliadas que é de 1,0 msv/ano. Neste estudo preliminar foi possível observar uma correlação positiva entre a altitude e as doses médias. Outros fatores que influenciam as doses serão investigados e a coleta de dados irá continuar para o melhor entendimento da influência da altitude nas doses. REFERENCES 1. E.M. Yoshimura, S.M. Otsubo, R.E.R. Oliveira, Gamma ray contribution to the ambient dose rate in the city of São Paulo, Brazil, Radiation Measurements, (2004), pp.51-57. 2. External exposure rates measured with TL dosemeters in several regions in Israel. The 2nd Regional Mediterranean Congress on Radiation Protection, Tel Aviv, Israel, 137-140 (1997) 3. J. U. Ahmed, High levels of natural radiation Report of an international conference in Ramsar IAEA Bulletin, 2/1991. 4. Carneiro, Janete C. G. G.;Betti, Flávio; SANCHES, Matias P.; Sordi,Gian. M. A. A.; Pecequilo, Brigitte R. S. Contribution of Natural Background Radiation to Annual Effective Dose in Different Areas of Sao Paulo City Preliminary assessment, Annais of 12th International Congress of the International Radiation Protection Association - IRPA 12, Buenos Aires Argentina (2008). 5. Carneiro, Janete C. G. G.; Betti, Flavio; Sanches, Matias P.; Sordi,Gian M. A. A.; Pecequilo, Brigitte R. S. Assessment of the environmental outdoor gamma radiation levels in Sao Paulo city, Int. J. Low Radiation, v. 7, n. 5 -p359-365 (2010). 6. ISO 4037-3, X and gamma reference radiation for calibrating dosemeters and dose rate meters and for determining their response as a function of photon energy Part 3:

Calibration of area and personal dosemeters and the measurement of their response as a function of energy and angle of incidence, International Standardization Organization, Geneva (1999). 7. Athina Sdrolia, Ioanna Sfamba, Anastasios Liolios and Georgios Kitis Cosmic Radiation Intensity Measurements Using TL Dosimeters at Various Mountain Altitudes 7th International Conference of the Balkan Physical Union, Alexandroupolis, Greece,(2009)