SUCESSO NO VESTIBULAR FAVORECIMENTO ECONÔMICO E CULTURAL NO ÊXITO ESCOLAR



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Transcrição:

SUCESSO NO VESTIBULAR FAVORECIMENTO ECONÔMICO E CULTURAL NO ÊXITO ESCOLAR Tulyana Coutinho Bento Pereira (bolsista do PIBIC/CNPq), Guiomar de Oliveira Passos (Orientadora, Depto. de Serviço Social UFPI) 1 INTRODUÇÃO O que favorece o êxito em processos seletivos para ingresso numa instituição pública de ensino superior? Neste trabalho, a partir de resultados parciais de pesquisa 1 sobre acesso ao ensino superior, examinam-se as condições econômicas e culturais de inscritos e aprovados nos processos seletivos para ingresso na Universidade Federal do Piauí (PSIU Geral e PSIU-Gradativo) de 2005 2 para identificar o que favorece a aprovação. Constituição um esforço na compreensão da relação entre condições econômicas e culturais e o acesso ao ensino superior público, tendo por base elementos do pensamento bourdieusiano sobre as conexões êxito escolar e posição social familiar medida pela posse de propriedades econômicas, sociais e culturais (1992; 2002). 2 METODOLOGIA O estudo é de natureza quantitativa e vale-se de dados colhidos pela Comissão Permanente de Seleção (COPESE) através de questionário sócio-econômico preenchido quando da inscrição no vestibular de 2005 e analisados com a ajuda do Startitical Package for the Social Siences (SPSS version 15.0) e Excel 2003. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A identificação dos fatores favorecedores da aprovação no vestibular da Universidade Federal do Piauí teve por base o exame das propriedades econômicas -- renda familiar, exercício de atividade remunerada e participação na renda familiar do candidato -- e cultural -- turno, tipo de curso (regular, profissionalizante e supletivo) e de escola que cursou as séries do ensino médio e nível de instrução do pai e da mãe. A renda familiar de 12,8% dos inscritos é de até 1sm, de 19,6% de mais de 1 a 2sm, de 19,7% de mais de 2 até 3sm, de 21,9% de mais de 3 a 5sm, de 16,3% de mais de 5 a 10sm, 6,8% de mais de 10 a 20sm e de 2,9% mais de 20sm. Assim, 52,1% têm menos 3sm e 47,9% mais do que isso, significando que a maioria dos que desejam ingressar fazem parte do segmento majoritário da população piauiense. Entre os aprovados, a situação se inverte: os que têm mais de 3sm são 64,5% (5,7% mais de 3 a 5sm, 23,5% mais de 5 a 10sm, 10,5% mais de 10 a 20sm e 4,7% mais de 20sm), quase o dobro dos que tem menos de 3sm que são 35,5% (5,4%, 1sm; 13,3% mais de 1 a 2sm, 16,8% mais de 2 a 3sm). 1 Pesquisa intitulada Acesso ao ensino superior público: democratização e desigualdades sociais na Universidade Federal do Piauí financiada pelo CNPq através do Edital MCT/CNPq 14/2008. 2 Último processo seletivo em que vigorou apenas a ampla concorrência.

11,1 8,9 5,6 21,1 20,2 18,8 15,3 até 1SM mais de 1 até 2SM mais de 2 até 3SM mais de 3 até 5SM mais de 5 até 10 SM mais de 10 até 20SM mais de 20SM Gráfico 1: Distribuição dos inscritos e aprovados nos processos seletivos da UFPI/2005 conforme o percentual de aprovação de cada faixa de renda familiar Em cada faixa, o sucesso foi de 21,1% dos inscritos com mais de 20sm; de 20,2% dos de 10 a 20sm; de 18,8% dos de mais de 5 até 10sm; de 15,3% dos de 3 a 5sm; de 11,1% dos de mais de 2 até 3sm; de 8,9% dos com mais de 1 até 2sm e de 5,6% dos com até 1sm. O sucesso aumentou conforme a renda. Destes candidatos, 88,8% são dependentes da família, sendo que 82,8% não trabalham e 6% exercem atividade remunerada, mas são auxiliados pela família. Os demais custeiam suas despesas e de suas famílias, parcial ou totalmente. Entre os aprovados, os dependentes da família, total ou parcialmente, são 95,1% e 5% os que arcam com suas despesas e da família. O percentual de aprovação foi de 14,3% dos que não trabalhavam e 7,2% dos que exerciam atividade remunerada, dos quais os que mais lograram êxito foram os auxiliados pela família. O sucesso maior, portanto, é dos que não trabalham, isto é, dedicam-se total ou parcialmente aos estudos. Isso se expressa no turno em que realizaram o ensino médio. Estudavam no diurno 79,4% dos inscritos e foram aprovados 14,9%, representando 90,8% entre estes. Os do noturno eram 11,4% e 4,7% lograram êxito, constituindo 4,1% do grupo. Registra-se que mesmo os que apenas concluíram no turno diurno foram mais exitosos do que aqueles concludentes do noturno, sendo, respectivamente, 9,6% e 5,8%. O curso médio concluído por 93,4% dos inscritos foi o regular, por 3,9% foi o profissionalizante e 2,7% o supletivo. Entre os aprovados, os primeiros foram 96,5% e os demais 3,4%, sendo a taxa de êxito 13,5% e 6,9%. O sucesso dos que realizaram o ensino médio na modalidade regular foi mais que o dobro dos egressos dos demais cursos.

Concluiu em escola privada Todo em escola privada Concluiu em escola pública Todo em escola pública Gráfico 2: Distribuição dos inscritos e aprovados nos processos seletivos da UFPI/2005 conforme o percentual de aprovação de cada tipo de escola em que o candidato estudou o ensino médio. Estudavam em escola privada 48,5% dos inscritos e foram aprovados 18,5%, representando 69,0% entre estes. Os que estudaram em escola pública eram 34,5% e 7,2% lograram êxito, constituindo 19,0% do grupo. Registra-se que mesmo os que apenas concluíram em escola privada foram mais exitosos do que aqueles concludentes da pública, sendo, respectivamente, 11,4% e 5,6%. O êxito aumentou com o exercício do ensino médio em escola particular. 25 20 15 10 PAI MÃE 5 0 Analfabeto Fundamental Médio Superior Gráfico 3: Distribuição de inscritos e aprovados nos processos seletivos da UFPI/2005 conforme o percentual de aprovação em cada nível de escolaridade de pai e mãe. Quanto à escolaridade dos genitores, entre os inscritos, registra-se 7,5% dos pais e 5,1% das mães que não possuíam escolaridade; 28,9% dos pais e 22,3% das mães com ensino fundamental incompleto; 9,5% dos pais e 8,2% das mães com ensino fundamental completo; 8,0% dos pais e 8,1% das mães com ensino médio incompleto; 26,5% dos pais e 29,2% das mães com ensino médio completo; 4,9% dos pais e 6,8% das mães com ensino superior incompleto e 14,7% dos pais e 20,2% das mães com curso superior completo. Já dentre os aprovados, 3,9% dos pais e 1,9% das mães eram analfabetos; 20,1% dos pais e 13,3% das mães possuíam ensino fundamental incompleto e 8% dos pais e 7% das mães havia

ensino fundamental completo; 8,3% dos pais e 7,7% das mães possuíam o ensino médio incompleto; 31% dos pais e 34,4% das mães possuíam o ensino médio completo; 7,2% dos pais e 9,5% das mães possuíam o ensino superior incompleto e 21,6% entre os pais e 26,1% entre as mães com o curso superior completo. A taxa de aprovação, conforme a escolaridade do pai é: os analfabetos 6,8%; os que têm ensino fundamental 9,5%, ensino médio 14,9%, ensino superior 19,1%. Quanto a escolaridade da mãe, analfabetas 5%, com ensino fundamental 8,7%, ensino médio 14,7% e ensino superior 17,1%. Os estudantes de pais com escolaridade média ou superior conseguiram lograr mais êxito entre os que se inscreveram no vestibular de 2005 da UFPI. O sucesso aumentou, com a escolaridade dos progenitores. Conforme os dados analisados, têm mais sucesso: os que tem renda familiar maior que 20 salários mínimos (quase quatro vezes mais do que os de até 1sm; os de pai com curso superior (quase 3 vezes que filhos de analfabetos); os frequentadores de escola privada (duas vezes mais que os da escola pública); os filhos de mãe com curso superior (mais de 3 vezes os de analfabetas) e os que estudaram no turno diurno (mais de 3 vezes que os do noturno). Ao contrário, o que desfavorece é estudar no turno noturno, ser filho de mãe analfabeta e ter renda familiar de até 1sm. Foram os inscritos nesta condição que tiveram o menor percentual de aprovação. 4 CONCLUSÃO A identificação dos fatores que favoreceram a aprovação nos processos seletivos para ingresso na Universidade Federal do Piauí se voltou para o exame das condições econômicas e culturais de inscritos e aprovados nos processos seletivos para ingresso na Universidade Federal do Piauí (PSIU Geral e PSIU-Gradativo) de 2005. Constatou-se que os fatores mais favorecedores são: renda familiar, escolaridade do pai; frequência a escola privada, escolaridade da mãe e estudar no turno diurno e o que mais desfavorecedores é estudar no turno noturno, ser filho de mãe analfabeta e ter renda familiar de até 1sm. Verifica-se, portanto, que o princípio da igualdade sob o qual se assenta o sistema escolar, em geral, e os processos seletivos então vigentes na Universidade Federal do Piauí, favorecem aos já favorecidos social e economicamente, fazendo com que os bens mais desejados, como ter acesso a uma instituição de ensino superior público, sejam apropriados pelos que já o possuem. O efeito dos processos seletivos, por conseguinte, difere conforme as propriedades econômicas e culturais dos sujeitos, sendo reduzidas as chances de sucesso de quem as possuem escassas. Palavras-chaves: Acesso ao ensino superior. Política pública. Vestibular.

REFERÊNCIAS: BOURDIEU, Pierre. Reprodução cultural e reprodução social. In:. A economia das trocas simbólicas. Trad. Sérgio Miceli. 3.ed. São Paulo: Perspectiva, 1992, p. 296-336.. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: NOGUEIRA, Maria Alice; CATANI, Afrânio (Org.). Escritos de Educação. Trad. Aparecida Joly Gouveia. 4.ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002, p. 39-64. APOIO: