USO SUSTENTÁVEL DE CISTERNAS NO SERTÃO PARAIBANO: UM ESTUDO DE CASO

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Transcrição:

USO SUSTENTÁVEL DE CISTERNAS NO SERTÃO PARAIBANO: UM ESTUDO DE CASO Elisângela Maria da Silva (1); Naiara Angelo Gomes (2) 1 Doutoranda em Engenharia Civil e Ambiental Universidade Federal de Campina Grande UFCG, E-mail: elisa_maria18@hotmai.com 2 Doutoranda em Engenharia Civil e Ambiental Universidade Federal de Campina Grande UFCG, E-mail: naiaraangelocz@hotmail.com 1. Introdução De acordo com Silva et al., (2011), a variabilidade climática e a escassez hídrica são marcas indeléveis do semiárido. Conviver com o semiárido é adaptar a sociedade a uma forma específica da ocorrência do clima na região. Neste sentido, a construção da infraestrutura hídrica e o gerenciamento dos recursos hídricos são caminhos necessários para a formação de uma estratégia robusta de adaptação das sociedades do semiárido à natureza. A região semiárida do Nordeste brasileiro encontra-se localizada no Polígono das Secas, caracterizada por apresentar eventos hidrológicos extremos, como por exemplo chuvas intensas e grandes estiagens, apresentando precipitação pluviométrica variando entre 200 a 800 mm anuais. Estes eventos periódicos tornam vulneráveis os sistemas hídricos, podendo provocar fortes impactos negativos sobre a sociedade, constituindo-se uma limitação no desenvolvimento socioeconômico de comunidades rurais (SILVA et al., 2006). Segundo Gnadlinger (2000), a coleta e armazenamento de água de chuva é uma técnica utilizada em muitas partes do mundo, especialmente em regiões áridas e semiáridas, pela sua simplicidade e por fornecer água adequada para o consumo humano. Embora estes sistemas contenham água de boa qualidade, ainda ocorre contaminação hídrica que atinge à população usuária, principalmente, da área rural. A acumulação de águas de chuvas em cisternas enquadra-se dentro das chamadas soluções alternativas de abastecimento (MAY, 2004), e como essas águas, geralmente, são destinadas ao consumo humano, é necessário controle e vigilância da sua qualidade (BRASIL, 2011). Nesse contexto, vem sendo implantada no semiárido brasileiro uma estratégia sustentável, que tem como foco melhorar o acesso de famílias à água potável, denominada Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC). Este programa é gerido por organizações da sociedade civil, agregadas à

Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) que busca o desenvolvimento social, econômico, político e cultural das populações do semiárido desde 1999 (ASA, 2002). As águas das cisternas rurais no Brasil são utilizadas apenas para os usos domésticos como, por exemplo, beber e cozinhar e, na maioria das vezes, essas águas não recebem nenhum tratamento prévio, daí a importância da segurança sanitária dessas águas para evitar a ocorrência de eventuais contaminações. Dessa forma, a qualidade da água de chuva armazenada nas cisternas não depende apenas das condições atmosféricas, mas principalmente da superfície de captação (tipo, materiais e condições de limpeza), da calha e da tubulação que transporta a água até o reservatório e da proteção sanitária do mesmo. A contaminação geralmente ocorre nessa superfície de captação (telhado, solo ou outra superfície preparada ou natural), durante o armazenamento ou na retirada de porções de água e para uso (ANDRADE NETO, 2004). Sendo assim, o objetivo desse trabalho é verificar o uso sustentável das águas das cisternas no sertão paraibano. 2. Metodologia 2.1 Área de estudo O presente trabalho constitui em uma pesquisa realizada no Assentamento Jacú, município de Pombal PB (Figura 1). O assentamento localiza-se na bacia hidrográfica do Rio Piranhas, entre a sub-bacia do Rio Piancó e a região do Alto Piranhas, inserida na zona fisiográfica do baixo Sertão do Piranhas, na mesorregião do sertão paraibano (SILVA et al., 2011). Figura 1 - Localização do município de Pombal PB Fonte: Adaptado de Araújo et al. (2016).

2.2 Procedimentos metodológicos Durante o período de desenvolvimento desta pesquisa, foram realizadas visitas de campo, com o objetivo de conhecer o uso das cisternas existentes na comunidade, bem como suas as condições de captação, transporte, armazenamento e manejo. Os dados foram coletados a partir da observação direta, registros fotográficos e conversas informais com 33 famílias, o que corresponde 82,5% das famílias assentadas. As demais famílias, não foram encontradas em suas moradias no momento das visitas. Durante as visitas ao assentamento, foram levantadas diversas informações dentre as quais, citam-se: o programa pelo qual foi beneficiado com a construção da cisterna; forma pela qual retirase água das cisternas; avaliação das áreas de captação nas casas; desvio das primeiras águas; finalidade do uso da água da cisterna; utilização de algum método de desinfecção da água; se as cisternas apresentam algum tipo de rachadura ou vazamento na sua estrutura; nos anos de seca, como são abastecidas as cisternas; e se a estrutura física das cisternas encontrava-se conservada. 3. Resultados e Discussão A partir das visitas realizadas em campo, foi possível constatar que a associação do assentamento Jacú é composta por 40 unidades familiares e que, com exceção de uma família visitada no assentamento, todas possuem cisternas para armazenamento de água das chuvas. Verificou-se que todas as cisternas do assentamento foram adquiridas pelo P1MC, que é elaborado, desenvolvido e gerenciado pela sociedade civil organizada, através da ASA, tendo diversos parceiros, entre eles, o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Como forma de evitar a contaminação na coleta de água no período de chuvas, foi relatado por todas as famílias que, as primeiras águas das chuvas não eram conduzidas as cisternas, pois estas objetivavam a lavagem dos telhados e a remoção das sujeiras, tais como poeiras, restos de folhas, galhos e fezes de aves e outros animais, sendo essa prática, adotada como medida preventiva de manejo para melhorar a qualidade da água. Quanto às condições das tampas das cisternas, em geral, estavam bem conservadas, segundo as famílias, são mantidas sempre bem fechadas para evitar a entrada de sujeiras. Esse resultado é bastante positivo quando compara-se com dados obtidos por Vieira et al. (2012), onde observa-se em seu estudo, que 75% dos entrevistados relataram não eliminar as primeiras águas de chuvas que escoam pelos telhados até as cisternas.

No que se refere às formas de coleta da água nas cisternas, constatou-se que as famílias, em sua maioria, não utilizam a bomba manual para retirar a água, como apresenta-se no Gráfico 1. Gráfico 1 Forma de coleta da água no interior da cisterna Diante do exposto, pode-se observar que, 58% das famílias do assentamento Jacú retiram água da cisterna com a utilização de balde, representando uma maneira não aconselhável de coleta, já que o usuário não pode ter contato direto com a água, para que assim, seja reduzido o risco de contaminação. Percebe-se que apenas 24% das famílias usam a bomba manual para retirar água das cisternas, justificando que, a não utilização das bombas ocorre, por motivos técnicos, bombas quebradas ou que não são eficientes, ou por preferirem usar utensílios domésticos, por serem de fácil manuseio e exigir menor esforço físico. E, 18% das famílias utilizam a associação do balde e bomba manual para a coleta da água das cisternas. Considerando a finalidade de uso, 64% das famílias usam água de cisternas para beber e cozinhar, 9% utilizam para beber, seguido de 6% cozinhar e 21% para diversos usos, conforme observado no Gráfico 2. A utilização da água para outros fins diminui a garantia de água de boa qualidade para todo o período de estiagem. Estudos desenvolvidos por Santos, Santos e Lima (2016) em uma comunidade rural no município de Cuité PB, também apresentam valores semelhantes aos encontrados nessa pesquisa onde cerca de 70% das famílias da comunidade rural utilizam as águas das cisternas para beber. Gráfico 2 Finalidade de uso

Em relação aos processos de desinfecção, 88% das famílias utilizam o hipoclorito de sódio para tratar a água de beber. As famílias que não utilizam tal desinfetante representam um percentual de 12% (Gráfico 3). Quanto à conservação e estado higiênico das cisternas, 79% estão em bom estado de conservação e 21% apresentam rachaduras e vazamentos, resultantes de problemas de construção e falta de manutenção (Gráfico 4). Gráfico 3 Utilização do Hipoclorito de Sódio Gráfico 4 Conservação e manutenção da cisterna. No que se refere ao abastecimento das águas das cisternas, a maioria das famílias responderam que utilizava água de carro-pipa, isso para quando as chuvas são escassas ou quando as águas armazenadas durante as chuvas não são suficientes para satisfazer a demanda da família. Segundo as famílias, as paredes externas das cisternas, anualmente, são pintadas de cal (cor branco) antes que se inicie o período chuvoso. Essa iniciativa tem por finalidade melhorar as condições de conservação das cisternas. 4. Conclusão - Verificou-se que todas as cisternas construídas no assentamento foram implantadas pelo programa P1MC; - Observou-se que, 58% das famílias do assentamento Jacú retiram água da cisterna com a utilização de balde, representando uma maneira não aconselhável de coleta de água; - A maior parte das famílias utiliza água de carro-pipa para a recarga hídrica das cisternas, quando as chuvas do período são escassas ou quando as águas armazenadas durante as chuvas não são suficientes para satisfazer as demandas da família.

Referências ARAÚJO, S.C.; SILVA FILHO, J.A.; SILVA, G. M S.; ANDRADE SOBRINHO, L. G.; NOGUEIRA, V. F. B. Espacialização dos serviços básicos de saneamento na zona rural do município de Pombal-PB. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v.11, n. 3, p. 122-130, 2016. ARTICULAÇÃO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO (ASA). Programa de formação e mobilização social para a convivência com o Semiárido: um milhão de cisternas rurais (P1MC). Recife (PE): ASA; 2002. ANDRADE NETO, C. O. Proteção sanitária das cisternas rurais. In: 11º SIMPÓSIO LUSO- BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 2004. Natal-RN. Anais..., 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 2011. Disponível em:< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. Acesso em: 25 de ago. 2017. GNADLINGER, J. Colheita de Água de Chuva em Áreas Rurais. Juazeiro BA: IRPAA, 2000. 40p. MAY, S. Estudo da viabilidade do aproveitamento de água de chuva para consumo não potável em edificações. 2004. 159 fls. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil) -Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo - SP, 2004. SILVA, A. de. S. et al. Recursos hídricos em regiões áridas e semiáridas. Campina Grande, PB: Instituto Nacional do Semiárido, 2011. 440 p. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/abaaae3esah/livro-rh-insa>. Acesso em: 03 ago. 2017. SILVA, M. P; OLIVEIRA, L. A; DINIZ, C. R; CEBALLOS, B. O. Educação Ambiental para o uso sustentável de água de cisternas em comunidades rurais da Paraíba. Revista de Biologia e Ciências da Terra, Suplemento Especial. n. 1, p. 122-136, 2006. SILVA, E. M; SILVA, R. B; FEITOSA, P. H. C. Educação Ambiental como Ferramenta Fundamental para o Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Produzidos em Assentamentos Rurais no Sertão Paraibano. In: II Congresso Nacional de Educação Ambiental e IV Encontro Nordestino de Biogeografia. 2011, João Pessoa, PB. Anais... 2 CD-ROM. SANTOS, E. A. V.; SANTOS, H. C.; LIMA, R, J., P. Importância e uso de água de cisternas em uma comunidade rural no município de cuité, semiárido paraibano. In: I Congresso Internacional da Diversidade do Semiárido (I CONIDIS). Campina Grande PB, Anais..., 2016. VIEIRA, J. F.; FREITAS, I, S.; ALMEIDA, J.V.; OLIVEIRA, T.A.; BARBOSA, M. M, C.; PINTO, F.R. Captação e manejo da água de chuvas na comunidade do Planalto Renascer, Quixadá-CE. In: VII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação (CONNEPI), Tocantins PI, Anais..., 2012.