UM ESTUDO DESCRITIVO DAS DIMENSÕES MOTIVACIONAIS DOS ATLETAS CORREDORES DE 5.000 E 10.000M DO TROFÉU BRASIL DE ATLETISMO Andrigo Zaar¹, Ms; Marcos Alencar Abaide Balbinotti², Ph.D. ¹Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde (DCDES). Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Portugal; ²Collectif de recherche en counseling et éveloppement de carrière (CRCDC). Université de Sherbrooke-Usherbrooke, QC, Canadá. RESUMO Este estudo tem por objetivo descrever os índices médios obtidos a partir da avaliação de seis dimensões motivacionais dos atletas especialistas nas provas de Fundo participantes do Troféu Brasil de Atletismo 2008. Para tanto, uma amostra de 26 atletas, (masculinos = 18 femininos = 8) com idades variando de 18 a 48 anos (Média = 26,38; DP = 1,45; Moda = 25; Mediana = 26) foram submetidos ao Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física e Esportiva (IMPRAFE-126). As dimensões motivacionais que mais incitam esses atletas a exercer esta função são a Competitividade e o Prazer. Palavras-Chave: Motivação; Corredores; Fundo. A DESCRIPTIVE STUDY OF THE DIMENSIONS OF MOTIVATION RUNNERS 5.000 AND 10.000M BRAZIL TROPHY OF ATHLETICS ABSTRACT This study aimed to describe the mean indexes obtained from the assessment of 6 motivational dimensions in long-distance runners that which participated in Troféu Brasil de Atletismo 2008. For that purpose, a sample of 26 athletes, (males = 18; females = 8) with ages from 18 to 48 years (Mean = 26,38; SD = 1,45; Mode = 25 Median = 26) wre submitted to the Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física e Esportiva (IMPRAFE-126). The motivational dimensions which showed to induce these athletes to their practice were competitiveness and pleasure. Key-Words: Motivation; Runners; Long distance.
1. INTRODUÇÃO O Atletismo é uma modalidade praticada em escolas, difundida em todos os níveis sociais, pelo baixo custo material e estrutural, com regras de fácil assimilação e fundamentado nos movimentos básicos do ser humano (correr, saltar e arremessar). Atualmente possui competições organizadas em diversas categorias, com promoção dos clubes filiados as federações de cada estado que estão vinculadas a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), e seus patrocinadores. Segundo Bara (1999), e Ribeiro (2001), para atingir a máxima perfeição em provas de corrida de longa distância, os atletas necessitam dispor de habilidades de aptidão física; velocidade, força, e resistência, habilidades técnico-táticas; e competências emocionais; autoconfiança, personalidade, manutenção de um estado mental equilibrado e resistência ao estresse psicossocial. As provas de Fundo em pista (5.000 e 10.000m), considerando as chamadas distâncias Olímpicas, podem ser entendidas como uma atividade que exige dos atletas uma grande capacidade de resistir ao estresse físico e emocional; que implica em capacidade de luta, tenacidade e por vezes, sofrimento (Rolim, 1998). Mesmo considerando tais condições, que podem variar entre o prazer da autosuperação e o desgaste gerado pelo grande estresse físico e mental, as corridas de Fundo são reconhecidamente um fenômeno cuja prática tem se multiplicado rapidamente, atraindo participantes de todas as idades e em todas as camadas sociais, no mundo inteiro (Coelho e Reis, 1998), tornando a prática da corrida regular para um importante número de jovens e adultos, de ambos os sexos (Rolim, 1998). No contexto competitivo, o atleta profissional move vastos interesses financeiros, recebendo boa visibilidade da mídia. Disto, advém, aos atletas de alta performance, vantagens econômicas, popularidade e prestígio. Uma combinação de fatores que promovem a exploração dos conhecimentos de diversas áreas competentes no processo de treinamento dos atletas (Weineck, 1999; Verkoshanski, 2001) e naturalmente contribui para o sucesso do treinamento esportivo. Apesar das contribuições que esta atividade promove, os aspectos que integram as dimensões motivacionais que condicionam estes atletas a aderir aos programas de treinamento sistemáticos de elevada intensidade e duração, ainda não são bem conhecidos (George & Feltz 1995).
Estudos anteriores apontam que, entre os principais motivos que levam os atletas a aderirem ao treinamento visando performance independente da idade e sexo, estão o reconhecimento do seu valor, a liberação de energia e a auto-realização (Bara, 1999), o prazer, a saúde e o controle de Estresse (Balbinotti et al. 2007), o prazer pelo esporte e o desafio da participação em competições (Ferreira, et al. 2008). Segundo esta visão, a motivação para a prática esportiva pode ser treinada e adaptada para o treinamento desportivo, porque depende da interação entre a personalidade (expectativas, motivos, necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente, como facilidades, tarefas atraentes, desafios e influências sociais. Assim, antes de elaborar e aplicar um programa de treinos, seria importante considerar as necessidades dos atletas e observar se a prática está coerente com os motivos e, conseqüentemente, se estão motivados para o treino (Tubino,1992). Desta forma, esta pesquisa tem por objetivo descrever e comparar os índices médios obtidos a partir da avaliação de seis dimensões motivacionais, que conforme Balbinotti (2004), são as dimensões mais comumente encontradas na literatura especializada: Controle de Estresse (CE), Saúde (Sa), Sociabilidade (So), Competitividade (Co), Estética (Es) e Prazer (Pr). No âmbito do desporto, vários estudos contemplam a temática da motivação (Ruiz e Chirivella, 1995; Martínez e Chirivella, 1995; Duda et al., 1995; George e Feltz, 1995; Balaguer, Duda, Atienza Mayo, 2002; Ferreira et al, 2008). A motivação, de acordo com Martinez e Chirivella (1995) é uma variável chave no desporto, tanto para a aprendizagem como para o desempenho do atleta. Balaguer e Atienza (1994) ressaltam ainda a necessidade de que os treinadores estruturem os treinos em função dos motivos que levam os atletas ao treinamento desportivo. Deci e Ryan (1985), em seus estudos sobre a motivação e a personalidade humana, desenvolveram a Teoria da Auto-determinação (TAD), a qual parte do entendimento de que grande parte das pessoas (quando saudáveis) são ativas e curiosas, demonstram prontidão para aprender e explorar e, de maneira geral, não necessitam incentivos extras para apresentarem tais comportamentos. A TAD postula, ainda, que três distintas forças motivacionais podem influenciar o comportamento humano: a Motivação Intrínseca (determinada por fatores pessoais), a Motivação Extrínseca (determinada, basicamente, por fatores situacionais) e a Amotivação (falta de motivação) (Vlachopoulus, Karageorghs e Terry, 2000). Conforme Deci e Ryan (2000), estar motivado significa estar disposto a fazer alguma coisa. A satisfação
das necessidades psicológicas inatas, de competência, de relacionamento com os pares e de autonomia são a base para o desenvolvimento do comportamento automotivado (Ryan e Deci, 2000). Apesar do fato de pessoas apresentarem um comportamento motivado de forma natural, as evidências demonstram que determinadas condições são necessárias para a manutenção deste comportamento, a TAD procura responder de que forma este comportamento motivado se mantém ou diminui, assim como, quais os fatores que contribuem para este fenômeno (Ryan e Deci, 2000). Conforme Balbinotti (2004), a manifestação comportamental da motivação pode ser avaliada a partir de um grupo de motivos que formam as seis dimensões distintas (mas relacionáveis) supracitadas. A partir dos conteúdos apresentados e pelo interesse por parte dos cientistas do esporte em descobrir novos parâmetros para compreender os diversos fatores capazes de influenciar a performance esportiva, formulamos a seguinte questão central: Quais são as dimensões motivacionais que possuem maiores escores médios (0,05), obtidos nas seis dimensões que compõem a medida do IMPRAFE- 126, dos melhores atletas brasileiros especialistas nas provas de Fundo participantes do Troféu Brasil de Atletismo 2008? Para bem respondê-la, procedimentos metodológicos foram realizados, e estão descritos a seguir. 2. PROCEDIMETOS METODOLÓGICOS 2.1 AMOSTRA A escolha da amostra foi por conveniência (não-aleatória) com o cuidado de evitar atletas fora dos critérios de seleção. Os 26 atletas corredores especialistas nas provas de Fundo (5.000m e 10.000m), de ambos os sexos (18 homens; 8 mulheres), com idades variando entre 18 a 48 anos, implicados nesta pesquisa eram atletas participantes do Troféu Brasil de Atletismo 2008. 2.2 INSTRUMENTOS Para analisar a motivação dos atletas foi utilizado o Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade Física (IMPRAF-126). O IMPRAF-126 (Balbinotti, 2004) é um inventário que avalia 6 dimensões associadas à motivação para realização de atividade física regular. Trata-se de 126 itens agrupados 6 a 6, observando a seguinte seqüência: o primeiro item do primeiro bloco de 6 apresenta uma questão relativa a dimensão motivacional Stress (ex.: liberar tensões mentais), a segunda
Saúde (ex.: manter a forma física), a terceira Sociabilidade (ex.: estar com amigos), a quarta Competitividade (ex.: vencer competições), a quinta Estética (ex.: manter o corpo em forma) e a sexta Prazer (ex.: meu próprio prazer). Esse mesmo modelo se repete no segundo bloco de seis questões, até completar 20 blocos (perfazendo um total de 120 questões). O bloco de número 21 é composto de seis questões repetidas (escala de verificação). Seu objetivo é verificar o grau de concordância acordada a primeira e a segunda resposta ao mesmo item. As respostas aos itens do inventário são dadas conforme uma escala bidirecional, de tipo Likert, graduada em 5 pontos, indo de isto me motiva pouquíssimo (1) a isto me motiva muitíssimo (5). Os sujeitos levam em média quinze minutos para responder o inventário. Cada dimensão é analisada individualmente. Um escore bruto elevado indica um alto grau de motivação para a prática de atividade física regular. Quanto à validade de construto, os resultados das análises fatoriais confirmatórias garantem a pertinência e adequabilidade do modelo assim como indica que se está avaliando o que se deseja, isto é: a motivação à prática regular de atividade física (Barbosa, 2006). 2.3 PROCEDIMENTO Após contatar os atletas e apresentar formalmente os objetivos desta pesquisa, os mesmos foram convidados a participar do estudo. Com a concordância verbal acordada, pedia-se que os atletas assinassem o consentimento informado (livre e esclarecido). Todos os atletas contatados responderam o IMPRAF-126. Cabe referir que dois critérios de seleção foram aplicados no recrutamento e compilação dos dados: ser atleta especialista nas provas de Fundo e ter classificação a final das provas de 5.000 e 10.000m do Troféu Brasil de Atletismo 2008. Por fim, em reconhecimento a participação desses atletas foi-lhes oferecida, gratuitamente, a possibilidade (se assim o desejassem) de contatar o coordenador desta pesquisa para obterem os resultados finais e discutirem os pontos pertinentes. A caracterização dos Atletas envolvidos no estudo são apresentados na tabela 1. Para responder adequadamente a questão central desta pesquisa, procedeu-se à exploração dos escores obtidos pelo IMPRAF-126, segundo princípios norteadores comumente aceitos na literatura especializada (Pestana & Gageiro, 2000; Reis, 2001; Sirkin, 1999; Trudel & Antonius, 1991; Vallerand, 1989). Caminho feito apresenta-se sucessiva e sistematicamente, os resultados das análises de itens, das estatísticas descritivas, e, finalmente, das comparações das médias.
As médias encontradas para cada um dos 120 itens, estudados individualmente (os seis repetidos foram retirados das análises, serviram apenas para se saber se os sujeitos estavam atentos aos itens), variaram entre 2,4 e 4,4; com desvios-padrões variando entre 0,8 a 1,5. Interpretam-se esses resultados preliminares como sendo bastante satisfatórios, pois não houve itens sem variabilidade e nenhum dos itens apresentou médias iguais aos valores extremos (1 ou 5). Destaca-se, ainda, que a variabilidade dos itens foi restrita (com desvios padrões não ultrapassando, em nenhum caso, o valor nominal das médias), indicando homogeneidade na dispersão avaliada. Finalmente, destaca-se que o valor Alpha encontrado para a escala total (0,968) revela um escore elevado da consistência interna do instrumento, para este conjunto de dados, um importante preditor da confiabilidade das respostas originárias deste conjunto total de itens. Todos estes resultados garantem pertinência na continuidade das análises. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nota-se que as médias totais obtidas ( X = 454,88), variaram, em valores nominais, relativamente pouco. Os desvios-padrões associados a estas médias (DP = 73,72) mostraram-se restritos, indicando uma dispersão homogênea. Com o objetivo de verificar a adequação do uso de testes paramétricos para a comparação destas médias, em um primeiro momento a igualdade estatística das variâncias foi testada, comprovada e assumida com ajuda do cálculo F de Levène (F = 0,620; p = 0,435). Tais resultados são excelentes indicadores para o uso de instrumentais paramétricos de comparação das médias. Em um segundo momento, testou-se os índices de normalidade através do cálculo Kolmogorov-Smirnov (K-S = 0,094: p = 0,200), com correção Lilliefors e índices de assimetria (Ass = 0,17) e de achatamento (Ach = -0,93). Estes resultados indicaram que se trata de dados com aderência à normalidade, portanto o uso de testes paramétricos é adequado. Como se pode observar na Tabela 2, os índices obtidos nas médias das dimensões motivacionais dos atletas variaram, consideravelmente, em valores nominais. A dimensão que mais motivou os fundistas para os treinos foi a Competitividade, seguida, respectivamente, pelo Prazer, Saúde, Sociabilidade, Estética e Controle de Estresse. Com relação às medianas, percebe-se uma variação nos valores nominais, porém estes valores sempre estiveram próximos às médias das dimensões. Cabe ressaltar, ainda, que a média aparada a 5% de todas as
dimensões esteve bem próxima à média aritmética. Percebe-se, desta forma, que os casos extremos das distribuições nas diferentes dimensões parecem não afetar de forma importante as médias. Sobre as estatísticas de dispersão, percebe-se que não há grande variação entre os desvios-padrão das diferentes dimensões; destaca-se, ainda, que em nenhuma dimensão este valor ultrapassou a metade do valor nominal das médias, indicando que a variabilidade dos dados é satisfatória. Todas as dimensões apresentaram valores máximos que ultrapassaram o valor máximo da distribuição (100). Tabela 1: Caracterização dos Atletas especialistas nas Provas de 5.000 e 10.000m participantes do Troféu Brasil de Atletismo 2008 Características dos Atletas Sexo Masculino (N = 18) Sexo Feminino (N = 8) Idade (anos) 24 ± 1 30 ± 1 Tempo de Treino (anos) 8,4 11,7 Volume Diário de Treino (horas) 3,4 2,7 Freqüência do Treino Semanal (dias) 6,6 6,6 Quantidade de Treinadores na Carreira 2,8 1,5 Nível Competitivo Internacional (%) 89% 75% Outra Profissão (%) 22,2% 25% Tabela 2: Tendência Central e Não Central Normalidade Assimet. Achatam. Dimensões? (DP) Mínimo/ Máximo Med Trimed 5% Mod K-S gl Sig Skew./EPs Kurt./Epk Controle de Estresse 62,00(17,20) 34-101 60 61,56 52,00 0,103 52 0,200 0,26-0,86 Saúde 78,21(13,88) 49-105 78 78,18 65,00a 0,086 52 0,200 0,006-0,69 Sociabilidade 77,44(13,60) 51-103 77 77,47 63,00a 0,120 52 0,060-0.10-1,08 Competitividade 81,90(14,22) 44-105 82 82,38 72,00a 0,085 52 0,200-0,37-0,34 Estética 75,34(15,99) 38-104 79 75,74 85,00 0,114 52 0,086-0,38-0,42 Prazer 79,98(13,22) 51-105 81 80,13 84,00 0,097 52 0,200-0,28-0,42 a Múltiplas Modas (65, 63 e 72).
A pequena variabilidade encontrada entre os valores máximos (4 pontos), indica certa homogeneidade nos casos extremos à direita da curva. Quanto aos valores mínimos, destaca-se que a variabilidade observada é considerável (de 34 a 51 pontos), tendo em vista, evidentemente, o valor nominal expresso. Esta variabilidade encontrada, independente da variável em estudo, indica pouca homogeneidade nos casos extremos à esquerda da curva. Foram testados os índices de normalidade da distribuição das dimensões, através do cálculo Kolmogorov-Smirnov (p > 0,05), com correção Lilliefors. Seus resultados indicam que as dimensões apresentaram distribuições que aderiram à normalidade. A análise da assimetria (-1,96 < Skewness/EPs < 1,96) e achatamento (-1,96 < Kurtosis/EPk < 1,96) das distribuições indicam que todas as dimensões apresentaram distribuição simétrica e mesocúrticas. As médias gerais encontradas para ambos os sexos em análise ( X = 62,0 a 82,9) independente da dimensão. Antes de realizarmos as comparações entre as dimensões motivacionais, realizou-se o teste de Mauchly e seus resultados (t(52) = 0,620; p = 0,435) indicaram não existir diferenças significativas entre estes índices médios de motivação à prática regular de atividade física. Tabela 3: Teste t Pareado para comparações entre dimensões Dimensões Pareadas T Gl P Contr. de Estresse Saúde -9,217 51 0,000 Contr. de Estresse Sociabilidade -9,419 51 0,000 Contr. de Estresse Competitividade -8,710 51 0,000 Contr. de Estresse Estética -5,795 51 0,000 Contr. de Estresse Prazer -9,859 51 0,000 Saúde Sociabilidade 0,471 51 0,640 Saúde Competitividade -2,192 51 0,033 Saúde Estética 1,782 51 0,081 Saúde Prazer -1,252 51 0,216 Sociabilidade Competitividade -2,485 51 0,016
Sociabilidade Estética 1,134 51 0,262 Sociabilidade Prazer -1,882 51 0,066 Competitividade Estética 4,734 51 0,000 Competitividade Prazer 1,113 51 0,271 Estética Prazer -2,585 51 0,013 Com o intuito de se verificar a existência de possíveis diferenças na intensidade (prevalência) dos valores nominais nas dimensões motivacionais estudadas, conduziu-se um teste Anova para medidas repetidas, os resultados (F = 32.899, p = 0,000) demonstraram que há diferença entre as dimensões. A fim de detectar onde estavam às diferenças, utilizou-se um teste t pareado. Os resultados apresentados na Tabela 3 demonstram que as dimensões que mais motivam os atletas especialistas nas provas de Fundo participantes do Troféu Brasil de Atletismo 2008 foram a Competitividade e o Prazer (1º), estatisticamente indissociáveis, seguido de dois trios de dimensões também estatisticamente indissociáveis, Prazer, Saúde e Sociabilidade (2º) e Saúde, Sociabilidade e Estética (3º), e por último, sem associação com nenhuma outra, a dimensão Controle de Estresse (4º). 4. CONCLUSÕES Com uma amostra de atletas corredores fundistas, este estudo teve por objetivo descrever e comparar os índices médios obtidos a partir da avaliação de seis dimensões motivacionais, que conforme Balbinotti (2004) parecem ser as dimensões mais comumente encontradas na literatura especializada: Controle de Estresse (CE), Saúde (Sa), Sociabilidade (So), Competitividade (Co), Estética (Es) e Prazer (Pr). No caso dos atletas especialistas nas provas de Fundo participantes do Troféu Brasil de Atletismo 2008, as dimensões motivacionais que mais os estimulam ao treino são: em primeiro a Competitividade e o Prazer e em um segundo momento, dois trios de dimensões, Prazer, Saúde e Sociabilidade, e Saúde, Sociabilidade e Estética, todas indissociáveis estatisticamente. Estes resultados corroboram com os encontrados por Ferreira et al. (2008) em atletas fundistas infanto-juvenis e Zaar & Reis (2010) em atletas especialistas nas provas de Meio-Fundo. Outros estudos descritivos-comparativos relacionados as dimensões motivacionais devem ser
conduzidos com o objetivo de se poder verificar a existência de perfis motivacionais típicos, seja por esporte ou por especialidade no esporte. Muito se tem a investigar sobre as dimensões motivacionais, e acredita-se que tais estudos contribuirão para o desenvolvimento da Ciência do Desporto. REFERÊNCIAS Balaguer, I.; Duda, J.L.; Atienza, F.L.; Mayo, C. (2002). Situational and dispositional goals of individual and team improvement, satisfaction and coach ratings among elite female handball teams. Psychology of Sport and Exercise; 3: 293-308. Balaguer, I; Atienza, F. (1994). Principales Motivos de los Jóvenes para Jugar AL Tênis. Apunts. Vol. 31, p. 285-299. Bara F.M. (1999). Efeitos Psicofisiológicos do Fenômeno do burnout em Nadadores. Rio de Janeiro: UGF (Dissertação de Mestrado em Educação Física). Balbinotti, A.A.M. (2004). Inventário de Motivação à Pratica Regular de Atividade Física. Laboratório de Psicologia do Esporte Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre. Balbinotti, A.A.M.; Balbinotti, C.A.A.; Gotze, M.; Barbosa, M.L.L.; Ferreira, A.O. (2007). Dimensões Motivacionais de Atletas Corredores de Longa Distância: Um Estudo Descritivo-Comparativo Segundo o Sexo. Coleção Pesquisa em Educação Física; São Paulo, Volume 6, n.2, setembro. Coelho EM, Reis VM. (1998). Treino para Meio-Fundo Curto - um estudo comparativo. Revista Atletismo. 17 (201/202), Portugal. Deci, E.L.; Ryan, R.M. (1985). Intrinsic Motivation and self-determination in human behavior. New York: Plenum. Deci, E.L.; Ryan, R.M. (2000). The what and Why of Goal Pursuits: Human Needs and the Self-Determination of Behavior. Psychological Inquiry; n.4, p. 227-268. Duda, J.; Chi, L.; Newton, M.; Walling, M; Catley, D. (1995). Task and Ego Orientation and Intrinsic Motivation in Sport. International Journal of Sport Psychology; Roma, vol. 26, n. 1, p. 81-97, Jan. Ferreira, A.O; Balbinotti, M.A.A; Balbinotti, C.A.A; Barbosa, M.L.L; Saldanha, R.P; Zaar, A. (2008). Atletas Corredores de Longa Distância: Um Estudo Descritivo das Dimensões Motivacionais. XII Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa. George, T.R.; Feltz, D.L. (1995). Motivation in Sport from a Collective Efficacy Perspective. International Journal of Sport Psychology; 26: 98-116.
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