CARLA ANDRÉIA LORSCHEIDER

Documentos relacionados
ESTUDO CITOGENÉTICO E DE POLIMORFISMO CROMOSSÔMICO EM POPULAÇÕES DO GÊNERO Rineloricaria (LORICARIIDAE, SILURIFORMES) DA BACIA DO RIO PARANÁ.

ANÁLISE CROMOSSÔMICA EM HOPLIAS MALABARICUS (CHARACIFORMES, ERYTHRINIDAE) NO RIO SARANDI, EM REALEZA PARANÁ. BOROWSKI PIETRICOSKI 2

Citótipos diferentes de Tetragonopterus argenteus... MIYAZAWA, C. S.

Análises citogenéticas de exemplares do grupo Astyanax bimaculatus oriundos de tributário do Lago de Itaipu, na região de Santa Helena PR

ESTUDO CROMOSSÔMICO DE UMA POPULAÇÃO DE TRAÍRA, Hoplias malabaricus (CHARACIFORMES, ERYTHRINIDAE), FROM PROVENIENTES DO MÉDIO RIO IGUAÇU

CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE PEIXES DO PARQUE ESTADUAL

CARACTERIZAÇÃO CARIOTÍPICA DA POPULAÇÃO DE Astyanax altiparanae DO CÓRREGO DOS CAETANOS, UBERLÂNDIA-MG.

Estudos Citogenéticos e Moleculares em Representantes da Família Erythrinidae (Teleostei, Characiformes)

ARTIGO ORIGINAL. Abstract. Diones Krinski [a], Carlos Suetoshi Miyazawa [b] Recebido: 03/04/2013 Received: 04/03/2013

ANÁLISE CITOGENÉTICA EM ASTYANAX BIFASCIATUS DO RIO IGUAÇU (UNIÃO DA VITÓRIA/PARANÁ)

CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA EM Poptella paraguayensis (CHARACIDAE, STETHAPRIONINAE) DO CÓRREGO DO ONÇA, AFLUENTE DO TAQUARI, MUNICÍPIO DE COXIM, MS

Variabilidade Nucleotídica Mitocondrial de Hoplias aff. malabaricus da Planície de Inundação do Alto rio Paraná

OCORRÊNCIA DE CROMOSSOMO B HETEROCROMÁTICO EM LAMBARIS DA BACIA DO SÃO FRANCISCO MINAS GERAIS

CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE Otocinclus vittatus (LORICARIIDAE, HYPOPTOPOMATINAE) DO CÓRREGO DO ONÇA, AFLUENTE DO TAQUARI, MUNICÍPIO DE COXIM, MS

UM TERCEIRO CITÓTIPO DE Astyanax aff. fasciatus (TELEOSTEI, CHARACIDAE) DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

CARACTERIZAÇÃO DO NÚMERO CROMOSSÔMICO EM ESPÉCIES DE ODONTOSTILBE E SERRAPINNUS (CHARACIDAE: CHEIRODONTINAE) DA BACIA DO RIO PARAGUAI, BRASIL

DESCRIÇÃO CITOGENÉTICA DE ASTYANAX SERRATUS (PISCES, CHARACIDAE) DO RIO PINTADO - PORTO UNIÃO/SC

UEM Universidade Estadual de Maringá

que possuem de 2n = 45 a 2n = 48 cromossomos, bem como distintas fórmulas cariotípicas os quais se adequam a este conceito de complexo de espécie

DADOS PRELIMINARES DO LEVANTAMENTO DA ICTIOFAUNA DO PLANALTO DE POÇOS DE CALDAS

RELAÇÕES FILOGENÉTICAS EM CALLICHTHYINAE (SILURIFORMES: CALLICHTHYIDAE): UMA CONTRIBUIÇÃO CITOGENÉTICA AOS ESTUDOS EVOLUTIVOS. JOCICLÉIA THUMS KONERAT

OCORRÊNCIA DE CROMOSSOMOS B EM PEIXES. NEOTROPICAIS E ANÁLISE CITOGENÉTICA EM Iheringichthys. labrosus E Megalonema platanum (TELEOSTEI, PIMELODIDAE)

COMPARATIVE CYTOGENETIC STUDY AMONG THREE FISH SPECIES: AN ANALYSIS FROM A WATER DIVIDE REGION

COMPOSIÇÃO DAS ESPÉCIES DE PEIXES DO RESERVATÓRIO DE SALTO SANTIAGO, RIO IGUAÇU, PARANÁ, BRASIL.

HETEROCHROMATIN PATTERNS AND KARYOTYPE RELATIONSHIPS WITHIN AND BETWEEN THE GENERA Brycon AND Salminus (PISCES, CHARACIDAE)

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Padrões citogenéticos de duas espécies de ciclídeos de bacias do semi-árido do Brasil: Crenicichla menezesi e Cichlasoma orientale

COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA DO RIO CANTU, TRIBUTÁRIO DO RIO PIQUIRI, BACIA DO ALTO RIO PARANÁ.

Washington Candeia Araújo 1 e Wagner Franco Molina 2

Comportamento meiótico em irmãos-germanos e meios-irmãos entre Brachiaria ruziziensis x B. brizantha (Poaceae)

Análise do cariótipo de duas espécies da família Formicariidae (Aves, Passeriformes)

GENÉTICA DE PEIXES NEOTROPICAIS. I. ASPECTOS DA CONSERVAÇÃO GENÉTICA DOS PEIXES NO PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA, PARANÁ, BRASIL

Universidade Estadual de Maringá

ESTUDO CITOGENÉTICO DA RÃ-TOURO (Rana catesbeiana Shaw, 1802) 1

ICTIOFAUNA DO RIACHO DO JAPIRA, BACIA DO TIBAGI, LOCALIZADO NO MUNICÍPIO DE APUCARANA-PR

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

RELATÓRIO FINAL Programa de Bolsa de Produtividade em Pesquisa

Revelando os Processos de Diversificação Cariotípica em Primatas Neotropicais por FISH

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E EVOLUÇÃO

Citogenética Clássica e Molecularem Passifloras:

O USO DE MARCADORES CITOGENÉTICOS BÁSICOS E MOLECULARES PARA A CARACTERIZAÇÃO DE UMA POPULAÇÃO DE Hoplias malabaricus

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Caracterização cariotípica de um estoque de tilápia ARTIGOS do Nilo, Oreochromis / ARTICLES niloticus, da Universidade Estadual de Londrina,...

Cytogenetic analyses of two Curimatidae species (Pisces; Characiformes) from the Paranapanema and Tietê Rivers

Cytotaxonomy of Parodon nasus and Parodon tortuosus (Pisces, Characiformes). A case of synonymy confirmed by cytogenetic analyses

ABUNDÂNCIA RELATIVA DE Auchenipterus nuchalis DO RESERVATÓRIO COARACY NUNES

LEONARDO MARCEL PAIZ

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GENÉTICA E BIOQUÍMICA PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOQUÍMICA

AVALIAÇÃO DOS EVENTOS DE HIBRIDIZAÇÃO ENTRE POPULAÇÕES INTRODUZIDAS E ENDÊMICAS DE Steindachnerina (PISCES, CHARACIFORMES) DO ALTO RIO PARANÁ

VARIAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS DO ICTIOPLÂNCTON EM UMA SUB-BACIA REPRESADA DO SUDESTE DO BRASIL

Caracterização citogenética de Gabiroba (Campomanesia adamantium)

CARACTERIZAÇÃO CITOMOLECULAR DE TRÊS ESPÉCIES DE Coffea L: C. eugenioides, C. canephora E C. dewevrei *

ISSN Evolução e Conservação da Biodiversidade e autores Acesso livre em

Ictiofauna da Estação Ecológica do Tapacurá

Título do Projeto de Pesquisa: Estudos citogenéticos em amostras da espécie Apteronotus bonapartii coletadas em rios da região amazônica

LEONARDO MARCEL PAIZ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RAFAEL ERNESTO BALEN

MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA DO PARQUE AQÜÍCOLA XORORÓ NO RESERVATÓRIO DE ITAIPU PARANÁ/BRASIL

Caracterização Cariotípica de espécies de peixes do gênero Astyanax: uma contribuição para a análise da biodiversidade do grupo

Registro de Phrynops williamsi no rio do Chapecó, Oeste de Santa Catarina, Brasil

ESTUDO GENÉTICO DA PIRAPUTANGA Brycon microlepis. GENETIC STUDY PIRAPUTANGA Brycon microlepis

ANA PAULA ALVES SILVA

ASPECTOS DA BIOLOGIA POPULACIONAL DO TUCUNARÉ (Cichla piquiti) NO RESERVATÓRIO DE LAJEADO, RIO TOCANTINS

ISSN DOI: /ecb.v4i2.55 Acesso livre em

Marcadores cromossômicos aplicados a estudos da biodiversidade e conservação da Ictiofauna Neotropical

ANA PAULA DE SANTI RAMPAZZO ANÁLISE CITOGENÉTICA EM ESPÉCIES DAS SUBFAMÍLIAS CHEIRODONTINAE E APHYOCHARACINAE (TELEOSTEI, CHARACIDAE).

Relatório conclusivo do monitoramento do bagre Rhamdia jequitinhonha - Silfvergrip, 1996 (condicionante 21)

Peixes do rio Turvo bacia do rio Paranapanema, São Paulo, Brasil

RAFAELA CALLEGARI CARNEIRO. PREVALÊNCIA DE DEPRESSÃO EM IDOSOS NO BRASIL: Uma Revisão de Literatura

DIVERSIFICAÇÃO CARIOTÍPICA EM CINCO ESPÉCIES DE MORÉIAS DO ATLÂNTICO OCIDENTAL (ANGUILLIFORMES)

COMPOSIÇÃO DA ICTIOFAUNA PRESENTES EM UM RESERVATÓRIO DO SEMIÁRIDO POTIGUAR ANTES DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO.

ANÁLISE CITOGENÉTICA DE PYGOCENTRUS NATTERI

GISELE APARECIDA FIDELIS

Cytotaxonomic and Evolutionary Considerations about Karyotipic Data of Fishes from the Iguaçu River Basin in South of Brazil

ALIMENTAÇÃO DE TRÊS ESPÉCIES DE Astyanax, NO CÓRREGO ITIZ, MARIALVA, PR

Cytogenetic analysis of three catfish species of the family Pseudopimelodidae (Teleostei, Siluriformes)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E EVOLUÇÃO

ANALISES FISICO QUIMICA DO LAGO JABOTI

CARIÓTIPOS E REGIÕES ORGANIZADORAS DE NUCLÉOLOS (RON) DE Marmosa E Didelphis (DIDELPHIDAE) DO ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL. RESUMO

CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA E POPULACIONAL DO CROMOSSOMO B DE METALEPTEA BREVICORNIS ADSPERSA (ORTHOPTERA ACRIDIDAE).

ASTERACEAE DUMORT. NOS CAMPOS RUPESTRES DO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI, MINAS GERAIS, BRASIL

CITOGENÉTICA DE POPULAÇÕES DE

COMPOSIÇÃO TAXONÔMICA E ESTRUTURA EM TAMANHO DA ASSEMBLÉIA DE PEIXES DO CÓRREGO ITYS, NO MUNICÍPIO DE MARIALVA PR

OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DA ICTIOFAUNA DE ÁGUA-DOCE NO ESTADO DE SANTA CATARINA

First cytogenetic record for a species of Otothyropsis Ribeiro, Carvalho & Melo, 2005 (Loricariidae, Hypoptopomatinae)

RESSALVA. Atendendo solicitação do autor, o texto completo desta dissertação será disponibilizado somente a partir de 26/04/2018.

ESTUDOS CITOGENÉTICOS EM DUAS ESPÉCIES DO GÊNERO Apteronotus (APTERONOTIDAE-GYMNOTIFORMES) COLETADOS EM RIOS DA REGIÃO AMAZÔNICA

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

LUCAS CAETANO DE BARROS

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ


Cytogenetical analyses in four species of the genus Astyanax (Pisces, Characidae) from Paraíba do Sul River Basin

DIMORFISMO SEXUAL SECUNDÁRIO EM FÊMEAS DE Cichla kelberi (TELEOSTEI, PERCIFORMES, CICHLIDAE).

Cynthia R. Matos Silva

Composição, Riqueza e Abundância do Zooplâncton na Planície de Inundação do Alto Rio Paraná

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIOCIÊNCIAS SOLANGE PEREIRA SCHWENGBER

Análises cromossômicas em uma população de baru (Dipteryx alata Vog) presente no cerrado da região de Ipameri - GO

ANÁLISE MITOCONDRIAL DE DIFERENTES CITÓTIPOS DO LAMBARI-DO-RABO-VERMELHO NO RIO MOGI GUAÇU.

ALIMENTAÇÃO DE DUAS ESPÉCIES DE PEIXES DO CÓRREGO ITIZ, MARIALVA, PARANÁ

VANESSA BUENO DA SILVA. CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR EM Hypostomus spp. LACÉPÈDE, 1803 DO RIO PIQUIRI (PR).

Transcrição:

CARLA ANDRÉIA LORSCHEIDER ESTUDOS DA COEXISTÊNCIA DE CINCO ESPÉCIES DE CICHLIDAE (OSTARIOPHYSI, PERCIFORMES) EM SIMPATRIA NO RIO PIQUIRI, PARANÁ, BRASIL, ATRAVÉS DE UMA ABORDAGEM CITOGENÉTICA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Área de concentração - Biologia Celular e Molecular) da Universidade Estadual de Maringá, para obtenção do grau de Mestre em Ciências Biológicas. Maringá Maio 2008

CARLA ANDRÉIA LORSCHEIDER ESTUDOS DA COEXISTÊNCIA DE CINCO ESPÉCIES DE CICHLIDAE (OSTARIOPHYSI, PERCIFORMES) EM SIMPATRIA NO RIO PIQUIRI, PARANÁ, BRASIL, ATRAVÉS DE UMA ABORDAGEM CITOGENÉTICA Prof. Dr. Horácio Ferreira Júlio Junior Orientador Prof. Dr. Vladimir Pavan Margarido Co-orientador

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maringá PR., Brasil) D722a Carla Andréia Lorscheider Estudos da coexistência de cinco espécies de Cichlidae (Ostariophysi, Perciformes) em simpatria no Rio Piquiri, Paraná, Brasil, através de uma abordagem citogenética / Carla Andréia Lorscheider -- Maringá : [s.n.], 2008. f. : il., figs., tabs., retrs. Orientador : Prof. Dr. Hóracio Ferreira Júlio Junior Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pósgraduação em Ciências Biológicas. Departamento de Genética, 2008. 1. Citogenética. 2. Citogenética de Peixes. 3. Cichlidae. I. Universidade Estadual de Maringá. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas Área de concentração Biologia Celular e Molecular Cdd 21.ed. 571.32

BIOGRAFIA Carla Andréia Lorscheider nasceu em Toledo/PR em 29/11/1982. Possui graduação em Ciências Biológicas Bacharel pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2004) e Pósgraduação em Ciências Morfofisiológicas Enfoque Corpo Humano pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2006). Atualmente é Professora Colaboradora da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória. Tem experiência na área de Citogenética de Peixes.

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela vida e presença em minha vida, me abençoando e fortalecendo. A minha amada Mãezinha por sonhar e realizar comigo todas as minhas conquistas. Ao meu amado Pai que mesmo não presente de corpo na minha vida, deixou registrado em mim seu amor, algo que me fortalece. Ao meu querido irmão Maycon, pela sua amizade e apoio durante todos os anos de estudo, e a minha sobrinha linda Maria Cecília pela alegria que trouxe em minha vida. A minha família que é fundamental em todas as realizações dos meus sonhos. Ao meu querido namorado Clóvis pela paciência, amizade, incentivo, amor e acolhida que foi muito importante para o termino do mestrado e a da minha dissertação. Ao meu orientador Prof. Dr. Horácio Ferreira Júlio Junior pela confiança depositada a mim. Ao meu mestre e amigo Prof. Dr. Vladimir Pavan Margarido, por ter depositado mais uma vez sua confiança em mim, pelo incentivo, orientação, amizade, dedicação e paciência. Com certeza meu maior mestre. A meu amigo e companheiro Fernando, por ter caminhado comigo até o mestrado me vendo sonhar e realizar esse sonho. As minhas amigas e companheiras do mestrado Juliana e Jocicléia que passarão horas e horas estudando comigo as bioquímicas e que foram fundamentais na minha permanência em Maringá. Eu sempre disse que estava acabando, rs, acabou. A todos os meus amigos e colegas do mestrado em especial a Adriana. Aos meus amados primos Silvana e Adalberto, pela acolhida, carinho, atenção e amizade. Com certeza a melhor coisa que me aconteceu durante a minha permanência em Maringá foram vocês. E a minha prima amada Marcela por toda a amizade e pelo tempo e horas de conversas. Ao Weferson pela ajuda e por ter sido fundamental para a realização desse trabalho, identificando as espécies. A meus amigos e colegas do laboratório de Citogenética de Peixes da UEM e da UNIOESTE por toda a amizade e ajuda. Em especial a Mazé uma mãe para todos e a equipe de coleta de peixes de Cascavel que são fundamentais na realização da minha dissertação.

Aos meus professores do mestrado, que me ensinaram muito. Em especial as Professoras Isabel e Ana Luiza. Ao curso de pós-graduação em Ciências Biológicas. E a Universidade Estadual de Maringá. Em especial ao Nelsino pela paciência comigo e pela dedicação ao Curso. A minha querida Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em especial ao Prof. Dr. Vladimir Pavan Margarido que permitiu e deu toda a assistência para a realização da minha dissertação. Sou extremamente grata por ter confiado em mim e permitir que eu realiza-se meu trabalho. Ao CNPq, pelo apoio financeiro. Aos membros da banca examinadora, pelas críticas e sugestões. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste trabalho. Muito obrigada!

APRESENTAÇÃO Esta dissertação é composta de um artigo científico, o qual foi concluído a partir de estudos citogenéticos de cinco espécies da família Cichlidae Cichlasoma paranensis, Crenicichla jaguarensis, Crenicichla jupiaensis, Crenicichla niederleinii e Geophagus brasiliensis coletadas no Rio Piquiri (PR). Em consonância com as regras do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, o artigo foi redigido de acordo com a revista Journal of Fish Biology. Lorscheider, C.A.; Júlio Jr, H.F.; Margarido, V.P. Estudos da coexistência de cinco espécies de Cichlidae (Ostariophysi, Perciformes) em simpatria no Rio Piquiri, Paraná, Brasil, através de uma abordagem citogenética.

RESUMO GERAL A família Cichlidae pertencente à ordem Perciformes, compreendendo um dos grupo de peixes com maior número de espécies, apresentando mais de 1.292 espécies divididas em 277 gêneros. Os ciclídeos estão amplamente distribuídos na África e região Neotropicail. Do ponto de vista citogenético, são os peixes mais estudados da ordem Perciformes, mas o número ainda é muito baixo e representa menos que 10% do total das espécies pertencente à família. No presente trabalho, foram analisadas cinco espécies de peixes pertencentes à Cichlidae: Cichlasoma paranaensis, Crenicichla jaguarensis, Crenicichla jupiaensis, Crenicichla niederleinii e Geophagus brasiliensis. Essas espécies foram coletadas no Rio Piquiri (PR) e submetidas ao estudo citogenético pela coloração convencional por Giemsa, impregnação pela prata (Ag-RONs), bandamento-c, coloraçao pelos fluorocromos base-específicos DAPI e CMA 3, e hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas de rdna 18S. A análise por Giemsa mostrou um número diplóide de 48 cromossomos para as cinco espécies. C. jupiaensis, C. jaguarensis, C. niederleinii e G. brasiliensis apresentaram o mesmo número fundamental, igual a 54 (6 m-sm + 42 st-a), enquanto C. paranaensis aperesentou número fundamental igual a 68 (20 m-sm + 28 st-a). A coloração com nitrato de prata e FISH com sondas de rdna 18S revelaram um padrão de RONs simples, localizadas no braço curto do 1º par nas espécies de Crenicichla, 7 par em G. brasiliensis e 4 par em C. paranaensis. As regiões DAPI negativas e CMA 3 positivas foram coincidente com os sítios das RONs para as cinco espécies. O padrão de bandas-c detectou a presença de blocos claros associados às RONs e na região centromérica da maioria dos cromossomos. Esses são os primeiros estudos citogenéticos para as espécies C. jaguarensis e C. jupiaensis, além de registrar uma nova localidade de ocorrência dessas espécies. Os dados reforçam a idéia de que o gênero Crenicichla é um grupo que tem se mostrado bastante conservado quanto à evolução de sua macroestrutura cromossômica, já que nenhuma diferença foi encontrada entre as 3 espécies aqui analisadas. Os dados obtidos no presente trabalho contribuem para ampliação dos dados cariotípicos em ciclídeos, auxiliando na elucidação da história evolutiva desse grupo.

ABSTRACT The Cichlidae belongs to Perciformes and comprises the group with the largest number of species, represented by 1.292 species grouped in 277 genera. The cichlids are widely distributed in Africa and Neotropical regions. Although cichlids are the most cytogenetically studied among Perciformes, the data available in literature represents less than 10% of the total number of species in this fish family. In the present study, five sympatric species belonging to the family Cichlidae were collected in Piquri River (PR): Cichlasoma paranaensis, Crenicichla jaguarensis, Crenicichla jupiaensis, Crenicichla niederleinii, Geophagus brasiliensis, and submitted to cytogenetical analyses trough Giemsa staining, silver staining (Ag-NORs), C-banding, staining by base specific fluorochromes (DAPI and CMA 3 ), and FISH with rdna 18S probe. All species presented a diploid number of 48 chromosomes and fundamental numbers equal to 68 for C. paranaensis (20 m-sm + 28 st-a) and equal to 54 for the others four species (6 m-sm + 42 st-a). Fluorescent In situ hibridization with 18S rdna probe and silver staining identified only one chromosome pair bearing NORs sites: 1 st pair in all Crenicichla species, 7 th pair in G. brasiliensis and 4 th pair in C. paranaensis. All species presented NORs regions positive for CMA 3 and negative for DAPI staining. C-banding evidentiated heterochromatin in the centromeric region and associated with NORs in all species. This is the first cytogenetic study in C. jupiaensis and C. jaguarensis, besides being the record of a new locality of occurrence of these species. The results reinforce the idea that Crenicichla is a genus with a conserved karyotypic macrostructure, once no differences were found among the three analyzed species. The data obtained in this research contribute for increasing the cytogenetical data in cichlids, and contributes for a better comprehension of the evolution of this fish group.

Wxw vé t Å Ç{t ytå Ä ta

A sabedoria não nos é dada, É preciso descobri-lá por nós mesmos, Depois de uma viagem que ninguém Nos pode poupar ou fazer por nós. Marcel Proust

Estudos da coexistência de cinco espécies de Cichlidae (Ostariophysi, Perciformes) em simpatria no rio Piquiri, Paraná, Brasil, através de uma abordagem citogenética. Carla Andréia Lorscheider 1 ; Horácio Ferreira Júlio Junior 1 ; Vladimir Pavan Margarido 2. 1 Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo, 5790, 87020-900 Maringá, PR, Brasil 2 Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Rua Universitária, 2069, 85819-110 Cascavel, PR, Brasil Email: vpmargarido@unioeste.com.br Telefone: (45) 3220-3235

RESUMO Estudos citogenéticos foram realizados em cinco espécies de peixes pertencentes à família Cichlidae, coletadas em simpatria no rio Piquiri: Cichlasoma paranaensis, Crenicichla jaguarensis, Crenicichla jupiaensis, Crenicichla niederleinii e Geophagus brasiliensis. Todas as espécies apresentaram número diplóide igual a 48 cromossomos, sendo o número fundamental igual a 68 para C. paranaensis e 54 para as demais espécies analisadas. Técnicas de Ag-RONs e Bandamento C foram utilizadas como marcadores a fim de caracterizar o cariótipo das espécies bem como para o melhor entendimento da evolução do grupo. Os resultados encontrados reforçam a idéia de que o gênero Crenicichla é um grupo que tem se mostrado bastante conservado quanto à evolução de sua macroestrutura cariotípica, possuindo cariótipo mais derivado quando comparado a Cichla, e mais ancestral com relação à Cichlasoma, e que mecanismos de isolamento reprodutivo pré-copulatórios, tais como comportamento e época reprodutivos, devem ser os principais fatores que viabilizam a coexistência em simpatria das espécies de Cichlidae. Os dados obtidos neste trabalho contribuem para ampliação dos dados citogenéticos em ciclídeos, sendo os primeiros para as espécies de C. jupiaensis e C. jaguarensis, além de registrar um novo local de ocorrência dessas espécies. PALAVRAS CHAVES: Cichlidae, Evolução Cromossômica, Crenicichla, Cichlasoma, Geophagus.

Coexistence of five sympatric species of Cichlidae (Ostariophysi, Perciformes) in Piquiri River, Paraná, Brazil, studied through a cytogenetical approach. Abstract Cytogenetical studies were carried out in five sympatric species belonging to the family Cichlidae collected in Piquri River: Cichlasoma paranaensis, Crenicichla jaguarensis, Crenicichla jupiaensis, Crenicichla niederleinii and Geophagus brasiliensise. All species presented a diploid number of 48 chromosomes and fundamental numbers equal to 68 for C. paranaensis and equal to 54 for the others four species. Conventional cytogenetical techniques (Ag-NORs, C-banding) were used to characterize the species karyotype and for a better comprehension of the evolution of this fish group. The results reinforce the idea that Crenicichla is a genus with a conserved karyotypic macrostructure, owning a derivated karyotype in relation to Cichla and ancestral ones when compared to Cichlasoma. Moreover, reproductive pre-copulatory barriers, such as differences in reproductive behavior and season, are the mainly factors that allow the sympatric coexistence of these related Cichlidae species. The data obtained in this research contribute for increasing the cytogenetical data in cichlids, being the first in C. jupiaensis and C. jaguarensis, besides being the record of a new locality of occurrence of these species. Geophagus. Key words: Cichlidae, Chromosomal evolution, Crenicichla, Cichlasoma, Running title: Cytogenetics in five Cichlidae species

INTRODUÇÃO O rio Piquiri é um afluente da margem esquerda do rio Paraná, drenando uma área de 31.000 km 2. Suas nascentes estão localizadas na serra de São João, e percorre 485 km de águas rápidas, quedas e trechos estreitos até o rio Paraná, apresentando um desnível de aproximadamente 1.000 m das cabeceiras até sua foz (Paiva, 1982; Agostinho & Júlio Jr., 1999). A ictiofauna do rio Piquiri apresenta uma composição de peixes diferente quando comparada com outros afluentes do rio Paraná, com elevada abundância de algumas espécies como Leporinus amblyrhynchus Garavelho & Britski, 1987, Schizodon nasutus Kner, 1858, Galeocharax knerii (Steindachner, 1879), Mylopus levis Eignmann & McAtee, 1907, Apareidon piracicabae (Eigenmann, 1907), que esporádicas nos demais rios, e ausência de algumas espécies amplamente distribuída na bacia, como o Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) (Agostinho et al., 1997), e tendo sido até o momento registradas 94 espécies (Stanger & Margarido, 2008). Estudos sobre a ictiofauna ressaltam a importância deste rio como banco genético, pois abriga espécies ameaçadas de extinção listadas no Brazilian Red List Book como a Crenicichla jupiaensis Britski & Luengo, 1968 e Steindachneridion scripta (Miranda Ribeiro, 1918) (Rosa & Lima, 2005), bem como a presença de espécies endêmicas como Apareiodon vladii Pavanelli, 2006. Perciformes é a maior ordem dos vertebrados e a mais diversificada, compreendendo 150 famílias, 1.496 gêneros e aproximadamente 9.290 espécies, sendo a água doce o habitat de 14% das espécies (Nelson, 1994). Dentre as famílias, os ciclideos são considerados um dos maiores grupos de teleósteos, com cerca de 1.300 espécies, distribuídas em 227 gêneros, e a grande maioria habita água doce da África e América do Sul, e com algumas espécies encontradas na América Central e do Norte e em partes da Ásia (Kullander, 1998). A distribuição geográfica está comumente limitada a um único rio ou alguns riachos, refletindo tanto na presença de barreiras ecológicas como a história de drenagem dos rios (Kullander, 2003). Habitam as margens dos rios ou entre a vegetação flutuante, igarapés, florestas alagadas, lagos e corredeiras, mas preferem em sua maioria ambientes lênticos (Lowe-McConnell, 1991; Nakatani et al., 2001). A reprodução nos ciclídeos não apresenta uma época bem definida, podendo reproduzir-se por um período mais longo (Ferreira, 1981). De

maneira geral, o dimorfismo sexual está relacionado à cor e ao tamanho corpóreo, sendo os machos maiores que as fêmeas. O cuidado parental é marcante entre os indivíduos desta família, e este papel é desempenhado principalmente pelas fêmeas (Kullander, 2003). Com relação aos estudos cromossômicos em Cichlidae, a distribuição geográfica do número diplóide é considerada bimodal, onde os ciclídeos africanos apresentam 2n = 44 cromossomos, com variação de 32 a 48 cromossomos e número fundamental (NF) de 44 a 88; enquanto os ciclídeos neotropicais apresentam 2n = 48 cromossomos, com variação de 38 a 60 cromossomos e NF de 44 a 118 (Feldberg et al., 2003). Os ciclídeos, geralmente, apresentam as regiões organizadoras de nucléolos (RONs) simples localizadas em um grande par do complemento, e heterocromatina localizada preferencialmente em regiões pericentroméricas (Feldberg e Bertollo, 1985a; Martins et al., 1995; Mizoguchi et al., 2007). No rio Piquiri, Stanger e Margarido (2008) registram a ocorrência de sete espécies de Cichlidae: Cichlasoma paranaensis Kullander, 1983, Crenicichla britskii Kullander, 1982, Crenicichla haroldoi Luengo & Britski, 1974, Crenicichla jaguarensis Haseman, 1911, Crenicichla jupiaensis, Crenicichla niederleinii (Holmberg, 1891) e Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824). Recentes revisões sobre o gênero Crenicichla foram realizadas, mas apresentando muitos erros e inconsistências (Kullander, 2003). O objetivo do presente trabalho foi, a partir das análises dos cromossomos de Cichlasoma paranaensis, Crenicichla jaguarensis, C. jupiaensis, C. niederleinii e Geophagus brasiliensis, contribuir para a compreensão da história evolutiva dos ciclídeos, com uma abordagem sobre a convivência simpátrica das espécies reprodutivamente isoladas, sendo também os primeiros dados citogenéticos de C. jaguarensis e C. jupiaensis. MATERIAIS E MÉTODOS Cichlasoma. paranaensis (1 macho e 1 fêmea), Crenicichla jaguarensis (10 machos e 10 fêmeas), C. jupiaensis (10 machos e 2 fêmeas), C. niederleinii (5 machos e 4 fêmeas) e G. brasiliensis (11 machos e 5 fêmeas) foram coletadas no rio Piquiri, no estado do Paraná, Brasil (Fig. 1). Amostras testemunho foram depositadas no Museu de Ictiologia do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura da Universidade Estadual de Maringá/PR (Fig. 2). Cromossomos mitóticos foram obtidos a partir da porção anterior do rim (Bertollo et al., 1978). A heterocromatina foi determinada pela técnica de Sumner (1972) e as RONs localizadas pela técnica de impregnação por prata (Howell & Black, 1980). Os tipos de cromossomos foram classificados segundo os critérios proposto por Levan et al. (1964) e foram organizados em dois grupos: meta-submetacêntrico (m-sm) e subtelo-acrocêntrico (st-a). Para calcular o número fundamental foram levados em conta cromossomos m-sm e st-a com dois e um braços, respectivamente.

RESULTADOS As cinco espécies estudadas apresentaram número diplóide de 48 cromossomos, para machos e fêmeas, com ausência de cromossomos sexuais diferenciados morfologicamente. Crenicichla jaguarensis, C. jupiaensis, C. neiderleinii e G. brasiliensis apresentaram NF = 54, com 3 pares de cromossomos m-sm e 21 pares de cromossomos st-a. Em Cichlasoma paranaensis observou-se NF = 68, com 10 pares de cromossomos m-sm e 14 pares de cromossomos st-a. As espécies pertencentes ao gênero Crenicichla apresentaram contrição secundária intersticial conspícua no 1º par cromossômico (Figs. 3 e 4). Um único par portador de RONs foi verificado pela coloração por prata nas cinco espécies. Em C. jupiaensis, C. jaguarensis e C. niederleinii foi localizada intersticialmente no braço curto do 1º par cromossômico m-sm; em G. brasiliensis na região telomérica no braço curto do 7º par cromossômico sta; em C. paranaensis intersticialmente no braço curto do 4 par cromoss ômico m-sm. Heteromorfismo de tamanho nas RONs foi verificado em todas as espécies, e mais evidente em G. brasiliensis (Figs. 3 e 4). A heterocromatina apresentou-se distribuída na região centromérica da maioria dos cromossomos, e associadas às RONs nas cinco espécies estudadas. Crenicichla niederleinii apresentou uma heterocromatina mais pálida quando comparada à C. jaguarensis e C. jupiaensis, sendo que essas últimas mostram um padrão bem similar. Em G. brasiliensis e em C. paranaensis foi verificada uma maior quantidade de heterocromatina quando comparada às espécies de Crenicichla, sendo que G. brasiliensis apresentou ainda marcação intercalar no braço longo dos pares cromossômicos 5, 12 e 13 e telomérica no braço longo do par 14 (Figs. 5 e 6). DISCUSSÃO Esses são os primeiros dados citogenéticos de Crenicichla jupiaensis e C. jaguarensis. Outras populações de C. niederleinii, G. brasiliensis e Cichlasoma paranaensis já foram estudadas por outros autores (Thompson, 1979; Feldberg & Bertollo, 1985a,b; Martins et al., 1995; Brum et al., 1998; Vicari et al., 2006) e revelaram uma fórmula cromossômica diferente dos resultados aqui encontrados, com exceção de C. paranaensis estudada por Martins et al. (1995). Diferenças morfológicas (Kullander, 1998), moleculares (Farias et al., 2000) e cariotípicas com relação ao número fundamental (Brum et al., 1998; Vicari et al., 2006) entre populações de G. brasilienses de diferentes localidades têm sido relatadas, sugerindo que seja um complexo de espécies. As diferenças entre as populações de C. niederleinii e C. paranaensis aqui estudadas com as da literatura podem representar variações interpopulacionais existentes, decorrentes de rearranjos cromossômicos, ou dificuldades técnicas na determinação da posição exata do centrômero, uma vez que o valor da relação dos braços pode estar muito próximo aos limites estabelecidos, ou ainda estarem relacionadas a diferenças na condensação relativa entre alguns cromossomos, como observados por Feldberg & Bertollo (1985a). Espécies dos gêneros Crenicichla, Geophagus (exceto G. brasiliensis) e Gymnogeophagus Miranda Ribeiro, 1918 possuem o maior par de cromossomos muito característico, sendo m ou sm com uma constrição

secundária intersticial conspícua (Feldberg et al., 2003), a maioria das espécies de Crenicichla, assim como as três espécies aqui estudadas, apresentam esse par marcador interespecífico. O número diplóide de 48 cromossomos observado no presente estudo para as cinco espécies é considerado uma característica plesiomórfica para Cichlidae (Feldberg et al., 2003; Vicari et al., 2006). Um cariótipo composto por cromossomos com dois braços significa que é um cariótipo mais derivado, enquanto a presença de um maior número de cromossomos acrocêntricos significa mais ancestral, como para as espécies do gênero Cichla que apresentam apenas cromossomos acrocêntricos, o qual é considerado basal em Cichlidae (Thompson, 1979; Feldberg et al., 2003). Deste modo, C. jaguarensis, C. jupiaensis e C. niederleinii e G. brasiliensis estudadas no presente trabalho possuem um cariótipo mais ancestral quando comparado à Cichlasoma paranaensis, e mais derivado quando comparado à Cichla. Esses dados reforçam a proposta de Feldberg et al. (2003) que sugerem Crenicichla em posição mais derivada dentro do grupo de ciclídeos, em decorrência da presença de cromossomos do tipo metasubmetacêntricos, discordando da proposta de Kullander (1998), que baseado em caracteres morfológicos, dispõe Crenicichla e Cichla como grupos basais e irmãos, e concordando com Farias et al. (2000) que, baseados em estudos moleculares, propuseram Crenicichla como mais derivado em relação à Cichla. As cinco espécies aqui analisadas apresentaram RONs simples, localizados em cromossomos relativamente grandes, provavelmente uma simplesiomorfia para o grupo (Feldberg & Bertollo, 1985b; Vicari et al., 2006) Em geral, a maioria das espécies pertencentes à Cichlidae apresentam RONs simples (Feldberg & Bertollo, 1985b; Brum et al., 2002; Vicari et al., 2006; Benzaquem et al., 2007; Mizoguchi et al., 2007), embora algumas espécies apresentem RONs múltiplas (Martins et al., 1995; Salgado et al., 1995). A localização das RONs é um marcador interespecífico para Crenicichla, a maioria das espécies, assim como as estudadas no presente trabalho, apresente marcações localizadas no 1º par de cromossomos meta-submetacêntricos, caráter considerado ancestral para a família (Feldberg & Bertollo, 1985b), e em região intersticial no braço curto (Feldberg & Bertollo, 1985a,b; Martins et al., 1995; Benzaquem et al., 2007), entretanto, algumas espécies apresentam marcações em diferentes pares cromossômicos e localizações (Martins et al., 1995; Benzaquem et al., 2007). Já nas populações de G. brasiliensis e C. paranaensis, as RONs foram localizadas no 7 e 4 par respecti vamente, sendo considerado um caráter mais derivado em decorrência da localização dos cístrons ribossômicos não estarem localizados no 1 par do complemento. O het eromorfismo de tamanho nos sítios homólogos das RONs, verificado nas espécies estudadas é freqüente na família Cichlidae (Feldberg & Bertollo, 1985b; Brum et al., 1998; Vicari et al, 2006; Benzaquem et al., 2007), o que pode ser causado por mutações desiguais durante a meiose e/ ou trocas entre cromátides irmãs, envolvendo as seqüências repetitivas dessas regiões (Vicari et al., 2006). Estudos sobre o padrão de distribuição da heterocromatina tem sido muito importantes para a compreensão da organização do cariótipo de alguns peixes como os Anostomidae (Galetti et al., 1991), Bryconinae e Salmininae (Margarido & Galetti, 1999). As cinco espécies estudadas apresentaram um padrão de distribuição centromérica na maioria dos cromossomos dos cariótipos, bem como associada às RONs. Entretanto, apesar destas espécies apresentarem o mesmo padrão geral de distribuição da

heterocromatina, é notório que C. niederleinii diferencia-se das demais por apresentar marcações mais pálidas comparadas à C. jaguarensis e C. jupiaensis, sendo que essas últimas mostram um padrão bem similar. Tanto em Cichlasoma paranaensis como em Geophagus brasiliensis foi verificada uma maior quantidade de heterocromatina em relação às espécies de Crenicichla, sendo que G. brasiliensis apresentou ainda marcação intersticiais e telômericas. A presença destas marcações em G. brasiliensis e ausente nas outras populações estudadas revelam um marcador especifico para a população do Rio Piquiri. Perciformes mostram um padrão altamente conservado, com heterocromatina localizada preferencialmente nas regiões centroméricas (Brum et al., 2002). Blocos heterocromáticos intersticiais, assim como braços curtos totalmente heterocromáticos, e heterocromatina associada às RONs são encontrados em algumas espécies tais como pertencentes à Cichlidae, representando diferenças interespecíficas (Feldberg et al., 2003). No presente trabalho ocorreram os primeiros registros de coletas das espécies Crenicichla jaguarensis e C. jupiaensis no rio Piquiri. A localidade tipo de C. jaguarensis é no Rio Grande, afluente formador do rio Paraná, estado de Minas Gerais, e C. jupiaensis no rio Paraná, Salto de Urubupungá, entre os Estados de Mato Grosso e São Paulo, ambas caracterizadas pela presença de corredeiras. A ocorrência dessas espécies no rio Piquiri e sua ausência na calha principal do rio Paraná devem-se às características peculiares destas localidades, águas rápidas e saltos, que favorecem a permanência destas espécies. Segundo Kullander (2003), a distribuição geográfica de espécies de Cichlidae é devida a barreiras ecológicas e a história de drenagem dos rios. Crenicichla jupiaensis está altamente ameaçada de extinção e a diminuição destas populações têm sido causadas pela construção de barragens e destruição do ambiente lótico (Graça et al., in press). Os dados citogenéticos obtidos aqui para as três espécies de Crenicichla mostraram alta similaridade na estrutura cariotípica sendo difícil a diferenciação das espécies através das técnicas citogenéticas básicas utilizadas. Aparentemente, nenhum híbrido foi verificado através de dados morfológicos. Mecanismos de isolamento pós-copulatórios, como esterilidade de híbridos devido ao mau pareamento dos cromossomos na meiose e formação de gametas não balanceados, provavelmente não seriam efetivos entre as espécies devido à alta similaridade da macroestrutra cromossômica, ao contrário do observado entre diferentes populações/citótipos de Hoplias malabaricus (Pazza & Júlio, 2003) e em Gymnotus spp. (Margarido et al., 2007). A ocorrência de espécies simpátricas de Cichlidae tem sido comumente relatada, como entre ciclídeos dos Lagos Africanos (Seehausen et al., 1999) e entre ciclídeos neotropicais (Feldberg & Bertollo, 1985a; Martins et al., 1995), e tem sido sugerido que mecanismos de isolamento reprodutivo pré-copulatórios devem ser os principais fatores para a redução de híbridos (Seehausen et al., 1999; van der Sluijs et al., 2008). A ausência de dados na literatura sobre o comportamento e época reprodutivos dessas espécies de Crenicichla estudadas reforça ainda mais a necessidade de preservação do rio Piquiri, uma vez que os estudos de ecologia são de fundamental importância para o entendimento da dinâmica desta comunidade de ciclídeos. AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os autores são gratos a Adélio Ortiz e Geraldo S. Zientarski pelo auxílio nas coletas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agostinho, A. A. & Júlio Jr., H. F. (1999). Peixes da bacia do alto Paraná. In: Ecologia dos peixes tropicais. (Lowe-McConnell, R. H. ed.), pp. 374-400. São Paulo: EDUSP. Agostinho, A. A., Júlio Jr., H. F., Gomes, L. C., Beni, L. M. & Agostinho, C. S. (1997). Composição abundância e distribuição espaço-temporal da ictiofauna. In: A Planície de inundação do alto Rio Paraná: Aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos. (Vazzoler, A. E. A. De M.; Agostinho, A.; Hahn, N.S., eds.), p. 460. Maringá: EDUEM. Bertollo, L. A. C., Takahashi, C. S. & Moreira-Filho, O. (1978). Cytotaxonomic Considerations on Hoplias lacerdae (Pisces, Erythrinidae). Brazilian Journal of Genetics 1 (2), 103-120. Brum, M. J. I. & Galetti Jr., P. M. (1997). Teleostei ground plan Karyotype. Journal of Comparative Biology 2, 91-102. Brum, M. J. I., Oliveira, C. C., Voigt, N. & Côrrea, M. M. O. (1998). Karyotypic discrepancy between populations of Geophagus brasiliensis (Perciformes: Cichlidae), including the topotypical population, with possible taxonomic implications. Journal of Comparative Biology 2 (3), 177-184. Brum, M. J., Neto-Ferreira, A. & Mota, L. C. G. (2002). Análise cariotípica de Crenicichla lacustris (Perciformes, Cichlidae) do estado do Rio de Janeiro. (Abstract) p.97. IX Simpósio de Citogenética e Genética de Peixes. Maringá, Paraná, Brasil. Farias, I. P., Ortí, G. & Meyer, A. (2000). Total evidence: molecules, morphology, and the phylogenetics of cichlid fishes. Journal Experimental Zoology (Mol. Dev. Evol.) 288, 76-92. Feldberg, E. & Bertollo, L. A. C. (1985a). Karyotypes of 10 species of neotropical Cichlids (Pisces-Perciformes). Caryologia 3(4), 257-268. Feldberg, E. & Bertollo, L. A. C. (1985b). Nucleolar organizing regions in some species of Neotropical cichlid fish (Pisces, Perciformes). Caryologia 38, 319-324.

Feldberg, E., Porto, J. I. R. & Bertollo, L. A. C. (2003). Chromosomal changes and adaptation of Cichlid fishes during evolution. In: Fish adaptations. (Val, A.L. & Kapoor, B.G., ed.), pp. 285-308. New Dehli & New York. Ferreira, E. J. G. (1981). Alimentação dos adultos de doze espécies de ciclídeos (Percifomes, Cichlidae) do rio Negro, Brasil. Thesis. INPA/FUA, AM. Galetti Jr., P. M., Mestriner, C. A., Venere, P. C. & Foresti, F. (1991). Heterochromatin and karyotype reorganization in fish of the family Anostomidae (Characiformes). Cytogenetic and Cell Genetics 31, 116-121. Graça, W. J., Pavanelli, C. S., Lorscheider, C. A. & Margarido, V. P. (2008). Threatened fishes of the world: Crenicichla jupiaensis Britski & Luengo 1968 (Cichlidae). Environmental Biology of Fishes, in press. Howell, W. M. & Black, D. A. (1980). Controlled silver-staining of nucleolus organizer regions with a protective colloidal developer: a I-step method. Experientia 36, 1014-1015. Kullander, S. O. (1998). A phylogeny and classification of the South American Cichlidae (Teleostei: Perciformes). In: Phylogeny and Classification of Neotropical Fishes. (Malabarba, L. R.; Reis, R. P.; Vari, Z. M. & Lucena, C. A. S., eds.), pp. 461-498. Porto Alegre: EDIPUCRS. Kullander, S. O. (2003). Family Cichlidae (Cichlids). In: Check list of the freshwater fishes of South and Central America. (Reis, R. E.; Kullander, S. O.; Ferraris Jr, C. J., eds.), pp. 605-654. Porto Alegre: EDIPUCRS. Levan, A., Fredga, K. & Sandberg, A. A. (1964). Nomenclatura for centromeric position on chromosomes. Hereditas 52, 201-220. Loureiro, M. A., Giuliano-Caetano, L. & Dias, A. L. (2000). Cytogenetic characterization of two species of the genus Crenicichla (Pisces, Cichlidae). Cytologia 65, 57-63. Lowe-McConnell, R. H. (1991). Ecology of cichlids in South American and African waters excluding the African Gret Lakes. In: Cichlid fish: behaviror, ecology and evolution. (Keenleyside, M.H.A. ed), pp. 61-85. London: Croom Helm.

Margarido, V. P. & Galetti, P. M. Jr. (1999). Heterochromatin patterns and karyotype relationships within and between the genera Brycon and Salminus (Pisces, Characidae). Genetics and Molecular Biology 22(3), 357-361. Margarido, V. P., Bellafronte, E. & Moreira-Filho, O. (2007). Cytogenetic analysis of three sympatric Gymnotus (Gymnotiformes, Gymnotidae) species verifies invasive species in the Upper Parana River basin, Brazil. Journal of Fish Biology 70, 155-164. Martins, I. C. S., Portella-Castro, A. L. B. & Júlio Jr., H. F. (1995). Chromosome analysis of 5 species of the Cichlidae Family (Pisces-Perciformes) from the Parana River. Cytologia 60, 223-231. Mizoguchi, S. M. H. K., Portela-Castro, A. L. B. & Martins-Santos, I. C. (2007). Cytogenetic characterization of Crenicichla (Pisces, Perciformes, Cichlidae) of the Iguaçu River. Genetics and Molecular Research 6(3), 650-656. Nakatani, K., Agostinho, A. A., Baumgartner, G., Bialetzki, A., Sanches, P. V., Makrakis, M. C. & Pavanelli, C. S. (2001). Ovos e peixes de água doce: desenvolvimento e manual de identificação, pp. 174. Maringá: EDUEM. Nelson, J. S. (1994). Fishes of the World, p. 600. New York: John Wiley & Sons. Paiva, G. U. (1982). Grandes represas do Brasil, p. 292. Brasília: Editerra Editorial. Pazza, R. & Júlio, H. F. Jr (2003). Occurrence of three sympatric cytotypes of Hoplias malabaricus (Pisces, Erythrinidae) in the Upper Parana River foodplain (Brazil). Cytologia 68, 159 163. Rosa R. S. & Lima F. C. T. (2005). Peixes. In: Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. (Machado, A. B., Martins, C. S. & Drummond, G. M. ed.), pp. 70-81. Belo Horizonte: Biodiversitas. Salgado, S. M., Feldberg, E. & Porto, J. I. R. (1995). Estudos citogenéticos em cinco espécies da família Cichlidae (Perciformes Labroidei), da bacia amazônica central. (Abstract) p.463. XXXXI Congresso Brasileiro de Genética, Caxambu, Minas Gerais, Brasil. Seehausen, O.; van Alphen, J. J. M. & Lande, R. (1999). Color polymorphism and sex ratio distortion in a cichlid fish as an incipient stage in sympatric speciation by sexual selection. Ecology Letters 2, 367-378.

Stanger, L. H. & Margarido, V. P. (2008). Uma contribuição ao check list da ictiofauna do rio Piquiri, bacia do rio Paraná. (Abstract) p.141. XXVII Congresso Brasileiro de Zoologia, Curitiba, Paraná, Brasil. Sumner, A. T. (1972). A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin. Experimental Cell Research 75, 304-306. Thompson, K. W. (1979). Cytotaxonomy of 41 species of Neotropical Cichlidae. Copeia 4, 679-691. Van der Sluijs, I., van Alphen, J. J. M. & Seehausen, O. (2008). Preference polymorphism for coloration but no speciation in a population of Lake Victoria cichlids. Behavioral Ecology 19(1), 177-183 Vicari, M. R., Artoni, R. F., Moreira-Filho O. & Bertollo, L. A. C. (2006). Basic and molecular cytogenetics in freshwater Cichlidae (Osteichthyes, Perciformes). Karyotypic conservationism and divergence. Caryologia 59(3), 260-266.

Figura 1) Mapa hidrográfico do Paraná;em destaque a região do Rio Piquiri com o ponto de coleta em vermelho ( ).

Figura 2) Espécimens de Cichlidae estudados: a) Crenicichla jaguarensis (11,5 cm), b) Crenicichla jupiaensis (11,3 cm), c) Crenicichla niederleinii (11 cm), d) Cichlasoma paranaensis (7,1 cm) e e) Geophagus brasiliensis (13 cm).

Figura 3) Cariótipos corados por Giemsa de Crenicichla jaguarensis (acima), Crenicichla jupiaensis (meio) e Crenicichla niederleinii (abaixo); em destaque o par cromossômico portador da Ag-RONs.

Figura 4) Cariótipos corados por Giemsa de Geophagus brasiliensis (acima), e Cichlasoma paranaensis (abaixo); em destaque o par cromossômico portador da Ag-RONs.

Figura 5) Cariótipos C-bandados de Crenicichla jaguarensis (acima), Crenicichla jupiaensis (meio) e Crenicichla niederleinii (abaixo).

Figura 6) Cariótipos C-bandados de Geophagus brasiliensis (acima), e Cichlasoma paranaensis (abaixo).