FACULDADE DE ENGENHARIA Impactos ambientais das hidrelétricas na Amazônia Profa. Aline Sarmento Procópio Dep. Engenharia Sanitária e Ambiental
Amazônia: alguns dados A Região Amazônica compreende a maior extensão de floresta úmida da Terra (1/3 das florestas úmidas do planeta), possuindo aproximadamente 4 milhões de km 2 com fisionomia florestal. A Amazônia abriga 50% da diversidade biológica mundial e apresentam imenso potencial genético, princípios ativos de inestimável interesse econômico e social e oferta de produtos florestais com alto valor no mercado. A topografia desta região é basicamente plana, com altitudes próximas ao nível do mar.
Estud. av. vol.4 no.8 São Paulo Jan./Apr. 1990 doi: 10.1590/S0103-40141990000100010 Todos os rios tendem a atingir um equilíbrio dinâmico entre a sua descarga, velocidade média, carga sedimentar e a morfologia de seu leito geometria hidráulica do rio Plantas e animais aquáticos são adaptados a estas condições específicas a construção de uma represa representa um impacto fundamental para a geometria hidráulica de um rio fortes modificações hidrológicas, hidroquímicas e hidrobiológicas impactos no reservatório, a montante e a jusante
Estud. av. vol.4 no.8 São Paulo Jan./Apr. 1990 doi: 10.1590/S0103-40141990000100010 Erosão lateral do reservatório a diferença de 4 m entre a quota 46 m e a quota máxima de 50 m de Balbina afeta cerca de 800 km 2 de floresta A maior parte da região alagada é constituída por densas florestas tropicais perdas irreversíveis de espécies Piracema (período de desova em que espécies migratórias de peixes sobem os rios) escada de peixe (canais de piracema) para minimizar o impacto
Estud. av. vol.4 no.8 São Paulo Jan./Apr. 1990 doi: 10.1590/S0103-40141990000100010 Hipoxia, principalmente nas camadas mais profundas de água Excesso de nutrientes crescimento maciço de macrófitas diminui a turbulência provocada pelo vento diminui o intercâmbio de gases entre a água e o ar forte hipoxia e a formação de gás sulfídrico nas camadas inferiores
Estud. av. vol.4 no.8 São Paulo Jan./Apr. 1990 doi: 10.1590/S0103-40141990000100010 Devido ao relevo pouco acidentado, grandes áreas são cobertas com a implantação do lago da represa. Parasitas; número elevado de mosquitos; odor (gás sulfídrico) Esquistossomose hospedeiro: moluscos
UHE Balbina 1987 iniciava-se a obstrução do rio Uatumã (sinuoso e com baixa declividade) e a formação de um gigantesco reservatório de 2.360 km 2 (~ 7 x área da Baía da Guanabara) decomposição da imensa biomassa da floresta dentro do reservatório muito raso (profundidade média de 7 m) e com tempo de renovação da água extremamente longo (~12 meses) água ácida e baixo teor de oxigênio (liberada a jusante) Foto: jornalenergia.com.br
cerca de 58,5 milhões de m 3 de madeira submersa 9,3 a 12 milhões de madeira para serraria restante: lenha e carvão UHE Balbina Eletronorte argumenta que nenhuma empresa se apresentou para explorar a madeira na área da inundação fonte gigantesca de emissão de gases de efeito estufa: emite 3,3 milhões de tec por ano, metade do que jogam na atmosfera os carros que circulam em São Paulo Foto: Ed Ferreira/estadao.com.br
Bumerangue ecológico: constante perda de carga na tomada de água parada da turbina para retirar madeira que está obstruindo a grade Custo de Balbina U$ 750.000,00 (dado da Eletronorte): Potência instalada: 250 MW (5 turbinas de 50 MW cada) ~ U$ 3.000,00/kW instalado valor 2 vezes maior que o máximo admitido pelo setor elétrico brasileiro para as demais hidroelétricas. Custo de 1 MWh=U$ 108 4 vezes maior que as usinas hidrelétricas competitivas, 2 vezes maior que as termoelétricas, ~ o mesmo custo para geração por energia solar
Aproveitamento do potencial instalado em Balbina (chamado fator de capacidade da usina): 32% (80 MW) demais usinas no país: 50-65% capacidade/área = 0,03 MW/km 2 Tucuruí potência instalada: 8.370 MW área alagada: 2.430 km 2 fator de capacidade: 49% (4.140 MW) capacidade/área = 3,44 MW/km 2 Itaipu potência instalada: 14.000 MW área alagada: 1.350 km fator de capacidade: 83% (11.620 MW) capacidade/área = 8,61 MW/km 2
UHE Belo Monte-PA A Agência Nacional de Águas (ANA) concedeu outorga de direito de uso de recursos hídricos a permissão para exploração do potencial de energia hidráulica (Resolução 48, 02/03/2011) LICENÇAS: Fevereiro de 2010: LP Junho de 2011: LI Hoje: em obras Início de operação: previsto para 2015
Terá capacidade instalada de 11.233 MW 4.571 MW (geração média estimada) Reservatório com área de 516 km 2 (regime de fio d água) Comunidades atingidas (RIMA) 10 comunidades indígenas, 16.420 pessoas em zonas urbanas e 2.822 pessoas em zonas rurais
ELETRONORTE proposta inicial(começou em 1975) com cálculos de geração de energia que presumiam a regularização da vazão a montante por, pelo menos, uma represa (Babaquara)( ELETRONORTE CNEC, 1980). dificuldades para obter a aprovação dos órgãos de defesa ambiental 2º plano cálculos que não presumiram nenhuma regularização da vazão rio acima (ELETRONORTE, 2002). tendo persistido as dificuldades 3º plano várias possíveis capacidades instaladas menores: 5.500, 5.900 e 7.500 MW (PINTO, 2003). A potência menor seria mais compatível com a hipótese de se ter uma única barragem.
2005: após a aprovação pelo Congresso Nacional da construção de Belo Monte as potências mais modestas para Belo Monte foram abandonadosplano ATUALultrapassa um pouco a potência prevista no plano de 2002, ficando em 11.233,1 MW (ELETROBRÁS, 2009). O O cenário de uma só barragem retratado no estudo de viabilidade de Belo Monte (ELETRONORTE, 2002) e nos dois estudos de impacto ambiental (ELETRONORTE, [2002a]; ELETROBRÁS, 2009) parece representar uma fi cçãoburocrática que foi traçada com a fi nalidadede de ganhar a aprovação ambiental para Belo Monte (FEARNSIDE, 2006). Não se pode considerar Belo Monte de forma isolada sem levar em conta os impactos das represas a montante, especialmente a de Babaquara (Altamira) omissão de um reservatório de 6.140 km 2 a montante de Belo Monte
Outras pressões ambientais na Amazônia: desmatamento e queimadas
FLORESTAS EXPLORAÇÃO MADEIREIRA QUEIMADAS Mais de 600 mil km 2, área maior que MG, já estão desmatados.
PASTAGENS a pecuária ocupa 80% das áreas desmatadas
Mudanças de uso da terra na Amazônia Rondônia 1986 Rondônia 1992 Fonte: IPAM e INPE Rondônia 1996
Mudanças de uso da terra na Amazônia Rondônia 2004 Fonte: IPAM e INPE
Fonte: INPE, 2003 Arco do desflorestamento
Arco do desflorestamento
Ji-Paraná Rondônia