CARTA DE PRINCÍPIOS Grassroots Football / Raízes do Futebol RECREAÇÃO E LAZER Considerando: Que a Federação Portuguesa de Futebol, fundada em 31 de março de 1914, pelas Associações de Futebol de Lisboa, Portalegre e Porto, por período indeterminado, sob a designação de União Portuguesa de Futebol, é uma pessoa coletiva sem fins lucrativos, de utilidade pública, constituída sob a forma de associação de direito privado. A Federação Portuguesa de Futebol, tem por principal objeto promover, regulamentar e dirigir, a nível nacional, o ensino e a prática do futebol, em todas as suas variantes e competições. Para a prossecução do seu objeto, cabe em especial à FPF: a) Representar o futebol português a nível nacional e internacional; b) Reconhecer, organizar e assegurar a participação competitiva das seleções nacionais; c) Representar e proteger os interesses dos seus Sócios; d) Elaborar e aprovar normas e regulamentos, garantindo a sua aplicação; e) Respeitar e prevenir qualquer violação dos Estatutos, Leis do Jogo, regulamentos, diretivas e decisões da FIFA, da UEFA e da FPF, envidando os melhores esforços para que os mesmos sejam cumpridos pelos seus Sócios; f) Organizar a nível nacional, distrital e regional, competições de futebol em todas as suas modalidades e variantes e atribuir os títulos de campeão nacional, distrital ou regional no âmbito dos respetivos campeonatos, provas e competições, sem prejuízo das competências reconhecidas às Associações Distritais ou Regionais e à LPFP; g) Desenvolver o futebol no território português nos segmentos competitivo e de recreação e lazer, de acordo com o espírito desportivo, valores educacionais, materiais, culturais e humanitários, através de programas de formação e desenvolvimento dos diferentes agentes desportivos, nomeadamente dos jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes; h) Prevenir as práticas que possam afetar a integridade dos jogos e/ou competições ou, de algum modo, prejudicar o futebol; i) Supervisionar os jogos amigáveis de todas as categorias e variantes que se disputem em território nacional; j) Acolher competições de nível internacional; 1
k) Emitir parecer e homologar regulamentos de provas e de manifestações desportivas com vista a assegurar o respeito pelas regras da saúde e segurança dos praticantes, bem como o cumprimento das regras técnicas da modalidade. De acordo com a sua filiação na FIFA e na UEFA, compete ainda à FPF: a) Observar e fazer cumprir os princípios da lealdade, da integridade e do desportivismo de acordo com as regras do Fair Play; b) Aplicar e fazer cumprir as Leis do Jogo emitidas pelo IFAB, as Leis do Jogo de Futebol, Futebol de sete, Futsal e do Futebol de Praia emitidas pelo Comité Executivo da FIFA; c) Respeitar os Estatutos, Regulamentos, Diretivas, Decisões e Circulares da FIFA e da UEFA, incluindo o Código de Ética da FIFA; d) Reconhecer a jurisdição do Tribunal Arbitral do Desporto com sede em Lausana, em todos os litígios que assumam uma dimensão transfronteiriça, de acordo com o previsto nos Estatutos da FIFA e da UEFA; e) Remeter ao Tribunal Arbitral da FPF, que decidirá sem possibilidade de recurso, todos os litígios de dimensão nacional resultantes de ou relacionados com a aplicação dos Estatutos ou 11 Regulamentos da FPF, salvo os que caibam na jurisdição de outros órgãos ou cuja apreciação lhe esteja vedada por imperativos legais. f) Assegurar que os seus Sócios, através dos seus Estatutos, licença, registo ou qualquer outro documento escrito, reconhecem e aceitam todas as obrigações dos Estatutos e dos Regulamentos da FPF. Definição e normas: A designação Grassroots Football / Raízes do Futebol é entendida pela UEFA como reportando-se à área de desenvolvimento que enquadra todo o Futebol não profissional e não-elite. Nela, desde as idades mais baixas aos veteranos, passando pelas populações especiais, têm lugar todas as práticas não-formais e também as formais que não se constituam como exercício da profissão de jogador de Futebol ou a sua preparação para ela. Todo o Futebol que se expressa por clubes profissionais, por equipas de centros de formação profissional de jogadores (academias) e por equipas juniores compostas por jogadores selecionados não se enquadra na área Grassroots /Raízes. O Programa Grassroots da UEFA está plasmado num conjunto de normas a cumprir pelas Federações. As mais relevantes são as que estão incluídas na UEFA Grassroots Charter, documento que vincula todas as Federações ao desenvolvimento. 2
Na Visão do ex. Presidente da UEFA Michel Platini, que abordou a importância das raízes do futebol, citando-as como um dos 11 principais valores da UEFA no Congresso da UEFA em Copenhaga, na Dinamarca, em Março de 2009. O mesmo afirmou: "O futebol baseia-se nas raízes, é jogado em toda a parte por homens e mulheres, meninos e meninas. O futebol profissional é apenas a ponta do 'iceberg'. A UEFA irá manter e reforçar a sua solidariedade, para proteger o futuro do futebol e maximizar todos os benefícios da nossa modalidade para a sociedade. Uma vez que a força do futebol está nas suas raízes, queremos preservar as identidades locais, regionais e nacionais da nossa modalidade, sempre de acordo com a lei". A FPF viu aprovada a sua adesão à Carta Grassroots na reunião do Comité Executivo da UEFA de 04 de outubro de 2010, o qual seguiu as recomendações dos seus Painel Grassroots, e Comissão de Desenvolvimento e Assistência Técnica. Para poder aderir à Carta, a FPF foi obrigada a construir um documento orientador onde constam a definição da missão do programa, da sua filosofia condutora, dos objetivos gerais que o enformam, dos programas de desenvolvimento que fundamentam a ação e bem assim das normas orientadoras para os diferentes agentes envolvidos nas atividades. Vantagens especiais da Carta Grassroots: Para nós, Portugal e FPF, este programa e este conceito, mais do que constituírem uma obrigação para respondermos institucionalmente e estarmos a par de outros países da Europa, representa uma verdadeira possibilidade de forte e sustentado desenvolvimento. Para as nossas raízes históricas, ao contrário de outros países que não têm essa matriz popular de atividade espontânea e enraizada nas populações, o conceito implicado na Grassroots pode ser um fortíssimo contributo para retomar algumas das tradições que produziram os nossos melhores praticantes e, por outro lado, fazer olhar para o futuro com uma visão mais abrangente. A importância da recreação e lazer: A recreação e lazer no futebol que queremos para todos, é importante para um desenvolvimento equilibrado e que contemple todas as áreas e segmentos, no masculino e no feminino, nos jovens e nos veteranos, exatamente pela clareza com que é estabelecida a relação entre a base e o topo da pirâmide de desenvolvimento. 3
Se formos capazes de utilizar o conceito de Grassroots com amplitude e criatividade, indo além do formalismo do seu cumprimento superficial, onde a pratica recreativa e de lazer se enquadra, poderemos ter disponível um instrumento abrangente e versátil, para retomar muito da nossa cultura de atividade espontânea, e potenciar práticas que estimulem o incremento de mais praticantes. A riqueza do nosso Futebol sempre se baseou nas práticas bem enraizadas em inúmeros locais e comunidades. É decisivo refrescar e inovar procedimentos para reforçar a base da nossa pirâmide de desenvolvimento. O nosso país, pela cultura que ainda vive em torno do Futebol, deve explorar esse potencial e essa chama, para fomentar ainda mais o presente e garantir o futuro. Nesta fase histórica, pelos resultados obtidos, em que o crescimento e o desenvolvimento são indispensáveis à nossa sustentabilidade futebolística, é fundamental um forte empenho nas atividades de base do nosso Futebol, promovidas em torno do programa Grassroots. Nas quais, as atividades de recreação e lazer, constituem um segmento que importa desenvolver, conforme é evidenciado na pirâmide do futebol, definida pela UEFA. 4
Ética no Desporto: Seja no Futebol Profissional, Futebol Júnior de Elite ou no Futebol Raízes, é fundamental o respeito pela ética. Sem uma prática baseada na ética, em qualquer um dos segmentos do Futebol, o jogo fica prisioneiro de más práticas e coloca em risco os valores do desporto. É fundamental que todos os Agentes envolvidos, tenham a educação cívica como matriz essencial ao desenvolvimento da prática desportiva. A necessidade sempre presente de sensibilizar e estimular o praticante para os valores educativos no Desporto, contribuindo, dessa forma, para a sua formação e desenvolvimento. A importância conferida aos valores éticos inerentes à prática desportiva devem constituir a marca de água de todos os Agentes envolvidos no Futebol, no respeito e defesa dos valores que enformam o ideal desportivo. Cidade do Futebol, 05 de janeiro de 2017 5