MATA NACIONAL DO ESCAROUPIM Visita de Estudo sobre o Programa de Melhoramento Genético de Pinheiro bravo para o Volume e Forma do Tronco Diagrama ombrotérmico Estação meteorológica de Salvaterra de Magos 25 outubro 2017 1
POMARES CLONAIS DE PINHEIRO BRAVO Neste local estão instalados dois pomares produtores de semente de pinheiro bravo. Estes pomares são constituídos por clones que reproduzem parte das 85 árvores plus seleccionadas na Mata Nacional de Leiria, entre 1964 e 1966, pelo serviço australiano CSIRO, com a colaboração da ex-estação de Experimentação Florestal da DGSFA. O estabelecimento do Pomar 1 constituído por 60 clones teve início em 1970 e prolongou-se até 1975, tem 4 ha. O Pomar 2 (3 ha) foi estabelecido entre 1975 e 1980 e tem 49 clones. A multiplicação vegetativa das árvores plus, selecionadas em Leiria, foi feita por enxertia de fenda cheia terminal em porta-enxertos de 2-3 anos, plantados no local definitivo com um espaçamento de 4 x 4 m. Os garfos das árvores plus foram colhidos e enxertados de meados de março a fins de abril. O número de cópias (rametos) é variável tanto entre os ortetos como entre os pomares. Estudos de floração quantitativos e fenológicos foram levados a cabo desde 1983 até 1988 no pomar clonal 2. Estes estudos forneceram informação acerca do comportamento dos clones e dos rametos, especialmente no que diz respeito a variações ao longo do ano e variações inter anuais. A produção de pinhas inicia-se 3-4 anos após a enxertia e actualmente a produção de sementes é de 12-15 kg/ha, dependendo das variações anuais de produção. A semente produzida deve ser preferencialmente utilizada na arborização das matas do litoral. Para testar o valor reprodutivo das árvores plus foi instalado em 1986/87 um teste de descendência de meios irmãos com 46 das famílias aqui representadas. POMAR CLONAL TESTADO DE PINHEIRO BRAVO O Pomar clonal testado de pinheiro bravo é constituído por 16 clones, numa densidade de 200 árvores/ha (compasso de 8x8 m). Os clones foram selecionados pelo seu valor reprodutivo, avaliado em teste de descendência aos 12 anos de idade (Aguiar et al., 2003). Serão ainda realizados ajustamentos de forma a manter o tamanho efectivo da população permitindo uma produção de semente abundante e regular, assegurando ganhos genéticos elevados. Atualmente os ganhos genéticos são: G (volume) = 21% G (forma do fuste) = 17% 2
ENSAIO DE DESCENDÊNCIA DE PINHEIRO BRAVO Com este tipo de teste pretende-se avaliar geneticamente os clones pelo comportamento da sua descendência. Para o estabelecimento deste ensaio, colheram-se, separados por clones, as pinhas dos pomares clonais 1 e 2 da Mata Nacional do Escaroupim em 1985. As sementes resultantes foram semeadas em saco em maio de 1986 nos viveiros do Engenho (Marinha Grande) e do Escaroupim, obtendo-se assim uma descendência (família de meios-irmãos) de cada clone. No viveiro e mais tarde no campo dispuseram-se as sementes e as plantas segundo um esquema estatístico apropriado de modo que cada família ficasse representada ao acaso em todas as repetições (blocos casualizados completos). Com este método, pretendeu-se minimizar os efeitos ambientais de tal modo que seja possível atribuir as diferenças de comportamento das famílias a causas genéticas. Os testes de descendência foram instalados no campo em janeiro - fevereiro de 1987 com oito repetições, estando representadas em cada uma delas 46 famílias de meiosirmãos. O espaçamento entre plantas foi de 2 m x 2 m. Cada bloco ocupa 40 m x 40 m e cada família em cada bloco encontra-se representada por 8 plantas. Estes ensaios estavam localizados nos talhões 24 e 152 da Mata Nacional e no talhão 5 da Mata Nacional do Escaroupim, ocupando cada um deles cerca de 2 ha incluindo as faixas de abrigo. Neste último local o teste foi duplicado utilizando plantas de raiz nua. Famílias testadas: 5 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 22 23 24 25 29 30 31 32 34 39 41 45 46 48 49 50 51 53 54 56 58 59 61 68 73 76 78 79 80 81 82 IV R VIII R III R VII R II R VI R Ensaio de estacaria I R V R V REPETIÇÃO.............. 59 20 68...... 48 81 34 16 39.... 14 51 18 79 5 30.. 3
ENSAIO DE ESTACARIA DE PINHEIRO BRAVO Em setembro de 1987 foi iniciado um estudo para avaliar a capacidade de enraizamento de estacas retiradas em viveiro (cerca de dois anos) das 46 famílias representadas no ensaio de descendência. O objectivo consistiu em estudar a viabilidade da aplicação da multiplicação vegetativa por estacaria como forma de propagar massalmente material melhorado. Os resultados mostraram não haver diferenças significativas na capacidade de formação de raízes entre as famílias. A elevada percentagem média de enraizamento (75%) obtida em condições de viveiro permite encarar este método de propagação como um meio de produção de plantas geneticamente melhoradas. Em março de 1988, as estacas enraizadas foram cuidadosamente transferidas para o campo, utilizando um delineamento experimental de três blocos casualizados completos, de modo a analisar o seu comportamento futuro............................................... -----------------------------------------------III R----------------------------------------------..... 46................. 79 16 80 30 53 45 82................ -----------------------------------------------II R------------------------------------------------ 58 5 61 18 41 20 79................ 50 30 34 45 53 24 39................ -----------------------------------------------I R------------------------------------------------- 4
ENSAIO DE PROVENIÊNCIAS DE PINHEIRO BRAVO Neste estudo, foram utilizadas 30 proveniências, as quais incluem 22 nacionais, três francesas, duas espanholas (CUENCA e Galiza) e três australianas. Das proveniências nacionais, uma, representa o Pomar Clonal de Sementes de meios irmãos do Escaroupim (PCSE0102), os outros 21 lotes foram seleccionados tendo por base os povoamentos acima referidos, tomando em consideração especialmente a latitude e altitude. Os lotes de semente australianos são oriundos de parques clonais de semente (SN5063, SN7901, D1097) sendo um dos quais de semente controlada (D1097). Uma das proveniências de França provém de um pomar de 2ª geração(landesps64). No início de abril de 1992, semearam-se os vários lotes de sementes no viveiro do Escaroupim, em sacos de plástico, segundo um delineamento experimental de quatro blocos completos. Foram feitas observações e contagens, sobre o estado fitossanitário, capacidade germinativa e número de cotilédones. O peso de mil sementes foi avaliado para todas as proveniências, segundo regras estabelecidas internacionalmente (ISTA, 1985). A avaliação da altura à plantação foi realizada medindo 25 plantas por proveniência em todos os blocos. As 30 proveniências foram plantadas segundo um delineamento experimental de blocos casualizados completos, com seis a oito repetições conforme as condições locais, sendo a unidade experimental constituída por 30 plantas/proveniência (5 linhas com 6 plantas), utilizando um compasso de 3 x 2 m. A experiência estava representada em seis locais selecionados, não só em função da área de distribuição da espécie, mas também de parâmetros geográficos e climáticos. 5
VII R VIII R IV R V R VI R I R II R III R I R II R................................. PCSE0102. D1097....... PM33.. LANDESPS62 SN7901..... CUENCA.. LANDES.. PARQUE CLONAL DE PINHEIRO BRAVO Pretende-se reunir neste parque clonal um conjunto de ortetos selecionados em várias regiões do país segundo critérios com interesse para o programa de melhoramento de pinheiro bravo, tais como altura e DAP (volume), rectidão de fuste, hábitos de ramificação, número de verticilos e resistência ao nematode da madeira de pinheiro. O estabelecimento desses clones com vários rametos neste parque clonal, permitirá salvaguardar a existência de genótipos que se encontram actualmente dispersos por uma grande área geográfica, sujeitos a incêndio ou outras causas de perda. Permitirá ainda que este material vegetal esteja disponível, numa área rapidamente acessível, para trabalhos próprios e colaborações com outras entidades nacionais ou estrangeiras. 6