Alfabetização A alfabetização é o primeiro passo para o acesso à informação escrita e a níveis de educação mais elevados. Assegurar que as crianças frequentem o ensino fundamental nas idades apropriadas é um fator fundamental para a redução do analfabetismo no País. Seguindo o processo normal de aprendizado, ao chegar aos 10 de idade a criança deve, minimamente, estar alfabetizada. No contexto internacional, monitora-se primordialmente a taxa de analfabetismo na faixa de 15 ou mais de idade. Os resultados do Censo Demográfico 2010 mostraram que, no País, havia 14,6 milhões de pessoas de 10 ou mais de idade que não sabiam sequer ler e escrever um bilhete simples, sendo de 9,0% a taxa de analfabetismo deste contingente. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 ou mais de idade foi de 9,6% e os resultados dos Censos Demográficos no período de 1940 a 2010 mostraram a sua tendência de declínio. % Gráfico 31 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 ou mais de idade Brasil - 1940/2010 56,0 50,5 39,6 33,6 25,5 20,1 13,6 9,6 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1940/2010. A taxa de analfabetismo na faixa de 10 a 14 de idade é uma medida da não ocorrência da alfabetização nas idades apropriadas de frequência às primeiras séries do ensino fundamental. No grupo etário de 10 a 14 havia 671,0 mil crianças não alfabetizadas, resultando na taxa de analfabetismo de 3,9%. Na faixa etária que compreende os adolescentes de 15 a 17 e os jovens adultos de 18 ou 19, a taxa de analfabetismo atingiu o seu mínimo (2,2%), já refletindo o efeito da alfabetização um pouco tardia. Por outro lado, no contingente de pessoas de 65 ou mais de idade, este indicador alcançou 29,4%. As taxas de analfabetismo vêm em processo de redução, tanto em área urbana como rural. Entretanto, o analfabetismo continuou mais alto em área rural, tendo em vista que as dificuldades de acesso à escola que vem sendo superadas gradualmente (tais como a distância existente entre o domicílio e o estabelecimento de Censo Demográfico 2010 Características da população e dos domicílios Resultados do universo
ensino e o envolvimento precoce na força trabalho que impede a criança de frequentar escola), em geral, são maiores que em área urbana. De 2000 para 2010, a taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade declinou de 9,6% para 6,8%, na área urbana, e de 27,7% para 21,2%, na rural. No grupo etário de 15 ou mais de idade este indicador diminuiu de 10,2% para 7,3%, na área urbana, e de 29,8% para 23,2%, na rural. No contingente de 10 a 14 de idade, a taxa de analfabetismo baixou de 4,6% para 2,9%, na área urbana, e de 16,6% para 8,4%, na rural. Em decorrência da maior escolarização feminina, a taxa de analfabetismo das mulheres de 10 ou mais de idade permaneceu um pouco mais baixa que a dos homens. De 2000 para 2010, este indicador da população de 10 ou mais de idade caiu de 13,2% para 9,4%, na masculina, e de 12,5% para 8,7%, na feminina. Para as pessoas de 15 ou mais de idade a taxa de analfabetismo declinou de 13,8% para 9,9%, para os homens, e de 13,5% para 9,3%, para as mulheres. No contingente de 10 a 14 de idade a queda foi mais acentuada, mas o diferencial entre as taxas dos homens e das mulheres também foi maior. De 2000 para 2010, a taxa de analfabetismo do grupo etário de 10 a 14 diminuiu de 9,1% para 5,0%, na parcela masculina, e de 5,3% para 2,7%, na feminina. Tabela 16 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade e de 15 ou mais de idade, por sexo, situação do domicílio e os grupos de idade - Brasil - 2000/2010 2000 12,8 13,2 12,5 9,6 27,7 2010 9,0 9,4 8,7 6,8 21,2 2000 7,3 9,1 5,3 4,6 16,6 2010 3,9 5,0 2,7 2,9 8,4 2000 13,6 13,8 13,5 10,2 29,8 2010 9,6 9,9 9,3 7,3 23,2 Taxa de analfabetismo (%) Ano Sexo Situação do domicílio Total Homens Mulheres Urbana Rural 10 ou mais de idade 10 a 14 de idade 15 ou mais de idade A comparação dos resultados de 2000 com os de 2010 indicou que a queda da taxa de analfabetismo ocorreu em todas as faixas etárias, refletindo, principalmente, o aumento da escolarização das crianças ao longo do tempo e, também, o acesso a programas de alfabetização de jovens e adultos por uma parcela daquelas pessoas que não puderam alcançá-la nas idades apropriadas. Análise dos resultados
% Gráfico 32 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade, segundo os grupos de idade - Brasil - 2000/2010 38,0 25,5 29,1 29,4 20,3 20,4 7,3 3,9 5,0 2,2 6,7 2,8 8,0 4,0 9,7 5,9 10,8 7,4 12,4 9,3 15,7 10,5 12,3 15,7 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 ou mais 2000 2010 Em termos regionais, mantiveram-se disparidades marcantes no nível da alfabetização, embora tenha havido avanços expressivos de 2000 para 2010. De 2000 para 2010, a Região Sul continuou detendo a mais baixa taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade, que diminuiu de 7,0% para 4,7%, vindo em seguida a da Região Sudeste, que caiu de 7,5% para 5,1%. Por outro lado, a taxa da Região Nordeste permaneceu, destacadamente, como a mais elevada, embora tenha apresentado a expressiva redução de 24,6% para 17,6%. A segunda mais alta foi a da Região Norte, que baixou de 15,6% para 10,6%, situando-se ainda distante daquela da Região Centro-Oeste, que passou de 9,7% para 6,6%. Em 2010, na Região Nordeste residiam 27,3% das pessoas de 10 ou mais de idade do País e, na Região Sudeste, que era a mais populosa, 42,9%. Do contingente de pessoas analfabetas de 10 ou mais de idade do País, 53,4% moravam na Região Nordeste e 24,3%, na Região Sudeste. % Gráfico 33 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade, segundo as Grandes Regiões - 2000/2010 24,6 12,8 9,0 15,6 10,6 17,6 7,5 7,0 5,1 4,7 9,7 6,6 Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste 2000 2010 Censo Demográfico 2010 Características da população e dos domicílios Resultados do universo
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 ou mais de idade manteve, de 2000 para 2010, evolução semelhante à do contingente de 10 ou mais de idade, tendo passado de 7,7% para 5,1%, na Região Sul; de 8,1% para 5,4%, na Região Sudeste; de 10,8% para 7,2%, na Região Centro-Oeste, de 16,3% para 11,2%, na Região Norte; e de 26,2% para 19,1%, na Região Nordeste. Em todas as Grandes Regiões, as taxas de analfabetismo das áreas urbana e rural tiveram declínios expressivos de 2000 para 2010. Entretanto, os indicadores dessas áreas ainda mantiveram distanciamentos marcantes. Em 2010, na área urbana, as mais baixas taxas de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade foram as das Regiões Sul (4,1%) e Sudeste (4,5%), vindo em seguida a da Região Centro-Oeste (5,8%). A mais elevada foi a da Região Nordeste (13,3%), que ainda ficou distanciada da segunda maior, que foi a da Região Norte (7,4%). Na área rural, a menor taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade foi a da Região Sul (8,2%), vindo em seguida as das Regiões Sudeste e Centro-Oeste, que foram praticamente iguais (13,4% e 13,3%, respectivamente). A mais elevada foi a da Região Nordeste (29,8%) e, depois, a da Região Norte (20,0%). Este mesmo comportamento foi observado para as taxas das pessoas de 15 ou mais de idade nas áreas urbana e rural das Grandes Regiões, conforme pode ser visto na tabela a seguir. Tabela 17 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade e de 15 ou mais de idade, por situação do domicílio, segundo as Grandes Regiões - 2000/2010 Taxa de analfabetismo (%) Grandes Regiões 2000 2010 Urbana Situação do domicílio Rural 2000 2010 2000 2010 10 ou mais de idade Brasil 12,8 9,0 9,6 6,8 27,7 21,2 Norte 15,6 10,6 10,4 7,4 28,7 20,0 Nordeste 24,6 17,6 18,3 13,3 39,5 29,8 Sudeste 7,5 5,1 6,5 4,5 17,2 13,4 Sul 7,0 4,7 6,0 4,1 11,2 8,2 Centro-Oeste 9,7 6,6 8,5 5,8 18,0 13,3 15 ou mais de idade Brasil 13,6 9,6 10,2 7,3 29,8 23,2 Norte 16,3 11,2 11,2 7,9 29,9 21,3 Nordeste 26,2 19,1 19,5 14,3 42,7 32,9 Sudeste 8,1 5,4 7,0 4,8 19,3 14,7 Sul 7,7 5,1 6,5 4,4 12,5 9,0 Centro-Oeste 10,8 7,2 9,4 6,3 19,9 14,6 Análise dos resultados
Em 2010, no que concerne ao contingente de 10 a 14 de idade residente em área urbana, a taxa de analfabetismo da Região Nordeste ficou em 5,5% e a da Região Norte, em 4,2%, enquanto as das Regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste ficaram abaixo de 2% (1,3%, 1,7% e 1,8%, respectivamente). Na área rural, a taxa de analfabetismo das pessoas de 10 a 14 de idade da Região Norte (13,6%) suplantou a da Região Nordeste (10,8%), ambas distanciadas das demais, enquanto a da Região Sul (1,5%) foi a mais baixa, tendo, ainda, ficado próxima daquela da sua área urbana. Esta taxa foi de 2,5%, na Região Sudeste, e de 3,5%, na Região Centro-Oeste. % Gráfico 34 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 a 14 de idade, por situação do domicílio, segundo as Grandes Regiões - 2010 13,6 10,8 8,4 2,9 4,2 5,5 1,8 2,5 1,3 1,5 1,7 3,5 Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Urbana Rural Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Em 2010, a menor taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade foi a do Distrito Federal (3,3%), vindo, em seguida, a do Estado de Santa Catarina (3,9%). Próximo deste último resultado ficaram as taxas do Rio de Janeiro (4,1%), de São Paulo (4,1%) e do Rio Grande do Sul (4,2%). A taxa referente ao Paraná foi um pouco mais elevada (5,8%). No patamar seguinte, ficaram as taxas de Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Amapá e Rondônia, que variaram de 7,1% a 7,9%. Acima deste nível, situaram-se as do Amazonas (9,6%) e de Roraima (9,7%), vindo depois as do Pará (11,2%) e do Tocantins (11,9%). Os estados da Região Nordeste detiveram as mais altas taxas de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade, que variaram de 15,4%, na Bahia, a 22,5%, em Alagoas. Os Estados do Piauí, da Paraíba e do Maranhão apresentaram taxas de 21,1%, 20,2% e 19,3%, respectivamente, enquanto no conjunto formado por Pernambuco, Sergipe, Ceará e Rio Grande do Norte este indicador ficou em torno de 17% (variou de 16,7% a 17,4%). A taxa do Acre (15,2%) ficou no mesmo patamar daquela observada para a Bahia. Censo Demográfico 2010 Características da população e dos domicílios Resultados do universo
Gráfico 35 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade, em ordem decrescente, segundo as Unidades da Federação - 2010 Distrito Federal Santa Catarina Rio de Janeiro São Paulo Rio Grande do Sul Paraná Mato Grosso do Sul Goiás Espírito Santo Minas Gerais Mato Grosso Amapá Rondônia Amazonas Roraima Pará Tocantins Acre Bahia Pernambuco Sergipe Ceará Rio Grande do Norte Maranhão Paraíba Piauí Alagoas 0,0 3,3 3,9 4,1 4,1 4,2 5,8 7,1 7,3 7,5 7,7 7,8 7,9 7,9 9,6 9,7 11,2 11,9 15,2 15,4 16,7 17,0 17,2 17,4 19,3 20,2 21,1 22,5 % 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. A taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade teve declínio expressivo de 2000 para 2010 em todas as Unidades da Federação, conforme pode ser visto na tabela 18. As taxas de analfabetismo das pessoas de 15 ou mais de idade das Unidades da Federação mantiveram a mesma ordenação observada para as pessoas de 10 ou mais de idade e ficando um pouco acima, a exemplo dos indicadores apresentados anteriormente. Esta taxa do grupo etário de 15 ou mais foi de 3,5%, no Distrito Federal, e alcançou 24,3% no Estado de Alagoas. O nível da alfabetização ficou substancialmente menor nas camadas de rendimento nominal mensal domiciliar per capita mais baixas. Em linhas gerais, este comportamento foi observado em todas as Grandes Regiões. No País, em 2010, no contingente de pessoas de 10 ou mais de idade sem rendimento ou com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,6%. Nas classes de mais de ¼ a Análise dos resultados
½ salário mínimo e de mais de ½ a 1 salário mínimo domiciliar per capita, o nível da taxa caiu nitidamente de patamar, atingindo 12,3% e 10,1%, respectivamente, mas ainda bastante acima daquela da classe de mais de 1 a 2 salários mínimos (3,5%). Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, na classe de mais de 2 a 3 salários mínimos, e a 0,4%, na de mais de 5 salários mínimos. Tabela 18 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade, segundo as Unidades da Federação - 2000/2010 Unidades da Federação Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade (%) Unidades da Federação Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade (%) Unidades da Federação Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade (%) 2000 2010 2000 2010 2000 2010 Rondônia 11,5 7,9 Ceará 24,7 17,2 Rio de Janeiro 6,3 4,1 Acre 23,1 15,2 Rio Grande do São Paulo 6,1 4,1 Norte 23,7 17,4 Amazonas 15,3 9,6 Paraíba 27,6 20,2 Paraná 8,6 5,8 Roraima 12,0 9,7 Pernambuco 23,2 16,7 Santa Catarina 5,7 3,9 Pará 16,3 11,2 Alagoas 31,8 22,5 Rio Grande do Sul 6,1 4,2 Amapá 11,2 7,9 Sergipe 23,5 17,0 Mato Grosso do Sul 10,1 7,1 Tocantins 17,2 11,9 Bahia 21,6 15,4 Mato Grosso 11,1 7,8 Maranhão 26,6 19,3 Minas Gerais 10,9 7,7 Goiás 10,8 7,3 Piauí 28,6 21,1 Espírito Santo 10,6 7,5 Distrito Federal 5,2 3,3 Tabela 19 - Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade, residentes em domicílios particulares permanentes, por Grandes Regiões, segundo as classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita - 2010 Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita (salário mínimo) (1) Brasil Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 ou mais de idade, residentes em domicílios particulares permanentes (%) Grandes Regiões Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Total (2) 9,0 10,6 17,6 5,0 4,7 6,6 Sem rendimento a 1/4 (3) 17,6 16,7 23,2 9,2 8,9 12,0 Mais de 1/4 a 1/2 12,3 10,9 18,8 7,7 7,5 9,1 Mais de 1/2 a 1 10,1 9,8 18,8 6,8 6,8 8,8 Mais de 1 a 2 3,5 4,0 6,1 3,0 2,9 3,8 Mais de 2 a 3 1,2 1,7 2,0 1,1 1,0 1,4 Mais de 3 a 5 0,7 1,1 1,2 0,6 0,5 0,8 Mais de 5 0,4 0,8 0,9 0,3 0,3 0,4 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Nota: Exclusive as pessoas cuja condição no domicílio era pensionista, empregado(a) doméstico(a) ou parente do(a) empregado(a) doméstico(a). (1) Salário mínimo utilizado: R$ 510,00. (2) Inclusive as pessoas sem declaração de rendimento nominal mensal domi ciliar per capita. (3) Inclusive as pessoas com rendimento mensal domiciliar per capita somente em benefícios. Censo Demográfico 2010 Características da população e dos domicílios Resultados do universo