Comparação entre imagens MODIS/TERRA e TM/LANDSAT para a detecção de mudanças na cobertura da terra

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Transcrição:

Comparação entre imagens MODIS/TERRA e TM/LANDSAT para a detecção de mudanças na cobertura da terra Eduarda Martiniano de Oliveira Silveira Luis Marcelo Tavares de Carvalho Fausto Weimar Acerbi Junior Departamento de Ciências Florestais DCF; Universidade Federal de Lavras UFLA, Caixa Postal 3037 37.200-000 Lavras, MG Brasil; dudalvras@hotmail.com {passarinho,fausto}@ufla.br Abstract. This paper evaluated the performance of MODIS images with 250 m spatial resolution in comparison to Landsat images for the detection and monitoring of deforestation in the state of Minas Gerais, Brazil. The à trous wavelet algorithm and multiscale analysis were used in order to analyze vegetation changes over the years. The results showed that the MODIS sensor was not able to detect deforestation in areas smaller than 100 ha. However, considering areas larger than 100 ha both sensors were able to detect 43% of the changes. As a conclusion, an effective detection and monitoring system for the state of Minas Gerais should take in consideration both a moderate and fine spatial resolution sensors. Palavras-chave: remote sensing, change detection, MODIS, Landsat. 1. Introdução Entre 2003 e 2005 o desmatamento no estado de Minas Gerais aumentou significativamente com taxa de 1,2 % ao ano (Scolforo e Carvalho, 2006). Esta taxa foi estimada com imagens Landsat TM e ETM + pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) juntamente com a SEMAD (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e IEF (Instituto Estadual de Florestas), através do Projeto Inventário da Flora Nativa e dos Reflorestamentos do Estado de Minas Gerais. Contudo estes dados podem ser mais efetivos, visto que as estimativas são fornecidas um ou dois anos depois que as áreas foram desmatadas. Para superar o problema da baixa freqüência de detecção de desmatamentos com imagens Landsat, o sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), que fornece imagens com resolução temporal de aproximadamente dois dias, se torna uma alternativa promissora. Este sensor, configurado para fornecer dados sobre a dinâmica da biosfera terrestre (Justice et al., 1998), opera com 36 bandas espectrais, das quais sete são semelhantes às do sensor ETM+, fornecendo um recobrimento global e contínuo a cada dois dias, com resoluções espaciais variando de 250 a 1000m. Uma característica importante em relação ao MODIS é a de que os dados, já corrigidos para efeitos atmosféricos (nuvens, aerossóis, etc.) e georeferenciados, são distribuídos gratuitamente na forma de diferentes produtos, entre os quais destacam-se os índices de vegetação NDVI (índice de vegetação da diferença normalizada) e EVI (índice de vegetação realçado), produzidos a cada 16 dias com resoluções de 250, 500 e 1000m. Uma das desvantagens das imagens MODIS em relação às imagens Landsat é a sua menor resolução espacial, porém, a maioria das mudanças na cobertura terrestre ocorre numa escala próxima a 250 m (Townshend e Justice, 1988), o que torna estas imagens viáveis para o monitoramento da cobertura da terra. Visando contribuir com o monitoramento dos desmatamentos no estado de Minas Gerais, este estudo teve como objetivos: i) avaliar a capacidade do sensor MODIS em detectar 1863 1

diferentes classes de tamanho de desmatamento; e ii) comparar as estimativas de desmatamento obtidas com imagens MODIS e Landsat. 2. Metodologia 2.1 Área de Estudo O estado de Minas Gerais apresenta uma área territorial de aproximadamente 586,6114 km 2, abrangendo uma grande variedade de formações, que é explicado por sua localização e extensão, condições geológicas, topográficas e climáticas. Esta situação propicia ao estado a ocorrência de três grandes biomas dos seis grandes grupos presentes em toda a federação (Ribeiro & Walter, 1998, Oliveira Filho & Ratter, 2002), sendo eles Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica (Figura 01). M ata Atlântica Cerrado Caatinga Água Figura 01. Biomas presentes na área de estudo. Sedes M unicipais Capital do Estado De acordo com o mapeamento do estado de Minas Gerais realizado pelo governo do estado, Instituto Estadual de Florestas e Universidade Federal de Lavras, as formações existentes no estado são as Formações Florestais (Floresta Ombrófila, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Decídual), Formações Savânicas (Campo Cerrado, Cerrado Sensu Stricto e Cerradão) e Formações Campestres (Campo e Campo rupestre). Além destas formações, o estado apresenta áreas de reflorestamentos, como Pinus e Eucalipto. A Figura 02 apresenta a localização da flora nativa e dos reflorestamentos no estado. a) b) Figura 02. a) Flora Nativa e b) Reflorestamentos pertencentes ao estado de Minas Gerais. 2.2 Aquisição de imagens Landsat Foram utilizadas imagens acerca de 2003 dos sensores TM e ETM+, que se encontram a bordo dos dois últimos satélites da série Landsat. As imagens foram adquiridas junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (INPE) e a seleção das mesmas foi feita levando em consideração a qualidade das imagens e uma quantidade de nuvens mínima ou nula quando possível (Tabela 01) 1864 2

Tabela 01. Relação das imagens do ano de 2003 utilizadas neste trabalho. Cena Primavera Verão Inverno Cena Primavera Verão Inverno 216-71 30/09/1999 30/03/1999 29/06/2003 219-71 13/10/2002 06/03/2003 18/06/2003 216-72 10/10/2003 30/03/1999 29/06/2003 219-72 13/10/2002 06/03/2003 18/06/2003 216-73 05/10/2001 13/02/2003 29/06/2003 219-73 13/10/2002 16/02/2004 18/06/2003 216-74 16/10/1999 13/02/2003 29/06/2003 219-74 13/10/2002 06/03/2003 18/06/2003 216-75 19/10/2003 15/02/2001 29/06/2003 219-75 13/10/2002 15/02/2002 18/06/2003 217-71 24/09/2003 12/02/2002 09/06/2002 219-76 13/10/2002 02/02/2003 25/05/2003 217-72 28/10/2001 02/12/2002 20/06/2003 220-70 22/10/2000 24/01/2003 11/07/2003 217-73 04/10/2001 18/03/2001 06/07/2003 220-71 23/11/2000 24/01/2003 11/07/2003 217-74 28/10/2001 18/03/2001 20/06/2003 220-72 23/11/2000 24/01/2003 27/07/2003 217-75 04/10/2001 29/01/2001 06/07/2003 220-73 20/10/2002 25/02/2003 16/07/2002 218-70 06/10/2002 10/01/2003 27/06/2003 220-74 20/10/2002 25/02/2003 16/07/2002 218-71 06/10/2002 10/01/2003 27/06/2003 220-75 20/10/2002 25/02/2003 16/07/2002 218-72 06/10/2002 10/01/2003 27/06/2003 221-71 24/10/2001 02/04/2002 16/06/2003 218-73 06/10/2002 11/02/2003 27/06/2003 221-73 11/10/2002 17/01/2001 16/06/2003 218-74 06/10/2002 17/03/2001 27/06/2003 221-74 11/10/2002 17/01/2001 16/06/2003 218-75 14/10/1999 11/02/2003 27/06/2003 222-73 10/10/1999 27/01/2002 30/05/2003 218-76 27/10/2001 11/02/2003 27/06/2003 222-74 02/10/2002 27/01/2002 30/05/2003 219-70 05/10/2001 13/02/2003 29/06/2003 As imagens utilizadas neste trabalho foram adquiridas com correções geométricas e radiométricas padrão (nível de processamento 1G). Neste nível de correção, possíveis erros devido ao efeito do terreno são corrigidos utilizando um modelo digital de terreno e as imagens são registradas a um sistema de coordenadas. As imagens foram georeferenciadas para a projeção cartográfica Albers Equal Área Conic (Tabela 02) e reamostradas para uma resolução espacial de 30 metros usando o algoritmo de interpolação bilinear. Tabela 02. Parâmetros da projeção cartográfica utilizada. Projeção: Cônica Albers de Igual Área Datum: América do Sul 1969 (SAD-69) Latitude do 1 o Paralelo padrão: 5º 00 00,0000 S Latitude do 2 o Paralelo padrão: 42º 00 00,0000 S Longitude do meridiano central: 60º 00 00,0000 O Latitude da origem da projeção: 32º 00 00,0000 S Falso leste no meridiano central: 0,0000000000 metros Falso norte na origem da projeção: 0,0000000000 metros Os algoritmos usados para correção modelam características relacionadas ao sensor, ao plano focal e ao alinhamento dos detectores, usando dados gerados por computadores de bordo durante o imageamento. Correções radiométricas incluem remoção de ruídos de sensibilidade dos detectores, calibração para unidades de radiância e posterior conversão para números digitais. Os valores de reflectância nas imagens retificadas foram gerados usando interpolação bilinear. Com o intuito de padronizar as imagens minimizando o impacto da geometria de iluminação (Markham & Barker, 1986; Irish, 2000; Huang et al., 2002), os números digitais foram convertidos para radiância aparente e posteriormente para reflectância aparente usando parâmetros fornecidos pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). No processo de registro foram utilizados parâmetros como efemérides, altitude do satélite, dados sobre o sistema de imageamento do sensor e do modelo de referência da Terra para o georeferenciamento. Após todas as imagens estarem registradas e georeferenciadas ao sistema de coordenadas escolhido, foi realizado o mosaico do ano de 2003. As imagens Landsat/TM do ano de 2005 adquiridas junto ao INPE (Tabela 03) foram georreferenciadas tomando como referência os produtos do banco de dados imagens Geocover TM 2000. Imagens com cobertura de nuvens foram substituídas por imagens livres ou parcialmente cobertas por nuvens. Durante o georrefernciamento foram coletados de 50 a 100 pontos de controle para ajustar modelos polinomiais de segundo grau. A projeção adotada foi 1865 3

Albers Equal Área Conic. Os procedimentos adotados para conversão dos valores de brilho em valores de reflectância foram idênticos aos aplicados nas imagens de 2003. Tabela 03. Relação das imagens do ano de 2005 utilizadas neste trabalho 2.3 Aquisição de imagens MODIS Cena Principal Substituta Cena Principal Substituta 216-71 3/9/2004 25/1/2005 219-70 26/8/2005 x 216-72 3/9/2005 25/1/2005 219-71 26/8/2005 x 216-73 3/9/2004 20/7/2005 219-72 26/8/2005 x 216-74 3/9/2004 x 219-73 9/7/2005 4/4/2004 216-75 3/9/2004 6/11/2004 219-74 9/7/2005 8/9/2004 217-71 15/10/2005 x 219-75 24/9/2005 x 217-72 15/10/2005 x 219-76 9/7/2005 x 217-73 24/7/2004 15/10/2005 220-70 1/8/2005 x 217-74 22/6/2004 24/7/2004 220-71 1/8/2005 x 217-75 28/8/2005 15/10/2005 220-72 1/8/2005 x 218-70 18/7/2005 20/9/2005 220-73 1/8/2005 11/4/2005 218-71 6/10/2005 7/11/2005 220-74 8/1/2005 11/4/2005 218-72 18/7/2005 x 220-75 8/1/2005 x 218-73 18/10/2005 x 221-71 8/8/2005 x 218-74 31/7/2004 12/3/2005 221-73 23/7/2005 x 218-75 3/8/2005 x 221-74 9/9/2005 x 218-76 3/8/2005 x 222-73 14/7/2005 x 222-74 15/8/2005 30/7/2005 Foram adquiridas imagens do produto MOD13 - Índices de Vegetação com resolução espacial de 250 metros, referentes aos anos de 2003 e 2005 (Tabela 04). Tabela 04. Imagens MODIS adquiridas Número Dias Julianos 2003 2005 1 1 2/jan 2/jan 2 17 16/jan 16/jan 3 33 28/jan 28/jan 4 49 19/fev 19/fev 5 65 6/mar 6/mar 6 81 22/mar 22/mar 7 97 7/abr 7/abr 8 113 23/abr 23/abr 9 129 9/mai 9/mai 10 145 25/mai 25/mai 11 161 10/jun 10/jun 12 177 26/jun 26/jun 13 193 12/jul 12/jul 14 209 28/jul 28/jul 15 225 12/ago 12/ago 16 241 29/ago 29/ago 17 257 14/set 14/set 18 273 30/set 30/set 19 289 16/out 16/out 20 305 1/nov 1/nov 21 321 17/nov 17/nov 22 337 3/dez 3/dez 23 353 19/dez 19/dez 1866 4

Os produtos MODIS foram disponibilizados de acordo com uma grade determinada pelos planos horizontal e vertical, denominados Tiles. Este produto inclui as imagens índices de vegetação NDVI e EVI, e as imagens reflectância de superfície das bandas do azul, vermelho, infravermelho próximo e infravermelho médio. Os dados MODIS disponibilizados no formato HDF com resolução radiométrica de 12 bits, na projeção Sinusoidal foram reprojetados para Albers Equal Área Conic. O tipo de reamostragem foi Bilinear, o datum South American 1969 e extensão da imagem de saída *.tif. 2.4 Aplicação do algoritmo de detecção de mudanças Para a aplicação do algoritmo, os índices de vegetação (NDVI) foram calculados para o conjunto de imagens Landsat. As imagens resultantes foram comparadas pixel a pixel por subtração dos valores de NDVI, gerando uma imagem diferença. Nesta imagem, os valores próximos de zero indicam áreas onde não ocorreram mudanças na cobertura da terra. Valores positivos indicam áreas onde ouve diminuição de cobertura vegetacional e valores negativos indicam áreas onde houve um crescimento expressivo da cobertura. O método adotado foi o desenvolvido por Carvalho (2001), onde a detecção de pontos de modificações é realizada com o auxílio da transformada de ondaletas em múltiplas escalas através do algoritmo conhecido como à trous. Neste produto foram procurados pontos de máxima ou picos de valor mais alto que os seus vizinhos imediatos. A partir dos pontos detectados, algoritmos de segmentação baseados em crescimento de regiões foram executados nas imagens diferenças para delimitar as áreas que sofreram modificações na cobertura vegetacional. Este algoritmo avaliou sucessivamente os pixels conexos aos pontos de máxima para determinar se os mesmos deveriam ser considerados modificações. Os limiares de modificações foram definidos estatisticamente a partir do desvio padrão do conjunto de nove pixels vizinhos do ponto de máxima detectado. Através de interpretação de imagens, para cada ponto detectado, foram definidos os limites das regiões segmentadas. A Figura 03 ilustra a metodologia adotada. a) b) c) d) Figura 03. a) Imagem NDVI; b) Imagem Diferença NDVI 2005/NDVI 2003; c) Imagem para detecção de pontos; d) Segmentação, respectivamente. 2.5 Comparação MODIS-Landsat Quatro classes de tamanho de desmatamento foram consideradas para a análise: < 03 ha; 03 100 ha; 100 1000 ha e > 1000 ha. Essas classes de tamanho são utilizadas pelos órgãos governamentais de fiscalização e controle para a concessão de autorização de desmatamento, definidas na Instrução Normativa N 3 do Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA (IBAMA, 2004). Para cada classe de tamanho, foram computados os polígonos de mudanças gerados a partir das imagens diferenças para os sensores TM/ETM+ e MODIS. Estes foram sobrepostos 1867 5

para avaliar se os desmatamentos detectados na imagem Landsat foram detectados nas imagens MODIS. Após este passo, os centróides dos polígonos detectados pelo satélite Landsat foram sobrepostos às imagens MODIS do ano de 2003 e 2005 para avaliar se os desmatamentos que foram identificados nas imagens Landsat e não foram identificados nas imagens MODIS, poderiam ser visualizados por este sensor. 3. Resultados e Discussão Nas classes de desmatamentos < 3 ha e de 3 100 ha, o Landsat detectou 379 e 4889 áreas, respectivamente, enquanto o MODIS não detectou nenhuma. Na classe de 100 1000 ha, o Landsat detectou 337 áreas e o MODIS 112. Na classe acima de 1000 ha, o MODIS detectou 38 áreas desmatadas enquanto o Landsat detectou apenas 05 áreas (Figuras 04 e 05). a) b) c) d) Figura 04. Centróides do polígonos identificados pelo Landsat, nas classes de tamanho: a) < 3 ha; b) 3 100 ha; c) 100 1000 ha; d) > 1000 ha. a) b) c) Figura 05. Polígonos de mudanças identificados pelo MODIS, nas classes de tamanho: a) 3 100 ha; b) 100 1000 ha; c) > 1000 ha. O MODIS não detectou desmatamentos menores que 100 ha. Apenas 32 % dos desmatamentos com classe de tamanho entre 100 e 1000 ha detectados pelo Landsat foram detectados pelo MODIS. Para a classe de tamanho acima de 1000 ha, 13 % dos desmatamentos detectados pelo MODIS foram detectados pelo Landsat; Considerando as áreas acima de 100 ha, 43 % dos desmatamentos foram detectados pelos dois sensores. As mudanças detectadas apenas pelo Landsat, quando sobrepostas nas imagens MODIS puderam ser identificadas, porém, o algoritmo adotado não foi eficiente para detectá-la. Este fato pode ter ocorrido em função do erro de interpretação de imagens, onde o analista, além de definir os limiares de modificação estatisticamente, define se os pontos de máxima detectados são considerados modificações. 4. Considerações Finais A análise comparativa entre imagens Landsat e MODIS, para o estado de Minas Gerais, revelou que as imagens MODIS, com resolução de 250m, são úteis para detectar e monitorar o avanço do desmatamento no estado. As estimativas de área com imagens MODIS são mais próximas daquelas obtidas com Landsat para áreas maiores que 100 ha, em função da moderada resolução espacial deste sensor. 1868 6

Estudos utilizando estes dois sensores devem ser realizados, visto que o Landsat possui uma resolução espacial adequada para detectar mudanças entre 3 e 1000 ha, porém apresenta uma resolução temporal indesejada quando se trabalha com grandes áreas, diminuindo a disponibilidade de imagens sem cobertura de nuvens. O sensor MODIS possui uma resolução espacial que impossibilita a detecção de desmatamentos em pequena escala, porém apresenta uma resolução temporal elevada. Desta forma, o sensor MODIS pode ser utilizado para realizar a detecção de mudanças em um primeiro nível, onde o objetivo é a detecção de desmatamentos em grande escala. Nas áreas próximas a estes desmatamentos, quando o interesse for identificar áreas menores, recomenda-se a utilização de imagens Landsat. 5. Referências Bibliográficas Carvalho, L. M. T. Mapping and monitoring forest remnants: a multiscale analysis of spatio-temporal data. 2001. 150 p. Tese (Doutorado em Sensoriamento Remoto) Wageningen University, Wageningen, The Netherlands. 2001. Huang, C., Wylie, B., Homer, C., Yang, L., Zylstra, G. Derivation of a Tasseled Cap transformation based on Landsat 7 at-satellite reflectance. International Journal of Remote Sensing, v. 23, n. 8, p. 1741-1748, 2002. Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) Instrução Normativa N³, de 04.03.02, publicada em 03.03.2, sobre conversão para uso do solo(reedição da IN 003, de 10.05.01, publicada em 14.05.01). Ibama SCEN Trecho 2 Ed. Sede. Brasilía DF. 2004. Irish, R. R. Landsat 7 science data user s handbook. 2000. (Report 430-15-01-003-0) National Aeronautics and Space Administration. 2000. Justice, C. O.; Vermote, E.; Townshend, R. D.; Roy, D. P.; Hall, D. K.; Salomonson, V. V.; Privette, J. L.; Riggs, G.; Strahler, A.; Lucht, W.; Myneni, R. B.; Knyazikhin, Y.; Running, S. W.; Nemani, R. R.; Wan, Z.; Huete, A. R.; van Leeuwen, W. J. D.; Wolfe, R. E.; Giglio, L.; Muller, J.; Lewis, P.; Barnsley, M. J. The Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS): Land remote sensing for global change research. IEEE Transactions on Geoscience and Remote Sensing, 36(4), p. 1-22, 1988. Markham, B. L., Barker, J. L. Landsat MSS and TM post-calibration dynamic ranges, exoatmospheric reflectances and at-satellite temperatures, EOSAT Landsat Technical Notes, v. 1, p. 3-8, 1986. Oliveira Filho, A. T.; Ratter, J. A. Vegetation physiognomies and woody flora of the cerrado biome. In: Oliveira, P. S.; Marquis, R. J. (Org.) The Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical. New York: Columbia University Press, 2002. p. 91-114. Ribeiro, J. F.; Walter, B. M. T. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.; Almeida, S. P. (Ed.). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1998. p. 89-169 Scolforo, J.R; Carvalho, L.M.T. Mapeamento e inventário da flora nativa e dos reflorestamentos de Minas Gerais. Lavras, UFLA, 2006. Townshend, J. R. G., & Justice, C. O. Selecting the spatial resolution of satellite sensors required for global monitoring of land transformations. International Journal of Remote Sensing, 9, 187 236,1998.. 1869 7