EFEITO DO PH NA ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA POR QUITOSANA E QUITOSANA MODIFICADA COM CIANOGUANIDINA

Documentos relacionados
CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE CORANTES ALIMENTÍCIOS EM SISTEMA BINÁRIO POR QUITOSANA COM E SEM MODIFICAÇÃO RESUMO

ELABORAÇÃO DE MICROESTRUTURAS POROSAS A BASE DE QUITOSANA E QUITINA PARA A ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL BRILHANTE RESUMO

ADSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL PRETO REATIVO N 5 UTILIZANDO FILMES DE QUITOSANA MODIFICADOS COM TERRA ATIVADA EM DIFERENTES PROPORÇÕES

INFLUÊNCIA DO ph NA ADSORÇÃO DE ÍONS Cr (VI) UTILIZANDO ESPONJA DE QUITOSANA

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

PREPARAÇÃO DE NANOFIBRAS DE QUITOSANA E NYLON VIA FORCESPINNING PARA A ADSORÇÃO DE CORANTES ANIÔNICOS

UTILIZAÇÃO DE QUITOSANA DE DIFERENTES GRAUS DE DESACETILAÇÃO PARA A REMOÇÃO DE CROMO DE SOLUÇÕES AQUOSAS

USO DE QUITOSANA NO TRATAMENTO DE ÁGUAS CONTAMINADAS COM CORANTE ALIMENTÍCIO 1. INTRODUÇÃO

CINÉTICA DE ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA POR UMA ESPONJA MEGAPOROSA DE QUITOSANA

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

RESUMO AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PROCESSO NA ADSORÇÃO DO CORANTE AMARANTO POR FILMES DE QUITOSANA

ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO CREPÚSCULO EM LEITO FIXO POR ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA DE DIFERENTES GRAUS DE DESACETILAÇÃO

ESTUDO DA ADSORÇÃO E DESSORÇÃO DO CORANTE AZUL REATIVO BF-5G EM CARVÃO ATIVADO DE OSSO

Universidade Estadual do Rio Grande, Escola de química e Alimentos

ADSORÇÃO DE CORANTE REATIVO PRETO 5 EM COLUNA DE LEITO FIXO UTILIZANDO ESFERAS REVESTIDAS COM QUITOSANA EM LEITO FLUIDIZADO.

UTILIZAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA NATURAL PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL

ISOTERMAS DE EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DA ADSORÇÃO DO CORANTE TARTRAZINA UTILIZANDO ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA

CINÉTICA DA ADSORÇÃO DE OURO CONTIDO EM SOLUÇÕES LIXIVIADAS DE MICROPROCESSADORES UTILIZANDO QUITINA COMO ADSORVENTE

Utilização de lama vermelha tratada com peróxido de BLUE 19

SÍNTESE DE ESPUMAS DE POLIURETANO/QUITOSANA PARA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO N 40

UTILIZAÇÃO DE ADSORVENTE ALTERNATIVO DE BAIXO CUSTO PARA REMOÇÃO DO CORANTE TARTRAZINA

ESTUDO DA RETENÇÃO DO CORANTE VIOLETA CRISTAL EM QUITOSANA

BRANQUEAMENTO DE ÓLEO DE FARELO DE ARROZ COM TERRA ATIVADA E QUITOSANA

ESTUDO DE ADSORÇÃO DO CORANTE ALIMENTÍCIO SINTÉTICO, AMARELO CREPÚSCULO, DE SOLUÇÕES AQUOSAS COM O USO DE MATERIAIS DE BAIXO CUSTO

EFICIÊNCIA DO CARVÃO ATIVADO DE BABAÇU NA REMOÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA EM SOLUÇÃO AQUOSA

ADSORÇÃO DE CROMO (VI) EM LEITO FIXO UTILIZANDO PARTÍCULAS DE AREIA RECOBERTAS COM QUITOSANA

INFLUÊNCIA DO PH E TEMPO DE CONTATO NA CAPACIDADE ADSORTIVA DA MORINGA OLEÍFERA PARA REMOÇÃO DO CORANTE TARTRAZINA

UTILIZAÇÃO DE SEMENTES DE LARANJA COMO ADSOVENTE NA REMOÇÃO DO CORANTE AZUL DE METILENO

AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DE ADSORÇÃO DE ÍONS CROMO (VI) EM NANOFIBRAS DE QUITOSANA/NYLON 6

Uso de vermiculita revestida com quitosana como agente adsorvente dos íons sintéticos de chumbo (Pb ++ )

Remoção de Cr(VI) de soluções aquosas pelo filme de óxido de ferro/nanotubo de carbono/quitosana reticulada

ADSORÇÃO DE AZUL DE METILENO EM MANGANESE GREENSAND

ESTUDO COMPARATIVO DE ADSORÇÃO DO Cr(VI) PELAS FIBRAS DE QUITOSANA E QUITOSANA MAGNÉTICA

Eixo Temático ET Tratamento de Efluentes Sanitários e Industriais

ADSORÇÃO DE CORANTES ALIMENTÍCIOS EM SISTEMA AQUOSO BINÁRIO POR HIDROGEL MODIFICADO

REMOÇÃO DE METAIS PESADOS EM ÁGUA ATRAVÉS DE BIOPOLÍMEROS MODIFICADOS 1 INTRODUÇÃO

Artigo. Quim. Nova, Vol. 34, No. 7, , 2011

INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE SAIS NA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO PROCION UTILIZANDO ALUMINA ATIVADA

ADSORÇÃO DOS CORANTES ALIMENTÍCIOS AMARELO TARTRAZINA E AZUL BRILHANTE POR BIOMASSA ENCAPSULADA

ESTUDO DA ADSORÇÃO DE CHUMBO UTILIZANDO COMO ADSORVENTE BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR ATIVADO

PARAMETRIZAÇÃO DA ADSORÇÃO DE ANTOCIANINAS EM PARTICULAS RECOBERTAS COM QUITOSANA NO PROCESSO EM BATELADA.

COMPARAÇÃO DO PROCESSO DE ADSORÇÃO DO CORANTE REATIVO PRETO 5 UTILIZANDO CARVÃO COMERCIAL DE CASCA DE COCO E LODO ATIVADO GASEIFICADO

EQUILÍBRIO, TERMODINÂMICA E REUSO DE FILMES DE QUITOSANA MODIFICADOS COM ÍONS VANÁDIO NA ADSORÇÃO DO CORANTE REATIVO PRETO 5 RESUMO

ESTUDO DA REMOÇÃO DE CORANTES REATIVOS PELO PROCESSO DE ADSORÇÃO USANDO ARGILA CHOCOBOFE IN NATURA

ADSORÇÃO DE CORANTE ALIMENTÍCIO EM COLUNA DE LEITO FIXO EMPACOTADA COM ESFERAS RECOBERTAS COM QUITOSANA E QUITOSANA RETICULADA COM CIANOGUANIDINA.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1Comprimento de onda do corante Telon Violet

ESTUDO TERMODINÂMICO DA REMOÇÃO DO CORANTE AZUL 5G POR ARGILA BENTONITA SÓDICA NATURAL

CINÉTICA, EQUILÍBRIO E TERMODINÂMICA DA ADSORÇÃO DE COBALTO UTILIZANDO QUITINA

OBTENÇÃO DE QUITOSANA A PARTIR DE CARAPAÇAS DE SIRI OBTAINMENT OF CHITOSAN FROM CRAB SHELLS

Uso de Vermiculita Revestida com Quitosana como Agente Adsorvente dos Íons Sintéticos de Chumbo (Pb ++ )

ESTUDO DE ADSORÇÃO DO CORANTE ALIMENTÍCIO SINTÉTICO, VERMELHO PONCEAU, DE SOLUÇÕES AQUOSAS COM O USO DE MATERIAIS DE BAIXO CUSTO

EFEITO DA TEMPERATURA DE GASEIFICAÇÃO DE BIOMASSA NA ADSORÇÃO DE CORANTE REATIVO

ESTUDO DA ETAPA DE DESMINERALIZAÇÃO PARA OBTENÇÃO DE QUITINA OBTIDA A PARTIR DE CASCAS DE CARANGUEJO 1. INTRODUÇÃO

SÍNTESE DE ADSORVENTE MAGNÉTICO À BASE DE QUITOSANA PARA ADSORÇÃO DE CORANTE ANIÔNICO

CORANTE REATIVO VERMELHO REMAZOL RGB EM CARVÃO ATIVADO COMERCIAL E LODO GASEIFICADO PROVENIENTE DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL

REMOÇÃO DO CORANTE TÊXTIL VIOLETA REATIVO 5 DE SOLUÇÕES AQUOSAS UTILIZANDO FIBRA DE COCO NAS FORMAS BRUTA E ATIVADA

ESTUDO DA VIABILIDADE DE USO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA COMO ADSORVENTE ALTERNATIVO

INVESTIGAÇÃO DOS POSSÍVEIS SÍTIOS DE ADSORÇÃO DE Cd +2 E Hg +2 EM SOLUÇÃO AQUOSA

O EFEITO DA ADIÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO NO COMPORTAMENTO DAS ISOTERMAS DE ADSORÇÃO DE CORANTE AZUL REATIVO BF-5G EM CARVÃO ATIVADO DE OSSO

DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS DE ADSORÇÃO DE ÍONS DOS METAIS DE TRANSIÇÃO UTILIZANDO O MODELO DE AVRAMI

1017 Acoplamento Azo do cloreto de benzenodiazônio com 2- naftol, originando 1-fenilazo-2-naftol

ADSORÇÃO DE ÍNDIGO CARMINE UTILIZANDO MICROESFERAS DE ALGINATO (AL) E QUITOSANA (QT) PURAS E DOPADAS COM NÍQUEL E FERRO

ADSORÇÃO DE Cr(VI) EM HIDROGEL DE QUITOSANA

OBTENÇÃO DE ESFERAS DE QUITOSANA PARA ESTUDO DO COMPORTAMENTO EM ÁGUAS POLUÍDAS ARTIFICIALMENTE COM METAIS PESADOS

Henrique John Pereira Neves (1); Eliane Bezerra de Moraes Medeiros (1); Otidene Rossiter Sá da Rocha (2); Nelson Medeiros de Lima Filho (3)

BIOADSORÇÃO E DESSORÇÃO DOS ÍONS Cd 2+ E Zn 2+ PELO RESÍDUO DA EXTRAÇÃO DO ALGINATO DA ALGA MARINHA Sargassum filipendula

ADSORÇÃO DOS CORANTES AZUL REATIVO CI 222 E AZUL ÁCIDO CI 260 COM RESÍDUOS SÓLIDOS AGRÍCOLAS E LODO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES.

OBTENÇÃO DE QUITINA A PARTIR DE CARAPAÇAS DE SIRI (Maia squinado): USO DE UM PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL NA ETAPA DE DESMINERALIZAÇÃO

UTILIZAÇÃO DA LAMA VERMELHA PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES TÊXTEIS COM ELEVADA CARGA DE CORANTE REATIVO

BIOTECNOLOGIA AMBIENTAL: ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA CAPTACAO DE ESPECIES METÁLICAS CONTIDAS EM MEIOS AQUOSOS UTILIZANDO BIOSSORVENTES HIDROFOBICOS

ESTUDO AVALIATIVO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DO METAL PESADO CHUMBO (II) EM VERMICULITA REVESTIDA COM QUITOSANA

DESSORÇÃO DO CORANTE COMERCIAL AZUL 5G A PARTIR DO ADSORVENTE CASCA DE SOJA

DESENVOLVIMENTO DE BIOADSORVENTE A PARTIR DA VAGEM SECA DO FEIJÃO

DESSULFURIZAÇÃO ADSORTIVA DO CONDENSADO ORIUNDO DA PIRÓLISE DE PNEUS INSERVÍVEIS

ADSORÇÃO APLICADA AO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE TINGIMENTO DE CURTUMES

XV 011 USO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTE PARA PRODUÇÃO DE CARVÃO ATIVADO QUIMICAMENTE COM INDUÇÃO POR ENERGIA DE MICRO-ONDAS

COMPARATIVO DA CAPACIDADE ADSORTIVA DE NANOFOLHAS DE GRAFENO PARA REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS COM DIFERENTES COMPRIMENTOS DE ONDA

USO DE RESÍDUOS TRATADOS PARA ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL BRILHANTE REMAZOL EM EFLUENTE SINTÉTICO

UTILIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE SÍLICA FUNCIONALIZADAS COM GRUPOS NITROGENADOS COMO SUPORTE PARA IMOBILIZAÇÃO DE CORANTES

4. Materiais e métodos

ADSORÇÃO DE CORANTES E ÍONS VANÁDIO (V) EM SOLUÇÃO AQUOSA UTILIZANDO FILMES DE QUITOSANA

PREPARAÇÃO DE MATERIAIS CARBONÁCEOS A PARTIR DE PIRÓLISE DE RESÍDUOS DE ORIGEM ANIMAL E SUA APLICAÇÃO NA ADSORÇÃO DE FUCSINA

REMOÇÃO DE CÁTIONS METÁLICOS UTILIZANDO ZEÓLITA HBEA

FUNCIONALIZAÇÃO DA CELULOSE COM AMINOETANOTIOL

I Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente Progresso, Consumo e Natureza Desafios ao Homem

12º Encontro Brasileiro sobre Adsorção 23 a 25 de abril de 2018 Gramado/RS

Patricia Cunico, Carina P. Magdalena, Terezinha E. M. de Carvalho,

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DA LAMA VERMELHA TRATADA TERMICAMENTE A 400ºC NA ADSORÇÃO DO CORANTE TÊXTIL REATIVO BLUE 19.

TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS CONTENDO METAIS PESADOS

APLICAÇÃO DA FIBRA DE BAMBU IN NATURA E CARVÃO ATIVADO ÓSSEO COMO ADSORVENTE NA REMOÇÃO DE CORANTE AZUL DE METILENO

REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS INDUSTRIAIS POR ADSORÇÃO EM NANOFOLHAS DE GRAFENO

INVESTIGAÇÃO DA ADSORÇÃO DO CORANTE VERMELHO PONCEAU SOBRE CARVÃO COMERCIAL DE ORIGEM ANIMAL

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DA CASCA DE ARROZ

AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE ESCAMAS DE SARDINHA VERDADEIRA SARDINELLA BRASILIENSIS NA REMOÇÃO DE CROMO HEXAVALENTE PELO PROCESSO DE ADSORÇÃO.

2017 Obtenção da amida do ácido cinâmico através da reação do cloreto do ácido cinâmico com amônia

II-090 UTILIZAÇÃO DE PÓ DE CASCA DE COCO COMO BIOADSORVENTE PARA REMOÇÃO DOS CORANTES VERMELHO CONGO E AZUL DIRETO DE EFLUENTES

Síntese e Caracterização dos Compósitos de Fosfato Dicálcio Anidro/Óxido de Silício e avaliação da estabilidade química

Transcrição:

EFEITO DO PH NA ADSORÇÃO DO CORANTE AMARELO TARTRAZINA POR QUITOSANA E QUITOSANA MODIFICADA COM CIANOGUANIDINA J. O. GONÇALVES 1, C. F. ALVES 1, T. GIORDANI 1, C. N. GROTH 1, M. T. SCALCO 1, G. L. DOTTO 2 e L. A. A. PINTO 1 1 Universidade Federal do Rio Grande, Escola de Química e Alimentos 2 Universidade Federal de Santa Maria, Departamento de Engenharia Química E-mail: janaina_sde@hotmail.com RESUMO Neste trabalho, quitosana com grau de desacetilação de 85% foi modificada com cianoguanidina, a fim de melhorar seu potencial adsorvente. Foram utilizadas técnicas de microscopia eletrônica de varredura e análise de infravermelho para comprovar a modificação. O efeito do ph (2 8) foi avaliado na adsorção do corante amarelo tartrazina pela quitosana pura e pela quitosana modificada. Foi observada uma banda do grupo C N da cianoguanidina, comprovando que a mesma foi introduzida com sucesso nas cadeias poliméricas de quitosana. Verificou-se que a quitosana modificada foi o melhor adsorvente, apresentando um percentual de remoção de 70% do corante amarelo tartrazina. As máximas capacidades de adsorção foram de 430 mg/g e 255 mg/g, em ph 2, para a quitosana modificada e a quitosana pura, respectivamente, mostrando que a modificação com cianoguanidina melhorou o potencial de adsorção da quitosana. 1. INTRODUÇÃO Muitas indústrias utilizam corantes e pigmentos para colorir seus produtos, tendo como principal justificativa, a melhor aparência do produto (Prado e Godoy, 2003). No entanto, quando descartados de forma incorreta no ambiente, os corantes podem causar graves impactos, afetando processos simbióticos, reduzindo a capacidade de reoxigenação da água, dificultando a passagem de luz solar e, consequentemente, reduzindo a atividade fotossintética. Por isso, a remoção destes corantes antes do descarte do efluente industrial tem grande relevância do ponto de vista ambiental (Piccin et al., 2009). A fim de encontrar técnicas alternativas para a remoção dos corantes de efluentes industriais, a adsorção recebe atenção considerável, pela vasta gama de materiais adsorventes o que têm sido desenvolvidos para esta finalidade (Ramachandra et al., 2007). A adsorção constitui um dos métodos mais simples e eficiente pelo fato de ser bastante eficaz na remoção de espécies em soluções líquidas Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 1

em baixas concentrações, e, dependendo do material adsorvente que é utilizado, pode se tornar um método com maior custo benefício para o tratamento de efluentes (Kunz et al., 2002). A utilização da quitosana em operações de adsorção para a remoção de corantes de soluções aquosas vem ganhando destaque na literatura, devido à presença de grupos amino e hidroxila, os quais servem como sítios ativos, fornecendo elevadas taxas de remoção (Wan Ngah et al., 2011). Além disso, podem ser realizadas modificações químicas na estrutura deste biopolímero com substâncias que possam incrementar no desempenho da quitosana como material adsorvente (Fu et al., 2004; Rinaudo, 2006). Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar o efeito do ph (2 8) na adsorção do corante amarelo tartrazina pela quitosana sem modificações e modificada com cianoguanidina. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Adsorbato Neste estudo, foi utilizado o corante amarelo tartrazina que foi fornecido pela indústria Duas Rodas Ind. (Brasil) com grau de pureza de 85%. Também é conhecido como FD&C Yellow 5 (C.I. 19140), sendo um corante sintético pertencente ao grupo funcional dos azo-compostos. Apresenta uma massa molar 534,4 g/mol. A Figura 1 apresenta a estrutura química do corante amarelo tartrazina. Figura 1 Estrutura química do corante amarelo tartrazina. Fonte: Dotto et al. (2011). 2.2 Obtenção, caracterização e modificação da quitosana Os adsorventes utilizados neste trabalho foram a quitosana e a quitosana modificada. A quitosana em forma de pasta foi obtida a partir de resíduos de camarão (Penaeus brasiliensis) (Weska et al., 2007), após foi seca (Halal et al., 2010) e caracterizada de acordo com o tamanho da partícula (D), microscopia eletrônica de varredura (MEV) (Jeol, JSM-6060, Japão), massa molar (MM) (método viscosimétrico) (Zhang e Neau, 2001) e grau de desacetilação (Tolaimate et al., 2000). Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 2

A quitosana em pó foi então modificada com cianoguanidina (Merck, 99,9%) como se segue: 1 g de quitosana foi dissolvida em 100 ml de ácido clorídrico 1% (v/v) sob agitação. Após foram adicionados 0,53 g de cianoguanidina. A temperatura da reação foi aumentada para 90ºC e a solução foi agitada durante 3 h. A solução de quitosana modificada com cianoguanidina foi deixada em repouso até que atingisse a temperatura ambiente, após foi seca em estufa à 40ºC por 24 h (Wang et al., 2013). As amostras de quitosana antes e após a modificação foram caracterizadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) (Jeol, JSM-6060, Japão) e análise de infravermelho (FT- IR) (Prestige, 21210045, Japão), a fim de comprovar a modificação. 2.3 Experimentos de adsorção As amostras de quitosana (25 mg) foram adicionados a 80 ml de água e o ph foi corrigido para 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 através da adição de 10 ml de soluções tampão fosfato dissódico/ácido cítrico 0,1 mol/l. Um volume de 10 ml de solução 1 g/l de corante foram adicionados às soluções de adsorvente. Essas soluções foram colocadas em frascos de 500 ml e agitados a 100 rpm utilizando um agitador termostatizado do tipo de Wagner, por 24 h à 298 K (modelo Fanem 315 SE, São Paulo, Brasil). O líquido foi filtrado (papel filtro Whatmann n 40), e a quantidade de corante adsorvida foi determinada por espectrofotometria (Quimis Q108 DRM, Brasil) à 425 nm. Os experimentos foram repetidos nas mesmas condições, utilizando a quitosana modificada com cianoguanidina. A capacidade de adsorção do corante (q) (mg/g), foi calculada de acordo com Equação 1. C C f q 0 V (1) m onde C 0 e C f as concentrações de corante inicial e final na fase líquida (mg/l), respectivamente, m a massa de adsorvente (g), e V o volume da solução (L). O percentual de remoção (%R) foi calculado de acordo com a Equação 2. C0 C f %R C 0 100 (2) 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Caracterização da quitosana A Figura 2 apresenta as imagens de MEV para a quitosana sem modificação (Figura 2 (a)) e para a quitosana modificada com cianoguanidina (Figura (2b)). A partir da Figura 2, pode-se observar que a quitosana antes e depois da modificação apresentaram diferenças na sua superfície, sendo que a quitosana após a modificação apresentou uma superfície com mais concavidades e protuberâncias comparada a quitosana antes da modificação que se apresentou mais lisa. Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 3

(a) (b) Figura 2 Imagens de MEV para (a) quitosana sem modificação (b) quitosana modificada. A quitosana em pó apresentou um diâmetro menor 100 µm, massa molar de 144±7 kda, e grau de desacetilação de 84,5±1%. Os valores obtidos estão coerentes com o estudo recente encontrados por Dotto et al. 2013. A Figura 3 apresenta o espectro FT IR da quitosana sem modificação e modificada. Figura 3 Espetro infravermelho (FT IR) (a) quitosana sem modificação (b) quitosana modificada. Na Figura 3(a) pode se observar as bandas características da quitosana sem modificação, em 3000 cm -1, a banda larga representa os estiramentos das ligações O H e N H. A vibração de C=O (banda amida I) foi observada em 1650 cm -1. No pico 1550 cm -1, é observado o estiramento da Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 4

ligação C N da amida. O estiramento da ligação C O pode ser identificado em 1000 cm -1 (Dotto et al., 2013). A deformação angular da ligação N H pode ser verificada em 680 cm -1 (Cadaval Jr. et al., 2013). Após a modificação com cianoguanidina (Figura 3(b)), apareceu uma intensa banda em torno de 2250 cm - 1. Este é um vínculo de sal de amônio formado (Zhao et al., 2012). Um pequeno grupo C N da cianoguanidina apareceu no pico 2100 cm -1. Além disso, a banda larga em torno de 3000 cm -1 diminuiu devido à inserção da cianoguanidina no grupo amino de quitosana. A Figura 4 apresenta a influência do ph nas capacidades de adsorção para a quitosana sem modificação (q) e modificada (q M ). Figura 4 Capacidades de adsorção da quitosana sem modificação (q) e com modificação (q M ). Pode-se observar na Figura 4 que a quitosana e a quitosana modificada aumentaram suas capacidade de adsorção com a diminuição do ph. Este aumento sob condições ácidas pode ter ocorrido devido ao aumento de íons H + presentes na solução, que facilitam a protonação dos grupos amino da quitosana, os quais são convertidos em NH 3 +. Estes grupamentos por sua vez promovem um aumento na interação eletrostática entre a quitosana e os grupamentos sulfonados do corante e, consequentemente, a capacidade de adsorção é aumentada (Crini e Badot, 2008; Dotto e Pinto, 2011). O percentual de remoção do corante amarelo tartrazina alcançou valores de 70%. Quanto a capacidade de adsorção da quitosana modificada com cianoguanidina, esta aumentou consideravelmente em relação à quitosana sem modificação em ph menores que 4,0, com valores superiores a 260 mg g -1 ; sendo alcançado o maior valor (430 mg/g) em ph 2. Enquanto que a quitosana sem modificação, na mesmas condições de ph, apresentou capacidades de adsorção na faixa de 200 255 mg/g. Esse aumento deve-se a inserção da cianoguanidina nas cadeias da quitosana, o que leva a um aumento nos grupamentos carregados positivamente em meio ácido. Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 5

4. CONCLUSÃO As análises de MEV e FT-IR permitiram observar as diferenças entre a quitosana com e sem modificação, e classificar as principais vibrações características dos grupos funcionais. Foi verificado através da ligação C N da cianoguanidina, que a quitosana foi modificada adequadamente. Mediante os ensaios de adsorção do corante amarelo tartrazina, ficou evidenciado que a modificação da quitosana com cianoguanidina favoreceu o processo de adsorção, obtendo um aumento na capacidade de adsorção de 255 para 430 mg/g no ph 2. O percentual de remoção foi de 70% do corante amarelo tartrazina. Em geral, os resultados mostraram que a modificação com cianoguanidina melhorou o potencial de adsorção da quitosana. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CADAVAL JR., T.R.S.; CAMARA, A.S.; DOTTO, G.L.; PINTO, L.A.A. Adsorption of Cr (VI) by chitosan with different deacetylation degrees. Desalin. Water Treat., v. 51, p. 7690-7699, 2013. CRINI, G.; BADOT, P. Application of chitosan, a natural aminopolysaccharide, for dye removal from aqueous solutions by adsorption processes using batch studies: A review of recent literature. Prog. Polym. Sci., v. 33, p. 399-447, 2008. DOTTO, G.L.; MOURA, J.M.; CADAVAL Jr., T.R.S.; PINTO, L.A.A. Application of chitosan films for the removal of food dyes from aqueous solutions by adsorption. Chem. Eng. J., v. 214, p. 8-16, 2013. DOTTO, G.L.; PINTO, L.A.A. Adsorption of food dyes acid blue 9 and food yellow 3 onto chitosan: Stirring rate effect in kinetics and mechanism. J. Hazard. Mater., v. 187, p. 164-170, 2011. DOTTO, G.L.; VIEIRA, M.L.G.; GONÇALVES, J.O.; PINTO L.A.A. Remoção dos corantes azul brilhante, amarelo crepúsculo e amarelo tartrazina de soluções aquosas utilizando carvão ativado, terra ativada, terra diatomácea, quitina e quitosana: estudos de equilíbrio e termodinâmica, Quím. Nova, v. 34, p. 1193-1199, 2011. FU, G.Q.; SHI, K.Y.; YUAN, Z.; NIU, W.Q.; HE, B.L.; LIU, B. A modified chitosan adsorbent for selective removal of low density lipoprotein. Chin. Chem. Let., Amsterdam, v. 15, n. 3, p. 347-349, 2004. HALAL C.Y., MOURA J. M., PINTO L.A.A. Evaluation of molecular weight of chitosan in thin-layer and spouted bed drying, J. Food Proc., v. 34, p. 160-174, 2011. KUNZ, A.; PERALTA-ZAMOTRA, P.; MORAES, S.G.; DURÁN, N. Novas tendências no tratamento de efluentes têxteis. Quím. Nova, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 78-82, 2002. PICCIN, J.S.; VIEIRA, M.L.G.; GONÇALVES, J.; DOTTO, G.L.; PINTO, L.A.A. Adsorption of FD&C Red No. 40 by chitosan: Isotherms analysis J. Food Eng. v. 95, p. 16-20, 2009. RAMACHANDRA, T.V.; AHALYA, N.; KANAMADI, R.D. Biosorption: Techniques and Mechanisms. CES Technical Report, v. 110, 2007. RINAULDO, M. Chitin and chitosan: Properties and applications. Prog. Polym. Sci.. v. 31, p. 603-632, 2006. Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 6

TOLAIMATE, A.; DESBRIERES, J.; RHAZI, M.; ALAGUI, A.; VINCENDON, M.; VOTTERO, P. On the Influence of Deacetylation Process on the Physicochemical Characteristics of Chitosan from Squid Chitin. Polymer, v. 41, p. 256-269, 2000. WAN NGAH, W.S.; TEONG, L.C.; HANAFIAH, M.A.K.M. Adsorption of dyes and heavy metal ions by chitosan composites: A review. Carbohydr. Polym., v. 83, p. 1446 1456, 2011. WANG, Y.; QI, Y.; LI, Y.; WU, J.; MA, X.; YU, C.; JI L. Preparation and characterization of a novel nano-absorbent based on multi-cyanoguanidine modified magnetic chitosan and its highly effective recovery for Hg(II) in aqueous phase. J. Hazard. Mater., v. 260, p. 9-15, 2013. WESKA, R.F.; MOURA, J.M.; BATISTA, L.M.; RIZZI, J.; PINTO, L.A.A. Optimization of deacetylation in the production of chitosan from shrimp wastes: use of response surface methodology, J. Food Eng., v. 80, p. 749 753, 2007. ZHANG, H.; NEAU S.H. In vitro degradation of chitosan by a commercial enzyme preparation: effect of molecular weight and degree of deacetylation, Biomaterials, v. 22, p. 1653 1658, 2011. ZHAO, X.; QIAO, Z.Z.; HE, J. X. Preparation of chitosan biguanidine hydrochloride and application in antimicrobial finish of wool fabric. J. Eng. Fiber. Fabr., v. 5, p. 3-20, 2012. Área temática: Engenharia Ambiental e Tecnologias Limpas 7