Análise de indicadores selecionados Un análisis de indicadores selecionados An analysis of selected indicators

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Transcrição:

Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda 2015 Anuario del Sistema Público de Empleo, Trabajo y Renta 2015 Yearbook of Public Employment, Work and Income System 2015 Análise de indicadores selecionados Un análisis de indicadores selecionados An analysis of selected indicators Ministério do Trabalho e Previdência Social

Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Ministro do Trabalho e Previdência Social Miguel Soldatelli Rossetto Secretário-Executivo Claudio Alberto Castelo Branco Puty Secretário Especial do Trabalho José Lopez Feijóo Secretário de Políticas Públicas de Emprego - SPPE Márcio Alves Borges (substituto) Secretário Nacional de Economia Solidária (Senaes) Paul Israel Singer Secretário de Relações do Trabalho (SRT) Manoel Messias Nascimento Melo Diretora do Departamento de Emprego e Salário (DES) Sinara Alves Ferreira (substituta) Diretor do Departamento de Qualificação Rafael Galvão Diretora do Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude (DPTEJ) Ana Lucia de Alencastro Gonçalves (substituta) Diretor do Dep. de Fomento à Economia Solidária (Defes) Manoel Vital de Carvalho Filho Diretor do Departamento de Estudos e Divulgação (DED) Valmor Schiochet Assessor Especial para Assuntos Internacionais Mario dos Santos Barbosa copyright 2015 - Ministério do Trabalho e Previdência Social SPPE - Esplanada dos Ministérios - Bl. F Sede 3º andar - Sala 300 - Tel.: 61 2031-6264 Senaes - Esplanada dos Ministérios - Bloco F Sede 3º andar - Sala 331 - Tel.: 61 2031-6533/6534 SRT - Esplanada dos Ministérios - Bloco F Sede 4º andar - Sala 449 - Brasília - DF Tel.: 61 2031-6651/6068 DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos Escritório Nacional: rua Aurora, 957 - Centro - São Paulo - CEP 01209-001 Tel.: 11 3874-5366 - 3821-2199 - www.dieese.org.br Direção Executiva Presidente: Zenaide Honório - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) Vice-presidente: Luís Carlos de Oliveira - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo Mogi das Cruzes e Região - SP Secretário Executivo: Antônio de Sousa - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de Osasco e Região - SP Diretor Executivo: Alceu Luiz dos Santos - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Máquinas Mecânicas de Material Elétrico de Veículos e Peças Automotivas da Grande Curitiba - PR Diretor Executivo: Bernardino Jesus de Brito - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de São Paulo - SP Diretora Executiva: Cibele Granito Santana - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de Campinas - SP Diretor Executivo: Josinaldo José de Barros - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos de Guarulhos Arujá Mairiporã e Santa Isabel - SP Diretora Executiva: Mara Luzia Feltes - Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramentos Perícias, Informações, Pesquisas e de Fundações Estaduais do RS Diretora Executiva: Maria das Graças de Oliveira - Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco Diretor Executivo: Paulo de Tarso Guedes de Brito Costa - Sindicato dos Eletricitários da Bahia Diretora Executiva: Raquel Kacelnikas - Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo Osasco e Região - SP Diretor Executivo: Roberto Alves da Silva - Federação dos Trabalhadores em Serviços de Asseio e Conservação Ambiental Urbana e Áreas Verdes do Estado de São Paulo - SP Diretor Executivo: Ângelo Máximo de Oliveira Pinho - Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - SP Direção Técnica Diretor técnico: Clemente Ganz Lúcio Coordenadora executiva: Patrícia Pelatieri Coordenadora administrativa e financeira: Rosana de Freitas Coordenador de educação: Nelson de Chueri Karam Coordenador de relações sindicais: José Silvestre Prado de Oliveira Coordenador de atendimento técnico sindical: Airton Santos Coordenadora de estudos e desenvolvimento: Angela Maria Schwengber Equipe técnica: Pedro dos Santos B. Neto Fernando Adura Martins Guilherme Silva Araújo Gustavo Plínio Paranhos Monteiro Rodrigo Fernandes Silva Gustavo Sawaya Amaral Gurgel Laender Valério Batista Paulo Jager Vinícius Bredariol Thomas Gomes Cohen (auxiliar técnico) Edgar Rodrigues Fusaro Geni Marques e Iara Heger (revisão e finalização) Eliana Martins e Vilma Silva Batista (apoio) Projeto gráfico e diagramação: Caco Bisol Ltda. Impressão: Rettec Artes Gráficas e Editora Tiragem: 3 mil exemplares

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda 2015: análise de indicadores selecionados Anuario del Sistema Público de Empleo,Trabajo y Renta 2015: un análisis de indicadores selecionados Yearbook of Public Employment, Work and Income System, 2015: an analysis of selected indicators São Paulo, 2015

DIEESE D419a Anuário do Sistema público de Emprego, Trabalho e Renda 2015: análise de indicadores selecionados./ Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. São Paulo, 2015. 104 p. ISSN 2176-5448 1. Mercado de Trabalho 2. Estatística 3. Sistema Público 4. Rendimento 5. Ocupação I. DIEESE II. Ministério do Trabalho e Emprego III. Título CDU 050.321.1:331.6

Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda 2015: análise de indicadores selecionados 5 Anuario del Sistema Público de Empleo,Trabajo y Renta 2015: un análisis de indicadores selecionados 39 Yearbook of Public Employment, Work and Income System, 2015: an analysis of selected indicators 73

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Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda 2015: análise de indicadores selecionados 5

Sumário Apresentação 9 1. Indicadores econômicos e sociais 11 1.1 Crescimento e estrutura produtiva 11 1.2 Distribuição de renda 12 2. Mercado de trabalho 13 2.1 Nível de ocupação e desemprego 13 2.2 Ocupação e condições de trabalho 14 2.3 Jovens e mercado de trabalho 17 2.4 Conta própria e Microempreendedor Individual (MEI) 18 3. Políticas de mercado de trabalho 21 3.1 Intermediação de mão de obra 21 3.2 Seguro-desemprego 22 3.3 Qualificação social e profissional 25 3.4 Juventude 30 3.5 Microcrédito e Proger 32 3.6 Empreendimentos Econômicos e Solidários (EES) 33 4. Indicadores da Agenda de Trabalho Decente 36 7

Apresentação Há vários anos, em convênio com o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e financiamento do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o DIEESE vem produzindo o Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda, publicação que reúne diversos indicadores das mais variadas fontes para mostrar os resultados das ações governamentais que visam manter, colocar, recolocar e incentivar os trabalhadores na atividade produtiva, visando à inclusão social. Os dados apresentados reúnem grandes temas relacionados a essas políticas: mercado de trabalho; intermediação de mão de obra; seguro-desemprego; qualificação social e profissional; economia solidária, microcrédito e Proger; juventude. Na mais recente edição, de 2015, foram compilados também indicadores da Agenda de Trabalho Decente. Para que o público interessado nas informações do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda se aproprie de toda a complexidade das informações dispostas nas tabelas e nos gráficos do Anuário e para aqueles que não têm familiaridade com a forma como os dados são apresentados na publicação, para a edição de 2015, o convênio abriu a possibilidade de o DIEESE elaborar este outro livreto, denominado Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda 2015: análise de indicadores selecionados. O objetivo é analisar os principais dados de cada um dos sete temas tratados pelo Anuário, examinando também o contexto dos indicadores e as relações entre eles, de forma a esclarecer o leitor que não utiliza nem trabalha as questões abordadas. Em um único volume, esta publicação apresenta as análises em português, espanhol e inglês. A obra Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda 2015: análise de indicadores selecionados está estruturada em quatro capítulos, além desta apresentação. O primeiro capítulo traz alguns dados sobre o desem- 9

10 penho da economia brasileira, com destaque para os indicadores macroeconômicos e de distribuição de renda. O segundo caracteriza o mercado de trabalho - estrutura e dimensão, bem como o perfil dos trabalhadores e dos postos de trabalho que eles ocupam. Atenção especial é dispensada aos indicadores de assalariamento com carteira, à inserção dos jovens e dos ocupados por conta própria. O terceiro capítulo aborda as políticas públicas de emprego, trabalho e renda. São apresentados indicadores acerca da Intermediação de Mão de Obra, do Seguro- Desemprego, de Qualificação Social e Profissional, do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem), da Aprendizagem Profissional, da Política Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), do Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger) e das políticas de apoio ao desenvolvimento da Economia Solidária por meio dos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES). O quarto e último capítulo apresenta alguns indicadores relacionados à Agenda de Trabalho Decente, especialmente aqueles referentes à qualidade dos empregos e às desigualdades de gênero e cor/raça. O conjunto de sete livretos que compõem o Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda, analisado por esta publicação, está disponível no site do DIEESE: http://www.dieese.org.br/anuariodosistemapublicodeempregotrabalhoerenda/anuariosistpub.html

Indicadores econômicos e sociais Crescimento e estrutura produtiva Em 2014, verificou-se a continuação da perda de dinamismo da economia brasileira, algo que já vinha sendo observado nos anos anteriores e que, como indicam os dados preliminares, acentuou-se ainda mais em 2015, quando o país entrou em situação de recessão econômica. Para 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) foi estimado em R$ 5,7 trilhões e a população residente estimada em 202,8 milhões de habitantes, resultando num PIB per capita de R$ 28,0 mil, ou o equivalente a um valor médio mensal de R$ 2,3 mil por habitante. Após a contração ocorrida em 2009, como decorrência direta da crise financeira mundial, a economia brasileira experimentou forte expansão em 2010 (7,5%) e depois passou a desacelerar até praticamente estagnar em 2014 (0,1%), ano em que o PIB per capita já apresentou queda de 0,8%. Do ponto de vista espacial, vê-se que o produto e o emprego concentram-se na região Sudeste que, em 2013, respondeu por 55,3% do PIB, 50,3% do emprego formal e 43,1% das ocupações. Tal concentração, apesar de mostrar uma pequena atenuação em anos recentes, tem se mostrado característica estrutural da economia brasileira. Quando se observa a composição do PIB segundo a ótica das despesas, vê-se que, em 2014, o consumo das famílias representou 62,4% do total e os gastos do setor público (consumo da administração pública), outros 19,5%. Sem apresentar mudanças expressivas entre 2009 e 2014, chama atenção, adicionalmente, a baixa participação da formação bruta de capital fixo - que corresponde à taxa de investimentos da economia - de 20,2%, em 2014, percentual considerado insuficiente para dar sustentação ao desenvolvimento econômico. Além disso, vale destacar o crescimento expressivo da participação das importações de bens e serviços quase 3 p.p. desde 2009, atingindo 13,9% do PIB, em 2014. 11

Distribuição de renda Apesar da redução da desigualdade de renda observada nos últimos anos, a distribuição da renda no Brasil continua muito concentrada. Em 2014, a metade mais pobre da população brasileira detinha apenas 18,3% do total da renda declarada 1, enquanto os 10% mais ricos se apropriaram de 38,4%. Esta distribuição tão desigual reflete, em parte, a distribuição dos rendimentos do trabalho, principal fonte de renda da população (76,6% do total de todas as fontes, em 2014). Considerando apenas o rendimento mensal do trabalho dos ocupados de 14 anos ou mais, em 2014, nota-se que o perfil distributivo acompanha a desigualdade na distribuição do rendimento familiar per capita. O grupo dos 50% dos ocupados com menores rendimentos do trabalho detinha 19,3% da renda, enquanto a parcela dos 10% com maiores rendimentos se apropriou de 40,3%. 1. Considera todos os tipos de rendimentos declarados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. 12

Mercado de trabalho Nível de ocupação e desemprego Em 2014, a taxa de participação foi de 65,3%. A estimativa da população em idade ativa (PIA), formada por pessoas com 14 anos ou mais de idade 2, era de 162,8 milhões de residentes no país. Desses, 106,3 milhões compunham a população economicamente ativa (PEA), que, por sua vez, distribuía-se entre ocupados (99,0 milhões) e desocupados (7,3 milhões), resultando numa taxa de desocupação de 6,9% (contra 8,3% estimados para 2009). Outras 56,5 milhões de pessoas se encontravam na condição de inativos. Entre 2009 e 2014, observou-se desempenho bastante favorável do mercado de trabalho, com crescimento do número de ocupados (1,3% a.a.), assalariados (1,6% a.a.) e, especialmente, assalariados com carteira de trabalho assinada (3,0% a.a.) acima da taxa de crescimento da PEA (0,9% a.a.). Cresceu também, de forma relevante, o contingente de inativos (2,8% a.a.), acima do aumento da PIA, de 1,6% a.a. Esse fluxo, como era de se esperar, resultou em queda na taxa de participação (-2,0 p.p.) e na taxa de desocupação (-1,4 p.p.). Um aspecto que ainda persiste na estrutura do mercado de trabalho é a inserção diferenciada dos segmentos populacionais, segundo gênero e cor/raça. Embora as mulheres sejam maioria na população residente (51,6%) e na PIA (52,2%), elas estão sub-representadas na PEA (44,1%), entre os ocupados (43,1%), assalariados (45,7%) e entre 2. Com o propósito de contemplar o público potencial das políticas públicas de emprego, trabalho e renda, a idade de 14 anos foi considerada como limite inferior para a PIA por ser a idade mínima legal para o ingresso no mercado de trabalho no Brasil. Apesar desse recorte, é importante mencionar que o contingente de crianças entre 10 e 13 anos que trabalham ainda é significativo no Brasil, ainda que tenha caído nos últimos anos. Em 2009, 5,7% das crianças entre 10 e 13 anos trabalhavam, proporção que caiu para 3,9%, em 2014, o que, ainda assim, representa quase meio milhão de crianças. Além disso, em 2009, 0,8% das crianças entre cinco e nove anos também estavam trabalhando. Essa proporção se reduziu para 0,5%, em 2014. As crianças trabalham predominantemente em atividades agrícolas. Das crianças entre 5 e 9 anos que trabalhavam, 83,2% estavam em atividades agrícolas. Entre as crianças de 10 a 13 anos, essa proporção era de 59,1%. 13

14 os assalariados com carteira de trabalho assinada (44,3%). A taxa de desocupação estimada para as mulheres (8,9%) é substancialmente maior do que a verificada para os homens (5,4%). A desigualdade no mercado de trabalho tende a se acentuar à medida que se sobrepõem os fatores discriminatórios. Com base na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), em 2013, as taxas de desemprego nas regiões metropolitanas pesquisadas mostram que essa diferenciação ocorre, com taxas de 14,0% (mulheres negras), 10,1% (mulheres não negras e homens negros) e 7,6% (homens não negros). Ocupação e condições de trabalho Do total de ocupados em 2014, estimado em 99,0 milhões de trabalhadores, 39,9% trabalhavam no setor de serviços (contra 37,9%, em 2009), 18,2% no comércio e reparação (17,7%, em 2009), 14,3% no setor agrícola (16,8%, em 2009), 13,1% na indústria (14,8%, em 2009), 9,2% na construção (7,5%, em 2009) e 5,2% na administração pública (5,1%, em 2009). No que se refere à posição na ocupação, em 2014, a taxa de assalariamento no mercado de trabalho foi de 67,7% (diante de 66,7%, em 2009). O conjunto das ocupações não assalariadas corresponde ao percentual de 32,3%, distribuído entre conta própria (21,4%), empregadores (3,8%) e outras 3 (7,1%). Entre os assalariados 4, 28,1% dos trabalhadores eram empregados ou trabalhadores domésticos sem carteira (contra 33,1%, em 2009). A mesma tendência de formalização do emprego se verifica para os trabalhadores domésticos. Em 2009, 27,9% dos trabalhadores domésticos possuíam carteira de trabalho assinada, percentual que aumentou para 31,8%, em 2014. O rendimento médio real mensal dos ocupados passou de R$ 1.423, em 2009, para R$ 1.718, em 2014, representando um aumento anual de 3,8%. A análise do rendimento segundo os setores de atividade revela elevada amplitude dos rendimentos médios. Em 2014, os ocupados na administração pública recebiam, em média, R$ 2.932, maior 3. Referem-se aos trabalhadores na produção para o próprio consumo (4,3%), na construção para o próprio uso (0,1%) e não remunerados (2,7%). 4. Compõem o grupo dos assalariados os empregados com e sem carteira, militares e estatutários e trabalhadores domésticos com e sem carteira.

valor entre os setores, correspondendo a 70,7% superior à média total. No outro extremo, os trabalhadores domésticos auferiam um rendimento que, na média, equivalia a R$ 712, ou seja, 58,5% abaixo da média total. Entre 2009 e 2014, os setores que tiveram maior crescimento do rendimento médio mensal real para os ocupados foram serviços domésticos (5,7% a.a.), construção (5,3% a.a.) e agricultura (4,7% a.a.). Segundo a base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), em 2014, havia 49,6 milhões de vínculos empregatícios ativos no mercado formal de trabalho brasileiro, sendo 28,1 milhões ocupados por homens e 21,4 milhões por mulheres (equivalentes a 43,2% do total). Quanto à distribuição por faixa etária, nota-se que as maiores frequências estão entre 40 a 59 anos (34,3%) e 30 a 39 anos (30,1%). Quanto à escolaridade, a maior parte dos trabalhadores, sejam homens ou mulheres, tem, pelo menos, o nível médio completo. No total, quase sete em cada 10 vínculos de emprego (69,4%) são ocupados por trabalhadores que já completaram o ensino médio, razão que cresceu desde 2009, quando era de seis em 10 (60,7%). No caso das mulheres, em 2014, quase oito em cada 10 tinham concluído pelo menos o ensino médio e mais de uma em quatro (26,6%) terminaram o ensino superior. Ainda no que se refere ao perfil dos empregos, os vínculos formais se concentram nos seguintes setores de atividade: serviços (34,9%), comércio (19,6%), administração pública (18,9%) e indústria de transformação (16,5%), sendo que os dois primeiros ganharam participação entre 2009 e 2014 (2,8 p.p. e 1,0 p.p., respectivamente) e os dois últimos perderam (-2,4 p.p. e -1,4 p.p.). Outra característica do mercado de trabalho formal brasileiro, que pode ser considerada de natureza estrutural, é a elevada movimentação. Ainda segundo a Rais, em 2014, foram admitidos 27,8 milhões de empregados com vínculos formais e desligados outros 26,5 milhões, gerando saldo positivo de 1,3 milhão de postos de trabalho formais e provocando enorme rotação da força de trabalho, considerando o saldo remanescente de vínculos ao final do ano (49,6 milhões). Essas entradas e saídas se dão principalmente entre os mais jovens: quase a metade dos desligados (48,0%) e mais da metade dos admitidos (51,1%) tinham até 29 anos de idade, proporção bastante acima da obser- 15

16 vada para o total de vínculos ativos. Tal movimentação resulta em taxas de rotatividade muito altas: em 2014, a taxa de rotatividade descontada 5 foi calculada em 45,8%, para os homens, e em 39,1%, para as mulheres. A taxa é, em geral, mais elevada para os trabalhadores com menos escolaridade. Quanto à remuneração, pode-se dizer que a maior parte dos empregos paga muito pouco aos trabalhadores contratados: 48,9% recebem até dois salários mínimos e 67,6% até três mínimos. Essas proporções são maiores quanto mais jovens forem os trabalhadores. Por exemplo, enquanto 52,4% dos empregados entre 25 e 29 anos ganham até dois salários mínimos, a proporção dos empregados com 60 anos ou mais nesta classe de remuneração cai a 35,5%. No caso da cobertura previdenciária, embora tenha havido melhora considerável entre 2009 e 2014, ainda é grande a proporção de ocupados que não contribuem para a Previdência Social, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Em 2014, 38,5% dos ocupados ainda não estavam cobertos pela Previdência (em 2009, essa proporção era de 46,0%). Os trabalhadores mais desprotegidos eram os ocupados em atividades agrícolas (77,4% de não contribuintes), em serviços domésticos (58,7%) e na construção (56,0%). Os maiores graus de cobertura foram verificados, por sua vez, entre os trabalhadores da educação, saúde e serviços sociais (89,2%), da administração pública (88,9%) e da indústria (76,0%). Ainda em 2014, a taxa de sindicalização observada entre os assalariados com carteira também pode ser considerada baixa, estimada em 22,2% (em 2009 era de 25,9%). Essa situação foi observada no conjunto das atividades econômicas, mas as taxas de sindicalização dos assalariados com carteira que trabalhavam em educação, saúde e serviços sociais (30,6%), na administração pública (27,0%), no transporte, armazenagem e comunicação (25,3%) e na indústria (26,3%), ainda que baixas, situavam-se em patamar acima da média. 5. A taxa de rotatividade total leva em conta o total de admissões e demissões. A taxa descontada leva esse nome porque em seu cálculo é descontado do montante dos desligamentos aqueles cuja motivação liga-se diretamente ao trabalhador, os desligamentos por aposentadoria e morte, e também as transferências.

Jovens e mercado de trabalho Em 2014, 32,3% da População em Idade Ativa (PIA) era composta por jovens de 14 a 29 anos, o que correspondia a 52,5 milhões de pessoas. Do total de jovens, 26,9% tinham entre 14 e 17 anos, 43,2% estavam na faixa de 18 a 24 anos e 29,9%, com 25 a 29 anos. Sobre a condição de atividade e ocupação dos jovens, pode-se constatar que a redução da população de 14 a 29 anos é observada em todas as faixas etárias, mas em diferentes magnitudes: -0,3% na faixa de 14 a 17 anos; -2,5% na faixa de 18 a 24 anos e; -5,5% na faixa de 25 a 29 anos. Constata-se, ademais, que as quedas também são verificadas em todas as três faixas na PEA, tanto no total de jovens ocupados quanto, especialmente, no de desocupados, grupo em que a redução de todas as faixas etárias juntas foi de -14,5%. Por isso, entre 2009 e 2014, a taxa de participação dos jovens caiu de 66,0% a 62,8%, sendo mais intensa a queda para a menor faixa etária. Já a queda na desocupação está associada ao aumento da inatividade dos jovens, em todas as faixas etárias - fenômeno relacionado à melhora nas condições socioeconômicas das famílias brasileiras. As taxas de desocupação são maiores entre os mais jovens. Em 2014, a taxa de desocupação dos jovens de 14 a 17 anos era três vezes maior do que a daqueles na faixa entre 25 e 29 anos (25,1% e 8,3%, respectivamente). As taxas de desocupação são bastante diferenciadas, a depender da cor/raça e sexo dos jovens inseridos no mercado de trabalho brasileiro: 19,5% para mulheres negras, 14,7% entre mulheres não negras, 11,4% para homens negros e 10,0% para homens não negros. Em relação aos jovens ocupados, a inserção, segundo a posição na ocupação, se dá, majoritariamente, como empregados com carteira assinada (50,4% dos jovens de 14 a 29 anos). Entre os jovens de 14 a 17 anos, predominam empregos sem carteira (43,7%), enquanto nas faixas etárias seguintes, prevalecem os empregados com carteira (53,7%, na faixa de 18 a 24 anos, e 54,1% para a faixa entre 25 a 29 anos). No que se refere à escolaridade, houve redução da participação dos jovens sem instrução (-0,8 p.p.) e principalmente dos jovens com ensino fundamental incompleto (-5,2 p.p.) no total de jovens; e elevação da par- 17

ticipação dos níveis mais altos de escolaridade, notadamente, do superior incompleto (2,8 p.p.), entre os jovens de 18 a 24 anos, e do superior completo (+3,2 p.p.), para os de 25 a 29 anos. Em 2014, quase metade dos jovens entre 14 e 29 anos (47,1%) já havia encerrado (ou interrompido) os estudos e trabalhava. Porém, um contingente expressivo de jovens (13,1%) não estava nem trabalhando nem estudando. Chamam atenção as diferenças existentes entre homens e mulheres nessa situação. As mulheres representavam 74,4% do total dos jovens que não trabalhavam nem estudavam. No entanto, a vasta maioria dessas jovens - nove em cada 10 - realizava afazeres domésticos 6. Entre os homens que não trabalhavam nem estudavam, por outro lado, bem menos da metade realizava qualquer tipo de afazer doméstico (38,1%). No quadro geral, a proporção de jovens do sexo masculino que realizava afazeres domésticos (46,0%) era praticamente a metade da observada para as mulheres (84,3%). Além disso, a quantidade de horas que as mulheres dedicavam aos afazeres domésticos foi, via de regra, próxima a duas vezes a quantidade de horas dedicadas pelos homens. Conta própria e Microempreendedor Individual (MEI) Os trabalhadores ocupados por conta própria somaram 21,1 milhões, em 2014, o que representou aumento de 10,4% em relação a 2009, quando eram 19,2 milhões. Desse modo, a parcela de trabalhadores por conta própria no total de ocupados passou de 20,6% para 21,4%, no mesmo período. Em 2014, o número de homens ocupados por conta própria (14,3 milhões) foi aproximadamente o dobro do total de mulheres (6,9 milhões). Além disso, predominaram os trabalhadores com mais de 40 anos, que representavam 61,7% dos ocupados por conta própria. 18 6. Destacando a noção de trabalho, intrínseca a esse tipo de tarefas, bem como sua importância para o próprio funcionamento do mercado de trabalho, o meio acadêmico e os movimentos feministas têm frequentemente utilizado o termo trabalho doméstico não remunerado. Optamos por manter o termo afazeres domésticos, pois é o que tem sido usado nas pesquisas domiciliares que, por sua vez, se baseiam nas Contas Nacionais (DIEESE, 2006, p. 5).

A distribuição setorial dos trabalhadores por conta própria é diferente entre homens e mulheres. Até certo ponto, esse fenômeno reflete a segmentação do mercado de trabalho resultante da discriminação ocupacional. Essa discriminação é responsável por restringir o acesso das mulheres a determinadas ocupações, tidas como tipicamente masculinas. Ao mesmo tempo, ocupações com maior concentração de mulheres, frequentemente, desfrutam de menor prestígio e remunerações mais baixas. Os três grupamentos de atividades com maior concentração de mulheres ocupadas por conta própria foram, por ordem: comércio e reparação (28,1%), indústria (20,6%) 7 e outros serviços coletivos, sociais e pessoais (19,9%) 8. Já os homens se concentram nos setores de construção (26,6%), agrícola (24,8%) e comércio e reparação (18,6%). Por não se tratar de um grupo homogêneo, os rendimentos dos ocupados por conta própria apresentam diferenciais elevados. Por exemplo, enquanto as mulheres em atividades agrícolas ganhavam, em média, R$ 522 ao mês, os homens ocupados em atividades de educação, saúde e serviços sociais recebiam uma média de R$ 5.083, em 2014. Entre as mulheres, o setor com maior número de ocupadas (comércio e reparação) teve rendimento médio inferior à média total das ocupadas por conta própria: R$ 1.045 contra R$ 1.163. O mesmo ocorre com os homens. No setor com maior concentração de trabalhadores por conta própria (construção), os ocupados tiveram rendimento médio de R$ 1.409, contra uma média de R$ 1.648 no total dos setores. Em todo caso, o rendimento médio dos trabalhadores por conta própria teve aumento real de 31,8%, entre 2009 e 2014. Entre 2009 e 2014, o número de ocupados por conta própria cujo empreendimento tinha registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) cresceu 49,1%. Mesmo assim, eles eram apenas 19,0% do total dos trabalhadores por conta própria (eram 14,1%, em 2009). As atividades agrícolas e de construção apresentaram as maiores proporções de empreendimentos sem registro em 2014 (94,1% e 92,6%, respectivamente). 7. Destacam-se nesses setores as atividades de comercialização e confecção de artigos têxteis. 8. A ocupação mais recorrente entre as trabalhadoras por conta própria foi a de cabeleireiras e outros tratamentos de beleza. 19

Houve crescimento na proporção de ocupados por conta própria que contribuem para a previdência social - de 17,2% para 28,4%, entre 2009 e 2014. Mesmo assim, essa proporção é relativamente baixa entre os ocupados por conta própria em comparação com a média geral de todos os ocupados, que, em 2014, estava em 63,4%. Uma parcela 9 dos trabalhadores por conta própria, ao se formalizar, passa a ser classificada como microempreendedores individuais (MEI). Esses trabalhadores têm acesso a vantagens decorrentes de possuírem registro no CNPJ, tais como: facilidade para abrir conta bancária, pedir empréstimos e emitir nota fiscal. Além disso, o MEI fica enquadrado no Simples Nacional, o que o isenta do pagamento de tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). Mediante contribuição mensal em dinheiro, o MEI ainda garante cobertura previdenciária (auxílio-maternidade, auxílio-doença e aposentadoria, entre outros). O número de MEIs cresceu a uma média de 75,1% ao ano, entre 2010 e 2013, e nesse último ano, a marca de 4 milhões praticamente foi atingida. No período, o número de formalizações realizadas a cada ano cresceu sistematicamente, e, em 2013, ocorreram 2,3 milhões de novas formalizações. Os setores de serviços e comércio concentram 79,3% dos MEIs. No entanto, entre 2010 e 2013, o setor que mais cresceu, em termos relativos, foi o da construção (87,1% ao ano, em média). Entre 2010 e 2013, ocorreu intensificação da concentração geográfica dos MEIs. O Sudeste, que concentra quase metade dos MEIs do país (49,3%, em 2013), foi a região que apresentou o maior crescimento (81,8% ao ano, em média). Por outro lado, a região Norte, que conta com a menor quantidade de MEIs, apresentou também o menor crescimento (60,8% ao ano, em média). 20 9. Para se tornar um microempreendedor individual é necessário faturar no máximo até R$ 60.000 por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular.

Políticas de mercado de trabalho Intermediação de mão de obra Entre as políticas públicas de emprego, a intermediação de mão de obra (IMO) visa promover o encontro entre vagas de trabalho e trabalhadores que procuram um emprego. Em 2014, o Sistema Nacional de Emprego (Sine) captou, junto aos empregadores, o montante de 2,7 milhões de vagas. Por sua vez, 6,2 milhões de trabalhadores inscreveram-se no sistema à procura de emprego, dos quais 5,8 milhões foram encaminhados para entrevistas e somente 684,3 mil foram, de fato, colocados, ocupando apenas ¼ das vagas disponíveis. Quanto às características dos trabalhadores, vê-se que homens e mulheres inscritos, encaminhados ou colocados numa vaga, têm perfis bastante diferenciados. No caso de sexo e escolaridade, a proporção de homens decresce sistematicamente com o aumento do grau de instrução, seja nas inscrições, nos encaminhamentos ou nas colocações. Entre os colocados sem instrução, os homens representam 88,3%. Já entre aqueles trabalhadores colocados que têm nível superior, as mulheres representam 60,7%. No total, contudo, as mulheres representam apenas 38% dos colocados, embora sejam 43,4% e 44,3% dos inscritos e encaminhados, respectivamente. Os jovens de 14 a 29 anos são os que mais acessam e são contemplados pela intermediação de mão de obra: 53,0% dos inscritos, 54,9% dos encaminhados e 56,0% dos colocados. Quanto à cor/raça 10, a proporção de negros entre os encaminhados (56,7%) e, principalmente, colocados (60,3%), independente do sexo, é maior que a participação na PEA (53,5%) e próxima à participação no total de desocupados (60,4%). Por fim, cabe citar, ainda como características dos trabalhadores inscritos no Sine, o fato de que, em 2014, cerca de 9,4% haviam participado de cursos profissionalizantes, e a proporção de mulheres (11,2%) foi maior que a de homens (8,0%). 10. Os percentuais não incluem a categoria sem declaração de cor/raça. 21

22 No que diz respeito ao perfil das vagas, apenas 20 ocupações responderam por 59,4% do total de postos ofertados em 2014, sendo ¼ (24,4%) composto pelas quatro mais frequentes ocupações: alimentador de linha de produção (9,4%), faxineiro (7,0%), vendedor de comércio varejista (4,5%) e operador de telemarketing receptivo (3,5%). Essa concentração na oferta de vagas também ocorre nas atividades econômicas. Entre as 20 atividades econômicas que mais ofertaram vagas, respondendo por 49,5% do total, destacam-se: locação de mão de obra temporária (6,2%), restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas (6,1%), atividades de teleatendimento (5,9%) e comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados (5,6%). Seguro-desemprego O Seguro-desemprego (SD) é um programa de proteção ao trabalhador desempregado involuntariamente e objetiva garantir assistência financeira temporária àquele que se encontra nessa situação. A modalidade mais abrangente, denominada seguro-desemprego formal, é voltada para a proteção dos trabalhadores celetistas, caso venham a se encontrar na situação de desemprego involuntário. Mas nem todo desligamento ocorrido no mercado de trabalho formal permite ao trabalhador acessar o seguro. A cada 10 rescisões de contratos formais de trabalho, cerca de sete têm sido ocasionadas por demissões sem justa causa, a única razão prevista legalmente que permite o requerimento do SD, no caso dessa modalidade do seguro. Essa proporção, com pequenas variações, pode ser observada entre 2009 e 2014. Neste último ano, num universo de 25,4 milhões de rescisões contratuais formais, 11,7 milhões foram demissões sem justa causa. Por sua vez, o número de segurados, em 2014, foi de 8,5 milhões, o que dá dimensão do alcance do programa. Cabe registrar que o crescimento no número de segurados foi menor do que no número de desligamentos sem justa causa (13,3% contra 21,1%), de 2009 a 2014.

Como já destacado, estruturalmente, o mercado de trabalho brasileiro é caracterizado pela alta taxa de rotatividade e por vínculos de emprego de curta duração. Esta é, ao menos parcialmente, uma das razões pelas quais a relação entre número de segurados e o número de demitidos sem justa causa (taxa de cobertura) é baixa. Isso porque, para acessar o SD, o trabalhador desempregado deve, entre outros requisitos, ter mantido o último vínculo de emprego por um tempo mínimo de duração. Contudo, o tempo de duração dos vínculos rescindidos tem se concentrado no curto prazo e, em 2014, mais da metade das rescisões sem justa causa ocorreu nos vínculos com até 12 meses de duração (51,0%); considerando os até dois anos, este percentual sobe a 72,9%. Já a proporção de rescisões que ocorreram nos vínculos com duração inferior ao prazo mínimo para a requisição do seguro, que até 2014 era de seis meses, atingiu a proporção de 24,6% 11. Em 2014, 8,8 milhões de trabalhadores requereram o seguro-desemprego formal; e, 8,5 milhões de requerentes foram considerados aptos a acessar o benefício, tornando-se segurados. Entre estes, 8,2 milhões haviam recebido ao menos uma parcela do seguro, o que os alçou, portanto, à condição de beneficiários. Desta forma, verifica-se que a taxa de habilitação que relaciona o número de segurados ao de requerimentos - é bastante elevada: 96,1%, para o conjunto do país. Considerando as características dos trabalhadores segurados formais, destacam-se os homens (63,0%), aqueles com 30 a 49 anos de idade (48,2%) e aqueles com ensino médio completo ou superior incompleto (47,0%). Além disso, vê-se que, em cada 10 segurados, oito procuraram o Sine para obter acesso ao benefício. Também, como reflexo da extensão do mercado formal de trabalho, a unidade da Federação com maior número de segurados, em 2014, era São Paulo, com 27,2% do total. 11. Em 2015, por meio da Lei nº 13.134/2015, os critérios de acesso ao seguro-desemprego foram alterados. A partir desse ano, para acessar o seguro, o trabalhador deve comprovar ter trabalhado pelo menos 12 meses nos últimos 18 meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da primeira solicitação. 23

24 Mais da metade dos trabalhadores (52,7%) requereu o seguro-desemprego uma vez, entre 2009 a 2014. Somados àqueles que, no mesmo período, fizeram dois requerimentos, verifica-se que nove entre 10 trabalhadores (86,9%) realizaram até no máximo dois requerimentos, o que indica não ser prática comum dos trabalhadores o uso reiterado desta proteção social. Contudo, para algumas atividades econômicas (relacionadas à construção civil e para a atividade de fabricação de açúcar em bruto) e famílias ocupacionais relacionadas às mesmas atividades (como pedreiros e trabalhadores da cultura da cana-de-açúcar), foram significativas as ocorrências de dois e, principalmente, três requerimentos efetuados por um mesmo trabalhador. A presença de maior número de requerimentos por trabalhador em alguns setores de atividade mostra-se compatível com a constatação de que há uma concentração dos requerimentos em trabalhadores egressos de um número reduzido de estabelecimentos. A distribuição do número de segurados segundo o número de estabelecimentos onde ocorreram as respectivas rescisões contratuais revela que 70,1% das rescisões que originaram beneficiários do SD vieram de apenas 20% dos estabelecimentos; e apenas 10% dos estabelecimentos responderam por 58,1% dos beneficiários. Se há concentração em proporção reduzida de estabelecimentos também existe em setores de atividade econômica, sendo mais intensa na construção, segmento em que, em 2014, 71,3% dos beneficiários eram egressos de apenas 10% dos estabelecimentos. Outra dimensão relevante nos programas de SD é o valor das parcelas recebidas pelos beneficiários. Em 2014, os valores médios e medianos da primeira parcela paga do seguro-desemprego foram, respectivamente, R$ 924 e R$ 844. Na comparação com 2009, vê-se um crescimento real da ordem de 16,7% e 20,7%, dos valores médio e mediano respectivamente, indicando incremento pouco mais acentuado dos menores valores pagos provavelmente, este movimento está associado à valorização do SM ocorrida em igual período. Na comparação entre os valores médios pagos em cada parcela do seguro e o valor médio dos três últimos salários recebidos no último emprego, razão denominada taxa de reposição, vê-se que, em 2014, esta correspondia a 78,4%, ou seja, para cada R$ 100 rece-

bidos no salário do último emprego, o seguro-desemprego repõe aproximadamente R$ 78. A taxa de reposição é menor, quanto maior for o salário pago. Além da modalidade seguro-desemprego formal, há outras quatro modalidades: bolsa qualificação, para trabalhadores com contrato de trabalho suspenso e matriculados, em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador; pescador artesanal, que interrompeu a atividade devido ao período de defeso; trabalhador doméstico e trabalhador resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo. Em números absolutos, a modalidade pescador artesanal é a que abrange maior número de pessoas atendidas, tendo atingido a marca de 848,6 mil beneficiários, em 2014. As demais modalidades não alcançaram, cada uma, o número de 20 mil beneficiários. As modalidades bolsa qualificação e trabalhador doméstico estavam concentradas na região Sudeste, enquanto a modalidade pescador artesanal é mais frequente nas regiões Norte e Nordeste, especialmente nos estados do Amazonas, Pará, Maranhão e Bahia. Quanto ao perfil dos beneficiários destas outras modalidades de seguro-desemprego, vale notar que há presença mais acentuada de mulheres na modalidade trabalhador doméstico (89,7%) e de homens nas modalidades bolsa qualificação (91,2%) e trabalhador resgatado (91,2%). No caso do pescador artesanal, as proporções são bastante próximas. No que tange à escolaridade dos beneficiários, são mais frequentes os trabalhadores com nível fundamental incompleto nas modalidades pescador artesanal (40%), trabalhador doméstico (48,4%) e trabalhador resgatado (69,8%). Já na modalidade bolsa qualificação, o ensino médio completo e superior incompleto (46,8%). Qualificação social e profissional Embora o analfabetismo seja ainda um problema educacional importante no país, ele tem se reduzido ao longo das últimas décadas, movimento que prosseguiu no período 2009 a 2014. De fato, a taxa de analfabetismo diminuiu entre mulheres, homens, jovens, adultos, idosos, negros, não negros, moradores de áreas rurais, urbanas, mas há 25

26 ainda diferenças marcantes entre alguns destes segmentos populacionais. Por exemplo, quanto maior a idade e mais distante for a residência em relação aos grandes centros urbanos, maior a proporção de analfabetos. Ademais, a taxa de analfabetismo entre as pessoas que se declararam negras é significativamente mais elevada que a daquelas que se declararam não negras. O problema educacional reflete-se também no perfil da PEA e não se limita aos considerados sem instrução. A distribuição da PEA segundo o grau de escolaridade mostra que o país tem uma força de trabalho com baixa escolarização. Embora o grau mais frequente seja o ensino médio completo (30,3%), aqueles que não atingiram este patamar representam a metade (50,0%) da PEA, e 32,6% não têm sequer o nível fundamental completo. No outro extremo, apesar do avanço observado nos últimos anos, os trabalhadores com nível superior completo representam somente 13,7%, proporção bastante inferior à de países considerados desenvolvidos. Este perfil mais geral é semelhante ao observado separadamente nas regiões do país, embora no Norte e Nordeste estejam mais que proporcionalmente representados os graus de menor escolaridade - até fundamental completo (48,3% e 52,4%, respectivamente, contra 42,8% do total nacional). Em contrapartida, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste têm maior presença relativa de trabalhadores com nível superior (14,5%, 17,0% e 15,7%, respectivamente, contra 13,7% do total nacional). As disparidades na escolaridade da população parecem se refletir sobre o rendimento dos trabalhadores. Apesar de os dados sobre o rendimento dos trabalhadores ocupados em 2014, comparativamente a 2009, mostrarem ter havido diminuição na distância existente entre a remuneração daqueles sem instrução e a dos demais trabalhadores, revelam, também, que a distância aumenta quanto maior for o grau de escolaridade. Em 2014, o rendimento-hora do trabalhador com ensino médio completo (R$ 10,63) correspondia a 1,6 vez o rendimento- -hora do trabalhador sem instrução (R$ 6,55). Já para o trabalhador com ensino superior completo (R$ 31,39), esta relação subia a 4,8 vezes. Da mesma forma, parece haver uma associação entre taxa de rotatividade e escolaridade. Nesse caso, uma associação negativa, já que a taxa de rotatividade é maior para os que têm menos escolaridade. A taxa de rotativida-

de descontada 12, calculada para o mercado formal de trabalho no Brasil, em 2014, foi de 58,3% para os empregos ocupados por trabalhadores sem instrução e de 17,3% para aqueles com nível superior. O Plano Nacional de Qualificação (PNQ) foi instituído em 2003 e é implementado por meio de ações descentralizadas 13. Em 2008, o PNQ ganhou maior efetividade e passou a integrar o Sistema Nacional de Emprego (Sine), no âmbito do Programa do Seguro-Desemprego. Segundo os dados disponíveis 14, entre 2010 e 2014, quase 128 mil estudantes foram inscritos nos cursos do PNQ. Desse total, 71,1% foram registrados como concluintes de algum curso, ou seja, no período, foram contabilizados cerca de 91 mil concluintes. Os PlanSeQs contavam com 40,6% dos alunos, enquanto os PlanTeQs atenderam o restante dos estudantes (59,4%). O PNQ prioriza o atendimento aos segmentos mais suscetíveis à exclusão e discriminação social. Desse modo, entre 2010 e 2014, a maioria dos estudantes eram mulheres (57,2%); a quantidade de negros era o dobro da de não negros (52,6%, contra 24,1%, respectivamente) e; 72,0% dos estudantes eram oriundos de famílias com 12. O cálculo da taxa de rotatividade dá-se pela razão entre: a) o número mínimo entre admitidos e desligados no mesmo ano, como proxy do volume de substituições realizadas no mercado de trabalho formal; e b) o estoque médio de empregos formais no ano de referência, calculado pela média do estoque de empregos apurado pela Rais em 31/12 do ano de referência e do ano anterior. Assim é possível mensurar, em termos relativos, a magnitude desta rotação da mão de obra, em comparação com o volume de empregos totais. São calculadas duas taxas, uma chamada de global, que envolve todos os tipos de desligamentos registrados pela Rais, e uma chamada de descontada, ou seja, que desconta do montante dos desligamentos aqueles cuja motivação liga-se diretamente ao trabalhador (desligamento a pedido), os desligamentos por aposentadoria e morte, e também as transferências, que consistem no desligamento seguido de readmissão do mesmo vínculo em outro estabelecimento da mesma empresa, não caracterizando um rompimento do vínculo de emprego. Assim, têm-se uma aproximação da taxa de rotatividade cuja motivação reside nas decisões empresariais. Em um mercado de trabalho em expansão, o saldo de empregos no ano é positivo, razão pela qual o menor número entre admissões e desligamentos, nesse contexto, sempre será o dos desligamentos, e vice-versa. (DIEESE, 2016) 13. Planos Territoriais de Qualificação (PlanTeQs), em parceria com estados, municípios e entidades sem fins lucrativos; Projetos Especiais de Qualificação (ProEsQs), em parceria com entidades do movimento social e organizações não governamentais e, Planos Setoriais de Qualificação (PlanSeQs), em parceria com sindicatos, empresas, movimentos sociais, governos municipais e estaduais. 14. Os dados dos anos mais recentes são preliminares e, por isso, estão subestimados. Nessa seção, foram utilizados os dados mais atualizados disponíveis na data de acesso: 19/02/2016. 27

28 rendimento inferior a um salário mínimo 57,4% não declararam nenhum rendimento. Os dados também mostram que uma parcela significativa de adultos estava entre os estudantes mais da metade dos estudantes (57,2%) tinha 30 anos ou mais. O perfil dos concluintes é parecido com o dos educandos. Esse resultado indica que, apesar de muitos desses estudantes estarem em situação de vulnerabilidade, isso não os impediu de concluir o curso. As ONGs foram responsáveis por 72,6% dos estudantes concluintes, e as entidades empresariais, como os serviços nacionais sociais e de aprendizagem, que compõem o chamado Sistema S, foram responsáveis por 15,3%. As entidades empresariais, no entanto, apresentaram elevadas taxas de evasão. Entre 2010 e 2014, a taxa anual média foi de 21,4%. Em 2014, ela foi ainda maior - de 41,4% - mais do que o dobro da taxa de evasão total (19,3%). A taxa média foi de 6,7% nas entidades especializadas em qualificação profissional e 10,0% nas ONGs. Entre os concluintes, 2,2% já estavam ocupados, 4,8% foram encaminhados pela própria instituição executora e a maioria (52,0%) foi encaminhada para o Sine. Por outro lado, não foi registrado nenhum tipo de encaminhamento para 37,9% dos concluintes. Educação profissional Os avanços que o país logrou realizar nos indicadores educacionais mais gerais também podem ser verificados naqueles relativos à educação profissional técnica e tecnológica. Houve um esforço conjunto na esfera pública e privada, objetivando atender à crescente demanda por qualificação gerada por um mercado de trabalho em expansão. Entre 2009 a 2014, houve incremento expressivo na oferta de vagas para cursos profissionais de nível técnico. Em 2014, eram 6.262 estabelecimentos de ensino, aumento de mais de 2.000 novos estabelecimentos em relação a 2009, o que significou expansão média anual de 8,7%. Da mesma forma, o número de matrículas cresceu significativamente, mais 733,5 mil (11,1% a.a.), atingindo o patamar de 1,8 milhões, em 2014. O setor privado, responsável por

mais da metade dos estabelecimentos e das matrículas, expandiu-se aceleradamente, mas as dependências administradas pelo governo federal e governos estaduais também cresceram bastante 15,2% e 11,6% a.a., respectivamente. Em 2014, quase 2/3 (65,6%) dos alunos matriculados em cursos de educação profissional de nível técnico tinham entre 14 e 24 anos, e a faixa mais frequente era aquela entre 18 e 24 anos, com presença em 41,2% do total de matrículas. Nota-se, também, a proporção mais elevada e crescente de mulheres em meio aos alunos matriculados - em 2009 ocupavam 51,7% das matrículas, percentual que passa a 53,8%, em 2014. Seja em razão da oferta de cursos ou da procura exercida pelos alunos, observa-se que, como resultante, os eixos tecnológicos mais frequentes em matrículas na educação profissional de nível técnico são, pela ordem, Ambiente e saúde (23,3%), Controle e processos industriais (18,9%), Gestão e negócios (17,9%) e Informação e comunicação (13,5%). Ademais, é possível identificar forte recorte de gênero nas matrículas segundo eixo tecnológico. As mulheres estão significativamente mais presentes nos cursos classificados como Desenvolvimento educacional e social (83,7%), Ambiente e saúde (81,5%) e Turismo, hospitalidade e lazer (72,1%), entre outros, e os homens nos cursos de Controle e processos industriais (79,3%), Militar (79,5%) e Informação e comunicação (62,3%), entre outros. Já quanto à educação profissional de nível tecnológico, em 2013, do total de 2.391 estabelecimentos ofertantes de cursos, 87,4% pertenciam à esfera privada. As 654,6 mil matrículas, por sua vez, refletem esta distribuição e concentram-se, também, nos estabelecimentos privados (80,2%). Estabelecimentos públicos estaduais respondem por 10,3% e estabelecimentos públicos federais por 8,6% das matrículas. Segundo as áreas de conhecimento, as matrículas nos cursos de educação profissional de nível tecnológico concentram-se em Ciências sociais, negócios e direito (48,2%), Ciências, matemática e computação (16,7%), Serviços (12,6%) e Engenharia, produção e construção (11,3%). As mulheres responderam por 48,9% das matrículas totais, mas por 72,2% das matrículas em Educação, 68,4% das matrículas em Serviços e 58,2% das matrículas em 29