azenda São Paulo Nesta fazenda nasceu o Duque de Caxias



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Transcrição:

azenda São Paulo Nesta fazenda nasceu o Duque de Caxias No dia 21 de agosto de 2003, como parte das comemorações do bicentenário do nascimento do Duque de Caxias, realizou-se solene cerimônia cívico-militar na Fazenda São Paulo, na Cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde nasceu, no dia 25 de agosto de 1803, Luiz Alves de Lima e Silva, o Patrono do Exército Brasileiro, filho do então Tenente Francisco Lima e Silva e de Dona Maria Cândido de Oliveira Belo. A solenidade iniciou às 10h, em manhã ensolarada. Civis, militares, crianças, adolescentes e jovens mesclavam-se à multidão ao redor do palanque para participar de tão importante evento. Naquele local, o pequenino Luiz Alves brincou, caminhou, cavalgou, junto à sua família, num ambiente fraterno e amigo, onde teve uma infância feliz. A criança cresceu e se tornou o grande herói nacional. Uma das personagens mais expressivas da História do Brasil, foi militar brilhante durante toda a sua carreira, percorrendo uma trajetória de grandes conquistas nos campos de batalha, como também emérito político, usando toda sua inteligência e experiência para, com serenidade, sabedoria e firmeza, influir nas decisões do Império. A solenidade, presidida pelo General-de-Exército Valdevez Castro, Comandante Militar do Leste, contou com a presença de vários oficiais-generais e também do Sr. José Camilo Zito dos Santos Filho, Prefeito da Cidade de Duque de Caxias. Após as honras militares prestadas às autoridades, a cerimônia prosseguiu com o canto do Hino Nacional: um momento solene, no qual o sentimento de amor à Pátria envolvia a numerosa assistência, e a memória do Duque de Caxias se fazia presente. Para abrilhantar a cerimônia foram realizadas a premiação do concurso literário sobre Caxias, 7

a entrega de envelope filatélico numismático e de diplomas de agradecimento, como também o descerramento de placa comemorativa. O Coronel Luiz Paulo Macedo Carvalho, Diretor do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, e o General-de-Brigada Juarez Genial, Diretor de Pesquisa e Estudo de Pessoal, fizeram uso da palavra e, com eloqüente alocução à Caxias, comoveram a assistência. O Comandante do CML, General Manoel Valdevez Castro, entrega o diploma ao General Genial pela sua participação O Comandante da 1 a DE, General Larangeiras, fazendo entrega da premiação à menina que obteve o 1 o lugar no concurso literário sobre Caxias O Comandante do CML e o Prefeito da Cidade de Duque de Caxias, no momento do descerramento da placa comemorativa Coronel L. P. Macedo Carvalho Eis-nos aqui irmanados, civis e militares, para evocarmos, exaltarmos e comemorarmos o Bicentenário de Nascimento de Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, o grande cidadão brasileiro que legou à Nação os mais belos exemplos de amor à Pátria, em momentos decisivos da nossa História, aplacando paixões, contendo ambições, pacificando espíritos, assegurando a integridade do território e defendendo a soberania nacional. Precisamente neste local, no povoado de Taquaraçu, Vila da Estrela, ficava a chamada Fazenda São Paulo, pertencente aos avós maternos de Caxias, os Oliveira Belo. Foi aqui, há duzentos anos, em 25 de agosto de 1803 dia de São Luís, Rei da França, e mês de Nossa Senhora da Glória, que veio ao mundo o menino Luiz, filho, neto, bisneto e sobrinho de militares ilustres, aquele predestinado a entregarse de corpo e alma ao Brasil e a tornar-se justa e merecidamente o Patrono do Exército. Mais de um século depois, em 25 de agosto de 1936, no km 54 da antiga Rodovia Rio-Petrópolis, em Raiz da Serra, foi inaugurado solenemente o marco de granito, mandado erigir pelo Ministro da Guerra General-de-Divisão João Gomes Ribeiro Filho. Assinalava o local do antigo casarão de D. Quitéria, solar dos Belo. Em placa de bronze alusiva ao evento, lê-se a seguinte inscrição: Saúda, viajante, o berço 8

Coronel L. P. Macedo Carvalho no momento de sua eloqüente alocução de Caxias, a Sentinela da Pátria. Na cerimônia, usou da palavra o Prof. Dr. Vilhena de Moraes, do IHGB e do IGHMB. A nutrida paixão pela figura de Caxias, despertada nas pesquisas efetuadas, levara-o à identificação do local histórico de nascimento do duque, à idealização do Dia do Soldado instituído por iniciativa do Comandante da 1 a Região Militar, General João de Deus Mena Barreto e a se tornar um dos responsáveis pela escolha de Caxias para Patrono do Exército. Posteriormente, essa área veio a ser doada ao Exército pelo Sr. Isaac Scialom y Cardoso. É um tanto difícil falar a respeito de Luiz Alves de Lima e Silva. A sua vida já foi demasiadamente explorada por vários biógrafos e em farta historiografia. A apreciação justa das ações e atitudes deste grande brasileiro homem, cidadão, soldado, político e estadista, na atualidade, incide sempre em risco de ser interpretada, conforme bem ressaltou o saudoso Presidente Castello Branco, como uma espécie de cartilha mais de oficialização de suas qualidades e serviços. Bustos, estátuas, monumentos e retratos, por mais grandiosos que se afigurem, não expressam a verdadeira imagem dos que foram os protagonistas da história. Para se ter uma visão real do homem e das circunstâncias vividas por ele, com a devida imparcialidade, faz-se mister analisá-lo a distância, sob o prisma da época, e encarar os agentes da história com virtudes e defeitos a fim de se poder aquilatar o efeito das suas ações e atitudes sobre os pósteros. A História só julga os resultados e não os propósitos, lembra Gregório Marañon em Tibério. Ainda que os heróis nacionais não se encontrem acima do bem e do mal, que sejam passíveis de acertos e erros e de atitudes justas ou injustas, Caxias imortalizou-se em vida pelos feitos históricos e pelo testemunho dos que com ele conviveram brasileiros ou estrangeiros, além das vitórias alcançadas para as nossas armas nos campos de batalha e do respeito dispensado a ele por subordinados e adversários. Como político e estadista, foi Presidente de Província, Deputado, Senador, Ministro da Guerra e Presidente do Conselho por três vezes conduzindo, nos últimos dias de vida, os destinos do Brasil, atrás dos bastidores, na ausência do Imperador. Caxias é o cidadão a quem foram tributadas as maiores honrarias no Império. Era de descendência espanhola, francesa e portuguesa, com um passado de bravura, grandeza d alma, lutas e nobreza. Já os títulos nobiliárquicos de Caxias não foram legados de antepassados nem obtidos por mercês pessoais do Imperador, mas outorgados em reconhecimento aos excepcionais serviços prestados à Pátria, tanto na paz como na guerra. Foi elevado a duque o maior título nobiliárquico em prova de gratidão à sua brilhante atuação como comandanteem-chefe das Forças Brasileiras e Aliadas na campanha paraguaia. O nome Caxias refere-se à cidade maranhense onde se travou o derradeiro e encarniçado combate logrando a pacificação da província. Caxias recebeu as mais honrosas condecorações e medalhas conferidas a um militar brasileiro 9

pelo Império, devido aos importantes serviços rendidos ao Brasil, quer na qualidade de intrépido soldado, quer na de estadista firme e de visão. Não ostentava qualquer condecoração estrangeira no peito. Todas as suas medalhas eram de ouro, exceto as duas de bronze com que fora agraciado depois de se afastar dos campos de batalha paraguaios: a Medalha de Recompensa à Bravura, ou do Mérito Militar, e a da Campanha Geral do Paraguai, cunhada com o bronze dos canhões inimigos capturados, as quais considerava de maior importância, com elas fazendo questão de ser enterrado. A maior demonstração de reconhecimento do País a seus méritos foi a consagração como Patrono do Exército Brasileiro, após ter sido considerada, oficialmente, a data do seu natalício o Dia do Soldado, pelo Aviso n o 366 de 11 de agosto de 1925. Afirmava o General Góes Monteiro: O Brasil, sem dúvida, estaria em outra situação diante das nações civilizadas, construiria sua grandeza em meio dos perigos que já afloravam e, hoje, apresentam contornos bem mais salientes, se Caxias, com sua grande visão, tivesse podido imprimir o ritmo que ele pretendera à vida coletiva dos brasileiros. E, em conseqüência, não estaria a obra da Defesa Nacional a desafiar nossos esforços e energias. A consagração definitiva de Caxias ultrapassou e muito os umbrais da caserna e ganhou toda a Nação através das páginas dos dicionários da língua portuguesa Aurélio e Houaiss, no verbete correspondente à palavra caxias : Diz-se de pessoa extremamente escrupulosa no cumprimento de suas obrigações; aquele que como líder, chefe ou responsável exige dos subordinados o máximo de aplicação, empenho, eficiência e extremado respeito às leis O busto e o museu, no local onde nasceu, homenageando o Patrono do Exército e aos regulamentos; considerado o homem modelo do Exército, célebre pelo rigor, pela aplicação, pela disciplina e pela exigência que caracterizavam suas ações. Tal significado vem ampliar a admirável imagem mítica do Patrono do Exército e anular as críticas destrutivas ao caxiismo, valor emblemático do soldado brasileiro. Caxias não cresce ou diminui meramente diante de críticas ou apologias. O extraordinário desempenho nas funções e missões que lhe foram confiadas, somado à equilibrada e magnânima atuação em célebres episódios da História do Brasil, é suficiente para atestar o acerto de sua escolha como Patrono do Exército, figura impossível, por isso, de ser utilizada nas tentativas de destruição de símbolos e valores do imaginário nacional. Abençoado destino de uma espada sempre fiel, sincera e exclusivamente dedicada ao serviço da conciliação, da lei, da paz e da tranqüilidade pública! Jamais a paixão a armou; o dever, porém, nunca a solicitou debalde. Caxias foi grande aos olhos do seu século; maior se torna ainda aos olhos da posteridade. Para finalizar, vale recordar as palavras de Visconde de Taunay, proferidas em nome do Exército, 10

despedindo-se de Caxias à beira do túmulo e expressando a imorredoura gratidão do Brasil ao filho inolvidável: Há muito que narrar! Só a mais vigorosa concisão unida à maior singeleza é que poderá contar os seus feitos. Não há pompas de linguagem, não há arroubos de eloqüência capazes de fazer maior essa individualidade, cujo principal atributo foi a simplicidade na grandeza. General-de-Brigada Juarez Genial Assim começa um testamento: Em nome de Deus, amém. Eu, Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, achando-me com saúde e em meu perfeito juízo, ordeno o meu testamento, da maneira seguinte:(...) Rio de Janeiro, 7 de maio de 1880. Fechava os olhos, para sempre, o mais bravo dos militares que vivera no seio do Exército Brasileiro para a glória deste próprio Exército. Luiz Alves de Lima e Silva nasceu em 25 de agosto de 1803 neste local. Assentou praça como cadete, em 1808, com apenas cinco anos de idade, como era costume, à época, para os filhos de militares....quero que meu enterro seja feito sem pompa alguma, e só como irmão da Cruz dos Militares, no grau que ali tenho.... Em 1818, matriculou-se na Academia Real Militar e, como alferes, foi destacado para o 1 o Batalhão de Fuzileiros da Guarnição da Corte. Promovido a tenente, em 1821, foi integrar, no ano seguinte, o recém-formado Batalhão do Imperador, unidade de elite do Exército. Em 1823, teve seu batismo de fogo, quando o Batalhão foi deslocado para a Bahia, nas guerras de Independência contra as tropas portuguesas, estacionadas em Salvador. Em 1825, participou, como capitão, ainda no Batalhão do Imperador, da Campanha da Cisplatina, de onde retornou no posto de major. Em janeiro de 1833, no Rio de Janeiro, casouse com Anna Luiza de Loreto Carneiro Viana. Nesse mesmo ano, nasceu sua primeira filha, Luiza, e em 1836 nasceu Ana, sua segunda filha. Não desejo, mesmo, que faça convites para o meu enterro, porque os meus amigos, que me quiserem fazer este favor, não precisam desta formalidade e muito menos consintam os meus filhos que seja embalsamado. General Genial proferindo o seu discurso Em 1837, já promovido a tenente-coronel, foi escolhido para pacificar a Província do Maranhão, onde havia iniciado o movimento da Balaiada. Como coronel recém-promovido, em 1839, foi investido nas funções de Comandante das Armas e Presidente da Província do Maranhão, visando centralizar em uma única autoridade todas as ações. 11

Em julho de 1841, pelos serviços prestados na pacificação do Maranhão, o Governo Imperial o promoveu a brigadeiro e lhe conferiu o título de Barão de Caxias, nome da vila maranhense onde a insurreição começou e foi, por ele, pacificada. Em 1842, pacificou a Província de São Paulo e a de Minas Gerais. Pelos relevantes serviços prestados, foi promovido ao posto de marechal-de-campo graduado, quando não contava sequer com quarenta anos de idade. Logo que eu falecer, deve o meu testamenteiro fazer saber ao Quartel-General e ao Ministro da Guerra que dispenso as honras fúnebres que me pertencem como marechal- do-exército... Ainda grassava, no Sul, a Revolta dos Farrapos. Mais de dez presidentes de províncias e generais se haviam sucedido, desde o início da luta, sempre sem êxito. O Governo Imperial nomeou Caxias Comandante-em-Chefe do Exército em operações e Presidente da Província do Rio Grande do Sul. Logo ao chegar em Porto Alegre, fez apelo aos sentimentos patrióticos dos insurretos por intermédio de um manifesto cívico, onde dizia: Lembrai-vos que a poucos passos de vós está o inimigo de todos nós o inimigo de nossa raça e de tradição. Não pode tardar que nos meçamos com os soldados de Oribe e Rosas; guardemos para então as nossas espadas e o nosso sangue. Abracemo-nos para marcharmos, não peito a peito, mas ombro a ombro, em defesa da Pátria, que é a nossa mãe comum. Se no honroso campo de batalha, a firmeza de seus lances lhe granjeou o rosário de triunfos que viria despertar nos rebeldes a idéia de pacificação, paralelamente, seu descortino administrativo, seus atos de bravura, de magnanimidade e de respeito à vida humana conquistaram a estima e o reconhecimento dos adversários. A Paz de Ponche Verde, assinada em 1845, marcou sua proclamação como Conselheiro da Paz e como o Pacificador do Brasil. Marechal-de-Campo e Conde em 1845. Senador do Império e pai de Luiz Alves em 1847. Presidente da Província do Rio Grande do Sul e Comandante-em-Chefe do Exército do Sul, adentrou o Uruguai e bateu as tropas de Manoel Oribe em 1851. Tenente-General e Marquês de Caxias, em 1852. Ministro da Guerra em 1855 e 1861. Em 1862, promovido a marechal-do-exército, viu seu único filho falecer com 14 anos. Em 1863, assumiu novamente a função de senador....e que só desejo que me mandem seis soldados, escolhidos dos mais antigos, e de melhor conduta, dos corpos de guarnição, para pegar nas argolas do meu caixão, a cada um dos quais o meu testamenteiro, no fim do enterro, dará trinta mil réis de gratificação. Em 1865, participou da Guerra da Tríplice Aliança contra as forças paraguaias. Nessa campanha, Caxias imortalizou seu nome na literatura militar, com o uso do balão de observação e com a construção da estrada do Grão-Chaco que permitiu a realização da marcha de flanco no charco paraguaio, entre outras ações. Sigam-me os que forem brasileiros! Com esse brado, Caxias demonstrou toda a sua liderança na travessia da ponte sobre o Arroio Itororó, arrastando seus homens pelo exemplo. Só 12

deu por fim da sua gloriosa jornada, em 1ª de janeiro de 1869, ao tomar Assunção. Nesse ano, recebeu o título de duque, o único brasileiro nato a tê-lo. Ao receber os cumprimentos pela ação na Guerra do Paraguai, declarou: O Exército Brasileiro, de que eu tanto me orgulho de haver comandado, muito merece da Pátria, por seu valor, por sua intrepidez e abnegação e eu me regozijo ao ver tão bem apreciado seu heróico comportamento, tanto mais que eu fui testemunha de seus valorosos feitos e compartilhei de seus extraordinários sofrimentos. Já com idade avançada, Caxias resolve retirar-se para sua terra natal, na Província do Rio de Janeiro. No dia 7 de maio de 1880, às 20h30min, fechava os olhos para sempre o Duque de Caxias. No dia seguinte, chegava, em trem especial, na estação do Campo de Santana, o seu corpo, vestido com o seu mais modesto uniforme de marechal-de-exército, trazendo ao peito apenas duas condecorações, as únicas de bronze: a do Mérito Militar e a Geral da Campanha do Paraguai. No ato do sepultamento, o literato Visconde de Taunay, então Major do Exército, concluiu assim sua alocução: E disse mais: Como militar eu cumpri o meu dever, servindo ao meu soberano e à minha Pátria. E apesar de minha idade avançada e de alquebrado pelas fadigas de rude campanha, estarei sempre pronto para obedecer ao chamado do Governo Imperial, quando o País carecer de meus serviços militares e civis, até onde chegarem minhas forças. Contava aí com 66 anos. Em 1875, pela terceira vez, foi nomeado Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros. Participou, ainda, da chamada Questão Religiosa, do afastamento de D. Pedro I e da Regência da Princesa Isabel. Declaro que deixo ao meu criado Luiz Alves quatrocentos mil réis e toda a roupa de meu uso. Deixo ao meu companheiro de trabalho, João de Souza da Fonseca Costa, como sinal de lembrança, todas as minhas armas, inclusive a espada com que comandei seis vezes, em campanha, e o cavalo de minha montaria, arreado com os arreios melhores que tiver na ocasião de minha morte. Carregaram o seu féretro seis soldados rasos; mas, senhores, esses soldados que circundam a gloriosa cova e a voz que se levanta para falar em nome deles são o corpo e o espírito de todo o Exército Brasileiro. Representam o preito derradeiro de um reconhecimento inextinguível que nós, militares, de Norte a Sul deste vasto Império, vimos render ao nosso velho marechal, que nos guiou como general, como protetor, quase como pai, durante quarenta anos; soldados e orador, humildes todos em sua esfera, muito pequenos pela valia própria, mas grandes pela elevada homenagem e pela sinceridade da dor. Deixo à minha irmã, a Baronesa de Suruhy, as minhas condecorações de brilhantes da Ordem de Pedro I como sinal de lembrança e a meu irmão, o Visconde de Tocantins, um candieiro de prata, que herdei de meu pai. Deixo o meu relógio de ouro com a competente corrente ao Capitão Salustiano de Barros Albuquerque, também como lembrança pela lealdade com que tem me servido... Deixo à minha afilhada Anna Eulália de Noronha, casada com o Capitão Noronha, 12 contos de réis... Tudo o que mais possuo será repartido com as minhas duas filhas Anna e Luiza... Em nome de Deus, amém. 13