Joaquim Teodoro Romão de Oliveira, D. Sc. Prof. Adjunto - UNICAP Eng. Civil - UFPE. Pedro Eugenio Silva de Oliveira Engenheirando - UNICAP



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Transcrição:

Parâmetros Geotécnicos do Arenito do Estaleiro Atlântico Sul Suape - PE Joaquim Teodoro Romão de Oliveira, D. Sc. Prof. Adjunto - UNICAP Eng. Civil - UFPE Pedro Eugenio Silva de Oliveira Engenheirando - UNICAP Recife, 11 de Novembro de 2010

1. INTRODUÇÃO - O subsolo de Suape tem despertado o interesse da comunidade geotécnica devido aos grandes investimentos - Complexo Industrial- Portuário. - Dentre estes investimentos, podem-se citar os seguintes, além do próprio estaleiro: a fábrica de polímeros M & G, o moinho da Bunge Alimentos e a refinaria Abreu e Lima da Petrobrás. www.suape.pe.gov.br

2. LOCALIZAÇÃO E GEOLOGIA LOCAL - O Município de Ipojuca está situado ao sul da cidade do Recife e a sede dista 52 km da capital. Famosa Praia de Porto de Galinhas. Figura 1 - Localização do Município de Ipojuca (Pfaltzgraff, 1999)

2. LOCALIZAÇÃO E GEOLOGIA LOCAL Segundo Pfaltzgraff (1999), citando Lima Filho (1996), encontram-se representadas no município quatro unidades geológicas: Complexo Gnáissico-Migmatítico, Rochas Granitóides, Grupo Pernambuco e Coberturas Quaternárias. Coberturas quaternárias: Terraços Litorâneos Holocênicos e Plestocênicos. Segundo Gusmão Filho (1998) e Oliveira (1999) é freqüente a presença de camadas de arenito no nível superficial do perfil do subsolo do Recife. Estes arenitos aparecem em ambos os terraços marinhos pleistocênico e holocênico ou indiferenciado.

2. LOCALIZAÇÃO E GEOLOGIA LOCAL Solo mole Localização do estaleiro (Arenito + solo mole) I Sedimentos de mangues II Sedimentos recentes Figura 2 - Carta geotécnica no entorno do Complexo Industrial e Portuário de Suape (Pfaltzgraff, 1999)

3. ENSAIOS DE LABORATÓRIO -A camada de arenito aparece em profundidades de até 10,0 m. Amostras deformadas e indeformadas foram ensaiadas no Laboratório de Solos e Instrumentação da Universidade Federal de Pernambuco LSI/UFPE. -3.1. Ensaios de granulometria - A composição granulométrica média: 91 % de areia, 4 % de silte e 5 % de argila. O diâmetro efetivo é igual a 0,07 mm e o coeficiente de não uniformidade 9,50. Estes valores são semelhantes aos obtidos por Ferreira e Monteiro (2006) para um arenito Pleistocênico da Cidade do Recife. Ensaio de Granulometria 100 90 80 ARGILA SILTE AREIA FINA AR. MÉDIA AR.G PEDREGULHO (%) que passa 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000 Diametro dos grãos (mm)

3. ENSAIOS DE LABORATÓRIO -3.2. Ensaios de compresão simples - Foram realizados ensaios de compressão simples em corpos de prova de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. Tabela 1 - Valores máximos, mínimos, médios e desviopadrão obtidos para a resistência à compressão simples Média (kpa) 1098,27 Desvio Padrão (kpa) 497,06 Máximo (kpa) 2490,00 Mínimo (kpa) 450,00 - Oliveira (1999) ao estudar arenitos brandos da planície do Recife, obteve resultados de compressão simples variando entre 1,5 e 2,7 MPa com valor médio de 2 MPa.

3. ENSAIOS DE LABORATÓRIO -3.2. Ensaios de compressão simples - Foram realizados ensaios de compressão simples em corpos de prova de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. 1.600,00 Tensão desvio (kpa) 1.400,00 1.200,00 1.000,00 800,00 600,00 400,00 200,00 0,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 Deformação específica axial (%)

Critérios de classificação Segundo as propostas de Dobereiner (1987), da Sociedade Geológica de Londres (1970) e da ISMR (1978), sendo classificado como: muito brando, brando e muito brando respectivamente. Figura 5 Critérios de Classificação - Resistência, Adaptado de Oliveira (1999)

Critérios de classificação Quanto à textura: sendo classificado como Arenito (Faixa I) sem mistura com finos. Vale ressaltar que a faixas II e III correspondem respectivamente a argilitos e siltitos (Folk, 1968). Figura 6 Classificação quanto à textura, Folk (1968)

3.3 Ensaios de cisalhamento direto Os corpos de prova de 101,6 mm de lado e 40 mm de altura foram moldados a partir de amostra indeformada. Tabela 2 Valores de coesão e ângulo de atrito interno Amostra 01 Amostra 02 c (kpa) φ (º) Pico 33 51 Residual 30 29 Pico 0 59 Residual 27 32 Oliveira (1999), obteve valores de coesão variando entre 240 e 450 kpa e ângulo de atrito variando de 48º a 53º, para arenitos brandos da planície do Recife.

3.3 Ensaios de cisalhamento direto 400 400 350 50 kpa 100 kpa Tensão Cisalhante (kpa) 300 250 200 150 100 50 150 kpa 200 kpa Tensão Cisalhante (kpa) 300 200 100 Coesão = 0 Ângulo de atrito = 59 graus 0 0 5 10 15 0 0 100 200 300 400 Deformação Horizontal (%) Tensão Norm al (kpa) Amostra 02 Oliveira (1999), obteve valores de coesão variando entre 240 e 450 kpa e ângulo de atrito variando de 48º a 53º, para arenitos brandos da planície do Recife.

CONCLUSÕES -A composição granulométrica média do arenito é a seguinte: 91 % de areia, 4 % de silte e 5 % de argila. O diâmetro efetivo é igual a 0,07 mm e o coeficiente de não uniformidade 9,50; -A resistência à compressão simples aumenta com a profundidade, apresentando um valor médio igual a 1098,27 kpa. O arenito pode ser classificado como brando ou muito brando dependendo do critério de classificação; - Foram obtidos os intervalos de 0 a 33 kpa e 51 a 59º para coesão e ângulo de atrito, respectivamente, na condição de resistência de pico, e 27 a 30 kpa e 29 a 32º para resistência residual. Estes valores estão de acordo com outros resultados da literatura; Maiores detalhes ver OLIVEIRA e OLIVEIRA (2010) COBRAMSEG Gramado - RS

UM DIA HISTÓRICO PARA A INDÚSTRIA NAVAL DO BRASIL (07/05/2010) Lançamento do Navio João Cândido www.estaleiroatlanticosul.com.br

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