Princípios do Processual Penal

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CURSO Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará Nº 02 DATA 12/08/2016 DISCIPLINA Direito Processual Penal PROFESSOR Rodrigo Bello MONITORA Marcela Macedo AULA 02 Princípios do Processual Penal Princípios do Processual Penal O Código de Processo Penal (CPP) foi elaborado em 1941, sem discussão pelo Congresso Nacional e outorgado pelo então Ministro da Justiça Francisco Campos, durante o Estado Novo do Governo Vargas, bastante autoritarista. Diferentemente da Constituição Federal (CF), que foi promulgada e amplamente discutida pelo Congresso Nacional, preocupando-se com os direitos e garantias individuais. O art. 5 da CF traz esses direitos e garantias fundamentais acima mencionados. Observação 1: Com relação à garantia de inviolabilidade da casa prevista na CF, não há restrição apenas à residência, abarcando também o domicílio profissional. No Estatuto da OAB, existe uma exigência de que em caso de busca e apreensão em escritório de advocacia será necessária a notificação à OAB para delegar um representante para acompanhar a diligência. Observação 2: Houve um caso polêmico em que o STF admitiu a entrada da polícia em uma residência sem o mandado judicial. Porém, essa admissão apenas ocorreu pelo fato de o crime em questão ser permanente (alguns verbos do crime misto de tráfico de drogas), autorizando a ausência de mandado pela flagrância. Essa questão será abordada em aula específica. Observação 3: Algumas diligências precisam de autorização judicial do órgão competente, pois são acobertadas pela cláusula de reserva de jurisdição. Como exemplo, temos a prisão sem flagrância, a interceptação telefônica e a busca e apreensão, pois abarcam bens jurídicos constitucionalmente relevantes (liberdade, privacidade e domicílio, respectivamente), e no Estado Constitucional de Direito toda violação a direitos relevantes deve ser autorizada pelo juiz de direito. Assim, no caso concreto da prova, é necessário avaliar se o bem jurídico a ser violado na diligência é relevante para exigir autorização judicial.

Direitos e Garantias do art. 5 da DF O art. 5, XII, CF dispõe: XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; O artigo estabelece que a inviolabilidade deva ser pautada por Lei específica, Lei 9296/96 que foi criada para disciplinar a matéria. É necessário diferenciar alguns conceitos para se compreender a essência do artigo transcrito: Sigilo Telefônico consiste em dados numéricos, isto é, são as ligações telefônicas registradas. A CPI pode, com seus poderes de investigação, quebrar o sigilo telefônico. Já o Delegado de Policia necessita de ordem judicial; Escuta Telefônica é a conversa entre duas pessoas, sendo que apenas uma delas tem o conhecimento da gravação, pois ela realiza a gravação ou sabe que terceiro o faz; Interceptação Telefônica ocorre quando duas pessoas conversam, mas nenhuma delas tem ciência da gravação, visto que um terceiro a realiza; A escuta telefônica somente pode ser utilizada como prova no processo quando não houver incentivo de um dos interlocutores, durante a conversa, para que o outro relate fatos específicos. A escuta telefônica também pode ser ambiental, quando durante a conversa a escuta encontra-se no ambiente ou no corpo de um dos interlocutores. Porém, a questão do incentivo permanece, invalidando a prova no caso de instigação para confissão. A gravação telefônica é o meio pelo qual se efetiva a escuta ou interceptação telefônica e ambiental. No tocante a interceptação telefônica, a lei 9296/96 traz como requisitos cumulativos para a sua concessão: a autorização judicial do órgão competente; a finalidade criminal; a presença de indícios de autoria e materialidade; a possibilidade de punição mediante reclusão do agente; a subsidiariedade, apenas como última alternativa; a investigação de fato certo e determinado. A interceptação telefônica tem prazo de 15 dias, podendo este ser renovado conforme a necessidade. Muito tem se cobrado em provas de concurso sobre o encontro fortuito de provas durante as investigações, como ocorre na interceptação telefônica. Esse encontro fortuito é denominado

pelo STF como A Teoria da Serendipidade. A serendipidade pode ser de 1 grau, quando a descoberta fortuita tem ligação com o deferimento inicial. Como exemplo, pode-se citar o caso de uma autorização para busca e apreensão em apuração de tráfico de drogas, quando surge fortuitamente uma prova de tráfico de armas, com ligação entre os delitos, pois o dinheiro arrecadado com as drogas alimentava o tráfico das armas. A serendipidade de 2 grau não apresenta vínculo entre o delito investigado e o delito descoberto fortuitamente. Nos casos de serendipidade de 1 e 2 graus, as provas descobertas de forma fortuita podem ser utilizadas nos processos e julgamentos de forma legítima. O art. 5, XII, da CF traz como base para a investigação as correspondências e as comunicações telefônicas. Entretanto, a modernização dos meios de comunicação, tornou desatualizados tais conceitos, sendo necessário atualizá-los por interpretação, para possibilitar a investigação policial de forma eficaz. O mais recente e conhecido aplicativo de conversas Whatsapp, tem sido alvo de discussões, onde se debate sobre a possibilidade de a polícia acessar o celular do investigado, lendo as conversas gravadas no aplicativo. Seria necessário fornecer a policia os meios para investigação destes aplicativos, evitando limites muito rígidos no sistema acusatório, que poderiam inviabilizar a atuação investigativa. Contudo, a existência de agentes e servidores públicos corruptos e não fieis às leis do Estado, acabam por legitimar a exigência de ordem judicial para tal investigação. Como exemplo, fala-se em casos concretos de policiais corruptos, que após apreendido o celular do investigado inserem nele conversas para uma suposta incriminação, violando direitos fundamentais dos investigados. Portanto, em recente decisão do STJ, no RO 51.531, com julgamento em 19/04/2016, o Tribunal determinou a necessidade de autorização judicial para acesso aos aplicativos de celular dos acusados, restringindo as possíveis investigações na tentativa de garantir direitos fundamentais. O julgado do STJ baseia sua fundamentação na Lei 12.965/14, em seu art. 7, inciso III, que dispõe sobre o direito de acesso a internet, sendo assegurada a inviolabilidade e o sigilo de suas comunicações privadas e armazenadas, salvo por ordem judicial. O art. 5, XXXVII e LIII, da CF afirmam, respectivamente: XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; O Princípio do Juiz Natural consiste no conhecimento anterior de qual foro irá julgar um determinado crime, garantindo a imparcialidade do processo e julgamento. O tribunal de exceção seria a criação de um tribunal especifico para julgar certo delito, posteriormente a sua ocorrência. O STF decidiu que a criação de varas especializadas não configuraria um tribunal de exceção, pois a competência criminal, que traduz a essência do poder jurisdicional desta vara, já

estaria determinada anteriormente. Assim, a vara especializada traria apenas celeridade e segurança jurídica ao trâmite processual. Observação: a organização judiciária especializou a vara criminal de combate à violência doméstica e familiar à mulher. É necessário não confundir vara criminal com juizado especial criminal, pois o art. 41 da Lei Maria da Pena afirma que não se aplica a lei 9099/95 nos casos de violência doméstica a mulher. Em outras palavras, não se deve utilizar o termo juizado de violência domestica e familiar contra a mulher, e sim vara criminal de combate à violência domestica e familiar à mulher. O art. 5, incisos LIV e LV, da CF dispõe: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; O devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório constituem a tríade processual trazida pela Constituição Federal. O devido processo legal é a ordem procedimental, ou seja, o rito pré-definido para o procedimento. Ou seja, ninguém pode ser surpreendido por procedimentos não previstos na Lei ou por ausências de regras garantidas pela Lei. A ampla defesa consiste na utilização dos meios defensivos fornecidos em Lei. A ampla defesa no processo penal se divide em defesa técnica, exercida pelo advogado ou Defensoria Pública, e a autodefesa, exercida pelo próprio acusado. Ninguém poderá ser acusado processualmente sem a ampla defesa. A súmula 523 do STF entende que qualquer violação ou prejuízo à ampla defesa gerara nulidade: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. O contraditório é a ação e reação, isto é, a manifestação sobre algo produzido. Exemplo, em caso de prova testemunhal, é possível realizar perguntas diretas às testemunhas. Os demais princípios do processo penal pertinentes ao concurso serão analisados ao longo do curso. Sistema acusatório É um conjunto de princípios que regem a persecução penal. A persecução penal é o caminho desde a notícia do crime até a decisão final, ou seja, o caminho trilhado pelo estado para investigar e processar o autor de crimes, diante da certeza do delito. A persecução pode ser dividida em duas etapas, investigatória e processual, sendo a primeira dispensável. No Brasil vigora o princípio do in dubio pro reu, somente havendo condenação com base na certeza do crime, em caso de dúvida ocorre absolvição. E toda a persecução penal tem regras e princípios trazidos pelo sistema acusatório. Um dos mais relevantes princípios é o Principio da

Presunção de Inocência ou da Não Culpabilidade, quando o individuo só será considerado culpado após o transito em julgado da decisão condenatória, nos termos do art. 5, LVII, da CF: liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; O STF por maioria de votos decidiu pela execução da pena após a confirmação da decisão em segundo grau. Essa decisão teve como fundamentação o Pacto de São José da Costa Rica, ao definir que uma pessoa será considerada culpada após o exercício do duplo grau de jurisdição (direito esculpido no art. 8 do Pacto). Como exemplo, se o indivíduo é condenado em 1 grau, recorre para o 2 grau, tendo a decisão confirmada, segundo o Pacto este indivíduo já pode ser considerado culpado, visto que exercido o duplo grau de jurisdição. Outra fundamentação baseia-se no fato de que da decisão de 2 grau somente pode ser interposto recursos específicos, abrangendo apenas matéria de direito, não se discutindo mais a matéria de fato. E, por fim, cabe salientar que a pressão popular também cooperou para essa decisão, visto que a população ansiava pelo cumprimento efetivo das sentenças. Outro principio que vigora dentro do sistema acusatório é o Princípio da Imparcialidade, que rege o processo por um prazo razoável, justo e imparcial. E ainda, há que se falar na separação de funções dentro do processo penal, isto é, um órgão competente para cada função específica. O magistrado preside e julga, o Ministério Público acusa, propondo provas, e a defesa defende. Se caso o juiz competente apresentar uma postura mais ativa, agindo de ofício e propondo provas para contribuir com a acusação ou com a defesa, poderá interferir demais no caso concreto (exemplo do juiz Sergio Moro, no caso Lava Jato). Essa postura mais ativa pode ser assegurada pelo art. 156, 2ª parte, do CPP, que permite ao juiz uma maior presença na busca da verdade real. Entretanto, a Constituição Federal defende a busca da verdade processual, ou seja, a verdade trazida nos autos, dentro dos limites impostos pela própria Constituição para proteger os direitos fundamentais do cidadão e inibir o autoritarismo do estado. Assim, o professor conclui que é mais razoável defender a busca da verdade processual prevista na constituição, uma vez que a verdade real disposta no processo penal pode gerar uma imparcialidade do magistrado, diante da impossibilidade de reproduzir no processo o que realmente aconteceu no caso (utopia da verdade real). Contatos do professor: Facebook: professorrodrigobello Insta: @professor_bello