Balanço Hídrico de uma indústria produtora de artefatos de borracha visando redução de consumo através de reúso

Documentos relacionados
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE AÇÃO ANTROPOGÊNICA SOBRE AS ÁGUAS DA CABECEIRA DO RIO SÃO FRANCISCO

PRODUÇÃO DE LODO EM UM REATOR ANAERÓBIO DE FLUXO ASCENDENTE E MANTA DE LODO. Oliva Barijan Francisco Paulo, Roberto Feijó de Figueiredo*

CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE RESULTANTE DO PROCESSO DE LAVAGEM DE PLÁSTICO FILME AVALIANDO APLICAÇÃO DE TRATAMENTO PELO PROCESSO ELETROLÍTICO.

ID 244 PROPOSTA DE REUSO INDUSTRIAL E SANITÁRIO DE EFLUENTES DE UMA INDÚSTRIA DE ÓLEO. Maria Cristina Rizk*, Rafael Nakamura Ferrari, Luiz Flávio Dias

MONITORAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO BENFICA COM VISTAS À SUA PRESERVAÇÃO

II TECNOLOGIA DE FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE APLICADA AO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE ETE PARA REÚSO DIRETO

TRATAMENTO DE EFLUENTE DOMÉSTICO DE LODOS ATIVADOS POR MEMBRANA DE ULTRAFILTRAÇÃO

VI-024 ESTUDO DA AÇÃO DO FENTON NO TRATAMENTO DE RESÍDUOS CONTENDO FORMOL

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO

GERENCIAMENTO HÍDRICO APLICADO A ENTREPOSTOS DE PESCADOS

ESTUDO DE CASO: DESPERDÍCIO DE ÁGUA, NO USO DO DESTILADOR DO LABORATÓRIO DE APOIO DA UNESC

XX Encontro Anual de Iniciação Científica EAIC X Encontro de Pesquisa - EPUEPG

EFICIÊNCIA NA ADERÊNCIA DOS ORGANISMOS DECOMPOSITORES, EMPREGANDO-SE DIFERENTES MEIOS SUPORTES PLÁSTICOS PARA REMOÇÃO DOS POLUENTES

IV YOSHIDA BRASIL 1 REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA E FÓSFORO DE EFLUENTE DE TRATAMENTO ANAERÓBIO POR PROCESSO FÍSICO-QUÍMICO

II EFICIÊNCIA NO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE FÁBRICA DE PAPEL POR LAGOAS E RESERVATÓRIO DE ESTABILIZAÇÃO

AVALIAÇÃO DE METAIS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM POÇOS PARA O MONITORAMENTO DE ATERRO SANITÁRIO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DESCARTADA PELOS DESTILADORES

II DETERMINAÇÃO DAS CARGAS DE NUTRIENTES LANÇADAS NO RIO SALGADO, NA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE, REGIÃO DO CARIRI-CEARÁ

DESEMPENHO DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO PELO PROCESSO DE LODOS ATIVADOS OPERANDO POR BATELADA

II-197 DETERMINAÇÃO DAS CARACTERíSTICAS DO ESGOTO BRUTO NA ENTRADA DA ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ESGOTO DO UNA - REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM/PA.

INVESTIGAÇÃO DA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE POÇOS NA ZONA URBANA NO MUNICÍPIO DE SOUSA-PB ATRAVÉS DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS

IV INDICADORES HIDROQUÍMICOS OBTIDOS A PARTIR DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM ALGUNS POÇOS DO CEARÁ

EMPREGO DO BALANÇO DE MASSA NA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DIGESTÃO ANAERÓBIA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

COMPOSIÇÃO DO ESGOTO AFLUENTE À ELEVATÓRIA DE ESGOTO DO UNA, BELÉM/PA.

"Estratégias de proteção da qualidade das águas superficiais na RMSP

CÂMARA MUNICIPAL DE CONTAGEM

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUA DE CORPO HÍDRICO E DE EFLUENTE TRATADO DE ABATEDOURO DE BOVINOS

II-321 BIOSSISTEMAS INTEGRADOS NO TRATAMENTO DE DEJETOS DE SUÍNOS: OTIMIZAÇÃO DA ETAPA DE BIOMETANIZAÇÃO

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO

II-173 A FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO COMO ORIGEM DA POLUIÇÃO DOS CORPOS RECEPTORES: UM ESTUDO DE CASO.

ESTUDO DO DESEMPENHO DO ROTATING BIOLOGICAL CONTACT (RBC) NA REMOÇÃO DE CARGA ORGÂNICA DE EFLUENTES LÍQUIDOS HOSPITALARES

EFEITO DA ADIÇÃO DE CLORETO FÉRRICO AO ESGOTO AFLUENTE A UM REATOR UASB

REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA E NITROGÊNIO EM FILTROS PERCOLADORES COM DIFERENTES MATERIAIS SUPORTES BRITA E SERRAGEM DE COURO

O REÚSO DA ÁGUA NO CONTEXTO DA ECOLOGIA INDUSTRIAL

Características e padrões de qualidade da água

Caracterização das Águas Residuárias das Principais ETAs do Estado da Paraíba

INFLUÊNCIA DE FOSSAS NEGRAS NA CONTAMINAÇÃO DE POÇOS SUBTERRÂNEOS NA COMUNIDADE VILA NOVA, ITAIÇABA-CEARÁ 1

INVENTÁRIO DOS EFLUENTES LÍQUIDOS GERADOS NO IFCE CAMPUS LIMOEIRO DO NORTE

REUSO DE ÁGUA. Otimizando custos e gerando economia

MODELOS DE BIOCONVERSÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS INOCULADOS COM LODO DE ESGOTO SANITÁRIO

Tecnologias para Reúso da Água

RESOLUÇÃO ARSAE-MG 81/2016, DE 1º DE ABRIL DE 2016.

ANEXO I. Condicionantes para Licença de Operação (LO) da Ambientec Incineração de Resíduos Ltda.

A IMPORTÂNCIA DA REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS CINZA EM DOMICÍLIOS

A CINÉTICA DO NITROGÊNIO NO RIO MEIA PONTE, ESTADO DE GOIÁS, BRASIL

u A prática de reúso é mias uma opção para a redução da pressão sobre os recursos hídricos;

I INVESTIGAÇÃO DA ESTABILIZAÇÃO QUIMICA DAS AGUAS BRUTA E TRATADA NA CIDADE DE BRODOWSKI-SP

NORMA TÉCNICA CONTROLE DE CARGA ORGÂNICA EM EFLUENTES LÍQUIDOS INDUSTRIAIS CPRH N 2.001

II DESCOLORIZAÇÃO DE EFLUENTE DE INDÚSTRIA TÊXTIL UTILIZANDO COAGULANTE NATURAL (MORINGA OLEIFERA E QUITOSANA)

Manual de protocolos e coletas e análise de efluentes e rejeitos industriais

MODELAGEM MATEMÁTICA DA RELAÇÃO ENTRE DBO TOTAL E DBO SOLÚVEL VERSUS A TAXA DE APLICAÇÃO SUPERFICIAL, EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

Apresentação dos Indicadores de Desempenho Ambiental

ESGOTAMENTO SANITÁRIO AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE DQO EM SISTEMA ANAERÓBIO-AERÓBIO, NO TRATAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO.

RESUMO. PALAVRAS-CHAVE: Pós-Tratamento, Reatores Anaeróbios, Lodos Ativados, Coeficientes Cinéticos.

ESTUDO DE CASO SOBRE A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE REUSO URBANO NÃO POTÁVEL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Uso Racional e Reúso da Água NECESSIDADES E DESAFIOS

TRATAMENTO TERCIÁRIO DE ESGOTO SANITÁRIO VISANDO O REÚSO DA ÁGUA

PHD 2548 Uso Racional e Reúso de Água. Aulas 10 a 12 Reúso de Água

PALAVRAS-CHAVE: Tratamento de Água, Tratamento de Efluente, Resíduos de ETA s, Reuso de Água.

Tratamento alternativo do corpo hídrico do Ribeirão Vai e Vem no município de Ipameri GO contaminado por efluente doméstico.

I CARACTERIZAÇÃO DO LODO GERADO NOS DECANTADORES DA ETA-BOLONHA

ETE PIRACICAMIRIM NOVA CONCEPÇÃO DE SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS PARTIDA, OPERAÇÃO E MONITORAMENTO DE DESEMPENHO

AVALIAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA PARA REUTILIZAÇÃO EM FERTIRRIGAÇÃO Ananda Helena Nunes Cunha 1 Thiago Bernardes Cortez 2 Jonas Alves Vieira 3

ESTUDO DAS CONDIÇÕES SANITÁRIAS DOS RESERVATÓRIOS DE ÁGUA POTÁVEL DAS ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE PALMAS

Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais

II-167 INFLUÊNCIA DA ALCALINIDADE NA PRECIPITAÇÃO DE FLUORETOS COM CÁLCIO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS PROVENIENTES DA FOSCAÇÃO DE VIDRO.

OTIMIZAÇÃO DA REMOÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA EM EFLUENTE PROVENIENTE DE INDÚSTRIA DE BEBIDAS ATRAVÉS DE PROCESSOS FÍSICO- QUÍMICOS

OTIMIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE EFLUENTES EM INDÚSTRIAS DE TRIPARIA, BASEADO NO REATOR SEQÜENCIAL EM BATELADA (SBR)

RESOLUÇÃO ARSAE MG 57, DE 9 DE OUTUBRO DE 2014

TH 030- Sistemas Prediais Hidráulico Sanitários

VI-035 INFLUÊNCIA DOS RESERVATÓRIOS NOS PARÂMETROS FÍSICO- QUÍMICOS DOS POÇOS DA UFRN

Alternativa de tratamento de efluentes galvânicos contendo cianetos com remoção e reutilização dos contaminantes

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO

I-139 ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE MANANCIAIS SUBTERRÂNEOS UTILIZADOS COMO FONTE DE ABASTECIMENTO DO MUNICÍPIO DE CRATO - CEARÁ

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DA CODISPOSIÇÃO DE LODO SÉPTICO EM LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DE LIXIVIADO DE ATERROS SANITÁRIOS

SISTEMA DE ÁGUA E ESGOTOS SAE

Programa Analítico de Disciplina TAL463 Higiene de Indústrias de Alimentos

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DO COAGULANTE POLICLORETO DE ALUMÍNIO (PAC) NA REMOÇÃO DA COR, TURBIDEZ E DQO DE EFLUENTE DE LAVANDERIA TEXTIL.

II-145 ESTUDO DE TRATAMENTO DOS EFLUENTES DE UMA FÁBRICA DE PAPEL PARA IMPRIMIR VISANDO O REUSO POR FLOTAÇÃO E SEDIMENTAÇÃO

ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DO COAGULANTE TANINO NA REMOÇÃO DA COR, TURBIDEZ e DQO DO EFLUENTE TEXTIL DE UMA LAVANDERIA INDUSTRIAL.

I APLICAÇÃO DE MICROORGANISMOS EM ESGOTOS SANITÁRIOS PARA AUXILIAR NA DEPURAÇÃO DE CURSOS D ÁGUA

Recuperação de fósforo de efluentes através da precipitação de estruvita MAP

AVALIAÇÃO DE SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES POR DISCOS BIOROTATIVOS

V AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA NO MUNICÍPIO DE CAIÇARA DO NORTE - RN

ESTIMATIVA E QUANTIFICAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA EM ÁGUAS - UMA AVALIAÇÃO METODOLÓGICA E PROPOSIÇÃO DE MUDANÇAS

1 Bolsista PIBIC/CNPq 2 Pesquisador Orientador 3 Curso de Engenharia Ambiental, Departamento de Hidráulica e Transportes, UFMS

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental II-288 AVALIAÇÃO DA CINÉTICA DA DBO EM UM SISTEMA DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO

II PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTES DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO ATRAVÉS DE PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS OBJETIVANDO REUSO

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

ANÁLISE DA VARIAÇÃO DA DBO, DQO E OD NO RIACHO MUSSURÉ/PB

Área de Atividade/Produto Classe de Ensaio/Descrição do Ensaio Norma e/ou Procedimento

I-066 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIACHO ALGODOAIS EM PERNAMBUCO EMPREGANDO ACP

ANÁLISE COMPARATIVA DE INVENTÁRIOS DE NANOCRISTAIS DE CELULOSE OBTIDOS A PARTIR DE FIBRAS VEGETAIS

II CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE GERADO NO CAMPUS POÇOS DE CALDAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

Autores: Edvânia R. Queiroz Cunha M-DRH (Coordenadora) Andre Luiz Sefione M-DRH Andreia Ruas das Neves I-DNO Carlos Alberto Silva I-DSE Diogo

ÁGUA DE REUSO EXEMPLO BEM SUCEDIDO DE LOGÍSTICA REVERSA

ANALISE DA QUALIDADE DA ÁGUA ATRAVÉS DO USO DE INDICADORES SENTINELAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO INFANTIL DE CAMPINA GRANDE - PB

Transcrição:

Balanço Hídrico de uma indústria produtora de artefatos de borracha visando redução de consumo através de reúso Maristela Silva Martinez (1) Bacharel em Química(USP), Mestre e Doutora em Físico-Química (IQSC- USP). Professora da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) SP-Brasil. Cristina Filomena Pereira Rosa Paschoalato Mestre e Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP). Professora da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) Giulano Branco Pedro Antonio Bioquímico (Barão de Mauá- Ribeirão Preto). Mestre em Tecnologia Ambiental pela Universidade da Associação de Ensino de Ribeirão Preto (UNAERP) SP-Brasil. Patrícia Ferrari Paulino Joice Dalla Costa Calixto Fabíola Rocha (1) Endereço: Rua Angico, 507 Jardim Recreio CEP:14040-240 Ribeirão Preto SP Brasil E- mail: mmartine@unaerp.br Fone: (16) 36308225 Resumo Seguindo uma tendência mundial, o Brasil experimentou uma grande evolução de suas políticas de meio ambiente a partir da década de 70. No setor privado este fato ocorreu após a Lei Federal de Recursos Hídricos (Lei no 9.433/1997) que introduziu a cobrança pelo uso da água no Brasil como um instrumento de gestão e economia. Neste trabalho é realizado o balanço hídrico quantitativo e qualitativo através de medições e análises químicas laboratoriais em uma empresa de artefatos de borracha que utiliza água de poço artesiano para seu abastecimento. O objetivo do trabalho é a otimização do consumo e o estudo da possibilidade de reuso da água dentro da empresa. O consumo médio da empresa é de 2.200 m 3 /mês e o efluente lançado em rede coletora de esgoto foi em média de 2.188 m 3 /mês. Pôde-se observar que o consumo principal da empresa são os banheiros e restaurante, com 63% do consumo, seguido pelo banho de sal que consome 35 % da água total consumida pela empresa. As análises químicas realizadas no banho de sal mostraram presença de nitrato e nitrito e sódio. Com isso a água descartada do banho de sal poderia ser utilizada nos banheiros e para usos menos nobres como lavagens de pisos levando a uma redução no consumo geral da empresa. Palavras Chave: consumo de água, reúso, otimização do consumo, balanço hídrico.

Introdução A gestão de recursos hídricos vem experimentando uma forte evolução nas últimas três décadas. Na década de 90 observamos preocupações e até mesmo projetos, principalmente na área industrial, de reutilização e reciclagem de águas servidas. A água industrial após tratamento pode ser reutilizada em sistemas de resfriamento, lavagens de equipamentos e pisos, irrigação de jardins e outros usos menos nobres. Estas preocupações tornaram-se ainda mais importantes no Brasil com a criação da lei 9433/1997, que introduziu a cobrança pelo uso da água. Esta cobrança deverá alavancar recursos para dar suporte financeiro ao sistema de gestão de recursos hídricos, e mostrar que o princípio do usuário-pagador e do poluidor-pagador é um dos princípios mais corretos, pois as cobranças serão realizadas pelo coeficiente da diferença entre a qualidade da água que se capta para o uso e a qualidade da água que se lança após utilização (BIO, julho/setembro 2001). Objetivo O presente trabalho teve como objetivos: Realizar um mapeamento dos pontos de consumo, utilização e despejos de água em uma indústria produtora de artefatos de borracha localizada na Região de Ribeirão Preto no estado de São Paulo Elaborar o balanço hídrico, definindo o volume de água utilizado nos diferentes setores da empresa geradores de efluentes, tais como efluentes biológicos (banheiros e refeitórios) e efluentes físico-químicos (produção) Otimizar e/ou avaliar a possibilidade de minimização do consumo através de reúso. Metodologia Inicialmente foram determinados e caracterizados cada um dos pontos de consumo da empresa, tanto no processo (água industrial), quanto na utilização para consumo (água potável). Estes pontos foram monitorados através de hidrômetros de entrada. Efetuou-se um levantamento do sistema de distribuição interna de água na empresa, e cada ponto de consumo foi caracterizado através de taxas e vazão. Em seguida os pontos de lançamento de efluentes foram determinados e também monitorados com hidrômetros de saída. Com isso foi realizado o Balanço Hídrico no trimestre Junho, Julho e Agosto de 2003. Os efluentes do banho de sal foram caracterizados através de análises físico-químicas. Os parâmetros avaliados e a metodologia aplicada estão apresentados na Tabela 1. 2

Tabela 1 Parâmetros físico-químicos avaliados na caracterização dos efluentes Parâmetro Unidade Metodologia ph Adimensional Potenciométrico Cloreto mg/l Titrimétrico DQO mg/l Espectrofotométrico Potássio mg/l Fotométrico Nitrato mg/l Espectrofotométrico Nitrito mg/l Espectrofotométrico Resíduos Sedimentáveis mg/l Gravimétrico 4. Resultados e Conclusões Na tabela 2 estão relacionadas as leituras dos pontos de entrada de água no abastecimento da fábrica, nos meses de junho, julho e agosto. Estas leituras foram realizadas através de hidrômetros. Tabela 2 Entrada de água na indústria no período de 01/06/03 à 31/08/03 Pontos de entrada de água Junho/03 Julho/03 Agosto/03 SABESP 530 466 23 Poço I 53,7 0,0 0,0 Poço II (Saída A) 290 936 2.396 Poço II (Saída B) 699 673 506 Total Mês 1.573 2.103 2.925 Os valores da descarga do efluente da empresa (efluente I), responsável pela captação da água industrial, foram de 1.532 m 3 em junho, 2.090 m 3 em julho e 2944 m 3 em agosto. A tabela 3 apresenta os locais e volumes de todo o sistema de distribuição da água no abastecimento da indústria, inclusive os valores em volume de água no interior dos equipamentos em circuito fechado ou fluxo contínuo quando existir. Contínuo (m 3 /mês ) Tabela 3 Distribuição da água utilizada pela indústria Pontos de Interno, m 3 Reposição circuito estudo m 3 /mês fechado, m 3 Banho de Sal 0,9 2,50 35,0 933 Limpa molde 0,6 Resfriamento 2,0 8,75 7,0 2 Geladeiras 0,10 / unidade 0,08 / unidade 2,0 Banbury / Chiller 12,4 5,00 9,2 Banh./restaurante 0,11/ funcionário 1.663 Irrigação 48 Valor Parcial 16,41 2.644 (m 3 /mês ) Valor Total 2.661 (m 3 /mês) 3

Pode-se observar que o consumo principal da empresa são os banheiros e restaurante, com 63% do consumo, seguido pelo banho de sal que consome 35 % da água total consumida pela empresa. Este banho é usado no processo de vulcanização, sendo que a empresa possui uma linha com banho e outras 11 linhas que substitui o banho pelo forno de microondas, não gerando efluentes. Uma forma de redução de consumo seria a troca desta linha pelo forno de microondas, mas a qualidade do produto final é afetada. Foram realizadas análises do efluente do banho de sal para avaliar a possibilidade do reúso da água nas descargas dos banheiros. Na tabela 4 estão apresentados os resultados das análises químicas realizadas no efluente do banho Tabela 4 Resultados das análises realizadas no Banho de Sal Parâmetros Unidade 17/06/03 22/07/03 26/08/03 PH Admensional 8,86 8,70 8,78 Cloreto mg/l 248,50 245,20 230,90 DQO mg/l 208 198 221 Fosfato mg/l 5,24 3,12 3,97 Potássio mg/l 321,03 300,12 331,18 Sódio mg/l 335,780 320,50 346,02 Sulfato mg/l 28,30 27,20 21,83 Nitrato mg/l 119 112 107 Nitrito mg/l 132 156 145 Resíduos Sedimentáveis ml/l < 0,1 < 0,1 < 0,1 As análises realizadas no sistema de vulcanização (banho de sal) foram realizadas na água do circuito fechado, pois é onde se encontra a matéria prima utilizada para a vulcanização, que são nitrato e nitrito. Nos parâmetros determinados pelo estudo devido ao material utilizado no processo, muitos não possuem exigência de valores máximos para o lançamento, como o nitrato, nitrito, sódio, potássio, fosfato e DQO, deixando assim a empresa isenta de qualquer problema em seu descarte no efluente. Com isso a água poderia ser utilizada nos banheiros e para usos menos nobres como lavagens de pisos levando a uma redução no consumo geral da empresa. 5. Referências Bibliográfica AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION APHA. Standard Methods For the Examination of Water and Wastewater. 20ª th. Washington, USA,1998. GOLDENSTEIN, S., A Cobrança como Instrumento de Gestão Ambiental. In: A. C. Mendes Thame (Org.) A Cobrança pelo Uso da Água. IQUAL, Instituto de Qualificação e Editoração LTDA, 2000, São Paulo, pp. 165 178. 4

BIO, Revista Brasileira de Saneamento e Meio Ambiente, Nº 21, Janeiro/Março 2002, pp 20-34 MEATYCALF & EDDY, INC. Wasterwater Engineering Treatment Disposal and Reuse. 3ª Edição, Mc Graw-Hill, 1991 SHREVE, R. Noris; BRINK, Joseph A. Jr. Indústrias de Processos Químicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S/A, 1997 5