CURSO Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará Nº 04 DATA 25/08/2016 DISCIPLINA Direito Ambiental PROFESSOR Romeu Thomé MONITOR Thaís da Mata AULA 04 - Licenciamento Ambiental Licenciamento Ambiental - Lei 6.938/1981 ART 9º, IV da Lei 6.938/1981 Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; (grifo nosso). O licenciamento ambiental é um dos temas mais cobrados nas provas de concurso. Seguem os pontos mais importantes acerca do tema. Base Legal - Lei 6.938/1981, art. 9, IV. - Resolução CONAMA 237/1997: trata especificamente do licenciamento ambiental. - Lei Complementar 140/2011. Conceito: Licenciamento ambiental é o consentimento estatal para a utilização de recurso natural, para o desenvolvimento de determinada atividade poluidora ou causadora de impactos sobre o meio ambiente. Assim, determinadas atividades devem ter o licenciamento, o consentimento do poder público, que é feito pelos órgãos ambientais.
- Conceito legal de licenciamento: art. 2º, I, L.C. 140/2011: Art. 2 o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se: I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental; (grifo nosso). O licenciamento ambiental é definido como um procedimento administrativo composto por várias etapas (descritas no art. 10 da Resolução CONAMA 237) dentro da administração pública. Essas etapas devem ser cumpridas com a finalidade de que o empreendimento alcance a licença ambiental. Não confunda o licenciamento ambiental com a licença ambiental. A licença ambiental é o documento ambiental adquirido pelo empreendedor ao final do procedimento administrativo de licenciamento, é o documento que comprova que esse empreendedor está regular. E, para adquirir essa licença ambiental, o empreendedor passará por várias etapas dentro da administração pública, etapas essas que compõe o licenciamento ambiental. Tipos de Licenças Ambientais - Art. 8, Resolução CONAMA 237/97. Há três tipos de licenças. I) Licença Prévia - L.P. - Art. 8, I. II) Licença Instalação - L.I. - Art. 8, II. III) Licença Operação - L.O. - Art. 8, III. Para que um empreendimento comece a funcionar e operar, ele deve ter a Licença de Operação, e, para tanto, precisa adquirir as outras duas licenças. Exemplo: empreendimento tem um terreno rico em recursos minerais. Para que o empreendedor peça a licença ambiental para explorar essa atividade de mineração, ele terá que ir ao órgão ambiental e pedir, inicialmente, a licença prévia. A Licença Prévia atesta a viabilidade ambiental do empreendimento a partir dos estudos apresentados pelo empreendedor. Caso o empreendimento seja ambientalmente inviável, o procedimento de aquisição das licenças não irá prosseguir, e a licença prévia não será adquirida. Alcançada a licença prévia, o empreendedor irá buscar a Licença de Instalação. A Licença de Instalação tem como objetivo autorizar a instalação do empreendimento, mas ainda não se pode explorar a atividade, pois, para que o empreendedor possa explorar efetivamente o recurso natural, será necessária a Licença de Operação.
Essa sequência do art. 8, incisos I, II e III da Resolução CONAMA 237/97 é importante de ser memorizada: Licença Prévia (L.P.), Licença de Instalação (L.I.) e Licença de Operação (L.O.). Seguem os incisos do art. 8: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; Questões muito comuns nas licenças ambientais são as condicionantes ambientais, em que o órgão ambiental pode impor condições/exigências ambientais ao licenciamento. Exemplo: órgão ambiental coloca como condicionante na licença ambiental uma tecnologia mais avançada, a qual degrada menos o ambiente. II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; A licença de instalação autoriza a instalação do empreendimento ou da atividade, desde que respeitadas as condicionantes anteriores. Podem ser colocadas condicionantes para que o empreendedor alcance a licença de operação. III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. A licença de Operação autoriza a operação do empreendimento, verificados o cumprimento dos requisitos anteriores. Competência para licenciar - Art. 23, VI, CF/88. O licenciamento ambiental é uma competência administrativa, e, conforme o art. 23, VI da CF/88, a competência material ou administrativa em matéria ambiental é COMUM. Assim, o licenciamento é uma atividade administrativa de competência comum, e, em um caso concreto, como por exemplo, na transposição do São Francisco, qual ente federado irá emitir esse licenciamento? Fato é que só existe um licenciamento ambiental para cada atividade, ou seja, a atividade só pode ser licenciada por um ente federado, seja ele a União, o Estado ou o Município, conforme a LC 140/2011, em seu artigo 13, que fala expressamente que o licenciamento é feito por um único ente federado. Assim, só um ente federado é que pode licenciar determinada atividade. No caso do licenciamento do Rio São Francisco, o órgão que vai licenciar é um órgão
da União, e, para tanto, é necessária uma norma que defina os critérios e que diga que, quando o empreendimento afetar mais de um estado da federação, quem vai licenciá-lo é um órgão ambiental da União. Essa norma é a L.C. 140/2011. - Art. 23, parágrafo único, CF/88 Lei Complementar. Diz que em matéria de competência comum leis complementares definirão os critérios de atuação dos entes federados. - Art. 13, L.C. 140/2011. Trata dos temas ambientais. Regulamenta o parágrafo único do art. 23 da CF/88 em matéria ambiental, e traz critérios de definição de competência, como aquele que diz que, quando um empreendimento atingir mais de um Estado da federação é a União que o licenciará. Assim, no momento de definir qual ente federado vai licenciar determinado empreendimento, a L.C. 140/2011 deverá ser consultada. O art. 7º da presente lei traz a competência da União, o art. 8º traz a competência dos Estados, e o art. 9º traz a competência dos Municípios. Esses artigos tratam não só do licenciamento, mas da atuação administrativa em matéria ambiental de maneira geral, e, em incisos específicos é tratada a matéria do licenciamento. Art. 7 o São ações administrativas da União: XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; Atividades no Brasil e nas suas fronteiras com outros países. b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; Mar territorial, plataforma continental ou na zona econômica exclusiva. c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; Terras indígenas são bens da União. d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); Unidades de conservação criadas pela União. APAs são áreas de proteção ambiental. e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
É o caso da transposição do Rio São Francisco, o qual corta vários estados da federação. f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar n o 97, de 9 de junho de 1999; g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou Sempre que estiver relacionado com a atividade nuclear, é monopólio da União. h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento; Regulamento Em matéria de licenciamento ambiental, podemos perceber que a LC 140/2011 deixou muito claro quais são as competências da União no art. 7º e as competências dos Municípios no art. 9º, e, o que sobra, é de competência dos Estados. Assim, a competência do licenciamento ambiental dos Estados são competências residuais. Ademais, as licenças ambientais têm prazo determinado, e, não há licença ambiental por prazo indeterminado, pois, ao menos na renovação da licença o órgão ambiental deve fiscalizar o empreendimento. Assim, os prazos de validade das licenças estão no art. 18 da Resolução CONAMA. O prazo de validade da licença prévia não pode ser superior a 5 ANOS. I) Licença Prévia - L.P. - Art. 8, I 5 ANOS. O prazo de validade de uma licença de instalação não pode ser superior a 6 ANOS. II) Licença Instalação - L.I. - Art. 8, II 6 ANOS. O prazo de validade de uma licença de operação é de 4 a 10 ANOS. III) Licença Operação - L.O. - Art. 8, III 4 a 10 ANOS. A renovação da licença ambiental deve ser requerida ao órgão 120 DIAS antes do vencimento do prazo.
Contatos do professor: Prof. Romeu Thomé Email: romeuprof@hotmail.com Bibliografia: THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental, editora Juspodim. www.editorajuspodim.com.br