PROF. LUCIANO MAGUARY TURMA DE MEDICINA UP-2013 Vírus
Virologia: Início no final do século XIX; Agentes infecciosos capazes de passar por filtros que retinham bactérias; Evolução técnico-científica; Nem todos agentes filtráveis podiam ser classificados como vírus; Vírus: Parasita intracelular obrigatório; Apresentam organização e composição estrutural característica; Possui um único processo de replicação; Anos 30: grande evolução na virologia com a emergência de doenças animais e vegetais.
1. Introdução vírus (latim) = veneno Entidades infecciosas não celulares cujos genomas são constituídos de DNA ou RNA geralmente. * Replicação somente no interior de células vivas * Usando sistemas de produção de energia e biossíntese do hospedeiro para sintetizar cópias e transferir seu genoma para outras células FORMA SUPREMA DE SOFISTICAÇÃO DO PARASITISMO
1. Introdução vírus (latim) = veneno 1796: Jenner: vacina contra varíola Época marcada por muitas epidemias (cólera, peste, tifo, varíola, febre amarela e tuberculose). Era difícil conceber um agente infeccioso que não fosse uma bactéria 1892: Ivanowski: Mosaico do tabaco (TMV: tobacco mosaic virus) 1946: Stanley: isolamento do TMV 1949: Enders: cultivo dos vírus em culturas de células
Diagrama do TMV (vírus do mosaico do tabaco) Em relação à natureza dos vírus, é óbvio que uma nítida linha, separando coisas vivas e coisas não vivas, não pode ser traçada. Esse fato serve para aquecer a velha discussão sobre a questão o que é a vida? (Wendell Meredith Stanley -1904-1971)
2. Características gerais 2.1. ampla distribuição: parasitando animais, plantas, microrganismos - com diferentes graus de dependência para replicação: p. ex. bacteriófagos: menos de 10 genes, dependência completa; outros com 30-100 genes, mais independentes
Caracterização/origem dos vírus: Parasito intracelular obrigatório; Único tipo de ácido nucleico geralmente(cmv-dna e RNA); Utiliza de sistemas enzimáticos celulares para a síntese de elementos especializados que fazem parte de sua estrutura; Pequena dimensão: 10-200 nm; Natureza particulada; Especificidade; Plasticidade; Origem: não é uma forma de vida mais primitiva- precisa de células vivas para a sua sobrevivência;
Teorias da origem viral: Teoria da evolução retrógrada:vírus é descendente de parasitas intracelulares que teriam perdido sua autonomia metabólica durante o processo de evolução Teoria da origem celular: vírus seriam componentes celulares como plasmídios ou m-rna, que por recombinação teriam adquirida invólucro protéicoadquiriam independência;
2.2. Morfologia básica a) tamanho: 20-300 nm (10-100 vezes menores que as bactérias)
b) componentes * parte central de ácido nucléico * capsídeo: capa protéica(unidades: capsômeros): - simetria helicoidal: TMV, sarampo, gripe - simetria icosaédrica * envelope
2.2. Morfologia básica b) componentes * * capsídeo: - simetria helicoidal: TMV, sarampo, gripe - simetria icosaédrica *
2.2. Morfologia básica b) componentes * * * envelope: nucleocapsídeo envolvido por uma membrana de lipoproteínas
c) ácido nucléico viral DNA ou RNA DNA e RNA ( simultaneamente) (!) (!) o genoma pode ser: linear: vírus de animais com RNA circular: ex. herpesvirus (dsdna) segmentado: vírus da influenza (gripe): 8 segmentos
d) outros componentes (ocorrendo em alguns vírus): - enzimas polimerases: replicação do ácido nucleico viral ex. transcriptase reversa nos retrovírus - lipídeos: fosfolipídeos, glicolipídeos, ác. graxos ex. fosfolipídeos do envelope - carboidratos: além dos açúcares dos ácidos nucleicos ex. glicoproteínas nas espículas do vírus da gripe
Anatomia do vírus da AIDS
Morfologia viral: Partícula viral: vírion; Constituído por cerne de ácido nucleico; Coberto por invólucro protéico: cápside; Cápside: múltiplas subunidades de capsômeros; Cápside + ácido nucléico: nucleocapsídeo; Alguns vírus: possuem envoltório glicoproteico ou lipídico, que recobre o nucleocapsídeo; Grande maioria dos vírus: tem seus elementos organizados segundo estruturas helicoidais, Icosaédricas ou complexas; Proporção de ácidos nucleicos: varia de 1-50% de sua massa total; Número de informações genéticas: 1000-100.000 códons;
Nomenclatra viral: Primeiro critério: natureza do ácido nucleico: Vírus RNA; Vírus DNA; Pode ser em fita simples ou dupla; De acordo a presença ou ausência de envoltório; Agrupados em famílias: herpesvirídae, parvovirídae etc.
Multiplicação viral: Segue etapas: Adsorção Penetração Desnudação Transcrição Tradução Replicação Maturação liberação
3. Replicação dos vírus Dentro da célula hospedeira Bacteriófagos (vírus de bactérias) Ciclo lítico (fagos virulentos) a) adsorção: ligação a receptores específicos reversível irreversível b) penetração: entrada do ácido nucleico viral na célula
3. Replicação dos vírus Bacteriófagos (vírus de bactérias) Ciclo lítico (fagos virulentos) c) síntese dos componentes virais eventos iniciais:» enzimas: polimerases» síntese do mrna eventos tardios:» proteínas estruturais (capsômeros)» ácido nucléico viral
3. Replicação dos vírus Bacteriófagos (vírus de bactérias) Ciclo lítico (fagos virulentos) d) montagem síntese das enzimas de montagem agregação das proteínas estruturais condensação do AN viral
3. Replicação dos vírus Bacteriófagos (vírus de bactérias) Ciclo lítico (fagos virulentos) e) liberação de novos vírus síntese das endolisinas lise da célula hospedeira» liberação rápida» liberação lenta (extrusão)
Ciclo Lítico dos Vírus
3. Replicação dos vírus 3.1.2. Ciclo lisogênico a) adsorção b) penetração do genoma c) síntese de proteínas funcionais (inserção) d) integração do genoma viral ao genoma da célula
Ciclo Lisogênico dos Vírus
3. Replicação dos vírus 3.2. Vírus de animais e plantas a) adsorção * animais: glicoproteínas do envelope (espículas) especificidade de hospedeiros, espécie, tecidos * plantas: parece não haver receptores específicos
3. Replicação dos Vírus b) penetração e desnudamento: * vírus de animais: - liberação do AN viral na célula: fusão do envelope viral com a membrana, ou endocitose (enzimas digerem o capsídeo) * vírus de plantas: - vetores: bactérias, fungos, nematóides, fungos, insetos - poros nas paredes - ferimentos: abrasão, cortes, vento Mosaico do Viracabeça do Tomateiro Vírus do Mosaico do Fumo Replicação de um vírus de planta: vírus do nanismo da cevada
4. Outros agentes infecciosos semelhantes 4.1. Viróides - menores agentes infecciosos conhecidos - compostos somente de RNA simples (circular) - sem capa protéica - sem genes codificando enzimas - total dependência do hospedeiro - localizados no núcleo: interferência direta com a regulação gênica - possível origem: riborganismos -transmissão por sementes ou pólen exemplo: agente da doença cadang-cadang (coqueiro) 4.2. Príons (proteinaceous infectious particles) - somente proteínas (?) ou AN não detectado (?) - localizam-se nas células do SNC (crônica) - incubação longa (anos) - alta resistência a UV e calor - exemplos: kuru, scrapie (vaca louca) ou encefalopatia espongiforme bovina), Mal de Alzheimer (?)
Viróides Cadang-cadang: doença do coqueiro Viróide CCCVd Exocorte dos Citros Viróide CEVd Afilamento do tubérculo da batatinha Viróide PSTVd Nanismo do Crisântemo Viróide CSVd
Kuru, Príons É transmitida por rituais canibalísticos entre os membros da etnia Fore em Papua, Nova Guiné: Consumo de partes do cerébro de mortos. Entre esse povo, as mulheres e crianças comiam o cérebro, pés e mãos, partes menos nobres. Mulheres e crianças eram as principais vítimas da doença. A incubação até 30 anos mas, uma vez aparecendo os sintomas, a doença progride rapidamente. Morte: 3 a 12 meses após o aparecimento dos sintomas A incidência da doença diminuiu após a abolição do canibalismo * A doença da vaca louca também é causada por príons e ocorre em outros animais como ovinos, mulas, cervos, gatos e outros.