O que são vírus Parte 2 Publicado em 07 de Março de 2010
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- Pedro Henrique Azeredo Mendes
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1 O que são vírus Parte 2 Publicado em 07 de Março de 2010 No artigo O que são vírus Parte 1 ( na seção artigos técnicos) os vírus foram apresentados resumidamente sobre suas principais características, o que são e seu modo de ação. Mas qual a importância dos vírus? Como se tem conhecimento, até o presente momento, os vírus somente se reproduzem as expensas de um hospedeiro, o que os torna assim parasitas obrigatórios. E quais são as principais doenças causadas por vírus? Em humanos temos: HIV (AIDS), herpes, caxumba, dengue, ebola, febre amarela, gripe, hepatite, papilomavírus causadores de papilomas ou verrugas, poliomielite (paralisia infantil), raiva, rotavírus causadores de diarréias, rubéola, sarampo, varíola, vírus associados ao câncer etc. Nos animais as principais doenças virais conhecidas são: a febre aftosa (que não afeta o homem apenas animais), as gripes suínas e aviárias (não necessariamente transmitidas ao homem, porém pequenas alterações em seu genoma, comuns aos vírus, podem levar à patogenicidade em humanos), a raiva, que é uma doença de animais silvestres, mas acaba vitimando animais domésticos como cães e gatos, e também o homem, a AIDS que é comum em símios (macacos) mas vítima seres humanos também, além de outras que não cabe aqui listar. Alguns virologistas atribuem o surgimento de doenças virais humanas ao desbravamento de ambientes selvagens, como exemplo o caso dos vírus ebola (que vitimou centenas de pessoas em poucos dias em diversos países africanos) e até mesmo o vírus do HIV. Vírus estes que alguns pesquisadores acreditam que, tornaram-se patogênicos ao homem após o contato continuado durante décadas entre humanos, macacos e outros animais silvestres ao desbravar áreas selvagens e inclusive fazendo o uso destes animais na alimentação dos habitantes locais. Desta forma, muitos pesquisadores não recomendam que se mantenha em casa animais selvagens como animais de estimação, especialmente símios (macacos, sagüis, micos, urangotango, etc).
2 Caso você tenha lido o artigo anterior pode estar se perguntando e os viróides? Os viróides ( O que são vírus Parte 1) não parasitam animais ou seres humanos, são até então uma exclusividade das plantas. E quais as principais doenças virais e de viróides em plantas? Existe uma infinidade de doenças causadas por vírus em plantas entre as mais conhecidas estão: TMV (Tobacco Mosaic Vírus) este vírus tem uma rara capacidade de sobreviver fora de um hospedeiro (aproximadamente 40 anos), vírus do vira cabeça do tomateiro, vírus do topo amarelo e amarelo baixeiro do tomateiro, mosaico amarelo do pimentão, tristeza dos citros (uma das principais, se não for ainda à principal doença dos citros, pois desde a década de 50 vem causando prejuízos que são difíceis de serem quantificados, apesar desta doença não ser visível aos olhos do produtor), leprose dos citros que é veiculada por um ácaro (seu controle consome boa parte dos acaricidas utilizados na citricultura), sorose dos citros, vírus do mosaico dourado do feijoeiro (uma das principais doenças do feijoeiro), vírus da faixa das nervuras do morangueiro, vírus da clorose marginal do morangueiro, vírus do encrespamento do morangueiro, vírus do mosqueado do morangueiro (vírus estes que exigem um rigoroso controle da sanidade das mudas do morango), complexo viral da batata que incluem diversos vírus entre eles os vírus S, X e Y da batata, vírus do enrolamento da folha da batata (os quais aumentam em muito os custos de produção da batata, inclusive a importação de batata semente, hoje em menor escala devido a inovadora pesquisa de um limeirense o pesquisador do IAC de Campinas o Dr. José Alberto Caram para a produção de mini-tuberculos e brotos/batata semente ), vírus do mosaico do mamoeiro (ou mancha anelar), vírus este que acabou com os cultivos comerciais e domésticos de mamão no Estado de São Paulo, além de muitos outros vírus. Entre os exemplos de viróides de plantas temos o Potato Spindle Tuber Viroid (PSTVd) que foi o primeiro a ser identificado e caracterizado por Diener em 1971, somente em 1978 Gros e colaboradores sequenciaram genéticamente este viróide. Existem outros
3 viróides conhecidos entre os quais o exocorte dos citros (dependendo da combinação copa porta enxerto pode causar nanismo em plantas cítricas sem perda do tamanho ou qualidade dos frutos), xiloporose dos citros, mosaico latente do pessegueiro, nanismo do lúpulo, nanismo do crisântemo, cadang-cadang do coqueiro, entre outras doenças. Enfim, existe uma infinidade vírus (viróides são mais restritos em número de hospedeiros e plantas que infectam) que afetam a maioria das plantas cultivadas comercialmente, os quais são patógenos específicos de plantas e não causam dano algum para homens e animais, apenas provocam grandes prejuízos econômicos. E como estes vírus chegam até as plantas, homens ou animais? No homem e animais o contato direto entre indivíduos, fluidos corporais, material contaminado, alimentos contaminados ou água, etc. O modo de transmissão irá variar conforme o vírus envolvido, não ocorre da mesma forma para todos os vírus, alguns são de mais fácil transmissão do que outros. Por exemplo, para o vírus da gripe, um simples espirro é suficiente para espalhar bilhões de partículas virais pelo ar o mesmo não vale para o do HIV. Assim como o contato direto com uma pessoa com gripe pode passar a doença para outra sadia, para o HIV isto não ocorre. A mesma coisa acontece com os vírus de plantas, o modo de transmissão varia de vírus para vírus, porém no caso das plantas insetos, ácaros, nematóides e até fungos ( O que são fungos?) são vetores de viroses. Convém lembrar que vírus de plantas não podem ser controlados via controle químico, portanto o melhor controle é evitar a chegada da doença. E para quem pensa que vírus somente traz problemas, enganou-se, pois vírus podem ser empregados no controle biológico de pragas de plantas por exemplo o uso comercial de baculovírus no controle da lagarta da soja (Anticarsia gematalis). Outros baculovírus também tem sido estudados para o controle de Erinnys ello conhecido por mandarová da mandioca ou mandarová da seringueira, (muito comum na região Norte do Brasil) assim
4 como para o controle de insetos (pragas) em outras culturas como: cana-de-açúcar, trigo, algodão, frutíferas, arroz, hortaliças, pastagens e pragas florestais. E quem já ouviu falar no termo limão quebra-galho? E por que todo produtor quer plantar, este limão? Em que o próprio nome diz quebra-galho! O famoso limão taiti quebra-galho nada mais é que um limoeiro infectado com o vírus do exocorte que causa rachaduras no lenho e as vezes quebra de galhos da planta infectada. O motivo desta preferência por alguns produtores é que eles acreditam que este limão tem uma produtividade maior, fato este não comprovado quando são feitos experimentos utilizando-se plantas com e sem o viróide (as produções são semelhantes, portanto algumas pessoas na dúvida o utilizam apesar de não recomendado e não permitido legalmente, pois as borbulhas de enxertia devem ser livres de vírus, viróides e qualquer outro agente patogênico). Alguns países como Israel e EUA estudam e utilizam este mesmo viróide para a produção de plantas cítricas anãs aumentando assim o número de plantas por área e conseqüente aumento da produção e facilidade em tratos culturais e colheita devido ao menor porte das plantas. Existem estudos para o uso de vírus como parasitos de bactérias (vírus bacteriófagos) devido à especificidade existente entre os vírus e seu hospedeiro. Desta maneira seria possível eliminar as bactérias indesejáveis evitando assim causar dano aos demais seres vivos, sem o inconveniente de resistência bacteriana a antibióticos, pois a resistência ao vírus vai ser mais difícil ocorrer, apesar de possível. Enfim muita coisa pode ser descoberta e desenvolvida, contudo falta conhecimento e pesquisa nesta e em outras áreas, e que melhor maneira de impulsionar uma nação que o conhecimento, pois a tecnologia não rende apenas dinheiro, mas conforto, bem estar e saúde a você e sua família! Estude! Pense! Pesquise! E como um bom pesquisador nunca desista.
5 Everaldo Piccinin Engenheiro Agrônomo Doutor em Agronomia Presidente da AEAL Associação de Engenheiros e Arquitetos de Limeira Inspetor Chefe-CAF (Comissão Auxiliar de Fiscalização) Limeira CREA/SP
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