Alteração de cor de cimentos resinosos duais ativados com e sem o emprego da luz Color change of resin cements dual-cure with and without use of the ligth Carolina Baptista MIRANDA, Cristal Fernandez de CARVALHO, Juliana Vieira de BARROS, Safira Marques de Andrade e SILVA RESUMO Os cimentos resinosos são materiais de eleição para a cimentação de restaurações cerâmicas puras, podendo ser quimicamente ativados, fotoativados ou com dupla polimerização. Atualmente há preferência pelos de dupla ativação, já que existem áreas em que a exposição à luz é crítica e o modo de ativação química garante uma polimerização mais satisfatória. Contudo, estes materiais podem sofrer alteração de cor, prejudicando os resultados estéticos. Assim, este estudo avaliou a alteração de cor de 0 amostras confeccionadas com três cimentos resinosos duais, utilizando ou não fotopolimerização. As amostras foram armazenadas em água destilada e a cor foi mensurada imediatamente e após, 0 e, utilizando o aparelho VITA Easyshade. Os dados foram submetidos à análise estatística (Teste Chi-Quadrado) indicando existir diferença estatisticamente significante entre os grupos de estudo. Os grupos,,, e demonstraram não haver alteração de cor significativa em nenhum dos tempos de avaliação (p > 0,0), enquanto que no grupo existiu alteração significativa (p = 0,0). Concluiu-se que a avaliação de cor inicial dos cimentos resinosos não correspondeu à cor indicada pelos fabricantes, bem como se observou uma diferença na estabilidade de cor do cimento quando não se empregou a fotoativação. Palavras-chave: Cimentos de resina. Estética dentária. Materiais dentários. ABSTRACT The resin cements are the elected materials for cementation of restoration in pure ceramic for having the characteristic of been chemically activated, light-cure or dual-cure (both chemical and light-cure). Currently there is a preference for the dual-cure cement, since there are areas in witch the exposure to light be critical and the chemical activation guarantee an appropriate polymerization. However, these materials can suffer color changes, interfering with the esthetics results. This study evaluates color changes of 0 samples made with three dual-cure resin cements using or not the light. The samples were kept in distilled water and the color was measured after, 0 and days using the equipment VITA Easyshade. The information obtained was submitted to a statistical review Chi-Quadrado test indicating the presence of a statistically significant difference between the study groups. The groups,,, and demonstrated not having significant color change in none of the avaliation time (p > 0,0), while the group demonstrated a significant change (p = 0,0). Conclusion: The initial avaliation of color of the resin cements did not corresponded to the color indicated by the manufacturers. Also, it was observed a difference in stability of color at the cement while not using the light-cure. Key words: Resin cements. Esthetics, dental. Dental materials. Endereço para correspondência: Carolina Baptista Miranda Rua dos Prazeres, 8 700-000 - Lauro de Freitas - Bahia - Brasil E-mail: carolinabmiranda@terra.com.br Recebido: /0/009 Aceito: 0/0/009. Doutora em Dentística. Professora Adjunta, União Metropolitana de Educação e Cultura, Salvador, BA, Brasil.. Graduanda em Odontologia, União Metropolitana de Educação e Cultura, Salvador, BA, Brasil.. Doutora em Materiais Dentários. Professora Adjunta, União Metropolitana de Educação e Cultura, Salvador, BA, Brasil. Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v., n., p. -, jan./abr. 009
Alteração de cor de cimentos resinosos duais ativados com e sem o emprego da luz INTRODUÇÃO A Odontologia atual busca restaurações estéticas e materiais com propriedades mecânicas e físicas adequadas. Em função disso, existem hoje no mercado diversas opções de materiais estéticos indiretos que não utilizam metais como infra-estrutura de suporte, os quais passaram a ser realizados em virtude da evolução das técnicas adesivas. Dentre estes materiais, grande destaque deve ser dado às restaurações cerâmicas puras e de resina composta indireta, as quais têm sido amplamente realizadas. Para a cimentação destas restaurações, os cimentos resinosos são os materiais de primeira escolha devido principalmente a sua característica de adesividade,,. A base do cimento resinoso é o sistema monomérico Bis- GMA (Bisfenol-A metacrilato de glicidila) em combinações com monômeros de baixa viscosidade, além de cargas inorgânicas tratadas com um agente silano,7,,. As partículas inorgânicas se apresentam nas formas angulares, esféricas ou arredondadas, com conteúdo em peso variando entre a 77% e diâmetro médio variando entre 0 a µm 0. Esses materiais têm como vantagens a integração adesiva a substratos, baixa solubilidade, facilidade de manipulação e estética compatíveis com as restaurações cerâmicas livres de metal. Quando associados aos sistemas adesivos podem se unir ao esmalte/dentina através de retenção micromecânica e aos materiais restauradores por ligação química e ou mecânica, aumentando a resistência do remanescente dentário, além de reduzir a microinfi ltração e promover maior conservação da estrutura. Como desvantagens dos cimentos resinosos pode-se citar que possuem um difícil selamento, uma espessura de fi lme maior que a dos cimentos tradicionais, apresentam uma possível penetração na interface dente/material, promovem com frequência uma leve sensibilidade à polpa e apresentam difi culdade de remoção dos excessos. Adicionalmente, trata-se de uma técnica meticulosa e crítica,,7,8,. Os cimentos resinosos podem ser classifi cados quanto ao tipo de tratamento da superfície dental em cimentos resinosos convencionais e cimentos resinosos autocondicionantes. Os cimentos resinosos convencionais têm essencialmente a mesma composição da resina composta, necessitando da prévia realização da técnica de condicionamento ácido e hibridização com sistema adesivo para que ocorra a união. No caso dos cimentos resinosos autocondicionantes, há uma combinação na sua formulação de componentes do cimento de ionômero de vidro e do cimento resinoso convencional. Em função disso, é possível obter a união química ao substrato dentário sem o emprego prévio da técnica de hibridização com sistema adesivo. Além disso, os cimentos resinosos atuais são divididos em classes, de acordo com o tipo de ativação: classe - cimentos autopolimerizáveis (self-cured), quando a polimerização é iniciada pela mistura de um iniciador e um ativador; classe - cimentos fotoativados, ou seja, quando a energia é fornecida a partir de fonte fotoativadora para uso intra-bucal (photo-cured) e classe, para cimentos de dupla ativação, química e foto (dual-cured). Os cimentos resinosos quimicamente ativados apresentam uma reação peróxido-amina que se inicia com a mistura da pasta base e catalisadora limitando assim o tempo de trabalho para o cirurgião-dentista. Já os cimentos resinosos fotopolimerizáveis, apresentam fotoiniciadores como a canforoquinona, que é ativada na presença de luz com comprimento de onda em torno de 70 nanômetros, levando assim ao início da polimerização do material. Os cimentos resinosos duais, por sua vez, desencadeiam o processo de polimerização com a mistura da pasta base e da pasta catalisadora, além de terem a possibilidade de associar a polimerização por meio de fontes de luz. Com a ativação pela luz do aparelho fotopolimerizador, há uma conversão maior dos monômeros em polímeros, o que confere melhores propriedades a esse tipo de material,,,. Estes cimentos de cura dual foram desenvolvidos para serem utilizados sob restaurações estéticas, pois estes materiais restauradores permitem a passagem de luz, que irá iniciar a polimerização, cabendo à reação química a função de complementar a polimerização em regiões profundas onde a luz não é capaz de alcançar. A aplicação de tempos de fotoativação mais longos resulta em maior grau de conversão e, consequentemente, propriedades mecânicas e estéticas melhoradas 8. Estudos prévios têm demonstrado que ambos compostos resinosos (químicos e fotoativados) podem mudar a cor sobre tempo através de descoloração extrínseca ou intrínseca,,8,9,7. Essa alteração da cor pode resultar no manchamento superfi cial, no manchamento marginal devido à microinfi ltração, em mudanças na morfologia superfi cial atribuída ao desgaste e degradação interna do material. A descoloração intrínseca é dependente do material e de difícil controle pelo cirurgião-dentista. Mostra-se também que restaurações indiretas estéticas em dentes anteriores alteram sua cor com o passar do tempo. Visto que as cerâmicas são materiais inertes e estáveis às alterações do meio, suspeita-se que os cimentos resinosos duais possam estar causando esta alteração,,9. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a alteração da cor dos cimentos resinosos duais, utilizando ou não a luz como fonte de ativação. MATERIAL E MÉTODOS MATERIAL Para a realização da pesquisa foram utilizados os seguintes materiais: cera laminada nº 7 NewWax (Technew, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), silicona de condensação industrial (Du Latex, São Paulo, SP, Brasil), água numa temperatura de 80 ºC, cimento dual (M ESPE, Saint Paul, MN, Estados Unidos) na cor A, (M ESPE, Saint Paul, MN, Estados Unidos) na cor translúcido, AllCem (FGM, Joinville, SC, Brasil) na cor A, fotopolimerizador (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil), placa de vidro, lâmina de vidro, espátula de manipulação nº e o aparelho VITA Easyshade (Vident, Brea, CA, Estados Unidos). Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v., n., p. -, jan./abr. 009
Miranda CB, Carvalho CF de, Barros JV de, Silva SM de A e CONFECÇÃO DOS CORPOS-DE-PROVA E DIVISÃO DOS GRUPOS Para a obtenção dos corpos-de-prova foi confeccionada uma matriz de silicona de condensação industrial (Du Latex, São Paulo, SP, Brasil) com dimensões de 7 cm de diâmetro e,9 cm de espessura contendo orifícios de, cm de diâmetro por 0, cm de espessura (Figura ). Figura - Matriz de silicona utilizada para confecção dos corpos-de-prova. Foram confeccionados 0 corpos-de-prova, divididos em grupos de corpos-de-prova cada, constituídos de diferentes cimentos resinosos com e sem o uso da luz (Figura ). Os cimentos foram manipulados segundo as recomendações do fabricante. Nos grupos e, o cimento utilizado foi o (M ESPE, Saint Paul, MN, Estados Unidos). No grupo o cimento foi manipulado por 0 segundos e fotopolimerizado por 0 segundos. No grupo o cimento foi manipulado por 0 segundos e polimerizado por 0 minutos, sem o emprego da luz. Nos grupos e, o cimento utilizado foi o (M ESPE, Saint Paul, MN, Estados Unidos). No grupo, o cimento foi manipulado durante 0 segundos e fotopolimerizado por 0 segundos e, para o grupo, o cimento foi manipulado durante 0 segundos e polimerizado por minutos, sem o emprego da luz. Já nos grupos e, foi utilizado o cimento AllCem (FGM, Joinville, SC, Brasil). No grupo o cimento foi manipulado por 0 segundos e fotopolimerizado por 0 segundos. No grupo, o cimento foi manipulado por 0 segundos e polimerizado sem o emprego da luz por 0 minutos. Todos os grupos foram manipulados em uma placa de vidro e inseridos no molde de silicona para obtenção dos corpos-de-prova. AVALIAÇÃO DA ALTERAÇÃO DE COR Após a confecção dos corpos-de-prova, estes tiveram a sua cor inicial imediata mensurada através do aparelho VITA Easyshade (Vident, Brea, CA, Estados Unidos), que utiliza tecnologias de espectrofotômetro para tomada da cor, com base nas escalas VITA. Com os resultados mensurados, os corpos-deprovas foram armazenados em um recipiente plástico contendo Grupo Cimento Composição Ativação Bis-GMA, TEGDMA,cargas de cerâmica e silica. Bis-GMA, TEGDMA,cargas de cerâmica e silica. Fibra de vidro, ésteres ácido fosfórico metacrilato, TEGDMA, partículas inorgânicas. Fibra de vidro, ésteres ácido fosfórico metacrilato, TEGDMA, partículas inorgânicas. Monômeros metacrílicos, como TEGDMA e Bis-GMA, carga inorgânica, fotoiniciador, co-iniciador, catalisadores e pigmentos. Monômeros metacrílicos, como TEGDMA e Bis-GMA, carga inorgânica, fotoiniciador, co-iniciador, catalisadores e pigmentos. Fotoativado Autopolimerizado Fotoativado Autopolimerizado Fotoativado Autopolimerizado Figura - Composição e métodos de ativação dos cimentos resinosos utilizados nos diferentes grupos de estudo. água destilada em temperatura ambiente, por um período total de, sendo a cor mensurada a cada. Os corposde-prova foram avaliados seguindo os mesmos critérios de armazenamento, prazo e condições de tomada da cor inicial. ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS Os dados obtidos foram avaliados por meio do Teste Chiquadrado, com nível de confi ança de 9%. RESULTADOS Os resultados obtidos com este estudo encontram-se dispostos na Tabela. Nesta é possível observar a coloração inicial e nos tempos de, 0 e. Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v., n., p. -, jan./abr. 009 7
Alteração de cor de cimentos resinosos duais ativados com e sem o emprego da luz Tabela - da coloração inicial e nos tempos de avaliação de, 0 e, considerando os diferentes cimentos resinosos e formas de ativação. Grupo Cimento Imediato após após 0 após B B B B B B B B B B B B B B B B B A, A, A, B B A, A, B B B A, B B B A, B B B B B B B B B B B B A A B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B B A B B B A continua continuação Os presentes dados foram avaliados, considerando-se ou não a presença de alguma alteração de cor (Tabela e Figura ). Tabela - Presença ou não da alteração de cor para os diferentes grupos de estudo e tempos de avaliação. Grupo Imediato Alteração de cor após Alteração de cor após 0 conclusão Alteração de cor após B Não Não Não B Não Não Sim B Não Sim Não B Não Não Não B Não Não Sim B Sim Sim Sim B Não Sim Sim B Não Não Sim B Sim Sim Sim B Sim Sim Sim B Não Não Não B Não Não Não A Não Não Sim B Sim Não Não B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Sim B Não Não Não B Não Não Sim B Não Não Sim B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Não B Não Não Não 8 Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v., n., p. -, jan./abr. 009
Miranda CB, Carvalho CF de, Barros JV de, Silva SM de A e Figura - Número de amostras com e sem alteração de cor em cada grupo de estudo. Nenhuma leitura correspondeu à cor do fabricante, sendo a cor inicial A para o, transparente para o e A para o AllCem. Em seguida, estes dados foram submetidos à análise estatística com nível de confi ança de 9%, e avaliados por meio do Teste de Chi-Quadrado. Os resultados indicaram existir diferença estatisticamente signifi cante entre os grupos de estudo (Chi- Sq =,78; DF = ; P-Value = 0,0). Assim, foi realizada uma avaliação para cada grupo separadamente. Os grupos,,, e demonstraram não haver alteração de cor estatisticamente signifi cante em nenhum dos tempos de avaliação (p > 0,0). Já no grupo houve uma alteração de cor signifi cativa (Chi-Sq = 0; DF = ; P-Value = 0,0). Observando-se os dados é possível, ainda, aferir que no grupo a alteração de cor foi crescente, aumentando com o decorrer do tempo. Os resultados de alteração de cor encontrados foram de 0%, 80% e 00%, respectivamente para os tempos de, 0 e. DISCUSSÃO O conhecimento das propriedades físico-mecânicas do material de cimentação que se trabalha é de fundamental importância, uma vez que manipulações e aplicações incorretas podem resultar em grandes alterações das mesmas, comprometendo assim o desempenho físico e mecânico dos cimentos e, consequentemente, o desempenho clínico da restauração a longo prazo. 7 Neste ponto, uma grande preocupação com relação às propriedades dos cimentos resinosos diz respeito a sua incompleta polimerização, a qual pode ser identifi cada por meio de diversos métodos como o grau de conversão, que determina o percentual de duplas ligações e alterações na microdureza do material,,9,7. Outros autores -7 afi rmam que os principais problemas associados a uma inadequada polimerização incluem propriedades físicas insatisfatórias, aumento da solubilidade, presença de microinfi ltração marginal e consequente alteração de cor. Diversos estudos têm demonstrado que os materiais resinosos sofrem alteração de cor devido à presença de determinados componentes químicos presentes nos mesmos e também em função de agentes externos,,,9,. Essa alteração de cor pode ser medida através de um espectrofotômetro, que é um aparelho que mensura a refl exão e ou fatores de transmissão de comprimento de onda de um objeto num momento. Outro autor relata que a avaliação por meio de aparelhos como o espectrofotômetro e calorímetro eliminam a interpretação visual subjetiva e devem ser utilizados para medir alterações de cor em materiais dentários. Em relação aos fatores externos que infl uenciam na alteração de cor de materiais resinosos, dois pesquisadores relatam que a mesma se dá pela exposição destes ao meio ambiente oral. As margens das restaurações indiretas, por exemplo, são as mais afetadas devido à exposição do material. Segundo autores 9,7 existe uma alteração de cor visual, infl uenciada por diversos fatores como: saliva, oxigênio, raios UV, mudanças de temperatura e corantes presentes nos alimentos. Vários estudos relatam também que fatores extrínsecos causam manchamentos de tecidos orais e restaurações especialmente quando combinados com fatores da dieta como presença de café, chá e nicotina. O estudo de outros pesquisadores 9, mostram a tendência das resinas dentais para mostrar alterações de cor sobre períodos extensos, sendo a descoloração ao longo do tempo um fenômeno com mudanças evidentes contínuas através de observações periódicas. Neste trabalho, contudo, não se observou uma alteração de cor signifi cativa para a maioria dos cimentos avaliados. Quando são considerados os fatores internos, de composição química, alguns estudos mostram que a alteração de cor de cimentos resinosos ocorre primordialmente devido à oxidação da amina, um componente necessário para iniciação da polimerização. Usualmente, em cimentos fotopolimerizáveis, a amina alifática é a mais utilizada, enquanto que em cimentos com polimerização química, a amina terciária aromática é a mais utilizada,9. De acordo com esses estudos, a amina terciária aromática é a que mais sofre o processo de oxidação e por isto os cimentos resinosos químicos sofrem maior alteração de cor quando comparados com os fotopolimerizáveis. Atualmente, para se obter um maior grau de conversão, foram introduzidos no mercado os cimentos resinosos duais, ou seja, cimentos resinosos que se polimerizam por meio da luz azul visível em associação à reação química. Vários autores,8,0, concordam que a ação dos dois sistemas de ativação (emissão de luz visível + reação química) aumenta o grau de conversão dos monômeros em polímeros e melhora as propriedades físicas dos cimentos. Contudo, para que ocorram os dois mecanismos de polimerização, os cimentos duais contém os dois tipos de amina e, teoricamente, estão mais sujeitos às alterações de cor. Porém, alguns trabalhos,,9 têm demonstrado que quando estes cimentos duais não são submetidos à fotopolimerização a Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v., n., p. -, jan./abr. 009 9
Alteração de cor de cimentos resinosos duais ativados com e sem o emprego da luz reação química, por si só, não é capaz de promover a conversão máxima dos monômeros em polímeros, alterando também a sua tonalidade com o passar do tempo. Segundo eles, a polimerização dos compósitos com a luz visível obteve melhor estabilidade de cor quando comparada com os materiais autopolimerizáveis contendo aceleradores de amina-terciária aromática. Com o mesmo pensamento, outro autor relatou que os cimentos resinosos duais apresentam uma instabilidade química maior devido à presença da amina terciária, podendo sofrer alteração de cor com o passar do tempo, prejudicando, assim a estética da restauração ao longo dos anos. Diversos autores 7,9 acrescentam que a amina terciária pode ter contribuído para a alteração de cor, pois diante da avaliação deles os cimentos resinosos fotopolimerizados tem menor tendência de alteração que os cimentos duais. Em contrapartida, outro estudo 8 relata que os cimentos fotoativos são menos estáveis à mudanças de cor do que os cimentos duais e que as cores mais claras mancham mais rapidamente que as escuras. No presente trabalho, este resultado pode ser observado no grupo em que não foi utilizada a fotoativação e o mesmo apresentou o maior grau de alteração de cor, especialmente comparado ao grupo, em que foi utilizado o mesmo cimento, porém com associação da fotoativação. Este estudo mostra alteração de cor apenas em um dos grupos avaliados, correspondendo este, ao cimento que não foi ativado por luz, discordando com outra pesquisa 9, que afi rma que houve mudança signifi cativa em todas as amostras, sendo estas de cimentos fotopolimerizados e os de presa dual. Diante destes resultados, supõe-se que este cimento apresenta componentes em sua composição, provavelmente agentes iniciadores, que o tornam mais suscetível à alteração de cor quando a polimerização não é iniciada também com o emprego de luz. Diante do exposto, autores 0 evidenciam que apesar de possíveis melhorias em todas as variáveis envolvidas nas cimentações, cuidados adicionais devem ser tomados, uma vez que o ativador químico apresentou ação limitada no decorrer do tempo. Dessa forma, a fotoativação desses materiais, durante a cimentação de restaurações estéticas de resinas compostas indiretas, deverá ser bastante criteriosa. Como discutido, é sabido que a polimerização inadequada de um agente de cimentação resinoso está associada com problemas como a sensibilidade, microinfi ltração e cáries recorrentes, suscetibilidade à degradação marginal, alteração da cor e reduções nas propriedades mecânicas. Um grau adequado de conversão do agente de cimentação é, portanto, importante para o sucesso clínico global. Indica-se, diante do exposto, que se realize preferencialmente uma polimerização inicial com luz para potencializar a conversão de monômeros em polímeros e, desta forma, assegurar longevidade e biocompatibilidade à restauração. CONCLUSÃO Concluiu-se que a avaliação de cor inicial dos cimentos resinosos não correspondeu à cor indicada pelos fabricantes, bem como se observou uma diferença na estabilidade de cor do cimento quando não se empregou a fotoativação. 0 Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v., n., p. -, jan./abr. 009
Miranda CB, Carvalho CF de, Barros JV de, Silva SM de A e REFERÊNCIAS...... 7. 8. 9. 0....... 7. 8. 9. 0.... Anusavice KJ. Phillip s science of dental materials. 0th ed. Philadelphia: Saunders; 997. Brauer GM. Color changes of composites on exposure to various energy sources. Dent Mater. 988;():-9. Burrow MF, Makinson OF. Color change in light-cured resins exposed to daylight. Quintessence Int. 99;():7-. Cardoso RJA, Gonçalves EAN. Dentística/laser. São Paulo: Artes Médicas; 00. Caughman WF, Chan DC, Rueggeberg FA. Curing potential of dual-polymerizable resin cements in simulated clinical situations. J Prosthet Dent. 00;8():79-8. Conceição EN. Dentística: saúde e estética. nd ed. Porto Alegre: Artmed; 007. Craig RG, Powers JM. Restorative dental materials. th ed. St. Louis: Mosby; 00. Darr AH, Jacobsen PH. Conversion of dual cure luting cements. J Oral Rehabil. 99;():-7. Dennison JB, Powers JM, Koran A. Color of dental restorative resins. J Dent Res. 978;7():7-. Góes MF. Cimentos resinosos. In: Chain MC, Baratieri LN. Restaurações estéticas com resina composta em dentes posteriores. São Paulo: Artes Médicas; 998. p. 9-7. Groten M, Pröbster L. The infl uence of different cementation modes on the fracture resistance of feldspathic ceramic crowns. Int J Prosthodont. 997;0():9-77. Inokoshi S, Burrow MF, Kataumi M, Yamada T, Takatsu T. Opacity and color changes of tooth-colored restorative materials. Oper Dent. 99;():7-80. Jung H, Friedl KH, Hiller KA, Haller A, Schmalz G. Curing effi ciency of different polymerization methods through ceramic restorations. Clin Oral Investig. 00;():-. Krämer N, Lohbauer U, Frankenberger R. Adhesive luting of indirect restorations. Am J Dent. 000; Spec No:0D-7D. Lu H, Powers JM. Color stability of resin cements after accelerated aging. Am J Dent. 00;7():-8. Luiz BKM, Amboni RDMC, Prates LHM, Bertolino JR, Pires ATN. Infl uence of drinks on resin composite: evaluation of degree of cure and color change parameters. Polym Test. 007;():8-. Maia LG, Vieira LCC. Cimentos resinosos: uma revisão de literatura. JBD J Bras Dentística & Estética. 00;(7):8-. Motta LG, Motta RG. Cimentos resinosos: atualização. JBC J Bras Odontol Clin. 998;(9):7-. Nathanson D, Banasr F. Color stability of resin cements: an in vitro study. Pract Proced Aesthet Dent. 00;():9-. Neppelenbroek KH, Cruz CAS. Cimentação de restaurações estéticas indiretas em posteriores. RGO. 00;():-. Pameijer CH, Stanley HR. Pulp reactions to resin cements. Am J Dent. 99;():8-7. Peters AD, Meiers JC. Effect of polymerization mode of a dualcured resin cement on time-dependent shear bond strength to porcelain. Am J Dent. 99;9():-8. Prakki A, Carvalho, RM. Cimentos resinosos dual: características... 7. 8. e considerações clínicas. PGR Pos-Grad Rev Fac Odontol São José dos Campos. 00;():-. Seghi RR. Effects of instrument-measuring geometry on colorimetric assessments of dental porcelains. J Dent Res. 990;9():80-. Stepan PJ. Adhesive luting procedures. Berlin: Quintessenz; 997. Tezvergil-Mutluay A, Lassila LV, Vallittu PK. Degree of conversion of dual-cure luting resins ligth-polymerized through various materials. Acta Odontol Scand. 007;():0-. Uchida H, Vaidyanathan J, Viswanadhan T, Vaidyanathan TK. Color stability of dental composites as a function of shade. J Prosthet Dent. 998;79():7-7. Watts DC, Cash AJ. Analysis of optical transmission by 00-00 nm visible light into aesthetic dental biomaterials. J Dent. 99;():-7. Innov Implant J, Biomater Esthet, São Paulo, v., n., p. -, jan./abr. 009