EM ARQUITETURA E DESIGN

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RECICLAGEM DE RESÍDUOS URBANOS EM ARQUITETURA E DESIGN G r e e n Arc h i t e c t u r e: e s t ratégias de sustentabilidade a p l i c a d a s à a rquitetura e design B A N E S P Q / T H A L E S : 2 0 1 4 0 1 5 4 2 9 Gabriela Moletta PIBIC Fundação Araucária 2016/2017 Prof. Dr. Antonio Castelnou (DAU-UFPR)

OBJETIVOS ESTUDAR e ENTENDER o conceito e as características da sustentabilidade, bem como seu surgimento e como pode ser empregada na arquitetura atualmente APRESENTAR os princípios de reciclagem e reaproveitamento de resíduos urbanos na arquitetura e design, principalmente nas construções projetadas por Michael Reynolds (Earthship Biotecture) ANALISAR a questão do reaproveitamento de resíduos urbanos em 03 (três) obras distintas do arquiteto, apresentando as diretrizes básicas de concepção e construção.

METODOLOGIA De caráter EXPLORATÓRIO e cunho TEÓRICO-CONCEITUAL a pesquisa foi baseada em revisão web-bibliográfica com estudos de casos, por meio das seguintes etapas: Pesquisa teórica a respeito de termos operacionais sustentabilidade, arquitetura sustentável, reciclagem associando com a prática da Earthship Biotecture; Seleção e análise de 03 (três) exemplares de arquitetura sustentável com reciclagem de resíduos urbanos sem processamento, realizados por Michael Reynolds; Elaboração do Relatório Final de Pesquisa, além da apresentação oral por ocasião do Evento de Iniciação Científica da UFPR EVINCI.

INTRODUÇÃO SUSTENTABILIDADE Sustentável sustenere: manter existência; capaz de ser mantido em certo estado ou condição Suprir as NECESSIDADES do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprirem suas próprias necessidades HABILIDADE de um ecossistema de manter processos ecológicos, funções, biodiversidade e produtividade para o futuro a KEELER et BURKE, 2010 (ATTMAN, 2010; KEELER et BURKE, 2010)

DÉCs. 1950/60 DESPERTAR ECOLÓGICO: Tomada de consciência em relação às questões ambientais (consequência dos impactos causados pela industrialização e pelos processos de urbanização) 1972 CNUMAH (Conferencia das Nações Unidas dobre o Meio Ambiente e o Homem), Estocolmo (Suécia): Elaboração de Plano de ação Surgimento do ECOLOGISMO: crescimento zero (visão ecocentrista decorrente da pressão do crescimento populacional sobre os recursos limitados do planeta) 1983/87 Elaboração do Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum) pela CMMAD (Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) : Apresentação dos princípios da sustentabilidade Surgimento do AMBIENTALISMO: desenvolvimento sustentável (visão antropocentrista que defendia a coexistência do desenvolvimento e da conservação dos recursos) 1992 CNUMAD (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) ou Cúpula da Terra, Rio 92 ou ECO 92: Elaboração da Agenda 21 (IWAMURA, 2008; KEELER et BURKE, 2010; CASTELNOU, 2015)

ARQUITETURA ECOLÓGICA ou ECOARQUITETURA: Defende uma prática arquitetônica que se adapte inteiramente ao meio ambiente, visando a redução do impacto ecológico ao máximo. Derivações: - NEOVERNACULAR / REGIONALISTA / SUBTERRÂNEA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: Defende uma prática que visa a produção de edificações e espaços arquitetônicos adaptados às condições naturais de um lugar, reduzindo o desperdício energético, os riscos ecológicos e os impactos ambientais e sociais. Derivações: - BIOCLIMÁTICA / ECOTECNOLÓGICA / ALTERNATIVA ARQUITETURA ALTERNATIVA: Propõe o reaproveitamento de materiais recicláveis incorporados a produtos convencionais e a reapropriação criativa EARTHSHIP BIOTECTURE - Filosofia dos 3 R s: Reduzir o consumo, Reutilizar objetos de formas inusitadas e Reciclar materiais. (CASTELNOU, 2010)

REVISÃO DA LITERATURA MICHAEL REYNOLDS (1945), Taos, Novo México (EUA), denomina sua prática de pesquisa e desenvolvimento de edifícios autossuficientes como EARTHSHIP BIOTECTURE: Arquitetura feita tanto de materiais naturais como reaproveitados (upcycled), a qual não promove nenhum consumo de energia (Zero Carbon Building) PRINCÍPIOS DE PROJETO: - Aquecimento e arrefecimento térmico/solar - Energia solar e eólica - Tratamento autônomo de esgotos - Emprego de materiais naturais e reciclados - Captação de água - Produção de alimentos (EARTHSHIP, 2016; JODIDIO, s.d.)

Construções que atingem um nível de sustentabilidade que não pode se ser obtido com a arquitetura produzida industrialmente: Vão além dos parâmetros da certificação LEED a partir de critérios construtivos próprios: Reutilização de resíduos (paredes estruturais feitas com tijolos e pneus; e não-estruturais com latas de alumínio, garrafas de vidro ou plástico) Energia produzida através de sistema eólico e/ou fotovoltaico Tratamento e reciclagem de água através de células botânicas e versões alternativas de fossa séptica Conforto climático atingido com o uso da temperatura da massa do planeta, obtida por meio de construções semienterradas Produção própria de alimento Low-tech (tecnologia de baixo impacto) como forma de incentivo à autoconstrução Missão social (construção de estruturas mais fortes, resilientes e econômicas em lugares suscetíveis a desastres naturais) (EARTHSHIP, 2016; JODIDIO, s.d.)

EARTHSHIP BIOTECTURE ACADEMY, Taos, Novo México, EUA Oferece treinamento dos princípios de projeto, construção e filosofia Earthship. TIPOS DE EARTHSHIP: Global Relief Alívio Global (1): Unidade de abrigo projetada para prover temperaturas confortáveis, água potável, saneamento e abrigo, em lugares com propensão a ocorrência de catástrofes naturais. Ex.: Haiti Global Model Modelo Global (2): Modelo mais universal, podendo ser modificado para todos os tipos de clima e existente em vários tamanhos, projetado para que apresente ótimo desempenho dos conceitos earthship 1 2 (EARTHSHIP, 2016; JODIDIO, s.d.)

Packaged Model Modelo Compacto (3): Projetado para que possua desempenho satisfatório de todos os conceitos Earthship somados ao baixo custo Retrofit: Modelo que implica na aplicação dos sistemas básicos de autossuficiência em edificações já existentes Vaulted Global Abobadado Global: Tipologia mais eficiente em termos de performance de autossuficiência energética Custom Designs Projetos Customizados: Ocorrem com mais liberdade formal, resultando normalmente em um menor desempenho energético que os projetos tradicionais Earthship; Casos particulares: Hybrid Earthship Earthship híbrida (4) : Primeira Earthship a incorporar uma face extra para melhor desempenho térmico. 3 4 (EARTHSHIP, 2016; JODIDIO, s.d.)

RESULTADOS E DISCUSSÃO ESTUDOS DE CASO De modo a ilustrar a prática de reuso de resíduos sólidos urbanos sem processamento na arquitetura, selecionou-se 03 (três) estudos de caso representados por projetos do Michael Reynolds e sua equipe, sendo eles: CASA NAVE TIERRA, Ushuaia Argentina, 2010 ESCOLA DE JAUREGUIBERRY, Canelones Uruguai, 2014 CASAS EMERGENCIAIS, Porto Príncipe Haiti, 2010

CASA NAVE TIERRA Ushuaia Argentina, 2010/14 Earthship Biotecture 122m² Residência construída por cerca de 70 voluntários de todo o mundo (participantes Earthship Academy + membros da comunidade local) Similar a tipologia Global Model: Consiste em dois volumes cilíndricos de 50m² somados a uma caixa de vidro para manter temperatura constante entre 18 e 22ºC (EARTHSHIP, 2016; FRANCO, 2014; SUSTENTARQUI, 2014)

Materiais: 333 pneus; 3.000 latas de alumínio; 5.000 garrafas plásticas; 3.000 garrafas de vidro + adobe (barro local) Emprego dos princípios Earthship: Aquecimento através da massa térmica; coleta, filtragem e limpeza da água da chuva; tratamento de águas residuais; produção de frutas e verduras; e o abastecimento energético por meio de energia eólica e solar. (EARTHSHIP, 2016; FRANCO, 2014; SUSTENTARQUI, 2014)

ESCOLA DE JAUREGUIBERRY Canelones Uruguai, 2014/16 Earthship Biotecture 270m² Primeira escola sustentável da América Latina, construída por 200 colaboradores Consiste em três salas de aula e duas alas de serviço distribuídas por um corredor envidraçado, onde acontece a horta interior Materiais: 40% de materiais tradicionais + 60% de materiais reaproveitados; 5.000 garrafas de vidro; 8.000 latinhas de alumínio; 2.000m² de papelão (EARTHSHIP, 2016; NUNES, 2016; SBEGHEN, 2016)

Emprego dos princípios Earthship: Produção de alimentos na estufa da fachada norte em madeira e vidro; energia produzida por painéis fotovoltaicos e armazenamento central; processos convectivos naturais em sequência de tubos no muro de contenção ao sul, que geram circulação de ar fresco no verão, podendo ser fechados no inverno e o calor provocado pelo efeito estufa no corredor norte mantém a temperatura; aproveitamento da água da chuva; e tratamento de esgoto (EARTHSHIP, 2016; NUNES, 2016; SBEGHEN, 2016)

CASAS EMERGENCIAIS Porto Príncipe Haiti, 2010 Earthship Biotecture 12m² Iniciativa do projeto HELP Haiti Eco Living Project, após terremoto de Janeiro de 2010, que destruiu metade das construções, deixou 250.000 pessoas feridas, 1,5 milhão de desabrigados e 200.000 mortos Proposta de construção de vilas inteiras de casas Earthship, totalmente autossustentáveis; com a proposta de ensino aos moradores como incentivo à autoconstrução (EARTHSHIP, 2017; MEINHOLD, 2010; SERRÃO, 2013)

A Simple Survival Sobrevivêcia Simples: Obedece a todos os princípios Earthship A unidade habitacional demora até quatro dias para ser construída, com aproximadamente 12m², sendo suficiente para uma família de até quatro pessoas Consiste em um cilindro de 3,6m de diâmetro feito com 120 pneus cheios com os escombros gerados pelo terremoto, depois de moídos, fornecendo assim piso e paredes coberto por uma cúpula de estrutura em aço isolada com sacolas plásticas preenchidas com materiais recicláveis, como papelão; (MEINHOLD, 2010; SERRÃO, 2013; EARTHSHIP, 2017)

A ventilação acontece por meio de um orifício no topo do domo, protegido da água da chuva; os sistemas de filtragem, reaproveitamento de água e tratamento de esgoto são externos à edificação; a energia solar é obtida através de um modelo básico de painel solar suficiente para a unidade O custo da edificação gira em torno de U$ 7.000, que foram obtidos através de doações (MEINHOLD, 2010; SERRÃO, 2013; EARTHSHIP, 2017)

CONSIDERAÇÕES FINAIS A RECICLAGEM na arquitetura pode ocorrer através do reuso de resíduos urbanos sem processamento, sendo assim uma estratégia de sustentabilidade aplicada à construção civil, contribuindo para que o ecossistema mantenha seus processos ecológicos, sua biodiversidade e produtividade para o futuro desenvolvimento sustentável MICHAEL REYNOLDS e sua organização, a Earthship Biotecture, tem como principal característica a utilização de materiais naturais e reaproveitados em construções que não promovam nenhum gasto energético, de modo a produzir edificações a um nível de sustentabilidade que não pode ser produzido industrialmente

A partir do estudo de casas, ficaram evidentes os benefícios da reciclagem de RESÍDUOS URBANOS na arquitetura, observando-se: a eficiência energética, a filtragem e o reuso da água da chuva, o tratamento de esgotos e também a produção do próprio alimento A prática do arquiteto não se resume somente à sustentabilidade, mas também explora a intenção da universalização da arquitetura, através do incentivo a AUTOCONSTRUÇÃO e da utilização apenas do necessário para que haja recursos naturais para as gerações futuras

PRINCIPAIS REFERÊNCIAS ATTMAN, O. Green architecture: Advanced technologies and materials. New York: McGraw-Hill, 2010. CASTELNOU, A. Arquitetura contemporânea. Curitiba: Apostila Didática, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFPR, 2015. EARTHSHIP. Earthship Biotecture Academy. Disponível em: <http://earthship.com/academy>. Acesso em: 16 set. 2016a. FRANCO, J. T. Nave Tierra : A casa autossustentável de Michael Reynolds na Argentina (2014). Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-177963/nave-tierra-a-casa-autossustentavel-de-michael-reynolds-naargentina>. Acesso em: 17 abr. 2017. IWAMURA, L, Y. Escola fundamental de educação ambiental. Curitiba: Monografia (Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e urbanismo), UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ UFPR, 2008.

JODIDIO, P. Green architecture now!. Köln: Benedikt Taschen, v. 1, [s.d.]. KEELER, M.; BURKE, B. Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis. Porto Alegre: Bookman, 2010. NUNES, C. Michael Reynolds e a primeira escola 100% sustentável no Uruguai (2016). Disponível em: <http://sustentarqui.com.br/construcao/michaelreynolds-e-a-primeira-escola-100-sustentavel-no-uruguai/>. Acesso em: 1 o maio 2017. SERRÃO, P. P. Earthship: Casas ecológicas à prova de catástrofes (2013). Disponível em: <http://p3.publico.pt/cultura/arquitectura/9874/earthshipcasas-ecologicas-prova-de-catastrofes>. Acesso em: 05 maio 2017. SUSTENTARQUI. Casa sustentável com materiais reciclados (2014). Disponível em: <http://sustentarqui.com.br/construcao/casa-sustentavel-com-materiaisreciclados/>. Acesso em: 17 abr. 2017.