EDUCAÇÃO E NACIONAL- DESENVOLVIMENTISMO NO BRASIL Manoel Nelito M. Nascimento Publicado em Navegando na História da Educação Brasileira: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/index.html
Em maio de 1945 (fim da 2ª Guerra Mundial) supremacia dos Estados Unidos repercutiu na política brasileira, a ponto de acelerar o fim do regime ditatorial do Estado Novo (1937-1945) - deposição de Vargas e começo da redemocratização do país. A aliança vitoriosa das superpotências EUA e URSS contra o nazi-fascismo foi substituída pela Guerra Fria (posição entre as forças ocidentais capitalistas e as forças orientais socialistas);
A política brasileira se caracterizava pelo populismo (instrumento de controle e mobilização das massas pelas classes dominantes), nacionalismo (tendência nascida entre os grupos políticos, tecnocratas e militares) e desenvolvimentismo. (Cunha, 1989). A ideologia do nacional-desenvolvimentismo desenvolveu-se no Instituto Superior de Estudos Brasileiros ISEB (criado em 1955, no governo interino de Café Filho), que no governo de Juscelino Kubitschek passou a ser peça essencial da nova administração, com a atribuição de formar uma mentalidade nacional para o desenvolvimento.
Após II Guerra surgiu o Estado do Bem Estar Social nos países centrais com objetivo de reconstrução, ao qual seguiu um período de ampla internacionalização do capital. O avanço do capitalismo para os países periféricos encontrou o Brasil numa forma peculiar de desenvolvimento (o capital externo como suporte de aceleração do desenvolvimento. A burguesia brasileira dividiu-se entre os que defendiam a industrialização sob o controle total do capital nacional e os partidários da participação e comando do processo de industrialização brasileira dos capitais estrangeiros.
[.] em 1954 [.] governo de Café Filho - Portaria 113 da SUMOC Superintendência da Moeda e do Crédito: vantagens ao capital estrangeiro investido no país, usada no governo JK, para atrair o capital externo e acelerar o processo de produção de equipamentos, bens de consumo duráveis e produtos químicos. Anos 1960 a sociedade brasileira já era bastante complexa (desenvolvimento urbano e industrial e da mudança das relações de trabalho no campo. Alto nível de desigualdades sociais motivaram os movimentos de luta por reformas de base redução das grandes diferenças de condições de vida entre as classes sociais.
É esse contexto de redemocratização do país (populista, nacionalista e desenvolvimentista) que deu-se a elaboração da lei de diretrizes e bases da educação nacional. A quarta Constituição da República (1946), inspirada na ideologia liberal-democrática. A União, com a atribuição que recebeu de fixar as diretrizes e bases da educação nacional, encaminhou uma proposta de LDB ao Congresso, que teve um período de treze anos de tramitação, com acaloradas discussões entre os educadores progressistas defensores da escola pública e os conservadores que eram partidários da defesa de privilégios à escola privada.
Os conservadores, representados pela Igreja Católica (preocupação com a laicidade do ensino). A superioridade em número de colégios católicos, em especial para as elites, bem como a tradição católica da população brasileira, permitiam que a Igreja tivesse uma ampla atuação sobre a sociedade. Nessa direção, em 1959, os educadores progressistas e o Jornal O Estado de S.Paulo desencadearam a Campanha de Defesa da Escola Pública, no interior do qual foi divulgado o Manifesto dos Educadores Mais uma vez Convocados, invocando e requentando as ideias do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932.
A LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 4024, em 1961): a garantia de igualdade de tratamento por parte do Poder Público para os estabelecimentos oficiais e particulares; a obrigatoriedade do ensino primário; manutenção da estrutura de ensino (ensino pré-primário, o ensino primário de 4 anos, o ensino médio, nas modalidades: ginasial em 4 anos e colegial em 3 anos, e o ensino superior). Aspectos positivos da LDBEN: a unificação do sistema escolar e a sua descentralização; a autonomia do Estado para exercer a função educadora e o da distribuição de recursos para a educação.
Concepções pedagógicas do período nacionaldesenvolvimentista: [...] se o período situado entre 1930 e 1945 pode ser considerado como marcado pelo equilíbrio entre as influências das concepções humanista tradicional (representada pelos católicos) e humanista moderna (representada pelos pioneiros da educação nova), a partir de 1945 já se delineia como nitidamente predominante a concepção humanista moderna. A ênfase no desenvolvimento econômico do país [.] produziu uma inversão do papel do ensino público (a escola sob os desígnios do mercado de trabalho - concepção produtivista - pedagogia tecnicista. (Saviani, 2005)
A decepção dos grupos progressistas os levou a se lançarem nas campanhas da educação popular. Os movimentos mais significativos foram o Movimento de Educação de Base (MEB) e o Movimento Paulo Freire de Educação de Adultos. A opção pelas reformas de base - agrária e urbana - com o objetivo de reduzir as desigualdades sociais, juntou os setores mais conservadores da sociedade até que se deu a deposição de João Goulart pelo golpe militar de 1964 e a perseguição aos movimentos populares e de estudantes até serem extintos.