Fernando Sampaio Relação Pastoral de Ajuda Boas práticas no acompanhamento espiritual de doentes Universidade Católica Editora Lisboa 2011
Índice Apresentação...9 Prologo... 13 Introdução... 15 PARTE I OS PRINCIPAIS CONCEITOS TEÓRICOS Introdução... 23 1. Boas práticas pastorais, porquê e para quê?... 24 1.1. Boas práticas... 24 1.2. Por fidelidade à pessoa... 26 1.3. Por razões de humanização e qualidade... 28 1.4. Por fidelidade ao Evangelho... 29 1.5. Para uma capelania renovada... 32 2. Relação Pastoral de Ajuda... 37 2.1. Modalidades de relação de ajuda... 38 2.2. Origens da relação pastoral de ajuda... 39 2.3. O conceito... 43 2.4. Método pastoral de acompanhamento... 46 3. A empatia... 49 3.1. Compreender o outro... 49 3.2. Uma capacidade humana que permite aceder ao outro e à vida social...50 3.3. Pôr-se no lugar do outro: «também eu, se fosse tu»... 52 3.4. Terapeutas feridos... 53 3.5. A empatia comunica compreensão... 53 3.6. Um processo identificatório que exige separação... 55 3.7. Benefícios pessoais e pastorais da empatia... 56 4. Consideração positiva ou aceitação incondicional... 58 4.1. Acolher de forma calorosa... 58 4.2. A aceitação promove a dignidade do outro... 59 4.3. Aceitação e ágape... 60 4.4. Afecto, mas com tempero... 61 4.5. Benefícios da aceitação incondicional... 62
4 Relação Pastoral de Ajuda 4.6. Aceitar sem desculpar... 63 4.7. Algumas condições... 63 5. Autenticidade... 65 5.1. Muito mais do que sinceridade, ser si mesmo... 65 5.2. Uma qualidade humana a adquirir... 66 5.3. Um porto seguro... 66 5.4. Autenticidade e transparência... 68 5.5. Cinco níveis para uma comunicação autêntica... 71 5.6. Autenticidade, uma qualidade humana e pastoral... 72 Conclusão... 75 PARTE II APTIDÕES TÉCNICAS PARA A RESPOSTA Introdução... 79 1. Escuta activa... 80 1.1. Escutar a partir da perspectiva do doente... 81 1.2. Uma escuta polifónica... 84 1.3. Para além do ruído das palavras, indo para lá do discurso... 86 1.4. Escutar de forma activa... 89 1.5. Escutar, mas com vontade e querer... 91 2. Resposta empática: a reformulação... 93 2.1. A escuta activa, condição para a resposta empática... 94 2.2. Respostas espontâneas, atitudes defensivas a vencer... 95 2.3. A reformulação... 96 2.4. Modalidades da reformulação... 98 2.5. Para concluir... 101 3. Personalizar, confrontar e iniciar... 103 3.1. A personalização... 104 3.2. A confrontação... 108 3.3. Iniciar... 112 4. Persuasão, intenção paradoxal e outras aptidões... 115 4.1. Persuasão... 115 4.2. Intenção paradoxal... 118 4.3. Outras aptidões: auto-revelação e actualizar... 120 5. O agente de pastoral... 123 5.1. Prestar atenção física e observar... 123 5.2. A linguagem do olhar... 125 5.3. Qualidades humanas do agente de pastoral... 126 5.4. O desafio da maturidade... 128
Índice 5 5.5. Purificar a linguagem do sofrimento... 134 5.6. No agente de pastoral, a presença da comunidade... 138 Conclusão... 141 PARTE III A PRÁTICA PASTORAL DA RELAÇÃO DE AJUDA Introdução... 145 1. Metodologia... 147 1.1. Análise da vivência subjectiva da pessoa ajudada... 147 1.2. Análise crítica do diálogo... 148 1.3. Análise da experiência do agente de pastoral... 149 1.4. Necessidades espirituais e religiosas presentes... 150 1.5. Problemas éticos presentes... 150 1.6. Conclusão... 151 2. O Inquiridor... 152 2.1. Apresentação... 152 2.2. Análise da vivência subjectiva da doente... 152 2.3. Análise crítica do diálogo pastoral... 154 2.4. Análise da experiência do agente de pastoral... 156 2.5. Conclusão... 158 3. Uma visita apressada... 159 3.1. Apresentação... 160 3.2. Análise da vivência subjectiva dos doentes... 160 3.3. Análise crítica do diálogo... 161 3.4. Análise da experiência do agente de pastoral... 164 3.5. Necessidades espirituais e religiosas... 165 3.6. Conclusão... 165 4. Visita à D. Maria... 167 4.1. Apresentação... 167 4.2. Análise da experiência subjectiva da Maria... 168 4.3. Análise crítica do diálogo... 168 4.4. Análise da experiência do agente de pastoral... 170 4.5. Necessidades espirituais e religiosas... 170 4.6. Conclusão... 171 5. Mário pede a visita do Capelão... 172 5.1. Apresentação... 172 5.2. Análise da experiência subjectiva do doente... 173 5.3. Análise crítica do diálogo pastoral... 174 5.4. Análise da experiência do agente de pastoral... 179
6 Relação Pastoral de Ajuda 5.5. Necessidades espirituais e religiosas... 180 5.6. Conclusão... 181 6. Parâmetros para a promoção de boas práticas pastorais... 182 6.1. Valores da relação pastoral de ajuda... 182 6.2. Orientações para a promoção de boas práticas na capelania... 183 6.3. Princípios éticos da relação pastoral de ajuda... 185 6.4. Linhas orientadoras para a promoção de boas práticas... 187 Conclusão... 191 Conclusão Geral... 193 Bibliografia... 197
Apresentação Um Meio Indispensável 1. A SAÚDE TEM UM LUGAR MUITO IMPORTANTE NA VIDA DAS PESSOAS. Ela é a harmonia integral do ser humano que, apesar dos limites biológicos, psicológicos ou sociais, permite a cada pessoa realizar-se plenamente, na idade da vida que é a sua. Esta definição, proclamada por João Paulo II a 11 de Fevereiro de 2000, na viragem do milénio, permite compreender que todos desejam ter a saúde suficiente para se sentirem felizes, até ao fim da vida. Acontece, porém, que a doença continua a bater à porta de cada pessoa, e é sempre imprevisível a data da sua chegada. Nessa altura, impõe-se a assistência global a que se tem direito. Esta assistência não é só de natureza técnica, não bastam os bons profissionais de saúde, impõem-se assistentes espirituais que tenham em conta o apoio anímico a que cada um tem direito. A relação espiritual de ajuda cabe precisamente no conceito da assistência integral. 2. O Dr. Fernando Sampaio quis especializar-se nesta Relação Pastoral de Ajuda. Liga-nos um laço de profunda amizade, criada por um longo caminho de trabalho em comum. Tive oportunidade de acolhê-lo quando veio ter comigo, dizendo-me do gosto de ser capelão hospitalar. A sua experiência no IPO, em Santa Maria e no Hospital Júlio de Matos foi-lhe permitindo compreender que o trabalho com doentes, sobretudo em situações difíceis, exigia uma preparação sólida. Começou por aprofundar os estudos teológico-pastorais, depois licenciou-se em Psicologia, fazendo logo depois o Mestrado, entregou-se ao estudo da Pastoral da Saúde no primeiro Curso de Teologia e Ética em Saúde da Universidade Católica e, agora, especializou-se na relação pastoral de ajuda, a sua tese de Mestrado. Pela sua formação, foi-lhe possível começar a leccionar Assistência Espiritual e Religiosa, nos Cursos de Formação de Capelães e de Voluntários.
10 Relação Pastoral de Ajuda Agora publicou a sua tese de mestrado, precisamente sobre a Relação de Ajuda, uma área nova e essencial, para quem se dá ao acompanhamento do doente, sobretudo em fase terminal. 3. A relação pastoral de ajuda não é uma ciência fácil. Não se dirige sequer, exclusivamente, ao doente, até porque há muitos profissionais que, em situações concretas, precisam também dessa relação pessoal, apoio concreto também para o seu trabalho. Para que esta relação seja eficaz e tenha dimensão terapêutica supõe-se: O conhecimento da pessoa a quem se acompanha. Este conhecimento requer tempo, disponibilidade, alegria no dar, capacidade de receber, proximidade indispensável, com a empatia indispensável. A linguagem simbólica em que a verdade se transmite sem magoar, a comunicação se consegue pelo olhar, pelas expressões, pelos gestos, sempre com a proximidade que gera uma certa fraternização. O exercício da compaixão que não consiste em ter pena do outro, mas em assumir os seus problemas e fazer suas as dores que o outro sofre, com um envolvimento cheio de compreensão e de disponibilidade. A espiritualidade, com dimensão terapêutica, espiritualidade essa que supõe a cultura, as relações amigas e, mesmo, a transcendência, na medida da fé de cada um, com total liberdade. A presença, o diálogo, o jogo de afectos, coisas muito naturais na relação humana e que não podem aparecer forçadas, uma vez que é o tempo que se perde com o outro, que torna o outro verdadeiramente importante (cf. Saint Exupéry). A experiência religiosa, segundo as opções de cada um e a seu pedido, uma vez que a religião faz parte da vida da pessoa humana, na sua integridade. A procura da felicidade uma vez que esta não está no ter e no poder, mas se realiza na atenção ao outro, num quadro de Amor. Como diz Erich Fromm: amar é esquecer-se de si para fazer o outro feliz (L Art d Aimer). A relação de ajuda envolve tudo isto e é, por isso, que se torna indispensável no acompanhamento que se faz à pessoa doente. 4. O autor oferece-nos uma obra que se divide em três partes: Os principais conceitos técnicos, as aptidões indispensáveis para a resposta e a prática pastoral da relação de ajuda. É um trabalho completo, de extraordinária importância, para quem trabalha em saúde, sobretudo com doentes difíceis ou em fase terminal.
Apresentação 11 Julgo que o estudo desta obra é indispensável, não apenas para assistentes espirituais, mas para todo e qualquer profissional de saúde. O livro agora trazido à estampa, tem ideias geniais para a assistência integral ao doente, tem desafios extraordinários para o trabalho concreto de ajuda à pessoa doente, em qualquer circunstância, e convida à criatividade, indispensável para uma relação humana que redima, que cure e que salve. Felicito o autor, mas congratulo-me com todos aqueles que, levando à prática a relação de ajuda, se tornam meio de bem-estar, para o doente que assistem. Parabéns aos leitores. Mons. Vítor Feytor Pinto