SOLDAGEM DOS METAIS CAPÍTULO 6 SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO

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Transcrição:

37 CAPÍTULO 6 SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO

38 SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO (SAW) ARCO SUBMERSO é um processo de soldagem por fusão, no qual a energia necessária é fornecida por um arco (ou arcos) elétrico desenvolvido entre a peça e um eletrodo (ou eletrodos) consumível, que é continuamente alimentado à região de soldagem. O arco está submerso em uma camada de fluxo granular que se funde parcialmente, formando uma escória líquida, que sobe à superfície da poça metálica fundida, protegendo-a da ação contaminadora da atmosfera. Em seguida essa escória solidifica-se sobre o cordão de solda, evitando um resfriamento demasiado rápido. Representação Esquemática Da Soldagem A Arco Submerso O equipamento para este processo consta basicamente das seguintes unidades: a) fonte de energia; b) unidade de controle; c) conjunto de alimentação do arame; d) pistola de soldagem; e) alimentador de fluxo; f) aspirador de fluxo. As unidades b,c,d,e constituem o elemento conhecido como cabeçote de soldagem; a figura da página anterior mostra as unidades componentes do sistema. No processo automático, o cabeçote pode mover-se ao longo da peça a ser soldada ou ser estacionário, sendo que nesse caso é a peça que se desloca sob o arco. Quando o processo é semi-automático, o alimentador de fluxo e a pistola de soldagem constituem um conjunto separado que é

39 conduzido pelo operador ao longo da junta; esta operação é dificultada pela não visualização do cordão, diminuindo a eficiência do processo. Cabeçote móvel Cabeçote fixo Como fonte de energia podem ser usados: a) Um transformador C.A. b) Um conjunto transformador-retificador C.A. / C.C. c) Um conversor C.C. Podem ser utilizadas fontes de tensão constante ou fontes de corrente constante, conforme a unidade de controle do cabeçote. As tensões usuais requeridas situam-se na faixa dos 20 a 55 Volts. As intensidades de corrente mais usuais chegam até 2000 Ampères; em casos excepcionais usam-se intensidades de até 4000 Ampères.

40 Faixa de corrente recomendável para arames eletrodos utilizados em Arco Submerso Diâmetro do arame eletrodo (mm) Faixa de corrente (A) 1,59 115-500 1,98 125-600 2,38 150-700 3,18 220-1000 3,97 340-1100 4,76 400-1300 5,56 500-1400 6,35 600-1600 VANTAGENS E LIMITAÇÕES DA SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO VANTAGENS a) Este processo permite obter um grande rendimento térmico. b) Alcança-se uma elevada produção específica de material de adição (até 20 kg/h), que em conseqüência propicia uma grande velocidade de soldagem. c) Consegue-se alcançar uma grande penetração com este tipo de processo, o que diminui a necessidade de abertura de chanfro. d) Possibilita ao operador dispensar o uso de protetores visuais. e) Permite obter maior rendimento de deposição que a maioria dos outros processos. DESVANTAGENS OU LIMITAÇÕES a) A soldagem pode se realizar somente nos limites da posição plana ( ou em filete horizontal desde que haja um suporte adequado para o pó). b) É praticamente impossível soldar juntas de difícil acesso. c) Há necessidade de remoção de escória a cada passe de soldagem. d) A superfície do chanfro deve ser regular e a ajustagem da junta bastante uniforme. ABERTURA DO ARCO Neste tipo de soldagem existem diversos métodos de abertura de arco: - pela aplicação de alta freqüência - por retração instantânea do arame - por intercalação de uma pequena esfera ou palha de aço - por arraste - pelo uso de arame eletrodo de ponta afiada - pelo uso de eletrodo de carbono - por abertura em bolha de fusão

41 ESPECIFICAÇÃO DE CONSUMÍVEIS As entidades normativas possuem especificações apropriadas aos consumíveis para a soldagem a arco submerso, como por exemplo, a AWS, vistas na tabela abaixo. Especificação AWS A 5.9 AWS A 5.14 AWS A 5.17 AWS A 5.21 AWS A 5.23 Tipo de metal de adição Arames e varetas para solda de aço inoxidável Arames e varetas para solda de níquel e suas ligas Arames e fluxos para soldagem SAW de aço carbono Arames e varetas para revestimento Arames e fluxos para soldagem SAW de aço baixa liga As entidades normativas utilizam ainda a designação de um fluxo, em conjunto com a especificação do arame eletrodo. No caso de utilizarmos a especificação AWS, teremos por exemplo a especificação AWS A 5.17, que delibera sobre a utilização de arames para aços carbono e seus respectivos fluxos. Um mesmo fluxo pode ser designado F6A2-EXXX ou F7A4-EXXX, de acordo com o eletrodo (E) utilizado. Propriedades mecânicas do metal depositado A tabela a seguir mostra um esquema de designação do par arame-fluxo adotado pela especificação AWS A 5.17.

42 ARAME ELETRODO Os eletrodos são especificados com base em sua composição química, sendo divididos em três tipos: baixo (L), médio (M) e alto (H) teor de Manganês. Dentro de cada grupo, os arames podem ter diferentes teores de Carbono, além de teor de Silício baixo ou alto (K). Resumidamente, arames com maiores teores de Carbono, Manganês e Silício favorecem a deposição de cordões com maior resistência e dureza; o Silício aumenta a fluidez da poça de fusão, melhorando o formato de cordões depositados com elevadas velocidades de soldagem. As bitolas de arames eletrodos mais utilizados situam-se na faixa entre 1,6 e 6,4 mm; podemos também trabalhar com fitas contínuas no lugar do arame, principalmente para deposições superficiais. Para aumentar a velocidade de soldagem e a deposição do metal, pode-se usar dois ou mais arames eletrodos ou fitas; eles podem situar-se em paralelo ou em linha em relação `a junta e alimentados por uma ou mais fontes de energia. Abaixo, a tabela mostra os requisitos de composição química de eletrodos para a soldagem de aço carbono, conforme AWS A 5.17-80. Tabela Composição química de eletrodos Classe Composição Química (% Peso) AWS Carbono Manganês Silício Enxofre Fósforo Cobre EL8 0,10 0,25-0,60 0,07 EL8K 0,10 0,25-0,60 0,10-0,25 EL12 0,05-0,15 0,25-0,60 0,07 0,035 0,035 0,035 EM12 0,06-0,15 0,80-1,25 0,10 EM12K 0,05-0,15 0,80-1,25 0,10-0,35 EM13K 0,07-0,19 0,90-1,40 0,35-0,75 EM15K 0,10-0,20 0,80-1,25 0,10-0,35 0,035 0,035 0,035 EH14 0,10-0,20 1,70-2,20 0,10 OBS: NÚMEROS ISOLADOS INDICAM VALOR MÁXIMO

43 As propriedades reais do metal depositado por uma determinada combinação eletrodo-fluxo dependem do procedimento de soldagem específico usado numa determinada aplicação. Assim a seleção final de uma combinação geralmente é feita com base na soldagem de corpos de prova de qualificação, de acordo com uma norma específica, e na avaliação final ou medida das propriedades de interesse dessa solda. FLUXOS Os fluxos tem diversas funções na soldagem a Arco Submerso, entre elas: estabilizar o arco, fornecer elementos de liga para o metal de solda, proteger o arco e o metal aquecido da contaminação pela atmosfera, minimizar as impurezas no metal de solda, formar escória com determinadas propriedades físicas e químicas que podem influenciar o aspecto e o formato do cordão de solda, sua destacabilidade, a ocorrência de mordeduras, etc.. Os fluxos usados no processo a arco submerso são granulares e constituídos de substâncias fusíveis à base de minerais contendo óxidos de manganês, silício, titânio, alumínio, cálcio, zircônio, magnésio e outros componentes. Podem ser quimicamente neutros, ácidos ou básicos, dependendo da mistura de óxidos, não devem produzir grandes quantidades de gases durante a soldagem e devem ter características elétricas estáveis. Em termos de fabricação, os fluxos podem ser dos grupos fundidos ou não fundidos; os primeiros são produzidos pela fusão da mistura de seus componentes em fornos, sendo posteriormente resfriados, britados, moídos, peneirados e embalados. Os fluxos não fundidos podem ser subdivididos em misturados, aglomerados e sinterizados. O tipo de fluxo mais utilizado no Brasil é o aglomerado, no qual uma mistura de pós é aglomerada por um ligante, endurecido posteriormente ao forno, moído, peneirado e embalado; devido sua higroscopicidade há necessidade de controle de umidade no armazenamento. DEPOSIÇÃO/PENETRAÇÃO CCPI Produz boa taxa de deposição, ótimo controle de formato de cordão e alta penetração. CCPD Produz alta taxa de deposição, bom controle do formato de cordão e baixa penetração. CA Penetração intermediária entre CCPD/CCPI; não aparece o fenômeno do sopro magnético.

44 DIFERENTES ARRANJOS PARA EXECUÇÃO DE CORDÕES DE SOLDA A ARCO SUBMERSO