Revista Caatinga ISSN: X Universidade Federal Rural do Semi-Árido Brasil

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Transcrição:

Revista Caatinga ISSN: 1-316X caatinga@ufersa.edu.br Universidade Federal Rural do Semi-Árido Brasil Pereira Gomes, Delineide; Villas Boas de Campos Leite, Regina Maria; Furtado Hilal Moraes, Myrna; Zanin Kronka, Adriana; Barros Torres, Salvador SANIDADE DE SEMENTES DE GIRASSOL PROVENIENTES DE TRÊS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO MARANHÃO Revista Caatinga, vol. 21, núm. 1, enero-marzo, 28, pp. 55-63 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Mossoró, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=2371175768 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

SANIDADE DE SEMENTES DE GIRASSOL PROVENIENTES DE TRÊS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO MARANHÃO Delineide Pereira Gomes Agrônoma, Mestranda em Produção e Tecnologia de Sementes - FCAV/UNESP, Via de Acesso Prof. Pau1o Donato Castellane, s/n, CEP. 4884-9, Jaboticabal-SP, e-mail: agroneide@hotmail.com Regina Maria Villas Boas de Campos Leite Eng. Agrônoma, Dra., Pesquisadora da Embrapa Soja, C. Postal 231, CEP. 861-97, Londrina-PR, e-mail: regina@cnpso.embrapa.br Myrna Furtado Hilal Moraes Eng. Agrônoma, M.Sc. em Agroecologia - UEMA, Cidade Universitária Paulo VI, s/n, CEP. 6555-98, São Luís-MA, gilvaniacampos@ig.com.br Adriana Zanin Kronka Profa. Dra. do Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos - UNESP, Av. Brasil, 56, Centro, Ilha Solteira-SP, CEP. 15385-, e-mail:azkronka@yahoo.com.br Salvador Barros Torres Eng.Agrônomo, Dr., Pesquisador da EMPARN, CEP. 59625-9, Mossoró-RN, e-mail: sbtorres@ufersa.edu.br RESUMO - A crescente importância do girassol leva à necessidade da realização de estudos sobre detecção de patógenos, a fim de garantir a sanidade da cultura e a identificação de patógenos em novas áreas. Com o objetivo de avaliar a qualidade sanitária de sementes de girassol, foram analisadas sementes de vários de genótipos produzidas em ensaios na Embrapa Soja, Londrina, PR. Os ensaios foram conduzidos em três municípios do estado do Maranhão: Balsas, São Luís e Timon. A análise sanitária das sementes foi feita pelo método de papel de filtro e a identificação dos diferentes patógenos foi realizada com base nas características morfológicas. Verificou-se a ocorrência de Fusarium sp., Alternaria spp., Curvularia sp., Dreschelera sp., Aspergillus sp., Penicillium sp., Phoma sp., Trichoderma sp., Botrytis sp., Rhizoctonia sp., Rhizopus sp., Colletotrichum sp., Chaetomium sp., Cladosporium sp. e Sclerotinia sclerotiorum foi observada nas sementes de girassol, com índices de incidência variáveis. Palavras-chave: Helianthus annuus, patologia de sementes, fungos. SANITY QUALITY OF SUNFLOWER SEEDS FROM THREE REGIONS THE STATE OF MARANHÃO ABSTRACT - The increasing importance of sunflower leads to studies on seed pathogen, to guarantee crop sanity and to provide identification of pathogens in new areas. Genotypes seeds lots produced in Embrapa Soja assays carried out in tree cities of the State of Maranhão, Brazil (Balsas, São Luís and Timon) were analyzed, with the objective of evaluating sanitary quality of sunflower seeds. Sanitary analysis was performed by blotter test method and identification of fungi genera was based on morphological features. The occurrence of Fusarium sp., Alternaria spp., Curvularia sp., Dreschelera sp., Aspergillus sp., Penicillium sp., Phoma sp., Trichoderma sp., Botrytis sp., Rhizoctonia sp., Rhizopus sp., Colletotrichum sp., Chaetomium sp., Cladosporium sp. and Sclerotinia sclerotiorum was observed in seeds of sunflower, with variable incidences. Key words: Helianthus annuus, seed pathology, fungi. Caatinga (Mossoró,Brasil), v.21, n.1, p.55-63, janeiro/março de 28 www.ufersa.edu.br/caatinga

INTRODUÇÃO A expansão da cultura do girassol pode ser prejudicada, entre outros fatores, pela ocorrência de doenças causadas por vírus, bactérias e fungos. O girassol é hospedeiro de mais de 35 organismos fitopatogênicos, a maioria fungos. Estima-se que as doenças são responsáveis por uma perda anual média de 12% da produção de girassol no mundo, sendo este o fator mais limitante para a cultura na maioria das regiões produtoras. No Brasil, não há dados exatos sobre a magnitude da perda da produção provocada pelas doenças, mas sabe-se que esta pode chegar a até 1%, dependendo das condições climáticas (LEITE, 1997). Todas as culturas podem ser afetadas por patógenos devastadores transmitidos através da semente (NEEGARD, 1979). Assim o teste de sanidade de sementes pode ser considerado como medicina preventiva tanto nos programas de quarentena quanto no sistema de produção de semente melhorada. Esses testes devem fornecer informações confiáveis acerca da qualidade sanitária da semente destinada à semeadura ou aos serviços de quarentena (HENNING, 24). Muitas das principais doenças que afetam a cultura do girassol são transmitidas através das sementes, principalmente, a Mancha de Alternária (Alternaria helianthi (Hansf.) Tubaki & Nishihara; Altenaria zinnae Ellis.; Alternaria alternata (Fr.) Keissler) e a Podridão branca (Sclerotinia sclerotiorum (Lib). de Bary.) (LEITE, 25). A crescente importância da cultura do girassol torna necessário que estudos sobre detecção de patógenos em sementes sejam conduzidos a fim de garantir a sanidade desta cultura e a identificação de patógenos em novas áreas. Devido a estes fatores, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade sanitária de sementes de girassol provenientes das localidades de Balsas, São Luís e Timon, pertencentes ao estado do Maranhão. MATERIAL E MÉTODOS As análises foram realizadas no Laboratório de Microbiologia, pertencente à Universidade Estadual do Maranhão UEMA, em São Luís, MA. Para isso, utilizou-se sementes de girassol, utilizadas da Rede de Ensaios Oficiais de Girassol, provenientes da Embrapa Soja. No Maranhão, foram realizados três ensaios, os quais foram implantados, respectivamente, nas cidades de Balsas, São Luís e Timon. As sementes de cada genótipo foram submetidas ao teste de sanidade para verificar a incidência de patógenos, através do método de papel de filtro (Blotter test). O teste consistiu em colocar três discos de papel de filtro pré-umedecidos em água destilada, em placas de Petri de plástico (diâmetro de 9 cm), onde foram distribuídas dez sementes equidistantes entre si. As sementes foram incubadas à temperatura de 22º C e fotoperíodo de 12 horas sob luz NUV (comprimento de onda entre 32 a 4 nm), durante 7 dias. Para a detecção de Sclerotinia sclerotiorum foi utilizada a metodologia de Koch & Menten (2), onde as sementes foram incubadas a 15ºC e escuro contínuo, durante 15 dias. A avaliação do teste foi realizada após os referidos períodos de incubação, examinando-se as sementes, individualmente, com o auxilio de um microscópio estereoscópico. O parâmetro utilizado para o exame das sementes foi a análise das características morfológicas dos fungos como cor, forma, presença de micélio, presença de esporos (característicos de cada gênero). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições de 1 sementes, totalizando 4 sementes (BRASIL, 1992). Fizeram-se as médias das quatro repetições de sementes com fungo encontrado para cada genótipo avaliado individualmente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observando-se a Figura 1, verifica-se que houve incidência bastante significativa dos fungos fitopatogênicos como Fusarium sp. e Alternaria spp., especialmente para os genótipos Hélio 25, Catissol 1,,, Hélio 251 e V 8198. Diferentemente dos demais, observa-se que o genótipo foi mais suscetível ao fungo Dreschelera do que ao Fusarium. E, ainda, a presença significativa de Curvularia sp. e Dreschelera sp em todos os genótipos. Observando-se a presença dos fungos de armazenamento (Aspergillus spp., Penicillium sp., e Rhizopus sp.) (Figura 2), destacou-se o genótipo ACA 885 com 37% de suas sementes associadas ao fungo Penicillium sp. A presença significativa deste parasita, tão comum em sementes, está fortemente associada ao fato de não se ter realizado o pré-tratamento das sementes. Estes fungos apesar de não serem os principais fitopatógenos causadores de doenças no girassol, são importantes fungos de armazenamento (WETZEL, 1987). Caatinga (Mossoró,Brasil), v.21, n.1, p.55-63, janeiro/março de 28 www.ufersa.edu.br/caatinga

Fusarium sp. Alternaria spp. Curvularia sp. Dreschelera sp. 8 7 6 5 4 3 2 1 Catissol 1 Agrobel 96 Hélio 25 Hélio 251 V 964 V 8198 Figura 1. Incidência de microrganismos em doze genótipos de girassol, cultivados em Timon, MA. Aspergillus spp. Penicillium sp. Rhizopus sp. 4 35 3 25 2 15 1 5 Catissol 1 Agrobel 96 V 964 V 8198 Figura 2. Incidência de fungos de armazenamento em doze genótipos de girassol, cultivados em Timon, MA. Caatinga (Mossoró,Brasil), v.21, n.1, p.55-63, janeiro/março de 28 www.ufersa.edu.br/caatinga

A maioria dos fungos de campo que infectam a semente antes da colheita requerem para seu crescimento uma umidade relativa em torno de 9-95% (WETZEL, 1987), e causam sérios prejuízos às suas progênies, ao serem transmitidos a estas. Por outro lado, a contaminação com fungos de armazenamento é também um fator que, interagindo com outros do ambiente, podem acelerar consideravelmente a rapidez de deterioração da semente durante o armazenamento (CARVALHO et al., 24). Na Figura 3, percebe-se que a maioria dos genótipos apresentaram porcentagem de sementes com Sclerotinia sclerotiorum praticamente iguais, em torno de 4%. Porém, os genótipos Agrobel 96 e apresentaram, respectivamente, menor e maior incidência desse patógeno. Sclerotinia sclerotiorum 18 16 14 12 1 8 6 4 2 Catissol 1 Agrobel 96 Hélio 25 Hélio 251 V 964 V 8198 Figura 3. Ocorrência de Sclerotinia sclerotiorum em doze genótipos de girassol, cultivados em Timon, MA. Apesar de não apresentar os maiores índices de sementes com fungos, observa-se que o genótipo foi o mais suscetível a quase todos os fitopatógenos, com exceção de Cladosporium sp., indicando baixa qualidade sanitária de suas sementes. Os genótipos e V 8198 foram os únicos que apresentaram este fungo. Aguiar et al. (21), que também trabalharam com a cultivar Catissol 1, constataram que houve incidência elevada de Alternaria spp., Penicillium sp., Aspergillus flavus, Aspergillus niger, Fusarium spp.,e Dreschelera spp. nas sementes. Na Figura 4, verificou-se que os patógenos Fusarium e Alternaria apresentaram os maiores índices, ao contrário dos demais que apresentaram baixa incidência. Apresentando maiores índices de Fusarium, destacou-se os genótipos, Catissol P9,, Hélio 258, A 962; o Agrobel 96 apresentou maior incidência de Alternaria spp. Entretanto, quando se comparou com os resultados do ensaio em Timon, percebe-se que os índices de sementes com Alternaria spp., são menores (com exceção de Agrobel 96, e ). O mesmo pode ser verificado para Fusarium sp. (exceto para o genótipo ).

Fusarium sp. Alternaria spp. Curvularia sp. Dreschelera sp. inc idê nc ia (% ) 7 6 5 4 3 2 1 A 962 A 972 Agrobel 96 Catissol P9 Hélio 258 Multissol V 134 V 8198 Figura 4. Incidência de patógenos em doze genótipos de girassol, cultivados em São Luís, MA. Aspergillus spp. Rhizopus sp. 16 14 12 1 8 6 4 2 A 962 A 972 Agrobel 96 Catissol P9 Hélio 258 Multissol V 134 V 8198 Figura 5. Ocorrência de patógenos em quartoze genótipos de girassol, cultivados em São Luís, MA Em relação aos fungos de armazenamento (Figura 5), as sementes deste ensaio apresentaram índices quase nulos, com exceção do genótipo Catissol P9 que apresentou 14% das sementes com Aspergillus spp. e do genótipo que obteve,5% de suas sementes com Rhizopus sp. Barguill et al. (24) também encontraram baixa incidência baixa de Aspergillus spp. (3%), e Rhizopus stolonifer (2,5%) em sementes de girassol adquiridas em Recife-PE. No entanto, deve-se considerar que, na sua pesquisa as sementes foram desinfestadas com NaOH a 1,5 %. A porcentagem de sementes de girassol com Sclerotinia sclerotiorum, (Figura 6), foi bastante inferior para os

genótipos cultivados em São Luís, tendo os genótipos,, V134, V8198 e apresentados resultados semelhantes. Os genótipos ACA 884, e V 8198 destacaram-se por não ter apresentado incidência do fungo. 4,5 3,5 4 2,5 3 1,5 2,5 1 A 962 A 972 Figura 6. Percentual de sementes de 14 genótipos de girassol cultivados em São Luís, MA, com Sclerotinia sclerotiorum O período de incubação visando à detecção de S. sclerotiorum é maior do que nos demais (15 dias ao invés de 7), devido a formação dos esclerócios, principal característica morfológica do fungo. No teste de sanidade de sementes, rotineiramente empregado (papel de filtro, 25 C / 7 dias) dificilmente o fungo é detectado. Conforme Henning (1987), em trabalhos com soja, melhores resultados foram obtidos quando a temperatura foi reduzida Sclerotinia sclerotiorum Agrobel 96 Catissol P9 Hélio 258 Multissol V 134 V 8198 para 7 1 C e o período de incubação aumentado para 28 dias. Quanto à morfologia, os esclerócios são escuros, de formas e tamanhos variáveis, podendo ser identificados a olho nu (MENEZES, 1987). Dentre os patógenos encontrados (Figura 7), verificou-se maior incidência de Fusarium sp. para todos os seis genótipos de girassol, com destaque para e Multissol 1, que apresentaram os maiores índices. Fusarium sp. Alternaria spp. Dreschelera sp. Curvularia sp. 3 25 2 15 1 5 V 134 Multissol 1 Hélio 358 Agrobel 96 Embrapa 122 Figura 7. Incidência de patógenos encontrados em sementes de seis genótipos de girassol, cultivados em Balsas, MA.

Foi evidenciada, também no ensaio de Balsas, a presença de fungos de armazenamento (Figura 8), pois em geral, como nas demais sementes dos demais ensaios (com destaque para o genótipo ). Porém, a presença destes interferiu na detecção dos demais patógenos ao microscópio estereoscópico. Segundo Paiva et al. (1984), a incidência de Rhizopus sp. interfere na detecção e identificação dos microorganismos de importância para a cultura. O que também foi constatado nesta pesquisa. 6 5 4 3 2 1 Aspergillus spp. Penicillium sp. Rhizopus sp. V 134 Multissol 1 Hélio 358 Agrobel 96 Embrapa 122 Figura 8. Incidência de patógenos associados às sementes de seis genótipos de girassol, cultivados em Balsas, MA. As sementes dos genótipos de girassol, cultivados em Balsas, MA, (Figura 9) apresentaram baixa presença de Sclerotinia sclerotiorum, portanto, não sendo significativa para todos os genótipos (abaixo de,4%) Mesmo assim, deve-se atentar para o tratamento de sementes a fim de assegurar o bom desempenho da cultura no campo (LEITE et al., 2). Sclerotinia sclerotiorum,45,4,35,3,25,2,15,1,5 V 134 Multissol 1 Hélio 358 Agrobel 96 Figura 9. Ocorrência de Sclerotinia sclerotiorum em sementes de seis genótipos de girassol, cultivados em Balsas, MA.

CONCLUSÕES CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP, 2. 588p. Sementes de genótipos de girassol, cultivados nos municípios de Balsas, São Luís e Timon, apresentaram altos índices de Fusarium sp. e Alternaria spp; por outro lado, a presença de Sclerotinia sclerotiorum foi considerada baixa, exceto para o genótipo, cultivado no município de Timon. HENNING, A. A. Teste de sanidade de soja. In: SOAVE, J.; WETZEL, M. M. V. S. (eds.). Patologia de sementes. Campinas: Fundação Cargill, 1987, cap. 21, p. 441-454. AGRADECIMENTOS HENNING, A A. Patologia e tratamento de sementes: Noções gerais. Londrina: Embrapa Soja, 24, 51 p. (Embrapa Soja, Documentos 235). Aos colegas Nadson de Carvalho, Wenyo Ferreira, Alexandro Cardoso, Elainy Morais e Leilson Lopes pela ajuda imprescindível no experimento e, principalmente, ao saudoso professor Dr. José Magno Martins Bringel pela sua eterna orientação. KOCH, E. F. A.; MENTEN, J.O.M. Método alternativo para detecção de Sclerotinia sclerotiorum em sementes de feijoeiro. Summa Phytopathologica, Jaboticabal, v.26, p.276-279, 2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS LEITE, R.M.V.B.C. de. Doenças do girassol. Londrina (PR): EMBRAPA-CNPSo, 1997, 68p. (Circular técnica nº 19). AGUIAR, R. H.; FANTINATTI, J.B.; GROTH, D.; UESBERTI, R. Qualidade física, fisiológica e sanitária de sementes de girassol de diferentes de tamanhos. Revista Brasileira de Sementes, v. 23, n.1, p. 134-139, 21. LEITE, R. M. V. B. de.; BRINGHENTI, A.M.; CASTRO, C. de. (eds.). Girassol no Brasil. Londrina: Embrapa Soja, 25, 641 p. BARGUIL, B.M.; SILVA, I. L. S. S.; OLIVEIRA, S. M. A.; SANTOS, A.M. G.. Fungos associados a sementes de girassol. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PATOLOGIA DE SEMENTES, 8. João Pessoa: CCA/UFPB, 24, 247 p. Palestras e Resumos, p. 147. MENEZES, J. R. Teste de sanidade de feijão. In: SOAVE, J.; WETZEL, M. M. V. S. (eds.). Patologia de sementes. Campinas: Fundação Cargill, 1987, cap. 18, p. 395-45. BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Regras para Análise de Sementes. Brasília, DF, 1992. 364p. PAIVA, S.B.; MENDES, B.M.J.; FRATIN, P.; MENTEN, J.O.M. Avaliação de métodos de detecção de fungos em sementes de girassol (Helianthus annus L.). Summa

Phytopathologica, Piracicaba, v.1, n.34. p.252-259, 1984. WETZEL, M.V. da S. Fungos de armazenamento. In: Soave, J., WETZEL, M.M.V.S. (eds.). Patologia de sementes. Campinas: Fundação Cargill, 1987, cap. 12, p. 26-274.