FRIDA ATIÉ O LUGAR DOS PAIS NA PSICANÁLISE DE CRIANÇAS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Departamento de Psicologia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 02 de março de 1999
FRIDA ATIÉ O LUGAR DOS PAIS NA PSICANÁLISE DE CRIANÇAS Dissertação apresentada ao Departamento de Psicologia da PUC/RJ como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Psicologia. Orientador: Terezinha Féres Carneiro Departamento de Psicologia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 02 de março de 1999
A meus pais A meu irmão A minhas filhas
Agradecimentos - a Terezinha Féres Carneiro, orientadora da dissertação, por sua contribuição e apoio, possibilitando a realização deste trabalho. - a Paulo, interlocutor inestimável, por ter acolhido e discutido com brilho e entusiasmo as idéias desta dissertação. - a Adriana, por seu olhar atento sobre o meu texto, proporcionando a tranqüilidade necessária para a sua elaboração. - a Michel, pelo carinhoso apoio e incentivo. - à CAPES, pela ajuda financeira recebida durante o curso.
RESUMO A questão do lugar dos pais sempre esteve presente nos tratamentos psicanalíticos de crianças. Em sua prática, o analista infantil necessariamente tem que lidar com os pais, já que a criança é totalmente dependente deles, tanto no aspecto objetivo quanto no subjetivo. Assim, a forma como os pais se posicionam é determinante no processo terapêutico do paciente infantil. No entanto, como desde sua origem o modelo técnico de psicanálise infantil se pautou pela análise de adultos, poucas vezes a questão do lugar dos pais foi formalizada teoricamente. A abordagem dessa questão tem variado de acordo com a forma de se conceber a subjetividade, seja como constituída a partir dos impulsos internos inatos ou da relação com o ambiente externo. Alguns autores, como Melanie Klein, a ignoram, enquanto outros, como Winnicott, a julgam importante, mas não a incluem numa matriz teórica formalizada. Porém, considerando a Teoria do Vínculo de Pichon-Rivière, segundo a qual o surgimento de uma doença num membro da família está relacionado com a totalidade do que ocorre dentro dela, torna-se impossível deixar de incluir os pais na terapêutica da criança. Assim, esta dissertação tem por objetivo rever criticamente como na história da psicanálise infantil a questão do lugar dos pais tem sido abordada, e apontar caminhos que poderão ser seguidos quanto à inclusão dos pais nos tratamentos psicanalíticos de crianças.
ABSTRACT The subject of the parents role has always been present in the psychoanalytic treatment of children. In his practice, the psychoanalyst of children has necessarily to deal with the parents, since children are completely dependent on them, both in the objective and subjective aspects. Consequently, the attitude of the parents regarding the therapeutic process is a fundamental factor in its outcome. Nevertheless, the technical model of children psychoanalysis has been based, from the beginning, on the experience of adults psychoanalysis, and the issue of the parents role in the treatment has not been theoretically examined frequently. Some authors, as Melanie Klein, ignore it, while others, like Winnicott, consider it important but do not include it on a formalized theoretical frame. The approach to this matter has varied according to whether the authors conceive the subject determined mainly from innate internal impulses or from the relationship with the human environment. According to Pichon-Rivière Bond Theory, the offspring of a mental disease in a family member is always related to what happens in the family as a whole. From this point of view, it becomes impossible to exclude the parents from our consideration in children psychoanalysis. This thesis has the objective of reviewing critically how the issue of the parents role has been approached in the history of children psychoanalysis, as well as indicating ways which could favor the parents support to their children psychoanalytic treatment.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 1 Capítulo 1. PSICANÁLISE DE CRIANÇAS 1.1. Freud: uma criança é abordada... 9 1.2. Melanie Klein: a técnica do brincar... 18 1.3. Anna Freud: o analista como educador... 30 1.4. Winnicott: a influência do ambiente... 38 1.5. Aberastury: o nascimento de um neo-kleinianismo... 48 Capítulo 2. REDES FAMILIARES, O INCONSCIENTE E A CRIANÇA 2.1. A criança e sua família... 56 2.2. Uma criança adoece: a Teoria do Vínculo... 68 Capítulo 3. O LUGAR DOS PAIS NA PSICANÁLISE DE CRIANÇAS 3.1. Inclusão dos pais... 81 3.2. Experiências clínicas... 90 3.2.1. Primeiro caso: Rosa... 90 3.2.2. Segundo caso: Maria... 100 3.2.3. Terceiro caso: Suzy... 109 Capítulo 4. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS... 122 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 128