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Transcrição:

ISSN 1519-9568 INFORMATIVO MENSAL Ano 1 Número 22 Junho/Julho de 2002 Introdução Este boletim apresenta quatro seções. A primeira seção apresenta o mercado de trabalho da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) no período recente, utilizando os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/DIEESE) e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME/IBGE). A prioridade recai sobre a taxa de desemprego, a ocupação, a PEA, o desemprego segundo sexo, por setores de atividade econômica e posição na ocupação. A segunda seção apresenta uma avaliação complementar do mercado de trabalho brasileiro, metropolitano de São Paulo (RMSP) e de Belo Horizonte. Avalia-se o desemprego de jovens segundo o sexo para o Brasil, o índice de pessoal ocupado na indústria paulista, o desemprego segundo cor para a RMBH, e a jornada de trabalho, também para a RMBH, segundo os setores de atividade econômica. A terceira seção apresenta uma análise dos rendimentos para a RMBH, a RMSP e o Brasil. Considerou-se, nesta seção, a análise do salário mínimo, do rendimento médio real dos ocupados no trabalho principal da RMSP, da diferença entre os rendimentos reais médios dos setores de atividade econômica e segundo a posição na ocupação da RMBH e, por fim, uma comparação entre emprego, rendimento e massa de rendimentos, para a RMBH. Por fim, a seção Opinião analisa a concentração de renda no Brasil nas últimas duas décadas. O índice de GINI brasileiro no período 1979 a 1999 apresenta uma ligeira tendência à elevação, significando uma piora no perfil da distribuição de renda brasileira nesses vinte anos considerados. O desemprego, na RMBH, mantêm-se elevado no primeiro semestre de 2002 Desde o ano de 2000, as taxas de desemprego para a RMBH mantêm-se muito elevadas e relativamente estabilizadas. Considerando o ano de 1996 um índice igual a 100, observa-se que o desemprego cresceu muito nos anos de 1998 e 99, explicado pela redução na ocupação e crescimento da População Economicamente Ativa (PEA) nesses dois anos. A partir de 2000 a ocupação volta a crescer, porém não a um ritmo suficiente (acima do crescimento relativo da PEA) para reduzir o desemprego. Índice de evolução da PEA, da ocupação e do desempregado na RMBH 1996/2002 180 170 160 150 140 130 120 110 100 90 80 Jun97 Jun98 Jun99 Jun00 Jun Jun02 PEA Ocupados Desempregados Índice: média de 1996=100.

Para reforçar o que acabamos de comentar acima, o gráfico a seguir apresenta as taxas de desemprego para Belo Horizonte, para a Região Metropolitana e os demais municípios dessa região para o período 1996 a 2002. Houve uma forte expansão da taxa de desemprego nos anos de 1998 e 99 e, desde então, a taxa tem se mantido relativamente estabilizada para a RMBH. É importante destacar que o desemprego para BH vem caindo lentamente desde 1999 e crescendo ligeiramente para os demais municípios. Nestes, o desemprego, desde 1996, tem crescido a taxas mais elevadas comparativamente a BH, ampliando, assim, a diferença entre o núcleo (BH) e os demais municípios da RMBH, como se pode notar pela linha de tendência (linear). Taxa de desemprego para BH, RMBH e Demais Municípios desta região 1996/2002 23 21 19 17 15 13 11 9 Jun96 Novemb Abril Setembr Fevereiro RMBH Demais Municípios Linear (RMBH) Julho Dez98 Maio Outubro Março Agosto Janeiro Jun Novemb Abril BH Linear (Demais Municípios) Linear (BH) Quando se considera os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, percebe-se que o desemprego para a RMBH está apresentando uma ligeira redução média desde meados do ano de 2000. Neste ano a taxa de desemprego da RMBH apresentou a maior taxa em toda a série considerada (1992 a 2002), aproximando esta de quase 11. Outro destaque importante é que a taxa de desemprego da RMBH caiu e a do Brasil (média das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre) subiu no período junho de 20 a junho de 2002, e neste último mês a taxa da RMBH ficou ligeiramente abaixo da taxa média do Brasil. O gráfico a seguir apresenta a evolução do desemprego para a RMBH e o Brasil desde 1992. Taxa média de desemprego do Brasil e da RMBH 1992/2002 11 10 9 8 7 6 5 4 3 jun/92 jun/93 jun/94 jun/95 jun/96 RMBH Fonte: PME/IBGE, agosto de 2002. jun/97 jun/98 jun/99 jun/00 Brasil jun/ jun/02 O gráfico a seguir apresenta o comportamento da ocupação segundo os principais setores de atividade econômica. Como dito em boletins anteriores, o racionamento de energia de abril a dezembro de 20, significou fortes restrições para dois setores, a saber, indústria e construção civil. Nesses últimos dois anos (junho de 2000 a junho de 2002) o destaque coube ao setor comércio, apresentando uma forte expansão da ocupação. Neste período, os setores de serviços, indústria e outros elevaram um pouco a ocupação, sendo a única exceção o setor da construção civil. Nos últimos dois meses da série (maio e junho de 2002) o destaque quanto ao crescimento da ocupação coube à indústria. Quando se considera a série completa (junho de 1996 a junho de 2002), quatro setores apresentaram expansão e um setor, redução do nível de ocupação. Em ordem decrescente de expansão, tem-se: comércio, serviços, outros e indústria. Por fim, a construção civil, o único a apresentar redução dos ocupados. 2

Índices de ocupação por setores de atividade econômica RMBH 1996/2002 123 118 113 108 103 98 93 88 83 Jun96 Dez96 Jun97 Dez97 Jun98 Dez98 Jun99 Dez99 Jun00 Dez00 Jun Dez Jun02 Indústria C. Civil Comércio Serviços Outros Índice: média de 1996=100. Já o gráfico a seguir apresenta o comportamento dos ocupados segundo a posição na ocupação. O destaque negativo é o elevado crescimento dos assalariados sem carteira de trabalho assinada desde o início do ano de 20. Quando se considera todo o período analisado (junho de 1996 a junho de 2002), a ocupação do setor público foi a que apresentou a menor taxa de crescimento, seguido pelos assalariados com carteira de trabalho, pelos autônomos e os assalariados sem carteira de trabalho. A análise do comportamento das posições na ocupação permite inferir se o mercado de trabalho apresenta maior ou menor precarização do trabalho na região metropolitana. As posições mais precárias na ocupação são as dos autônomos e dos assalariados sem carteira de trabalho assinada, pois são a posições que apresentam menor cobertura social. Como comentado acima, na RMBH as ocupações que mais expandiram desde meados de 1996 foram as dos autônomos e dos assalariados sem a carteira de trabalho assinada. Índice segundo a posição na ocupação RMBH 1996/2002 140 130 120 110 100 90 80 Jun96 Dez96 Jun97 Dez97 Jun98 Carteira St. Público Dez98 Jun99 Dez99 Jun00 Dez00 Jun Sem Carteira Autônomos Dez Jun02 Uma avaliação complementar dos mercados de trabalho da RMBH e do Brasil na década de 90 e início desta Os dois gráficos a seguir apresentam a taxa de desemprego para os jovens de ambos os sexos para as faixas etárias de 15 a 17, 18 e 19 e de 20 a 24 anos. Os dados utilizados foram extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE). A vantagem da PNAD é que ela apresenta os dados já tabulados sobre ocupação e desemprego para as faixas etárias que desejamos, e a desvantagem é que a última pesquisa publicada foi em 1999. O primeiro gráfico apresenta o desemprego masculino; entre 1993 e 1999, o desemprego cresceu para as três faixas etárias. O destaque, negativo, é a elevada taxa de desemprego para todas as idades. Os jovens que se encontram entre 20 e 24 anos (menor desemprego comparativamente às outras duas faixas) apresentaram taxas de quase 20 em 1999, quase três vezes a taxa de desemprego total para o Brasil quando se considera a PME do IBGE (aproximadamente 8 em junho de 2002). Portanto, o desemprego atinge fortemente os jovens homens da RMBH. 3

Taxa de desemprego dos jovens do sexo masculino RMBH 1993/1999 1 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 93 95 97 99 15 a 17 18 e 19 20 a 24 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da PNAD/IBGE, vários anos. Se o desemprego dos homens é muito elevado, o das jovens mulheres é ainda maior para todas as idades estudadas. As jovens também ficaram mais desempregadas de 1993 a 1999. Um fator interessante a considerar é a redução do desemprego feminino entre 1993 e 1995. Esta poderia ser explicada pelo comportamento positivo da economia brasileira nesta época. Taxa de desemprego dos jovens do sexo feminino RMBH 1993/1999 60 50 40 30 20 10 0 93 95 97 99 15 a 17 18 e 19 20 a 24 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da PNAD/IBGE, vários anos. 1 Os dados utilizados foram os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). É importante afirmar que a metodologia para cálculo do desemprego nesta se diferencia ao da PME/IBGE. Utilizamos a PNAD devido à mesma apresentar a desocupação segundo as faixas etárias que desejamos. Quando se avalia o impacto do desemprego segundo a cor, percebe-se que os não brancos são os mais atingidos. O gráfico a seguir apresenta as taxas de desemprego, desde 1996, para brancos e não brancos, para a RMBH. A taxa para os brancos foi mais elevada em 1999 (16,3) e menor em 1996 (10,8). Para a população branca, a taxa de desemprego caiu nos anos de 2000 e de 20. Já a taxa de desemprego para a população não branca está crescendo desde 1996 (menor da série 14,5), atingindo o valor de 20,3 no ano de 20. Neste ano a taxa dos não brancos foi quase 5 pontos percentuais maior que a taxa dos brancos, como podemos perceber no gráfico. Desemprego segundo a cor RMBH 1996/20 22 20 18 16 14 12 10 8 14,5 10,8 15,2 11,7 17,8 13,8 19,4 19,6 16,3 15,8 20,3 15,4 1996 1997 1998 1999 2000 20 Não Branco Branco Um dos temas recorrentes na literatura econômica brasileira dos anos 90 foi o impacto da abertura comercial (fim das restrições legais para importar, redução dos impostos sobre importação e de 1994 a 1998, valorização cambial) sobre o emprego na indústria. O gráfico a seguir apresenta a evolução da ocupação na indústria paulista de janeiro de 1975 até janeiro de 2002. Considerando o ano de 1975 como referência (índice: 1975=100), a ocupação na indústria paulista em janeiro de 2002 é quase 25 menor comparativamente ao ano de 1975. O destaque é a redução contínua da ocupação durante quase toda a década de 90. A ocupação pára de cair somente após a desvalorização cambial no início de 1999, como podemos ver no canto direito do gráfico a seguir. É importante afirmar que a redução da ocupação não pode ser explicada única e exclusivamente pela abertura comercial e valorização cambial, mas também pelo processo de desconcentração industrial a partir do Estado de São Paulo. 4

Índice de pessoal ocupado na indústria de São Paulo (FIESP) 1975/2002 1975 1978 1981 1984 1987 1990 1993 1996 Pessoal Ocupado - índice FIESP 1999 2002 Fonte: FIESP, Levantamento de Conjuntura, março de 2002. Quando se consideram as horas semanais trabalhadas, pelos ocupados no trabalho principal, segundo os setores de atividade econômica, o destaque é o setor comércio, com a mais elevada média em horas trabalhadas em semanas, e o único setor que excede a jornada de 44 horas semanais, variando de um mínimo de 46 horas semanais, em 1997, até 48 horas em 20. A recuperação do setor comércio é significativa em 20, pois, como visto em gráfico anterior, houve forte recuperação da ocupação nesse ano, e somado à elevação das horas trabalhadas, sinaliza maior estabilidade na recuperação desse setor. A recuperação da indústria é mais incerta, pois, apesar de elevar o nível ocupacional em 20, as horas trabalhadas nesse setor caíram em duas horas semanais, de 44 para 42. O setor da construção civil é o que apresenta a maior estabilidade em horas trabalhadas desde 1998, mantendo-se em 43 horas semanais. Por fim, o setor serviços é o que apresenta a menor média em horas trabalhadas semanais, oscilando entre 40 horas para os anos de 1997 e 1998 e 41 horas para os demais anos considerados pela série. Segundo a PED (2002), o setor comércio contribuiu em 20 com 15,1 do total dos ocupados e a construção civil com 7,2. Para o conjunto da RMBH, em 20 o número médio de horas trabalhadas pelos ocupados no trabalho principal se elevou comparativamente a 2000, pois a redução relativa das horas trabalhadas na construção civil foi menor comparativamente à elevação das horas trabalhadas no comércio. Horas semanais trabalhadas segundo os setores de atividade econômica RMBH 1996/20 Horas Semanais 48 46 44 42 40 38 1996 1997 1998 1999 2000 20 Indústria C. Civil Comércio Serviços Quando se considera o percentual de trabalhadores, no trabalho principal, que excede a jornada de trabalho, segundo o setor de atividade econômica, o destaque continua com o setor comércio, pois o mesmo apresenta a mais elevada média percentual de trabalhadores que excedem a jornada de 44 horas, situando-se entre 57 (em 1998) a 59 (em 1996). Uma explicação para a extensa jornada no setor comércio pode ser encontrada nos baixos salários fixos pagos e nas variáveis comissões de vendas, obrigando os trabalhadores desse setor a excederem a jornada com o intuito de ampliarem a remuneração. Desde 1996 a construção civil vem apresentando uma contínua redução desse percentual que, quando associado à queda dos ocupados em 2000 e 20, demonstra a crise desse setor na RMBH. A indústria está apresentando queda do percentual dos trabalhadores que excedem a jornada legal desde 1999, e em 20 apresentou a menor média em todo o período considerado. Também neste quesito o setor serviços apresenta as menores médias comparativamente aos demais setores. 5

Percentual de trabalhadores que excedem a jornada legal de trabalho segundo os setores de atividade econômica RMBH 1996/20 Trabalha + que a Jornada 65 60 55 50 45 40 35 30 1996 1997 1998 1999 2000 20 Indústria C. Civil Comércio Serviços Avaliação dos rendimentos para a RMBH, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e Brasil O índice do rendimento real médio, do trabalho principal, para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) está apresentado no gráfico a seguir. Considerando o ano de 1985 enquanto um índice igual a 100, em janeiro de 20 o rendimento real médio era, aproximadamente, 43 menor comparativamente ao rendimento de 1985. Considerando o período 1991 a 20, o rendimento real médio cresceu nos anos de 1992 e 1993, caiu em 1994 e voltou a crescer entre os anos de 1995 a 1997. Desde então o rendimento vem apresentando uma nítida tendência à queda, como podemos observar no gráfico. Índice do rendimento médio real do trabalho principal na RMSP 1991/20 75 73 71 69 67 65 63 61 59 57 55 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 20 Rendimento Médio Real 1985=100 Fonte: elaboração IPEA, agosto de 2002. Os dados são da Fundação SEADE/DIEESE. O gráfico a seguir apresenta o comportamento, para a década de 90, do salário mínimo brasileiro. Uma primeira conclusão refere-se à grande alteração do valor real desse salário, quando o Brasil apresentava índices inflacionários muito elevados, como se pode observar pelas bruscas reduções e elevações no período de janeiro de 1991 a meados de 1994. A partir de então, as reduções e elevações tornaramse menos bruscas e o salário mínimo apresentou uma nítida tendência à elevação de seu valor médio real, como se pode observar pela linha de tendência. Os principais motivos desta elevação devem-se ao fato do salário mínimo se encontrar, no início da década de 90, em patamares baixíssimos comparativamente ao patamar estabelecido quando de sua criação pelo governo Getúlio Vargas, e ao fator político, neste caso a pressão da sociedade e de partidos políticos para a elevação do mesmo. Em Reais 220 200 180 160 140 120 100 Salário mínimo real Brasil 1991/2002 80 1991 1992 1993 1994 1995 Salário Mínimo Real 1996 1997 1998 1999 2000 20 2002 Linear (Salário Mínimo Real) Fonte: IPEA, julho de 2002. Deflator: ICV-RJ/FGV até fevereiro de 1979 e INPC/IBGE a partir de março de 1979. Valores em Reais de maio de 2002. Quanto aos rendimentos da RMBH, no período recente, o próximo gráfico destaca o distanciamento dos rendimentos reais médios de três setores de atividade econômica do valor médio, em termos reais, dos rendimentos dos assalariados do setor privado desta região metropolitana. A primeira observação relevante refere-se às diferenças de rendimento real médio dos três setores de atividade considerados. O rendimento real médio da indústria é superior aos rendimentos dos setores serviços e comércio. Como segunda observação, os rendimentos reais médios da indústria e do comércio apresentam nítida tendência à redução desde 1996, e os rendimentos do setor serviços apresentam 6

elevação em termos reais, para o mesmo período considerado. Por fim, os rendimentos reais pagos ao setor de serviços se aproximaram do valor médio real pago dos rendimentos médios dos assalariados do setor privado da RMBH, e os rendimentos reais médios do comércio estão se distanciando deste rendimento real médio dos ocupados. Diferença percentual entre os rendimentos reais médios dos setores de atividade econômica do rendimento real médio dos assalariados do setor privado da RMBH 1996/2002 25 15 5-5 -15-25 Maio96 Nov96 Maio97 Nov97 Indústria Serviços Linear (Serviços) Maio98 Nov98 Maio99 Nov99 Maio00 Nov00 Maio Nov Maio02 Comércio Linear (Indústria) Linear (Comércio) Inflator utilizado: IPCA-BH (IPEAD), valores em Reais de maio de 2002. As diferenças entre os rendimentos dos assalariados com e sem carteira de trabalho, em termos reais médios, da média dos rendimentos dos assalariados do setor privado, na RMBH, estão apresentados no gráfico a seguir. O primeiro destaque é a enorme distancia dos rendimentos dos assalariados sem carteira dos valores médios recebidos pelos assalariados do setor privado na RMBH. O segundo destaque é o crescimento dos rendimentos dos que não assinam a carteira no período 1996 a 2002. Já o rendimento dos que assinam, vem apresentando redução, como se pode notar pelas linhas de tendência apresentadas. Por fim, o rendimento dos que não assinam a carteira de trabalho tem crescido fortemente no período mais recente (final do ano de 2000 em diante), decorrência, como visto anteriormente, da crise do emprego formal da RMBH. Diferença percentual entre os rendimentos reais médios daqueles que assinam e não assinam a carteira de trabalho, dos rendimentos reais médios dos assalariados do setor privado da RMBH 1996/2002 4-6 -16-26 -36-46 Maio96 Nov96 Maio97 Assinada Linear (Não Assinada) Nov97 Maio98 Nov98 Maio99 Nov99 Maio00 Nov00 Maio Nov Maio02 Não Assinada Linear (Assinada) Inflator utilizado: IPCA-BH (IPEAD), valores em Reais de maio de 2002. O quadro a seguir apresenta o rendimento real médio dos ocupados dos no trabalho principal, segundo quatro faixas de escolaridade. O primeiro destaque, negativo, é a redução do rendimento em todas as quatro faixas. O segundo destaque é que a redução foi menor para a faixa de menor escolaridade (1º grau incompleto, redução de 8,2) e para a de maior escolaridade (3º grau completo, redução de 18,6). As demais faixas apresentaram redução acima de 20. Rendimento real médio dos ocupados no trabalho principal, segundo faixas de escolaridade, da RMBH 1996/2002 1 grau incompleto 1 grau completo + 2 incompleto 2 grau completo + 3 incompleto 3 grau completo Maio96 399,98 586,93 992,61 2235,63 Maio97 420,94 584,06 947,38 2147,40 Maio98 400,79 551,72 867,62 1990,44 Maio99 378,45 449,99 809,27 1941,29 Maio00 368,06 473,89 717,15 1767,76 Maio 371,42 472,49 720,55 20,04 Maio02 367,00 454,79 678,87 1819,31 Inflator utilizado: IPCA-BH (IPEAD), valores em Reais de maio de 2002. 7

Por fim, mas não menos importante, o gráfico a seguir compara o comportamento do emprego, do rendimento real e da massa de rendimentos, para a RMBH, no período de 1996 a 2002. O rendimento real médio apresentou uma trajetória declinante entre maio de 1996 a maio de 2000. Esboçou uma reação até maio de 20 e, infelizmente voltou a cair ligeiramente na comparação entre maio de 2002 e de 20. Já o emprego vem apresentando uma nítida tendência de crescimento desde maio de 1999, garantindo, assim, uma recuperação, ainda que parcial, da massa de rendimentos em nossa região metropolitana. Comparação entre a evolução do emprego, do rendimento real médio e da massa de rendimentos da RMBH 1996/2002 120 115 110 105 100 95 90 85 80 Maio96 Nov96 Maio97 Nov97 Maio98 Nov98 Maio99 Nov99 Maio00 Nov/00 Maio Nov Maio02 Emprego Rendimento Real Massa Rendimentos Inflator utilizado: IPCA-BH (IPEAD), valores em Reais de maio de 2002. Opinião O índice de GINI para o Brasil nessas últimas duas décadas Um dos maiores problemas da sociedade brasileira contemporânea é a extrema concentração de renda. Apresentamos a seguir a evolução do índice de GINI brasileiro no período que se estende de 1979 até o ano de 1999. Esse índice mede a concentração de renda de uma sociedade. Se ele for igual à unidade, significa que uma pessoa apenas absorve toda a renda da sociedade, e se for igual a zero todas as pessoas ganham uma renda idêntica. Nesses vinte anos apresentamos poucos avanços. Na década de 80 a economia brasileira cresceu, em média, 3,5 ao ano, segundo os dados do IBGE, e apresentou taxas de desemprego muito reduzidas. Porém, nesta década observamos uma tendência clara à ampliação da concentração de renda, e esta pode ser explicada parcialmente pela impressionante elevação dos níveis inflacionários neste período. Em 1989 apresentamos o mais elevado índice de GINI nesses vinte anos de nossa série. Desde então presenciamos uma redução lenta deste índice. Em 1992, durante o governo Collor, apresentamos o menor índice GINI e um dos motivos explicativos para tal deve-se ao bloqueio dos ativos junto ao sistema financeiro e uma conseqüente desvalorização destes ativos. Significa dizer que os ricos ficaram menos ricos devido aos bloqueios realizados pelo governo no período. Durante o Plano Real presenciamos uma grande estabilidade do índice e ainda não podemos afirmar que existe uma tendência à redução da mesma. Concentração de renda no Brasil Índice de GINI 1979/99 0,64 0,63 0,62 0,61 0,6 0,59 0,58 0,57 0,56 79 8182 83 8485 86 8788 89 9092 93 9596 97 9899 GINI Brasil Linear (GINI Brasil) Fonte: IBGE, março de 2002. 8

Sobre o gráfico anterior, quando se considera a curva de tendência (linha de tendência), observa-se que a concentração de renda se elevou nos vinte anos considerados pela série. André Mourthé de Oliveira, pesquisador do IRT e professor da PUC Minas. IRT - Instituto de Relações do Trabalho PUC Minas - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Av. Brasil 2023/8º andar Belo Horizonte MG CEP: 340-002 Tel: (0xx31) 3269 3233 - Fax: (0xx31) 3269 3239 E-mail: irt@pucminas.br Home page: www.pucminas.br/irt Diretor Antonio Carvalho Neto Responsáveis André Mourthé de Oliveira e Duval Magalhães Fernandes Editoração Eletrônica e Diagramação André Mourthé de Oliveira Logomarca Karin Hackner e Gleise Marino Secretaria Maria Auxiliadora Ramos 9