Necessidade urgente de uma legislação que regule o autoconsumo. Jorge Borges de Araújo

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Transcrição:

0 Necessidade urgente de uma legislação que regule o autoconsumo Jorge Borges de Araújo

1 Agenda 1. Contexto atual 2. Projecto decreto-lei resumo comentários APESE 3. Caso de estudo 4. Notas finais

2 APESE Associação Portuguesa de Empresas de Serviços de Energia: Associação empresarial sem fins lucrativos Constituída em Abril de 2011 Empresas associadas:

Potência Instalada (MW) Tarifa ( /kwh) 3 1. Microgeração - Contexto [2007 2014] Redução das tarifas de bonificação e respetivas cotas para a micro e minigeração em Portugal; Microgeração Solar Ano Potência Instalada (MW) Tarifa ( /KWh) 2007-0,6500 2008 1,786 0,6175 2009 12,375 0,5866 2010 19,189 0,5573 2011 29,898 0,4000 0,7000 0,6000 0,5000 0,4000 0,3000 0,2000 0,1000 0,0000 2012 17,697 0,3800 / 0,3260 2013 9,377 0,1960 2014 1,716 0,0660 Ano de Ligação 40 30 20 10 0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Ano de Ligação Fonte: http://www.renovaveisnahora.pt/ Decreto-Lei n.º 118-A/2010 Decreto-Lei n.º 25/2013

Potência (MW) Tarifa ( /kwh) 4 1. Minigeração - Contexto [2011 2014] Minigeração Solar Ano Potência Instalada (MW) Cota (MW) Tarifa Base ( /KWh) Tarifa Último Leilão ( /KWh) 2011 0,046 45 0,2500 0,2499 2012 20,829 30 0,2150 0,1249 2013 25,076 39,8 0,1510 0,1129 2014 8,325 30,35 0,1060 0,1059 50 0,3000 40 30 20 10 0 2011 2012 2013 2014 Ano Potência Instalada (MW) Cota Disponível (MW) 0,2500 0,2000 0,1500 0,1000 0,0500 0,0000 2011 2012 2013 2014 Ano Tarifa Base ( /kwh) Fonte: http://www.renovaveisnahora.pt/ Decreto-Lei n.º 34/2011 Decreto-Lei n.º 25/2013

5 1. Miniprodução Escalão I [2013 Vs 2014] 2014 2013 Fonte: http://www.renovaveisnahora.pt/ Decreto-Lei n.º 34/2011 Decreto-Lei n.º 25/2013

6 1. Miniprodução Escalão II [2013 Vs 2014] 2014 2013 Fonte: http://www.renovaveisnahora.pt/ Decreto-Lei n.º 34/2011 Decreto-Lei n.º 25/2013

7 1. Miniprodução Escalão III [2013 Vs 2014] 2014 2013 Fonte: http://www.renovaveisnahora.pt/ Decreto-Lei n.º 34/2011 Decreto-Lei n.º 25/2013

8 1. Contexto [Últimos 20 anos] Aumento acentuado do custo do kwh eléctrico Segmento Doméstico / Residencial Preço médio da electricidade 2013 0,208 /kwh Segmento Industrial Preço médio da electricidade 2013 0,142 /kwh Fonte: http://www.pordata.pt/

9 1. Contexto [Posição Governamental] 1. Renovada intenção favorável às renováveis e eficiência energética; 2. Metas ambiciosas, mas cegas, falta de plano exequível para chegar às metas; 3. Posições contraditórias quanto a políticas de redução de consumo, defende-se a ideia da redução de consumo mas sem capacidade para encontrar soluções de redução de receita do sistema.

10 1. Benefícios Como principais vantagens de uma instalação em autoconsumo: 1. Redução directa da factura eléctrica; 2. Utilização de uma fonte renovável com 100% de energia limpa, sem poluição; 3. Independência energética: garantia de fornecimento de energia eléctrica; 4. Produção descentralizada: Energia autónoma sem dependência energética exterior; Solução energeticamente e economicamente optimizada: redução de perdas e custos com a transmissão e distribuição de energia. E ainda

11 1. Benefícios (continuação) 5. Criação de emprego qualificado; 6. Impulso no sector tecnológico: soluções vs mercado; 7. Promoção para a eficiência energética, bem como para uma sociedade activa e sustentável.

12 2. Projeto decreto-lei: resumo comentários APESE 1. O projecto de decreto-lei proposto que estabelece o regime jurídico aplicável à produção de eletricidade para autoconsumo e à produção de eletricidade por intermédio de instalações de pequena potência a partir de recursos renováveis, de acordo com a análise da APESE: É construtivo e positivo para o mercado da energia;

13 2. Projeto decreto-lei: resumo comentários APESE 2. A APESE considera, no entanto, fundamental para o sucesso da aplicação deste decreto-lei que: Simplificação do processo para instalações até 1,5 kw de potencia instalada, sujeitando apenas a mera comunicação prévia; Todos os documentos que são essenciais para a operacionalização do novo Decreto-Lei deverão ser publicados em tempo útil e preferencialmente em simultâneo para possibilitar de forma imediata a cabal concretização do disposto no Decreto-Lei, designadamente: Regulamento Técnico e de Qualidade; Regulamento de Inspeções e Certificação; Lei n.º [ ]/2014, de [ ], que aprova os requisitos de acesso e exercício da atividade das entidades e profissionais responsáveis pelas instalações eléctricas; Portal SRUP;

14 2. Projeto decreto-lei: resumo comentários APESE A remuneração da energia proveniente da UPAC, prevista no artigo 24º, deverá ser alterada para preço de mercado como referencia, isto é, a fórmula de referência não deverá ser afetada do coeficiente 0,9; Para as UPAC s deveria haver a possibilidade dos clientes prescindirem da injeção na rede e optarem por um sistema isolado da rede; O limite anual de atribuição de potencia definido para as UPP s neste projeto lei aponta para 20MW ano, pelo que deveria ser revisto para 20MW para cada um dos escalões que atualmente existem na mini; A compensação prevista para as UPAC no artigo 25º (CIEG) deveria ser nula pelo facto do investimento no autoconsumo beneficiar de forma geral o sistema e potenciar o alcance das metas da política energética definida no PNAEE/ PNAER;

15 3. Caso de estudo Análise económica de uma instalação em autoconsumo Considerações: Tarifa considerada:0,16 /kwh

16 3. Caso de estudo Balanço energético Consumo Produção Poupança 1013 MWh/ano 176 MWh/ano 17,5 % 158 k /ano 28 k /ano Considerações: Tarifa considerada 0,16 /kwh FV injectado na rede de consumo

17 4. Notas Finais 1. O modelo de autoconsumo é novo para Portugal, o que implica mudança de paradigma para as empresas do setor e tipologia de cliente; 2. Sendo algo novo demora tempo até ter a penetração no mercado pretendida; 3. O mercado necessita, portanto, que esta regulamentação seja rápida, simples e eficaz; 4. Seja suficientemente atraente para consumidor/cliente, sistema energético e empresas do sector; 5. Fundamental haver alguma estabilidade legislativa; O resto, fazem as empresas!

18 Obrigado Jorge Borges de Araújo Presidente www.apese.pt