478 PRODUÇÃO DE MILHO VERDE NA SAFRA E NA SAFRINHA EM SETE LAGOAS MG Vivianne Paulino Vasconcelos Costa (1), Michel Anderson Silva Lourenço (1), Iran Dias Borges (2), José Francisco Braga Neto (1), Jacson Antunes Almeida Machado (1) e Luanna Luiza Barboza Moraes (1) 1. Introdução O milho é utilizado pelos humanos para diversas finalidades deste a época do Brasil colônia. Atualmente, representa um dos principais cereais cultivados em todo o mundo, fornecendo produtos largamente utilizados para a alimentação humana, animal e matériasprimas para a indústria, principalmente em função da quantidade e da natureza das reservas acumuladas nos grãos (Fancelli & Dourado Neto, 2000). Dentre esses inúmeros usos encontram-se o seu consumo in natura, no ponto de fase leitosa, conhecido como ponto de milho verde. Nesse ponto ou próximo a esse, é possível o consumo direto após cozimento da espiga, ou o preparo de pratos como pamonha, curau, bolos, sorvetes e outros (Sawasaki et al., 1979). O milho verde refere-se ao milho colhido e consumido fresco, enquanto os grãos estão macios (70 a 80% de umidade) e antes da total conversão do açúcar em amido (Courter et al., 1988). Produtores consideram o milho verde fonte adicional de renda, pois apresenta valor comercial superior ao milho comercializado na forma de grãos (Caniato et al., 2004). Em 2013, foram comercializadas cerca de 110 mil toneladas de espigas de milho dentado no Brasil, movimentando em torno de 89 milhões de reais. Esse valor representa 6% do volume total de hortaliças-fruto comercializadas no país, classificando o milho-verde como a 10ª hortaliça mais produzida no Brasil (Prohort, 2014). Com tudo, o elevado preço das sementes e a utilização das mesmas para uma melhor eficiência da atividade agrícola é de muita importância a identificação de cultivares apto à produção de milho verde. Adequando a sua região. O objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de milho, em duas épocas de semeadura (safra e safrinha), para a produção de milho verde na região central de Minas Gerais. (1) Estudantes de Graduação da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), Sete Lagoas MG. E-mails: vivivasconcelos1@hotmail.com; michel.biologia@hotmail.com; franciscoufsj@hotmail.com; jacsonaam@gmail.com; luannaluiza25@yahoo.com.br (2) Professor adjunto da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), Sete Lagoas MG. E-mail: idb@ufsj.edu.br
479 2. Material e Métodos O experimento foi conduzido na safra 2016/2017 na área experimental Núcleo de Difusão e Conhecimento Tecnológico (NDTA) da Universidade Federal São João Del Rei, campus de Sete Lagoas (UFSJ-CSL) e na área experimental UFSJ/EMBRAPA na safrinha 2017 em Sete Lagoas - MG. O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho Distrófico (Embrapa, 1999). O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com três repetições e os tratamentos dispostos em esquema fatorial 10 x 2 (cultivares: 4600RR2, AG9025PR03, AG8070PR03, DKB310PR02, AG8690PR03, AG8780PR03, 3700RR2, 30F53VYHR, AG1051 e RR5346) x (épocas: safra e safrinha). A semeadura foi realizada na safra no dia 17/11/2016 e na safrinha no dia 27/01/2017. No preparo do solo foi aplicado 450 kg ha -1 do fertilizante NPK 04-14-08, seguido de incorporação. No estádio V5 foi realizada adubação de cobertura com 500 kg ha -1 de 20-00- 20 e 300 kg ha -1 com sulfato de amônio nas duas épocas. As parcelas foram constituídas por três linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,7 m e densidade de 60.000 plantas ha -1. Após a colheita foram avaliados os seguintes parâmetros agronômicos: i) peso com palha das espigas; ii) peso sem palha; iii) número de espigas; iv) número de grãos na fileira; v) número de fileiras de grãos; vi) comprimento de espiga; vii) diâmetro de espiga; e viii) número de grãos por espiga. Os resultados foram submetidos a análise de variância com auxílio do programa estatístico SISVAR. Para diferenças significativas identificadas pelo teste F, aplicou-se o teste de médias de Scott-Knott a 5% de probabilidade. 3. Resultados e Discussão Os pesos de espigas com palha e sem palha e o diâmetro de espigas não foram influenciados pelas cultivares e pelas épocas. Para o número de espigas, número de fileiras de grãos, número de grãos na fileira, número de grãos por espiga e comprimento de espigas, observou-se interação significativas entre cultivares e épocas de semeadura. Na safra as cultivares não se diferenciaram quanto ao número de espigas. Na safrinha as cultivares AG8780PRO3, 3700RR2, AG9025PRO3, 30F53VYHR, AG8690PR03 e AG8070PR03 tiveram médias acima de 52 espigas, foram semelhantes entre si e superiores as demais cultivares. A cultivar DKB310PRO2 teve maior número de espigas na safra do que na safrinha (Tabela 1).
480 Tabela 1. Valores médios de espigas obtidas em duas linhas de 5 metros de cultivares de milho em duas épocas. UFSJ, Sete Lagoas - MG, 2017. AG1051 41,00 Aa 39,30 Ab 40,16 b RR5346 49,66 Aa 40,66 Ab 45,16 b AG8780PR03 51,00 Aa 54,00 Aa 52,50 b 4600RR2 53,33 Aa 49,33 Ab 51,33 b DKB310PR02 61,67 Aa 40,30 Bb 51,00 b 3700RR2 58,00 Aa 53,33 Aa 55,66 a AG9025PR03 62,00 Aa 52,00 Aa 57,00 a 30F53VYHR 62,00 Aa 59,33 Aa 60,66 a AG8690PR03 64,67 Aa 61,33 Aa 63,00 a AG8070PR03 61,00 Aa 70,66 Aa 65,83 a 56,43 A 52,03 A 54,23 seguidas da mesma letra minúscula na coluna e mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si Para o número de grãos por fileira, pode se observar que na safra as cultivares tiveram maior média do que na safrinha. Contudo, tanto na safra como na safrinha, as cultivares foram semelhantes entre si. Já as cultivares RR5346, DKB310PR02 e 30F53VYHR proporcionaram mais grãos na fileira na safra do que na safrinha (Tabela 2) mostrando que na safra as espigas foram mais compridas que na safrinha tendo um melhor enchimento de grão. Tabela 2. Valores médios de número de grãos por fileira por espiga obtido de cultivares de milho em duas épocas. UFSJ, Sete Lagoas - MG, 2017. AG1051 38,13 Aa 28,70 Aa 33,41 a RR5346 42,66 Aa 25,40 Ba 34,03 a AG8780PR03 31,40 Aa 27,56 Aa 29,43 a 4600RR2 33,93 Aa 25,40 Aa 30,35 a DKB310PR02 36,40 Aa 22,46 Ba 29,43 a 3700RR2 31,73 Aa 26,76 Aa 29,25 a AG9025PR03 31,13 Aa 26,40 Aa 28,76 a 30F53VYHR 35,60 Aa 24,76 Ba 30,18 a AG8690PR03 32,93 Aa 27,44 Aa 30,20 a AG8070PR03 27,60 Aa 26,43 Aa 27,01 a 34,15 A 26,27 B 30,21 seguidas da mesma letra minúscula na coluna e mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si
481 O número de fileiras de grãos na safra foi superior estatisticamente ao da safrinha apresentou, sendo que as cultivares tiveram desempenho semelhante em ambas as épocas de plantio. Já a cultivar 4600RR2 proporcionou maior número de fileiras de grãos na safra do que na safrinha (Tabela 3). Tabela 3. Valores médios de número de fileiras de grãos por espiga obtido de cultivares de milho em duas épocas. UFSJ, Sete Lagoas - MG, 2017. AG1051 16,33 Aa 15,73 Aa 16,03 a RR5346 15,60 Aa 15,80 Aa 15,70 a AG8780PR03 16,86 Aa 16,13 Aa 16,50 a 4600RR2 16,93 Aa 14,86 Ba 15,90 a DKB310PR02 17,06 Aa 16,66 Aa 16,86 a 3700RR2 18,06 Aa 17,13 Aa 17,60 a AG9025PR03 14,53 Aa 13,46 Aa 14,00 b 30F53VYHR 16,40 Aa 16,53 Aa 16,47 a AG8690PR03 17,13 Aa 15,33 Aa 16,23 a AG8070PR03 16,53 Aa 16,13 Aa 16,33 a 16,54 A 15,70 B 16,16 seguidas da mesma letra minúscula na coluna e mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si Na safrinha, as cultivares tiveram comprimento de espigas semelhante entre si. Na safra, as cultivares RR5346, AG8780PRO3, 4600RR2, DKB310PRO2 AG9025PRO3, 30F53VYHR e AG8690PRO3 proporcionaram espigas mais compridas que as demais, com destaque para as cinco primeiras. Pode-se observar (Tabela 4) que na safra as cultivares tiveram um maior comprimento quando comparado à safrinha com mais de 17,4 cm. Para o número de grãos por espiga (Tabela 5), tanto na safra como na safrinha as cultivares tiveram desempenho semelhante entre si. Contudo, proporcionaram mais grãos na safra que na safrinha, notadamente para as cultivares AG1051, RR5346, 4600RR2 e DKB310PRO2. A safra teve médias de 564,83 e a safrinha de 411,81 mostrando que as espigas na safra tiverem maior tamanho assim tendo maior quantidade de grãos. Segundo Farinelli et al. (2003), a quantidade de grãos na safra tem que ser superior devido a quantidade de água disponível quando comparado com a safrinha que tem déficit hídrico assim confirmando os dos apresentados. E as cultivares AG1051, RR5346, 4600RR2 tiveram melhor desempenho na safra quando comparadas com a safrinha.
482 Tabela 4. Valores médios de comprimento de espiga (cm) de cultivares de milho obtido nas duas épocas. UFSJ, Sete Lagoas - MG, 2017. AG1051 16,26 Ab 15,73 Aa 16,00 b RR5346 17,86 Aa 15,86 Ba 16,86 a AG8780PR03 17,36 Aa 17,53 Aa 17,45 a 4600RR2 19,40 Aa 16,76 Ba 18,03 a DKB310PR02 18,86 Aa 15,76 Ba 17,31 a 3700RR2 15,60 Ab 14,90 Aa 15,25 b AG9025PR03 18,16 Aa 16,96 Aa 17,56 a 30F53VYHR 17,86 Aa 14,76 Ba 16,31 b AG8690PR03 17,40 Aa 15,60 Aa 16,50 b AG8070PR03 16,23 Ab 16,26 Aa 16,25 b 17,50 A 16,01 B 16,76 seguidas da mesma letra minúscula na coluna e mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si Tabela 5. Valores médios de número de grãos por espiga obtido nas duas épocas. UFSJ, Sete Lagoas - MG, 2017. AG1051 627,36 Aa 437,83 Ba 532,60 a RR5346 664,90 Aa 397,96 Ba 531,43 a AG8780PR03 529,60 Aa 435,00 Aa 440,58 a 4600RR2 575,23 Aa 384,90 Ba 480,06 a DKB310PR02 621,76 Aa 378,76 Ba 500,26 a 3700RR2 574,33 Aa 459,63 Aa 516,96 a AG9025PR03 452,00 Aa 363,23 Aa 407,61 a 30F53VYHR 584,06 Aa 413,20 Aa 498,63 a AG8690PR03 564,33 Aa 421,20 Aa 492,76 a AG8070PR03 454,80 Aa 426,36 Aa 440,58 a 564,83 A 411,81 B seguidas da mesma letra minúscula na coluna e mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si 4. Conclusões Espigas de milho tiveram melhor desenvolvimento na safra que na safrinha em Sete Lagoas - MG, com maior tamanho e número de grãos. As cultivares 3700RR2, AG9025PRO3, 30F53VYHR, AG8690PR03 e AG8070PR03, independentemente da época de semeadura, proporcionam maior número de espigas em relação às demais.
483 Agradecimentos À FAPEMIG pelo apoio financeiro e à Dekalb/Monsanto pelo incentivo. À UFSJ/PPGCA pelo apoio e incentivo. Referências CANIATO, F.F.; GALVÃO, J.C.C.; FINGER, F.L.; RIBEIRO, R.A.; MIRANDA, G.V.; PUIATTI, M. Composição de açúcares solúveis totais, açúcares redutores e amido nos grãos verdes de cultivares de milho na colheita. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v.3, p.38-44. 2004. COURTER, J.W.; RHODES, A.M.; GARWOOD, D.L.; MOSELY, P.R. Classification of vegetables corns. HortScience, Stacks, v.23, p.449-450. 1988. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Serviço de Produção de Informação, 1999. 412p. FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Produção de milho. Guaíba: Agropecuária, 2000. 360p. FARINELLI, R.; PENARIOL, F.G.; BORDIN, l.; COICEV, l.; FILHO, D.F. Desempenho agronômico de cultivares de milho nos períodos de safra e safrinha. Bragantia, Campinas, v.62, n.2, p.235-241, 2003. PROHORT. Programa brasileiro de modernização do mercado hortigranjeiro; (2014). Disponível em: http://dw.prohort.conab. gov.br/pentaho/prohort. Acesso em: 20 out. 2014. SAWASAKI, E.; POMMER, C.V.; ISHIMURA, I. Avaliação de cultivares de milho para utilização no estádio de verde. Revista Ciência e Cultura, Campinas, v.31, n.11, p.1297-1302, 1979.