OXIDAÇÃO POR PLASMA ELETROLÍTICO EM LIGAS DE ALUMÍNIO CARACTERIZAÇÃO ELETROQUÍMICA

Documentos relacionados
Comportamento em desgaste para revestimentos obtidos por eletrodeposição por plasma eletrolítico em liga de alumínio

Márcio Fernando Thomas¹, Fabio dos Santos Silva¹, Valter Florencio¹, Wilson José Biguetti¹, Emmanuelle Sa Freitas¹, ²

EFEITO DO REVESTIMENTO A BASE DE CONVERSÃO A BASE DE CERIO SOBRE O COMPORTAMENTO DE CORROSÃO DA LIGA DE MAGNESIO AZ91D

AVALIAÇÃO DO EFEITO DE INIBIDORES NA RESISTÊNCIA A CORROSÃO DE AÇO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ELETRODEPOSIÇÃO DE FILMES DE POLIPIRROL EM MEIO ORGÂNICO CONTENDO ÁCIDO FOSFÓRICO. Rua Pedro Vicente, 625, , Canindé, São Paulo

Blucher Chemistry Proceedings 4º Encontro Nacional de Química Novembro de 2015, Volume 3, Número 1

UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS ELETROQUÍMICAS NA INVESTIGAÇÃO DA CORROSÃO DO Al E DA LIGA Al- 0,3%Si.

22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil

AVALIAÇÃO DA ESPESSURA, DUREZA E RESISTÊNCIA A CORROSÃO DE UMA CAMADA ANÓDICA COLORIDA


Raquel Guimarães Lang 1, Caroline Cruz Cézar Machado¹, Paula Marques Pestana¹, Felipe Bertelli¹, Emmanuelle Sá Freitas 1, 2

ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO DO SUBSTRATO DE ALUMÍNIO AO TRATAMENTO POR PLASMA ELETROLÍTICO


INFLUÊNCIA DO PROCESSO GALVANOSTÁTICO NA ANODIZAÇÃO E COLORIMENTO DE UMA LIGA DE ALUMÍNIO

EFEITO RAMPA DA TENSÃO NO PROCESSO DE ANODIZAÇÃO. M. P. dos SANTOS; N.N. Regone UNESP, Campus de São João da Boa Vista


Uso de revestimento de conversão à base de zircônio em substituição ambientalmente correta aos processos de cromatização e fosfatização

ESTUDO DA CORROSÃO DO Al RECICLADO DA INDÚSTRIA DE BEBIDAS

ESTUDO DO COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DE AMOSTRAS DE AÇO INOXIDÁVEL E DE TI (CP) COM DIFERENTES TIPOS DE REVESTIMENTO

AUMENTO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE ELETROZINCADOS COM PRODUTOS ECO-COMPATÍVEIS

22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil

ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DO BENZOTRIAZOL COMO ADITIVO PARA A FOSFATIZAÇÃO DE AÇO CARBONO

a. UNESP, Sorocaba, São Paulo b. UDESC, Joinville, São Paulo *Corresponding author,

PRODUÇÃO DE REVESTIMENTOS DE LIGAS METÁLICAS Cu-Sn POR ELETRODEPOSIÇÃO EM MEIO DE CITRATO DE SÓDIO

ANÁLISE DOS EFEITOS DA CORROSÃO EM ELETRODO DE ATERRAMENTO ELÉTRICO COBREADO RESUMO

Metalurgia e materiais

Corrosão por Cloreto em Aços Inoxidáveis Duplex (AID s)

INFLUÊNCIA DA FOSFATIZAÇÃO NA PROTEÇÃO DO ALUMÍNIO 2024 POR FILMES DE POLIPIRROL

EFEITO DA ESPESSURA NO DESGASTE MECÂNICO DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS DE LAMA VERMELHA

TANINO COMO AGENTE INIBIDOR DO PROCESSO CORROSIVO

Avaliação da resistência à corrosão do aço AISI 420 depositado por processos variados de aspersão térmica

Índice. Agradecimentos... Prefácio da Edição Revisada... Prefácio...

Keywords: AISI 316 steel, Electrochemical corrosion, Electrochemical polarization spectroscopy

TECNOLOGIA ALTERNATIVA PARA PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO DE LIGAS DE ALUMÍNIO

Estudo da influência do teor de bismuto no revestimento de zinco sobre o comportamento de corrosão de um aço galvanizado

5 Resultados Caracterização Microestrutural

Capítulo 2. Experimental.

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA MORFOLOGIA DA CAMADA DE ANODIZAÇÃO DA LIGA DE ALUMÍNIO 5052

FABRICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOMATERIAIS: EXPLORANDO PROPRIEDADES DO FE, NI E NI X FE 1-X

REVESTIMENTO DUPLEX NA PROTEÇÃO DO ALUMÍNIO 2024 CONTRA A CORROSÃO. Rua Pedro Vicente, 625, , Canindé, São Paulo, SP

ANÁLISE CORROSIVA DO AÇO 304 QUANDO SUBMETIDO AO PROCEDIMENTO DE GALVANOPLASTIA

ESTUDO DO REVESTIMENTO DE CONVERSÃO À BASE DE Zr NO AÇO ZINCADO POR ELETRODEPOSIÇÃO

CORROSÃO DE AÇO GALVANIZADO EM SOLUÇÕES ÁCIDAS

Efeito do potencial sobre o comportamento de tribocorrosão do aço inoxidável AISI 316L em solução de NaCl

02/10/2017 ELETRÓLISE AQUOSA

TECNOLOGIA EPD-H A TECNOLOGIA

AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA, CORRENTE ELÉTRICA E CONCENTRAÇÃO DE FeSO 4 EM BANHO ELETROLÍTICO PARA FORMAÇÃO DE LIGAS DE TUNGSTÊNIO

4 Resultados Metal de base Temperatura ambiente. (a)

Estudo preliminar da deposição voltamétrica de estanho sobre aço em meio ácido

ESTUDO DO REVESTIMENTO DE CONVERSÃO À BASE DE ZIRCÔNIO COMO REVESTIMENTO DE CONVERSÃO EM AÇO GALVANIZADO

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE NANOPARTÍCULAS DE Ag-SiO COMO ADITIVOS EM REVESTIMENTOS ANTICORROSIVOS

CONTROLE DA MORFOLOGIA DE FILMES FINOS EM SUPERFÍCIE DE ALUMÍNIO POR OXIDAÇÃO POR PLASMA ELETROLÍTICO.

RESUMO. Palavras Chave: anodização, constante dielétrica e filme anódico

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Engenharia Química 2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Química 3

Utilização de Resíduo de Caulim para Oxidação Eletrolítica Assistida por Plasma em Liga de Alumínio 5052

FILMES HÍBRIDOS ORGÂNICO-INORGÂNICOS A PARTIR DE ÓLEO DE MAMONA EPOXIDADO USADOS COMO PROTEÇÃO ANTI-CORROSIVA

Conferencia sobre Tecnologia de Equipamentos

OBTENÇÃO E ESTABILIDADE ELETROQUÍMICA DE ÓXIDOS COMPACTOS DE TÂNTALO EM DIFERENTES ELETRÓLITOS PARA APLICAÇÕES BIOMÉDICAS

Conferencia sobre Tecnologia de Equipamentos

CARACTERIZAÇÃO DE CAMADAS OXIDADAS CICLICAMENTE EM ALTAS TEMPERATURAS EM LIGAS Fe-5Si-5Cr E LIGAS Fe-Mn-Si-Cr-Ni.

Oxidação térmica e processos PECVD

ESTUDO DA VELOCIDADE DE CORROSÃO EM LIGAS DE Al-3%Cu E Al-5%Cu

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

PREPARO DE FILMES CONTENDO ACETILACETONATO DE ALUMÍNIO. PREPARATION OF FILMS CONTAINING ALUMINIUM ACETYLACETONATE.

Revestimento de zircônio obtido pelo método sol-gel para a proteção contra a corrosão do alumínio AA 3003

TÍTULO: ESTUDO DA PASSIVAÇÃO DO AISI 316-L COM ÁCIDO NÍTRICO EM PRESENÇA DE MEIO CORROSIVO DE ÁCIDO CLORÍDRICO ATÉ 0,50 MOL. L-1

REVESTIMENTOS NANOESTRUTURADOS COM PROPRIEDADES ANTICORROSIVAS

Martha Tussolini et al. Estudo do comportamento eletroquímico de azóis para o aço inoxidável AISI 430 em H 2 SO 4. 1 mol L -1

1. Moroi, Y. Micelles theoretical and applied aspects Plenum Publishing Co., 1992.

Efeito da Concentração do Fluoreto sobre o Comportamento Eletroquímico do Ti e da liga Ti6Al4V em Tampões Citrato

Investigação do processo de corrosão causado pela polpa de bauxita em mineroduto de aço carbono

ESTUDO DO ÓLEO DE MAMONA COMO ADITIVO EM BANHOS DE ELETRODEPOSIÇÃO DE ZN. J. V. R. Muniz; M. E. P Souza; J. P. Sousa. Universidade Federal do Maranhão

ANÁLISE DE PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS EM LIGAS À BASE DE TITÂNIO TRATADAS PELO MÉTODO DE IMPLANTAÇÃO IÔNICA POR IMERSÃO EM PLASMA.

1 Introdução Princípios Básicos da Corrosão Eletroquímica... 5

ESTUDO DO EFEITO DA TEMPERATURA DO BANHO NA ELETRODEPOSIÇÃO DA LIGA Fe-Mo

APLICAÇÃO DO REVESTIMENTO DE MoB/CoCr PARA PROTEÇÃO DAS PEÇAS IMERSAS NO BANHO DE 55%Al-Zn*

OBTENÇÃO DE LIGAS AMORFAS A BASE DE Fe-Cr-Co-P ATRAVÉS DE ELETRODEPOSIÇÃO

AVALIAÇÃO DO EFEITO DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS DENSIDADE DE CORRENTE E ph DO BANHO SOBRE AS PROPRIEDADES DA LIGA Mo-Co-Fe

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

Caracterização eletroquímica do DMcT como inibidor de corrosão do aço API 5L X65 em água do mar sintética

ESTUDO DA TEMPERATURA DE TRATAMENTO TÉRMICO PARA FORMAÇÃO DE CAMADA DE CONVERSÃO DE BOEHMITA, PRODUZIDA POR DIP COATING EM SOL-GEL

Catálise e Inibição de Reação Eletroquímica

Ruth Flavia Vera Villamil Jaimes et al. Implantes

Abstract. Keywords: MOCVD, TiO 2 films, corrosion, AISI 304 stainless steel. Resumo

MORFOLOGIA DA SUPERFÍCIE DE FILMES DE CARBONO TIPO DIAMANTE (DLC) OBTIDOS PELO PROCESSO DE IMERSÃO EM PLASMA PARA APLICAÇÕES BIOMÉDICAS

Palavras-chave: Porosidade, Revestimentos, Filmes finos, Eletroquímica.

CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL E DE CORROSÃO DO AÇO INOXIDÁVEL DUPLEX. Moisés Alves Marcelino Neto e Ana Vládia Cabral Sobral

Corrosão e degradação de materiais. Modificação aparência. Interação Comprometimento pp mecânicas

Detalhes: Potenciostato Célula Eletroquímica Tipos de célula eletroquímica

Nº Esquemas de pintura de proteção anticorrosiva para condições especiais de exposição

INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE GRÃO SOBRE A RESISTÊNCIA À CORROSÃO DO AÇO INOXIDÁVEL AISI 304

ESTUDO DO COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DE UM AÇO INOXIDÁVEL 316L REVESTIDO COM DLC, EM SOLUÇÃO DE HANKS

CAPÍTULO 7. Os homens nascem ignorantes, mas são necessários anos de. estudo para torná-los estúpidos.

M.C.G. dos Santos; C. M. A. Freire

Corrosão: Definições e implicações práticas Aspectos termodinâmicos Formas de controle

AULA DE RECUPERAÇÃO PROF. NEIF NAGIB

TÍTULO: EFEITOS DA IMPLANTAÇÃO IÔNICA POR IMERSÃO EM PLASMA SOBRE PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO AÇO INOXIDÁVEL 304

Palavras-chave: sais, óxidos, superfície, preparação, limpeza.

Corrosão Metálica. Introdução. O que é corrosão? Classificação dos processos de corrosão. Principais tipos de corrosão

Transcrição:

OXIDAÇÃO POR PLASMA ELETROLÍTICO EM LIGAS DE ALUMÍNIO CARACTERIZAÇÃO ELETROQUÍMICA Bruna Almeida Barbosa, brunna_barbosa@hotmail.com 1 Maria Eliziane Pires de Souza, maria.eliziane@ufma.br 2 1 Brintel Sistemas de Segurança, Av Presidente Vargas 1461 CEP 35661- Pará de Minas MG 2 Universidade Federal do Maranhão, Av. dos Portugueses, 1966 Bacanga - CEP 6-5São Luís - MA Resumo: O processo de oxidação por plasma eletrolítico (PEO) tem sido uma ótima alternativa para produção de revestimentos em ligas metálicas, principalmente as ligas de Alumínio. Tal processo ocorre em baixas temperaturas, e leva a obtenção de revestimentos com características interessantes em termos de corrosão e desgaste. Neste trabalho, revestimentos obtidos por plasma eletrolítico foram produzidos sobre a superfície de ligas de alumínio, utilizando como banho de deposição duas soluções eletrolíticas, Aluminato e Silicato de sódio. Duas condições de tensão foram empregadas 2 V e 3 V. O comportamento dos revestimentos em termos de corrosão foi avaliado por espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE), sendo esses resultados comparados através de circuito equivalente, de forma a acompanhar a evolução da superfície revestida em função do tempo de imersão na solução teste. A partir das análises foi possível constatar que em menor tensão (2 V), houve maior formação de filme sobre a placa e consequentemente uma melhor proteção da mesma. Quando comparado ao alumínio sem revestimento, as amostras revestidas apresentaram uma melhora em termos de corrosão, apresentando maior capacitância e resistência. Palavras-chave: alumínio, corrosão,oxidação pr plasma eletrolítico, EIE 1. INTRODUÇÃO A aplicação de revestimentos sobre a superfície de metais, para melhorar propriedades como aparência, resistência ao desgaste e corrosão, aderência entre outras, é uma solução viável e bastante empregada (Meletis et al.(22); Nie et al. (22); Raj (29); Wu et al. (25)). Para a obtenção de tais revestimentos um processo que vem sendo bastante empregado é o de oxidação por plasma eletrolítico (PEO Plasma electrolytic oxidation) (Taschner et al. (1998); Yerokhin et al. (1999); Gu et al. (27); Srinivasan et al. (29)). O processo PEO utiliza um meio líquido (eletrólito) e a composição do revestimento pode ser controlada pelo ajuste da composição do eletrólito (Wu et al. (25); Yerokhin et al. (25); Srinivasan et al. (29)). O PEO é um processo complexo, que envolve a combinação de processos parciais concorrentes: a formação do filme, sua dissolução e a formação de um dielétrico (Snizhko et al. (24)). Revestimentos obtidos através do PEO conferem uma melhora nas superfícies dos metais e suas ligas em termos de resistência ao desgaste, à corrosão, isolamento elétrico entre outros (Barik et al. (25); Wei et al. (24)). Vários trabalhos mostram que as propriedades dos revestimentos dependem fortemente da natureza do substrato metálico, do tipo de fonte de potência, da densidade de corrente, composição e concentração do eletrólito (Hussein et al. (212); Guohua et al. (26); Zhang et al. (212). Neste trabalho o processo de plasma eletrolítico foi empregado para a obtenção de filmes sobre placas de alumínio AA 52. Os revestimentos foram caracterizados por polarização potenciodinâmica e espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE), de forma a verificar o comportamento dos mesmos em um meio eletrolítico e estimar a efetividade da proteção conferida por tais revestimentos. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL As amostras de alumínio AA 52 foram limpas em banho ultrassônico em três etapas: água e sabão, água destilada e álcool isopropílico. Após o processo de limpeza as amostras foram pesadas. Os revestimentos foram obtidos empregando-se uma célula eletrolítica composta pela amostra de alumínio conectada ao anodo da fonte de corrente

contínua (Modelo FCC 3-1i Supplier), sendo essa posicionada entre os dois contra-eletrodos de aço inoxidável (catodo) e um agitador mecânico, Fig. 1. As correntes obtidas durante a produção dos revestimentos foram monitoradas através de um multímetro ligado em série com a fonte de corrente contínua e o anodo. Figura 1: Célula eletrolítica empregada na produção dos revestimentos. Duas soluções foram utilizadas no preparado dos revestimentos: Solução 1 - Fosfato de Sódio Bibásico (1 g/l) + Aluminato de Sódio (1,5 g/l). Solução 2 - Silicato de Sódio (1,5 g/l). Para essas duas soluções dois valores de tensão foram utilizados: 2 V e 3 V; sendo que a tensão da fonte foi aplicada inicialmente em rampa, como mostrado na Fig. 2, mantendo-se constante após 15 minutos em 2 ou 3 V. A temperatura e a corrente foram acompanhadas durante todo o processo, sendo o registro feito a cada 3 minutos. Na Tab. 1 são apresentadas as condições empregadas para a obtenção dos revestimentos bem como a denominação dada às amostras. Figura 2: Rampas de Tensão empregadas na produção dos revestimentos - 2 e 3 V. Tabela 1:Condições empregadas para a obtenção dos revestimentos. Amostras Solução Tensão máxima aplicada (V) Al-2 1 2 Al-3 1 3 Si-2 2 2 Si-3 2 3 O comportamento em termos de corrosão dos revestimentos foi avaliado por espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE) e polarização potenciodinâmica. A impedância eletroquímica foi realizada no equipamento Potenciostato EG&G 273A (Princeton Applied Research - PAR), acoplado a um amplificador lock-in, modelo 521 (EG & G), controlado pelo software Powersine. A amplitude da tensão alternada aplicada foi de 1 mv com frequências de 1 Hz a,1 Hz. As medidas foram realizadas em potencial de circuito aberto. Foi utilizado uma célula eletroquímica equipada com três elétrodos, sendo a amostra o eletrodo de trabalho com 1 cm 2, a platina o contraeletrodo e Ag/AgCl usado como eletrodo de referência. Como eletrólito foi utilizado NaCl,1 molar. Para a polarização potenciodinâmica foi utilizado um Potenciostato EG&G 273A (PAR), controlado pelo software Powercorr. O ensaio realizado cobria uma faixa de potência de -,25 V a, V, em relação ao potencial de circuito aberto, e uma área de 1 cm 2. A taxa de variação do potencial foi de,3 mv/s.

3. Resultados As amostras de alumínio foram pesadas antes e depois da obtenção dos revestimentos para que pudesse ser quantificada a massa e consequentemente a densidade do revestimento formado. A diferença de massa ( M) após a formação do revestimento assim como a área revestida, podem ser acompanhados na Tab. 2. As maiores diferenças de massa foram obtidas para os revestimentos obtidos a tensão máxima de 2 V, o que pode indicar, em uma primeira análise, que nessa condição o processo de deposição se sobressai ao de deterioração do filme que vai sendo formado. Tabela 1. Quantidade de revestimento formado e área revestida das amostras de alumínio. Amostra P Área revestida (g) (m²) Al-2,,225 Al-3,26,235 Si-2,53,225 Si-2,12,21 As densidades dos revestimentos podem ser comparadas na Fig. 3. O fato de as amostras Al-3 e Si-3 terem formado menos filme pode ser devido ao procedimento empregado para obtenção do filme. Durante este processo, o filme em formação passa por diversos estágios. Primeiramente temos a formação de um filme poroso, até que o campo elétrico alcança um valor crítico, onde o filme é quebrado por impacto, surgindo assim as faíscas. Logo após, o mecanismo de ionização de impacto será suportado pelo começo de um processo de ionização térmica. Este processo de ionização térmica é então parcialmente bloqueado por uma carga negativa gerada no próprio filme, que resulta no aparecimento dos micro-arcos. Devido ao efeito desses micro-arcos, o filme é gradualmente fundido juntamente com elementos presentes no eletrólito. Após este ponto, as micro-descargas que ocorrem através do filme penetram no substrato se transformando em poderosos arcos, que podem destruir o filme (Yerokhin et al. (1999)) 3, 2,5 Densidade Densidade (g/m²) 2, 1,5 1,,5, Al-2 Al-3 Si-2 Si-3 Amostras Figura 3. Densidade do filme formado Pela Fig. 4 é possível observar que o processo conduzido com a solução eletrolítica Aluminato/Fosfato apresentou valores de corrente constantemente mais elevados que a solução Silicato/Fosfato, atingindo valores até 2,3 ma, sendo que a solução Silicato/Fosfato permaneceu, na maior parte do tempo, com valores abaixo de 1, ma. Outra observação é com relação a variação da corrente em função da tensão, que para a solução de Aluminato nos 15 primeiros minutos essa variação de corrente é praticamente linear (assim como a rampa de tensão) e tende a estabilizar assim que a tensão final é estabelecida. Corrente (ma) 2,5 2, 1,5 1, Al-2 Si-2 Al-3 Si-3,5, 5 1 15 2 25 3 Tempo (min) Figura 4:Variação da corrente (ma) com o tempo (min).

6 3 2 1 Al-2 (a) 1 3 Al-2 (b) 6 3 2 1 Al-3 Sbustrato (16h) (c) 1 3 Al-3 (d) 6 3 2 1 6 3 2 1 Si-2 Si-3 (e) (g) 1 3 1 3 Si-2 Si-3 (f) (h) Figura 5. Análise de EIE por diagramas de Bode Fase (a,c,e,g) e Bode Z (b,d,f,h) para os revestimentos estudados.

Os resultados dos testes de EIE são apresentados na Fig. 5, através dos diagramas Bode Z e Bode Fase para as amostras com revestimento e do alumínio sem revestimento (substrato). Nos primeiros tempos de imersão, para a amostra Al-2 (Fig. 5a), temos duas constantes de fase, uma em alta frequência e outra em média frequência, o que caracteriza um filme poroso. Com aumento do tempo de imersão, esses poros vão sendo tampados o que leva ao aparecimento de apenas constante de fase em região de média frequência, semelhante ao substrato, como se o filme se tornasse mais compacto. O mesmo comportamento pode ser observado para a amostra Si-2 (Fig. 5e). Os resultados de Bode Fase para as amostras Al-3 e Si-3, Fig. 5c e 5g, foram bem semelhantes aos do substrato. Em termos de resistência, todas as amostras apresentam um aumento nos valores de Z em relação a amostra sem revestimento. O circuito apresentado na Fig. 6 foi empregado no ajuste dos resultados de EIE para todas as amostras. Nele, R1 representa a resistência do eletrólito, CPE1 e R2 em paralelo representam a capacitância do filme passivo/revestimento e a resistência de poro respectivamente, o par CPE2 e R3, em série com R2 estão associados à capacitância da dupla camada elétrica e à resistência de transferência de carga na interface metal/solução. O elemento de fase constate (CPE) foi empregado no lugar de um elemento capacitivo de forma a refletir todas as heterogeneidades, rugosidade e outras propriedades dielétricas não ideais do revestimento (Macdonald et al. (1998)). R1 CPE1 R2 CPE2 R3 Figura 6. Circuito equivalente empregado para os ajustes dos dados de EIE. A capacitância do revestimento (CPE1) é apresentada em função do tempo de imersão na Fig.7a, como pode ser observado, os valores de capacitância com a presença dos revestimentos de plasma são menores, o que indica um caráter mais capacitivo quando os filmes são formados sobre a superfície da liga de alumínio. Esse comportamento é mais expressivo para os revestimentos obtidos em 3 V, em ambas as soluções. Por outro lado, ao se avaliar a resistência a transferência de carga (R3) tem-se que para as amostras com os revestimentos a base de aluminato/fosfato os valores de resistência são maiores e se mantém mais estáveis com o tempo imersão, o que indica que o revestimento formado nessas condições resulta em uma interface revestimento/substrato com uma característica de barreria à penetração de eletrólitos agressivos mais consistente quando comparadas aos revestimentos obtidos pela solução silicato/fosfato. Capacitância (F/cm 2 ) 1-4 1-5 1-6 1-7 1-8 Alumínio Al3 Si3 Al2 Si2 Resistência (Ohm.cm 2 ) 1 9 1 8 Alumínio Al3 Si3 Al2 Si2 1-9 1-1 4 8 12 16 2 24 28 32 36 44 48 Tempo (horas) (a) 4 8 12 16 2 24 28 32 36 44 48 Tempo (horas) (b) Figura 7: Evolução da capacitância do revestimento (CPE1)(a) e Resistência a transferência de carga (R3)(b) em função do tempo de imersão. 4. Conclusões O revestimento formado a partir do processo de plasma eletrolítico demonstrou, através das análises de EIE uma melhora em termos de proteção à corrosão, resultando em maiores valores de resistência na interface revestimento/substrato. As amostras tratadas à 2 V apresentaram resultados melhores que à 3 V, um dos motivos é pela maior densidade do revestimento formado. Pelo diagrama de Bode Fase foi possível caracterizar a porosidade do filme e com isso concluir que este revestimento não tenha passado por todos os estágios de formação. Mas mesmo assim, este filme já apresentou melhoras na proteção anticorrosiva do alumínio.

5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPEMIG pelo apoio financeiro para a realização das análises. 6. REFERÊNCIAS Davisa, F.A., Eyrea, T.S., 1994, The effect of silicon content and morphology on the wear of aluminium-silicon alloys under dry and lubricated sliding conditions, Tribology International, Vol. 27, n.3, pp.171-181. GU, W. C. et al., 27, Characterisation of ceramic coatings produced by plasma electrolytic oxidation of aluminium alloy, Materials Science and Engineering A, Vol. 447, pp.158-162. Meletis, E.I., Nie, X., Wang, F.L., Jiang, J.C., 22, Electrolytic plasma processing for cleaning and metal-coating of steel surfaces, Surface and Coatings Technology, Vol.1, pp. 246 256. Nie, X., Meletis, E.I., Jiang, J.C., et al., 22, Abrasive wear/corrosion properties and TEM analysis of Al2O3 coatings fabricated using plasma electrolysis, Surface and Coatings Technology, Vol. 149, pp. 245 251. Raj, V., Mubarak Ali, M.,29, Formation of ceramic alumina nanocomposite coatings on aluminium for enhanced corrosion resistance, Journal of Materials Processing Technology, Vol. 29, pp. 5341 5352. Snizhko L.O., Yerokhin A.L., Pilkington A., et al., 24, Anodic processes in plasma electrolytic oxidation of aluminium in alkaline solutions, Electrochimica Acta, Vol. 49, pp. 285 295. Srinivasan P. B., Blawert C., Dietzel W., 29, Dry sliding wear behaviour of plasma electrolytic oxidation coated AZ91 cast magnesium alloy, Wear, Vol. 266, pp.1241 1247. Taschner, C., Ljungberg, B., Alfredsson, V., Endler, I., Leonhardt A., 1998, Deposition of hard crystalline Al2O3 coatings by bipolar pulsed d.c. PACVD, Surface and Coatings Technology, Vol. 19, n.1-3, pp. 257 264. Wu H., Wang J., Long B., et al., 25, Ultra-hard ceramic coatings fabricated through microarc oxidation on aluminium alloy, Applied Surface Science, Vol. 252, pp. 1545 1552. Yerokhin A.L., Shatrov A., Samsonov V., et al., 25, Oxide ceramic coatings on aluminium alloys produced by a pulsed bipolar plasma electrolytic oxidation process, Surface and Coatings Technology, Vol. 199, pp. 1 157. Yerokhin, A.L., Nie, X., Leyland, A., et al., 1999, Plasma electrolysis for surface engineering, Surface and Coatings Technology, Vol.122, pp. 73 93. 7. RESPONSABILIDADE AUTORAL Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo deste trabalho. PLASMA ELECTROLYTIC OXIDATION ON ALUMINIUM ALLOYS ELECTROCHEMICAL CHARACTERIZATION Bruna Almeida Barbosa, brunna_barbosa@hotmail.com 1 Maria Eliziane Pires de Souza, maria.eliziane@ufma.br 2 1 Brintel Sistemas de Segurança, Av Presidente Vargas 1461 CEP 35661- Pará de Minas MG 2 Universidade Federal do Maranhão, Av. dos Portugueses, 1966 Bacanga - CEP 6-5São Luís - MA tion and address for first author Abstract. Plasma electrolytic oxidation processes (PEO) have been a great alternative for the production of coatings in metal alloys, especially aluminum alloys. This process occurs at low temperatures and leads to obtaining coatings with interesting characteristics in terms of corrosion and wear. In this work, coatings obtained by electrolytic plasma were produced on the surface of aluminum alloys, such deposition was proceed using two electrolytic solutions, aluminate and sodium silicate. Two voltage conditions were employed 2 V and 3 V. The behavior of coatings in terms of corrosion was evaluated by electrochemical impedance spectroscopy (EIS), and these results were compared using equivalent circuit in order to monitor the coated surface during immersion time. From the analysis it was found that at lower voltage (2 V), a higher film formation on the plate and thus a better protection of it. When compared to uncoated aluminum, coated samples showed an improvement in terms of corrosion, with larger capacitance and resistência. Keywords: Palavras-chave: alumínio, corrosão,oxidação pr plasma eletrolítico, EIE.