Curso de Informativos Aula: 15out2017 Acesso: https://goo.gl/ik1cgd SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA SÚMULAS SÚMULA N. 587

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Transcrição:

Curso de Informativos Aula: 15out2017 Acesso: https://goo.gl/ik1cgd SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA SÚMULAS SÚMULA N. 587 Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual. Terceira Seção, aprovada em 13/9/2017, DJe 18/9/2017. ANOTAÇÕES: Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal. As causas especiais de aumento da pena relativas à transnacionalidade e à interestadualidade do delito, previstas, respectivamente, nos incisos I e V do art. 40 da Lei de Drogas, até podem ser aplicadas simultaneamente, desde que demonstrada que a intenção do acusado que importou a substância era a de pulverizar a droga em mais de um Estado do território nacional. Se isso não ficar provado, incide apenas a transnacionalidade. Assim, é inadmissível a aplicação simultânea das causas de aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e da interestadualidade (art. 40, V) quando não ficar comprovada a intenção do 1

importador da droga de difundi-la em mais de um Estado-membro. O fato de o agente, por motivos de ordem geográfica, ter que passar por mais de um Estado para chegar ao seu destino final não é suficiente para caracterizar a interestadualidade. STJ. 6ª Turma. HC 214.942-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/6/2016 (Info 586) Se o tráfico for transnacional (ou internacional), ou seja, que perturbe a ordem de mais de um país, a pena será aumentada de 1/6 a 2/3. E de quem é a competência? De acordo com o art.70 da Lei de Drogas, a competência para julgamento será da Justiça Federal. 1 Lembro que se o crime teve qualquer parte de sua execução ou consumação no nosso país, o Brasil terá competência para julgá-lo. O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal (art. 70) E se a droga foi interceptada no aeroporto, antes de ser embarcada para o exterior? O entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça determina que, para caracterização da transnacionalidade, basta apenas que a operação vise a difusão da droga no exterior, com sua apreensão ainda no aeroporto, antes do efetivo embarque (STJ, HC 122.478/SP, DJe 02/08/2010). 1 Cobrado na prova de Delegado PCAC/2017. 2

Tráfico interestadual/transnacional e transposição de fronteira: 2 3 4 em decisão da 1ª Turma do STF, no mesmo sentido, entendeu-se que a referida causa de aumento pode ser aplicada, mesmo que o agente não tenha, efetivamente ultrapassado a fronteira, desde que fique demonstrado inequivocamente essa intenção (ex.: foi preso dentro do ônibus interestadual, com bilhete para outro estado; ou, foi preso no raio-x do aeroporto, com viagem comprada para outro estado ou para outro país) (STF, Informativo 808, 1ª Turma). Observe que a transnacionalidade deve ficar demonstrada, não levando a competência para a justiça federal a mera possibilidade de a droga ter sido importada. E se a substância não for considerada droga no outro país? Se José importa ou exporta cloreto de etila (lança-perfume) da Argentina, responderá por tráfico de drogas, mas não terá aumento de pena pela transnacionalidade, uma vez que a substância é permitida no país Hermano (STJ, CC 34767/PR, 12.06.2002). SÚMULA N. 588 A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Terceira Seção, aprovada em 13/9/2017, DJe 18/9/2017. ANOTAÇÕES: 2 Cobrado na prova de Delegado PCAC/2017. 3 Cobrado na prova de Juiz TRF2/2017. 4 Cobrado na prova de Delegado PCGO/2017 3

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;(redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) É possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos casos de crimes ou contravenções praticadas contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico? 1) Crime: NÃO. Posição tanto do STJ como do STF (ver Informativo 804, STF). 2) Contravenção penal: STF: entende que é possível a substituição. STJ: afirma que também não é permitida a substituição (Nesse sentido: STF. 2ª Turma. HC 131160, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016). SÚMULA N. 589 É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. Terceira Seção, aprovada em 13/9/2017, DJe 18/9/2017. ANOTAÇÕES É a posição do STF? Sim. STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/5/2016 (Info 825). E a Bagatela Imprópria? O princípio da bagatela imprópria não tem aplicação aos delitos praticados com violência à pessoa, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta, não implicando a 4

reconciliação do casal em desnecessidade da pena. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1463975/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/08/2016. RECURSOS REPETITIVOS RAMO DO DIREITO DIREITO PENAL TEMA Tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada. Art. 33, 4º, da Lei n. 11.343/2006. Crime não equiparado a hediondo. Entendimento recente do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 118.533-MS. Revisão do tema analisado pela Terceira Seção sob o rito dos recursos repetitivos. Tema 600. DESTAQUE O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, 4º, da Lei n. 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo e, por conseguinte, deve ser cancelado o Enunciado 512 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. PROCESSO Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 23/11/2016, DJe 29/11/2016. ANOTAÇÕES: Redução de Pena: os delitos definidos no caput e no 1 o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. 5

1. É pacífico no STJ e no STF 5 que o agente deve preencher TODOS 6 os requisitos para ter direito à diminuição. Então, vamos memorizá-los: a) o agente deve ser primário; b) bons antecedentes; c) não se dedicar às atividades criminosas; d) não integrar organização criminosas. 2. A quantidade de drogas, bem como sua transnacionalidade, afastam a possibilidade de diminuição? A quantidade de drogas, bem como sua transnacionalidade, não afastam a possibilidade de diminuição. 3. A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, 4º, da Lei n. 11.343/2006 afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas. Importante: o tráfico privilegiado não tem natureza hedionda. 7 8 9 4. O Supremo Tribunal Federal, no recente julgamento do HC 118.533/MS, firmou entendimento de que apenas as modalidades de tráfico ilícito de drogas definidas no art. 33, caput e 1, da Lei nº 11.343/2006 seriam equiparadas aos crimes hediondos, enquanto referido delito na modalidade privilegiada apresentaria "contornos mais benignos, menos gravosos, notadamente porque são relevados o envolvimento ocasional do agente com o delito, a não 5 STJ, HC 166.876/PE, DJe 25/10/2010. 6 Cobrado na prova de Delegado, PCGO/2017. 7 Cobrado na prova de Juiz, TJPR/2017. 8 Cobrado na prova de Juiz, TRF2/2017. 9 Cobrado na prova de Promotor, MPRS/2017. 6

reincidência, a ausência de maus antecedentes e a inexistência de vínculo com organização criminosa." (Rel. Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 23/06/2016). 5. Acompanhando entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que o tráfico privilegiado de drogas não constitui crime de natureza hedionda. A nova tese foi adotada de forma unânime durante o julgamento de questão de ordem. Com o realinhamento da posição jurisprudencial, o colegiado decidiu cancelar a Súmula 512, editada em 2014 após o julgamento do REsp 1.329.088 sob o rito dos recursos repetitivos. 6. O tráfico privilegiado altera a progressão de regime? O Plenário do STF decidiu que o tráfico privilegiado de drogas em que o agente é primário, de bons antecedentes, não se dedica a atividades criminosas nem integra organização criminosa, não deve ser considerado crime de natureza hedionda. Dessa forma, o condenado pode ser beneficiado pela progressão do regime depois do cumprimento de um sexto da pena, como prevê o artigo 112, caput, da LEP (HC 136545/2016). 7. O art. 33, 4º determina que nos delitos definidos no caput e no 1 o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa. O plenário do STF, então, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão vedada a conversão em penas restritivas de direitos, constante do 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006, e da expressão vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos, contida no aludido art. 44 do mesmo diploma legal. (HC 97256/RS, rel. Min. Ayres Britto, 1º.9.2010). 7

8. Presentes os requisitos previstos no art. 33, 4º, da Lei de Drogas, o juízo condenatório deve fixar a causa especial de diminuição, mas não está obrigado a concedê-la no grau máximo, tendo plena discricionariedade para aplicar a redução no patamar que entenda necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, segundo as peculiaridades de cada caso, desde que o faça de forma fundamentada (STF, HC 119856, DJe25/11/2013). 9. A quantidade de drogas não constitui isoladamente fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena (STF, Informativo 849, 1ª Turma). 10. É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no artigo 33, 4º, da Lei n. 11.343/2006? A 3ª Seção do STJ entendeu que sim. (STJ, EREsp 1.431091- SP,3ª Seção, DJe 1/2/2017) (STF, 1ª Turma. HC 108135, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/06/2012). PROCESSO Pet 11.805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/5/2017, DJe 17/5/2017. (Tema 177 Revisão) RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL PENAL TEMA Crime de lesões corporais cometidos contra mulher no âmbito doméstico e familiar. Natureza da ação penal. Revisão do entendimento do STJ. Adequação à orientação da ADI 4.424/DF STF. Ação pública incondicionada. DESTAQUE A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. 8

JULGADOS DA TERCEIRA SEÇÃO DO STJ PROCESSO EREsp 1.619.087-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, por maioria, julgado em 14/6/2017, DJe 24/8/2017. RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL PENAL TEMA Pena privativa de liberdade substituída por restritivas de direitos. Execução provisória. Impossibilidade. Art. 147 da Lei de Execução Penal. Proibição expressa. Ausência de manifestação do STF. DESTAQUE Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da condenação. INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR A divergência tratada nos embargos envolve a possibilidade de se executar provisoriamente penas restritivas de direito. O acórdão embargado da Quinta Turma decidiu que, nos termos do art. 147 da Lei de Execução Penal, as penas restritivas de direitos só podem ser executadas após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. A tese paradigma foi apresentada com base no entendimento firmado no AgRg no REsp 1.627.367-SP, segundo o qual: É cabível a determinação de execução provisória de pena privativa de liberdade convertida em restritivas de direitos. Sobre o tema, o STF já se manifestara expressamente a respeito da 9

impossibilidade da execução das reprimendas restritivas de direitos antes do trânsito em julgado, por força na norma prevista no art. 147 da LEP. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal por meio do HC n. 126.292/SP, não considerou a possibilidade de se executar provisoriamente a pena restritiva de direitos, mas restringiu-se à reprimenda privativa de liberdade, na medida em que dispôs tão somente sobre a prisão do acusado condenado em segundo grau, antes do trânsito em julgado. Em vista da ausência de apreciação pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal quanto à possibilidade de executar a reprimenda restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da condenação, somado ao texto expresso do art. 147 da Lei de Execução Penal, deve prevalecer o entendimento firmado no acórdão embargado. Situação Concreta: Um homem foi condenado a 1 ano e 3 meses de prisão por ter expedido documentos a motoristas que precisavam renovar a carteira de habilitação, mas não faziam cursos nem provas. A pena foi substituída por prestação pecuniária de um salário mínimo. Execução provisória é inaplicável à pena restritiva de direitos? O entendimento foi firmado pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por maioria de votos, ao julgar embargos de divergência (recurso que busca uniformizar a jurisprudência do tribunal) do Ministério Público de Santa Catarina, que, com base no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) no HC 126.292, buscava a execução da pena de réu condenado em segunda instância por crime tributário. Então fica solucionada (por enquanto) a divergência entre as Turmas do STJ. Enquanto a 5ª Turma tem afirmado que o cumprimento desse tipo de pena antes do trânsito em julgado do processo não foi permitido pelo Supremo 10

Tribunal Federal, a 6ª Turma tem decidido em sentido contrário. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ. TEMA Dosimetria. Valoração indevida de uma das circunstâncias judiciais reputadas desfavoráveis ao réu. Utilização de elementares inerentes aos tipos penais de concussão e corrupção passiva (obtenção de lucro fácil e cobiça) como motivos dos crimes. DESTAQUE A obtenção de lucro fácil e a cobiça constituem elementares dos tipos de concussão e corrupção passiva (arts. 316 e 317 do CP), sendo indevido utilizá-las, para exasperação da pena-base, no momento em que analisados os motivos do crime circunstância judicial prevista no art. 59 do CP. PROCESSO EDv nos EREsp 1.196.136-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 24/5/2017, DJe 1/8/2017. RAMO DO DIREITO DIREITO PENAL COMENTÁRIOS: 10 Na situação concreta específica, o Tribunal de origem adotou pena-base superior ao mínimo legal e, para tanto, fundamentou sua exasperação para os crimes de corrupção passiva e concussão em 6 (seis) dos quesitos descritos no caput do art. 59 do CP: a culpabilidade, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos do crime, as circunstâncias e consequências do crime. 10 Professor Pedro Coelho (Curso EBEJI). 11

A grande celeuma está justamente na análise dos motivos do crime. É que a divergência identificada se dava quanto à possibilidade ou não de considerar a cobiça e a finalidade de obtenção de lucro fácil como legítima motivação para exasperar a pena ou se constituiria elementar dos crimes mencionados! Vamos verificar como foi a motivação neste caso, para espancar quaisquer dúvidas: e) Motivos do crime: Considerando as premissas doutrinárias citadas quando da análise da personalidade do réu XXXXXX, verifica-se que o ânimo de formação de quadrilha e cometimento dos delitos de concussão e corrupção passiva visou à obtenção de lucro fácil, em razão de cobiça, consistente em recebimento de dinheiro mensal na quantia de R$50.000,00 e outras vantagens indevidas para si e terceiros, em troca de apoio político, o qual nunca poderia ser objeto de barganha pelo réu, porquanto se traduz em mecanismo político importante para a representação popular, bem como exercício digno do mister de legislador, em prol da população. Desta forma, a presente circunstância revela-se negativamente valorada para o réu. Contudo, o STJ afastou essa possibilidade, em entendimento com o qual concordo integralmente. É que a Corte entendeu que os crimes contra a administração pública analisados também ostentariam caráter de delito patrimonial. Justamente por isso, a ganância e a intenção de obter lucro fácil constituem elementares dos delitos, não podendo, assim, serem utilizadas novamente na apreciação das circunstâncias judiciais para justificar a elevação da pena-base. Afinal, quando os fundamentos utilizados para valorar negativas os motivos e consequências do crime se confundem com elementares do próprio tipo, é pacífico que não há possibilidade de legítima exasperação, justamente o que se verifica no caso em tela. Segundo o Ministro Jorge Mussi (PExt no HC 166.605/RJ), evidente que o que move o agente na prática da concussão é a intenção de obter vantagem 12

indevida, patrimonial ou não, sem a qual não haveria crime, e, no caso, tendo essa vantagem valor econômico, certo que a cupidez não poderia ser considerada para aumentar a sanção básica acima do mínimo, pois inserida na elementar normativa do tipo do art. 316 do CP. Então anote porque vai cair em sua prova! Segundo a 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, embora inseridos no Código Penal no Título dos crimes contra a administração pública, tanto a concussão (art. 316, CP) quanto a corrupção passiva (art. 317, CP) possuem várias das características dos crimes contra o patrimônio, com a peculiaridade da qualificação do agente como servidor público. Assim sendo, no exame das circunstâncias judiciais envolvendo a prática desses dois delitos, a jurisprudência desta Corte vem entendendo que a cobiça, a ganância e a intenção de obter lucro fácil constituem elementares dos delitos, não podendo, assim, serem utilizadas novamente na apreciação das circunstâncias judiciais para justificar a elevação da pena-base (EDv nos EREsp 1196136/RO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/05/2017, DJe 01/08/2017). TEMA Manutenção da tipificação do crime de desacato no ordenamento jurídico. Direitos humanos. Pacto de São José da Costa Rica (PSJCR). Direito à liberdade de expressão que não se revela absoluto. Controle de convencionalidade. Inexistência de decisão proferida pela corte (IDH). Ausência de força vinculante. Preenchimento das condições antevistas no art. 13.2 do PSJCR. Incolumidade do crime de desacato pelo ordenamento jurídico pátrio, nos termos em que disposto no art. 331 do Código Penal. 13

DESTAQUE Não há incompatibilidade do crime de desacato (art. 331 do CP) com as normativas internacionais previstas na Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH). ANOTAÇÕES O que se endente por controle de convencionalidade? Para os cultores do Direito clássico, a validade de uma lei (e sua consequente eficácia) depende do exame de sua compatibilidade exclusivamente com a Constituição do Estado. Hodiernamente, verificar a adequação das leis com a Constituição (controle de constitucionalidade) é apenas o primeiro passo a fim de se garantir validade à produção do Direito doméstico. Além de compatíveis com a Constituição, as normas internas devem estar em conformidade com os tratados internacionais ratificados pelo governo e em vigor no país, condição a que se dá o nome de controle de convencionalidade. Fonte:BIANCHINI, Alice. MAZZUOLI, Valério. Controle de convencionalidade da Lei Maria da Penha. Disponível no Blog do LFG. TEMA Causa de diminuição de pena. Art. 33, 4º, da Lei n. 11.343/2006. Dedicação à atividade criminosa. Utilização de inquéritos e/ou ações penais. Possibilidade. DESTAQUE É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no artigo 33, 4º, da Lei n. 11.343/2006. 14

PROCESSO EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, por maioria, julgado em 14/12/2016, DJe 1/2/2017. RAMO DO DIREITO DIREITO PENAL 15