I Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente Progresso, Consumo e Natureza Desafios ao Homem

Documentos relacionados
I Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente Progresso, Consumo e Natureza Desafios ao Homem

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo PHD 2537 ÁGUA EM AMBIENTES URBANOS POLÍTICA DE DRENAGEM URBANA NO BRASIL

A IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA ESCOLAR PARA ALUNOS COM DEFICIENCIA VISUAL: o papel da Cartografia Tátil

A avaliação no ensino religioso escolar: perspectiva processual

MAPEAMENTO E ANÁLISE AMBIENTAL DAS NASCENTES DO MUNICÍPIO DE IPORÁ-GO 1

CARGA HORÁRIA SEMANAL: 04 CRÉDITO: 04

A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO

ETNOMATEMÁTICA E LETRAMENTO: UM OLHAR SOBRE O CONHECIMENTO MATEMÁTICO EM UMA FEIRA LIVRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM PASSO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Plano de Ensino Docente

Palavras-chave: formação de professores; profissão docente; profissionalização docente.

CONTRIBUIÇÕES DE UMA OFICINA SOBRE GENÊRO E SEXUALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

MAPA MENTAL: ESTUDO DO LUGAR COMO RECURSO DIDÁTICO NA ESCOLA DOUTOR JOSÉ CURSINO DE AZEVEDO NA CIDADE DE MARABÁ-PA. ¹

A HORA DOS ESCRITORES PERNAMBUCANOS: MOTIVANDO A LEITURA LITERÁRIA NA ESCOLA MYLLENA KARINA MIRANDA DOS SANTOS

EDUCAÇÃO AMBIENTAL ANÁLISE DA INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS DOS MUNÍCIPIOS DE ALVORADA DO OESTE E POMENTA BUENO- RO.

Aprovação do curso e Autorização da oferta

AS BRINCADEIRAS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Leônidas Siqueira Duarte 1 Universidade Estadual da Paraíba UEPB / leonidas.duarte@hotmail.com 1. INTRODUÇÃO

Aula 1 O processo educativo: a Escola, a Educação e a Didática. Profª. M.e Cláudia Benedetti

ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

EXPERIÊNCIAS DE PRÁTICA ENQUANTO COMPONENTE CURRICULAR NO CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

Recursos Hídricos. A interação do saneamento com as bacias hidrográficas e os impactos nos rios urbanos

DIFICULDADES RELATADAS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA: ESTUDO DE CASO DE ESCOLAS ESTADUAIS EM GRAJAÚ, MARANHÃO 1

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓCIO: 2010

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CONHECIMENTOS TECIDOS NO COTIDIANO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DA REGIÃO SUL FLUMINENSE

O DESPERTAR DA SUSTENTABILIDADE NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Campus João Pessoa,

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

FUNDAMENTOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR

A TABELA PERIÓDICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA

TRABALHANDO O LIVRO DIDÁTICO: Com produção de maquetes no Ensino de História Medieval

O 2º do artigo 22 passa a vigorar com a seguinte redação:

O DESINTERESSE DOS ALUNOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

A UTILIZAÇÃO DA PLATAFORMA MOODLE NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

CURSO ANO LETIVO PERIODO/ANO Licenciatura em Pedagogia º Período CÓDIGO DISCIPLINA CARGA HORÁRIA. História da Educação

Construtivismo no Ensino de Física: um estudo de caso com os professores do município de Bambuí MG

OBJETIVOS DE ENSINO- APRENDIZAGEM DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA. Docente: Dra. Eduarda Maria Schneider

UTILIZAÇÃO DE PARÓDIAS COMO METODOLOGIA DE ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

Representação de áreas de riscos socioambientais: geomorfologia e ensino

A PRÁTICA CURRICULAR E AS TECNOLOGIAS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS E ESTADUAIS: desafios e possibilidades

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO. Licenciatura EM educação básica intercultural TÍTULO I DA CARACTERIZAÇÃO

RELATO DE EXPERIENCIA DO ESTAGIO SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO INFANTIL

PLANO DE ATIVIDADES DE ESTÁGIO (PAE) ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

Palavras-chave: Formação Continuada. Múltiplas Linguagens. Ensino Fundamental I.

DINÂMICAS GEOAMBIENTAIS: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

EXPERIMENTAÇÃO CIENTÍFICA: ANALISANDO A MERENDA ESCOLAR COM PRÁTICAS DE BIOQUÍMICA NUTRICIONAL EM ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO DE REDENÇÃO

Universidade Federal de Roraima Departamento de matemática

O CURRÍCULO ESCOLAR EM FOCO: UM ESTUDO DE CASO

VALORIZAÇÃO LOCAL E EDUCAÇÃO NO CAMPO: as comunidades rurais do município de Catalão (GO)

DEPOIMENTOS E REFLEXÕES SOBRE A AÇÃO DOCENTE REALIZADA NOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS DO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA PUCPR

ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO, GEOGRÁFICO, AMBIENTAL DE ITABUNA BAHIA: Sistema Pedológico

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO CONTINUADA: ANÁLISE DAS CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DO PROJETO GINÁSIO EXPERIMENTAL CARIOCA, RJ

PLANO DE TRABALHO DO PROFESSOR 2012/1 1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

6GEO052 CARTOGRAFIA Noção de Astronomia de Posição; Sistema de Referência Terrestre; Cartografia Sistemática; Cartometria.

PENSAMENTOS DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS SOBRE SABERES DOCENTES: DEFINIÇÕES, COMPREENSÕES E PRODUÇÕES.

Educador A PROFISSÃO DE TODOS OS FUTUROS. Uma instituição do grupo

OS DESAFIOS DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA OFERECIDO PELA PLATAFORMA FREIRE, NO MUNICÍPIO DE BOM JESUS DA LAPA BA

O que um professor de química precisa saber e saber fazer

DIVISÃO DE ASSUNTOS ACADÊMICOS Secretaria Geral de Cursos PROGRAMA DE DISCIPLINA

Disciplina: Didática Aplicada ao Ensino de Ciências e Biologia Prof.ª Dra. Eduarda Maria Schneider Aula 03/05

O ENSINO DE GEOGRAFIA POR MEIO DA PRODUÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS NAS ESCOLAS DO CAMPO

UMA VISÃO SOBRE JOGOS LÚDICOS COMO MÉTODO FACILITADOR PARA O ENSINO DE QUÍMICA

ÁGUA E CIDADANIA: PERCEPÇÃO SOCIAL DOS PROBLEMAS DE SAÚDE CAUSADOS PELA ÁGUA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE - PB

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO

ENSINO DE INGLÊS PARA TÉCNICOS EM QUÍMICA: A IMPORTÂNCIA DO MATERIAL DIDÁTICO ESPECÍFICO - PESQUISA E PRODUÇÃO

LICENCIATURA EM QUÍMICA

A RELEVÂNCIA DO LÚDICO NO ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

PLANO DE CURSO CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ELETROMAGNETISMO: UMA AULA PRÁTICA COM USO DA EXPERIMENTAÇÃO PARA ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

OFICINAS PEDAGOGICAS: COMO FORMA DE AUXILIO NO APRENDIZADO DOS EDUCANDOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA

CARTOGRAFIA E ENSINO: PERSPECTIVAS DA REALIDADE

URBANIZAÇÃO E DRENAGEM URNANA EM PORTO ALEGRE. Joel Avruch Goldenfum - IPH/UFRGS

Educação em Saúde. Educação Permanente em Saúde. Responsável pelo Conteúdo: Profa. Solange S. Mascarenhas Chagas

Didática e docência: formação e trabalho de professores da educação básica

O PERCURSO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO E FORA DO CONTEXTO EDUCACIONAL

ABORDAGEM HISTÓRICA DA TABELA PERIÓDICA NO 9º ANO: PERCEPÇÔES NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III

O ESTÁGIO DOCENTE COMO LUGAR DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

Conscientização ambiental na Educação Infantil da escola Dr. Vasco da Gama e Silva, RS

METODOLOGIA DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR EMENTA OBJETIVOS

A aula como forma de organização do ensino.

EXPLORANDO OS POLINÔMIOS E OS GRÁFICOS DAS FUNÇÕES POLINOMIAIS

PROMOVENDO A SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL EM JOVENS ATRAVÉS DE JOGO LÚDICO

Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal Catarinense - Campus Sombrio

A UTILIZAÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS EM PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO CIENTÍFICA, DESENVOLVIDOS NA ARGENTINA

A APRENDIZAGEM MATEMÁTICA INTERMEDIADA POR JOGOS MATEMÁTICOS

Professor do Departamento de Química CCT/UEPB 1 Graduanda em Licenciatura em Química- CCT/UEPB 2 INTRODUÇÃO

Fundamentos Metodologia do Ensino dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental III (Educação Física/Ciências) (Educação Física): (Ciências):

Ensino Técnico Integrado ao Médio FORMAÇÃO GERAL. Ensino Médio

TÍTULO: O ESTUDO DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL AMBIENTAL COM ENFOQUE NA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA.

Professores do PED criam Mestrado Profissional em Educação: Formação de Formadores. Marli Eliza Dalmazo Afonso de André

Política de Combate a Inundações de Belo Horizonte. Prefeitura de Belo Horizonte

Educação Ambiental Educação continuada

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA PAISAGEM NO ENSINO DA GEOGRAFIA

Influência das atitudes dos professores em relação à matemática

Análise de Uso e ocupação do solo no Distrito São Félix na cidade de Marabá-Pará INTRODUÇÃO

Transcrição:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS: uma análise de como é trabalhada a questão ambiental nas redes públicas de ensino no município de Catalão (GO) Amanda Pires de MESQUITA Graduanda do curso de Geografia, Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão. Núcleo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (NEPSA) E-mail: amand.amesquita@hotmail.com Estevane de Paula Pontes MENDES Profª. Dra. do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão. Núcleo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (NEPSA). E-mail: estevaneufg@gmail.com Resumo: Diante das degradações do meio ambiente, tornou-se necessário a constituição de uma Educação Ambiental que possa desenvolver instrumentos pedagógicos e ampliar a prática educativa, a partir das contemplações das inter-relações do meio natural com o social, além das formas de organização da sociedade. Assim, propõe-se estudar a bacia hidrográfica do Ribeirão Pirapitinga em Catalão (GO), enfatizando a importância da EA no processo de ensino. Tal objeto constitui-se em questão de urgência social, na qual apresenta uma abordagem de eventos próximos à realidade vivida pelo educando e sua comunidade. Tem-se a geografia como principal meio de conscientização, visto que a ao ter na relação homem-meio, um dos seus principais temas de reflexão, pode e deve trabalhar a Educação Ambiental como parte de sua área de atuação. Para a realização deste trabalho, foi feita uma revisão da literatura sobre Educação Ambiental, ensino e aprendizagem em Geografia, Bacia Hidrográfica, trabalho de campo em duas nascentes do Ribeirão Pirapitinga, além de entrevistas com professores de Geografia da rede pública do município de Catalão (GO). Acredita-se que ao partir da realidade vivenciada pelos alunos e comunidade, favorece o interesse dessas pessoas com a EA a partir de seus conhecimentos prévios e sua experiência, o que contribui para a sensibilização de toda a comunidade. Nessa perspectiva, o lugar em que se vive, ou seja, a realidade é o ponto de partida para chegar à explicação dos fatos, em que é possível sair da teoria e partir para o concreto, o real. Dessa forma, o ensino só será transformador na medida em que o lugar possibilite ao educando estabelecer relações desse com o mundo e vice-versa. Palavras-chave:. Educação Ambiental. Bacia hidrográfica. Geografia. Escolas. 1 Introdução A questão ambiental tem sido um dos assuntos mais discutidos na sociedade moderna, desencadeando assim, uma série de iniciativas na tentativa de reverter a situação atual de degradação dos recursos naturais. Uma das iniciativas apresentada, frente a esta questão é a introdução da educação ambiental (EA) nos processos educativos. Parte-se do pressuposto que a EA se insere nas respostas a esses problemas, ao do desenvolvimento humano e ao do processo educativo, assim não pode ser considerada uma atividade isolada 1

dos sistemas de investigação e informação, o que reforça a necessidade da sua incorporação no ensino escolar. Dessa forma, propõe-se estudar a bacia hidrográfica do Ribeirão Pirapitinga em Catalão (GO), enfatizando a importância da EA no processo de ensino. Tal objeto constitui-se em questão de urgência social, na qual apresenta uma abordagem de eventos próximos à realidade vivida pelo educando e sua comunidade. A Geografia como ciência social é capaz de contribuir no processo de ensinoaprendizagem de EA em todos os níveis da educação básica, já que procura formular, de forma mais clara, a relação existente na sociedade, mostrando as modificações causadas ao ambiente. Além disso, é em si, um saber interdisciplinar e possui um conjunto de formulações teóricas capazes de formar conceitos que apreendam os complexos processos sociais e os riscos ambientais que se intensificam. Para atingir os objetivos propostos foram realizadas leituras sobre educação ambiental, ensino de geografia, trabalhos realizados no Ribeirão Pirapitinga em Catalão (GO), a fim de obter informações e analisar os diferentes posicionamentos teóricos sobre a questão. Em seguida iniciou-se a pesquisa de campo às nascentes localizadas no trevo de acesso norte à Catalão (BR-050) e também o conjunto de nascentes do Ribeirão, próximas ao viaduto da BR-050 e sobre a via férrea. Posteriormente foram realizadas entrevistas com professores de Geografia da rede pública do município de Catalão (GO) visando analisar como a EA é trabalhada nessas escolas. Acredita-se que ao partir da realidade vivenciada pelos alunos e comunidade, favorece o envolvimento dessas pessoas com a EA a partir de seus conhecimentos prévios e sua experiência ao assunto estudado, o que contribui para a sensibilização da comunidade. A integração da realidade socioambiental dos alunos com o conteúdo curricular fortalece o processo de formação da habilidade de transferência de conhecimento, que é um dos maiores objetivos da educação. 2

1 A intervenção humana na bacia hidrográfica do Ribeirão Pirapitinga no município de Catalão (GO): a importância de referenciar as unidades representativas próximas às realidades vividas. O conceito de bacia hidrográfica, hoje vem se expandindo, uma vez que se torna uma unidade de planejamento e gerenciamento ambiental, apropriada para estudos ambientais integrados. Sobre seus sistemas hidrológicos, geológicos e ecológicos, atuam forças antropogênicas, onde os sistemas biogeofísicos, econômicos e sociais interagem (BERGMANN, 2005). Tem-se que a idéia de bacia hidrográfica não está atrelada apenas aos aspectos hídricos, mas também à interação entre fatores biológicos, geológicos e a organização das populações humanas que ali se encontram. A abordagem interdisciplinar na adoção de bacia hidrográfica como unidade de estudo, apresenta uma perspectiva de contribuição no aprimoramento dos elementos teóricos, conceituais e instrumentais das temáticas, sobretudo relacionadas às questões ambientais. O ensino e a pesquisa relativos à bacia hidrográfica devem compreender o diagnostico da percepção dos sujeitos envolvidos, levando em conta suas dimensões afetivas e estéticas, na consolidação para a tomada de decisões no gerenciamento hídrico. A bacia hidrográfica pesquisada está inserida no município de Catalão, o qual se localiza no Sudeste do Estado de Goiás e abrange uma área de 3.777,6 km², que corresponde a Sudeste do Estado de Goiás e abrange uma área de 3.777,6 km², que corresponde a 1,11% do território goiano. O Ribeirão Pirapitinga nasce no limite urbano de Catalão e atravessa a cidade no sentido leste-oeste, sendo a espinha dorsal da configuração do sítio urbano. A microbacia do Ribeirão Pirapitinga encontra-se inserida no meio urbano e por isso apresenta um comprometimento ambiental maior. Primeiro pelo desmatamento, no seu trecho urbano, de grande parte da Mata Ciliar causando assoreamento do leito do Ribeirão. Segundo, pela ocupação das áreas de proteção ambiental e as hidromórficas do ponto da bacia do Pirapitinga por loteamentos privados. Terceiro pela descarga de esgoto, sem tratamento adequado, através de ligações clandestinas feitas na drenagem ou diretamente no Ribeirão Pirapitinga. Atualmente, com o crescimento acelerado da cidade, o Ribeirão Pirapitinga é ameaçado pelos detritos urbanos deixados em seu leito e por sua canalização inadequada. 3

Diariamente são lançados em seu canal, resto de alimentos, detergentes e outros resíduos, o que pode ocasionar a contaminação por bactérias patogênicas ou por substâncias orgânicas e químicas. Acrescenta-se o escoamento de esgoto sanitário que é impelido em seu leito sem sofrer tratamento. Dessa forma, observa-se que os recursos hídricos estão afetados pelas diversas atividades desenvolvidas no ambiente urbano. E muitas vezes esses acometimentos passam despercebidos pela população local. Geralmente, com o passar do tempo se acostumam com as intervenções frequentes ao ambiente e não se dão conta das posteriores consequências. Com isso é fundamental conhecer o ambiente em sua totalidade (biológico, político, social, cultural, econômico, educacional, paisagístico, sanitário, religioso), bem como os problemas associados a ele, para que os indivíduos e grupos sociais reconheçam-se como parte da natureza. Assim, o trabalho com a realidade local do aluno, oferece a oportunidade de reconhecer e desvendar um universo que já é acessível e conhecido por ele e, por isso, passível de ser campo de aplicação do conhecimento. Grande parte dos assuntos que interessam e tem significados a eles, estão circunscritos à realidade mais próxima, ou seja, sua comunidade, sua região. E isso faz com que, para a Educação Ambiental, o trabalho com a realidade local seja de importância vital. 2 Educação ambiental nas escolas através do ensino de Geografia Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, as escolas apresentam-se, como espaços privilegiados na implementação de atividades que proporcionem reflexões e debates sobre este tema. A escola é concebida como uma das instituições com poder de intervenção na realidade. Deve estar ligada às questões mais amplas e abordar os diversos aspectos da realidade socioambiental vivenciados pela comunidade local, já que apresenta grande potencial para a identificação e o diagnóstico das questões ambientais da comunidade à sua volta, uma vez que estudantes, professores e funcionários levam suas vivências para a prática cotidiana escolar. Nesse sentido, busca-se 4

compreender como é trabalhada a educação ambiental no ensino Geografia das escolas públicas do município de Catalão (GO). Todos os professores entrevistados afirmaram que trabalham ou já trabalharam com a educação ambiental embora seja como atividades pontuais dentro da escola. Quanto ao significado de educação ambiental, as respostas dos professores apresentaram argumentos e concepções semelhantes, o que mostra que conhecem o conceito de EA, embora esse conhecimento fique quase sempre na teoria. Isso se deve a vários motivos, dentre eles a falta de: a) motivação, b) formação, e c) materiais didáticos disponíveis para levar o educador e o educando a interessarem-se pelo tema. A relação feita entre o ensino de Geografia e a educação ambiental, segundo os professores entrevistados é bastante concreta, já que a disciplina trabalha com temas referentes ao ambiente. Dessa forma, quando falam de solo, água, energia, urbanização sempre retomam ao tema EA, além de afirmarem que sempre advertem os alunos em suas ações diárias, como não jogar lixo no chão, não desperdiçar água, entre outras. Ao referenciar pontos importantes do ambiente de vida do aluno como a degradação ambiental do Ribeirão Pirapitinga, a maioria dos professores revela que não trabalha ou trabalhou esse tema, o que seria importante, já que é um problema presente no ambiente de vida e está sendo deixado de lado. Grande parte dos professores expõe que não interessam ou discutem sobre tema Ribeirão Pirapitinga por falta de materiais disponíveis, por falta de tempo e/ou empenho, sendo que muitos seguem à risca os livros didáticos e estes falham ao relacionar o assunto estudado ao cotidiano dos alunos. Os professores entrevistados argumentam que os livros didáticos não relacionam o conteúdo à vivência do aluno. Para Straforini (2008), a realidade do aluno não pode mais ser negada e a Geografia deve proporcionar a construção de conceitos que os possibilite compreender o presente e pensar o futuro com responsabilidade, ou ainda, preocupar-se com o futuro através do inconformismo como o presente. Nessa perspectiva, o lugar em que se vive, ou seja, a realidade é o ponto de partida para chegar à explicação dos fatos, em que é possível sair da teoria e partir para o concreto, o real. Dessa forma, o ensino só será transformador na 5

medida em que o lugar possibilite ao educando estabelecer relações desse com o mundo e vice-versa. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia. /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 156 p. DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004. 551 p. GONÇALVES, C. W. P. Os (des)caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 1989. 148 p. GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. 5. ed. São Paulo: Papirus, 2003. 104 p. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). GUIMARÃES, M. A formação crítica de educadores ambientais. In: GUIMARÃES, M. A formação de educadores ambientais. 3. ed. Campinas (SP): Papirus, 2007. p. 119-156. LEFF, E. Epistemologia ambiental. Tradução de Sandra Valenzuela. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2006. 240 p. MARANGONI, A. M. M. C. Questionários e entrevista: algumas considerações. In: VENTURI, L. A. B. (Org.). Praticando geografia: técnicas de campo e laboratório em geografia e análise ambiental. São Paulo: Oficina de textos, 2005. p. 167.174. MENDES, E. de P. P.; PESSÔA, V. L. S. Técnicas de investigação e estudos agrários: entrevistas, registros, de observações e aplicação de roteiros de entrevista. In. RAMIRES, J. C. de L.; PESSÔA, V. L. S. (Org.). Geografia e pesquisa qualitativa: nas trilhas da investigação. Uberlândia: Assis, 2009. p. 509-537. OLIVEIRA, W. C. de. A contribuição da geografia para a educação ambiental: as relações entre a sociedade e a natureza no Distrito Federal. 2007. 120 f. Dissertação (Mestrado em Política e Gestão Ambiental) - Instituto de Ciências Humanas, Universidade de Brasília, Brasília. PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. L; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez, 2007. 383 p. (Coleção docência em formação. Série ensino fundamental.) SATO, M. Educação ambiental. São Carlos: RIMA, 2003. 65 p. SAUVÉ, L. Educação ambiental: possibilidades e limitações. Tradução de Lólio Lourenço de Oliveira. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 317-322, mai./ago. 2005. STRAFORINI, R. Ensinar geografia: o desafio da totalidade-mundo nas séries iniciais. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2008. 190 p. 6