SOFTWARE LIVRE : COMO, QUANDO E ONDE FREE SOFTWARE: HOW, WHEN AND WHERE

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PROPOSTA DE TRABALHO NR. 1

Transcrição:

49 Licenciatura em Computação-01 SOFTWARE LIVRE : COMO, QUANDO E ONDE FREE SOFTWARE: HOW, WHEN AND WHERE SOUZA, A.L. 1 1 Especialista em Análise de Sistemas pela Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP, Analista de Suporte Sênior da Codiub - Cia de Desenvolvimento Integrado de Uberaba, Prof., Curso de Licenciatura em Computação, FAZU Faculdades Associadas de Uberaba. RESUMO: O presente trabalho, buscou avaliar e compreender onde, como e quando a utilização de um software livre deve ser considerada. Para a elaboração deste trabalho foram consideradas várias fontes, dentre as quais destaca-se o Fórum Internacional de Software Livre (Maio/2002 - Porto Alegre/RS). Partindo de um breve histórico e evolução do software livre, também relatou-se experiências no desenvolvimento de sistemas e busca de suporte para solução de problemas. PALAVRAS-CHAVE: Software; sistema operacional; programação; comunidade; liberdade. ABSTRACT: The present study aims at evaluating and understanding where, how and when the use of a free software must be considered. For the elaboration of this work some sources have been considered, amongst which the International Forum Free Software (May/2002 Porto Alegre/RS) is distinguished. Starting from a short history and evolution of the free software, the work also shows experiences in the development of systems and search for support in the solution of problems. KEYWORDS: Software; operational system; programming; community; freedom INTRODUÇÃO É notório o crescimento da utilização do software livre no mundo corporativo, este crescimento explica-se principalmente pelo custo e qualidade destes programas. Hoje é prérequisito o uso de computadores nas empresas, independente do porte ou ramo de atividade. Isto significa investimentos também em software, e o custo de uma solução de gestão, pode atingir valores astronômicos. O objetivo do presente trabalho foi estudar e avaliar as alternativas disponíveis, e um bom ponto de partida foi conhecer as experiências de diversas empresas espalhadas pelo Brasil.

50 Tem-se vários softwares livres no mercado que já passaram pela fase embrionária e, após uma rápida evolução, tornaram-se uma alternativa tecnológica confiável, testada em várias empresas pelo mundo. É o caso do servidor Web Apache, o sistema Operacional Linux, os SGBD MySql e FireBird além do PHP entre outros. Nem tudo que é caro é bom, como também nem tudo que é gratuito é ruim, para escolher a melhor solução é preciso considerar uma série de fatores. É neste contexto que o presente trabalho, buscou avaliar e compreender onde, como e quando a utilização de um software livre deve ser considerada. Além de apresentar um estudo, com início nas origens dos softwares livres, também relatou-se experiências no desenvolvimento de sistemas e obtenção de suporte para solução de problemas. DEFINIÇÃO "Software livre" refere-se à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Mais precisamente, ele se refere a quatro tipos de liberdade para os usuários de software: A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade 01); A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo as suas necessidades (liberdade 02); A liberdade de redistribuir cópias de modo que se possa ajudar o próximo. Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade (liberdade 03); A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade (liberdade 04). UM POUCO DA HISTÓRIA De acordo com a revista eletrônica de jornalismo científico ComCiência, o impulso inicial para a história do software livre foi dado em 1969, quando Ken Thompson, pesquisador do Bell Labs, criou a primeira versão do Unix, um sistema operacional multi-tarefa. Este sistema era utilizado pelos grandes computadores que existiam na década de setenta em universidades e grandes empresas, os Mainframes. O Unix era distribuído gratuitamente para as universidades e centros de pesquisa, com seu código-fonte aberto. A sigla OSS (Open Source Software) é a que designa esse tipo de programa, cuja estrutura pode ser modificada por qualquer usuário com conhecimentos em

51 informática, diferentemente dos sistemas operacionais mais usados atualmente, como o Windows. A partir daí foram surgindo novas versões do Unix, igualmente abertas e compartilhadas pelo meio acadêmico. Em 1971, Richard Stallman, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), inaugurou o movimento Open Source. Ele produziu no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT diversos programas com código-fonte aberto. Em 1979, quando a empresa AT&T anunciou seu interesse em comercializar o Unix, a Universidade de Berkley criou a sua versão do sistema, o BSD Unix. A AT&T se juntou a empresas como IBM, DEC, HP e SUN para formar a Open Source Foundation, que daria suporte ao BSD. Em 1983, Stallman criou o Projeto GNU com o objetivo de desenvolver uma versão do Unix com código-fonte aberto, acompanhada de aplicativos e ferramentas compatíveis (como um editor de textos, por exemplo) igualmente livres. Em 1985, ele publicou o manifesto GNU e um tratado anti-copyright intitulado General Public License. Esse tratado criava a Free Software Foundation, explicando a filosofia do software livre. O uso do adjetivo "free" para qualificar um software não tem a conotação de "gratuito", mas indica que o seu usuário é livre para executar, distribuir, estudar, mudar e melhorar o programa. Com o avanço da internet, diversas versões do Unix foram surgindo em todo o mundo, sendo disponibilizadas pela rede para modificação e melhoria por parte de outros pesquisadores e usuários. Em 1991, Linus Torvalds, estudande de Ciência da Computação da Universidade de Helsinque, divulgou para a comunidade de pesquisadores do newsgroup comp.os.minix que estava trabalhando no desenvolvimento de um sistema operacional. A versão do Kernel 0.02 foi liberada no mesmo ano, já no ano seguinte surgiu as primeiras distribuições. Em 1994 saiu a versão 1.0. Linus Torvalds desenvolveu o Linux para uso pessoal, a fim de atender as suas necessidades, sem nenhum interesse comercial. Milhares de programadores espalhados pelo mundo participaram voluntariamente do desenvolvimento do Linux sob sua coordenação. Na mesma época que escrevia o código-fonte do Kernel, começou a usar programas da GNU para fazer seu sistema. O Linux é apenas um Kernel. Adepto da política de licença GPL, Linus resolveu deixar seu Kernel dentro da mesma licença. O Kernel, por si só, não é usável. O Kernel é o núcleo, a parte mais importante e serve de comunicador entre o usuário e o computador. O Kernel e as variações dos sistemas GNU transformam o Linux em um sistema operacional. O projeto GNU teve boa parcela de participação no sucesso do Linux. Sem a mistura dos seus programas, o Kernel desenvolvido por Linus Torvalds não teria uso, por isso muitos profissionais usam o termo GNU/Linux.

52 Segundo a Revista do Linux, o simpático pingüim que se tornou ícone do Linux foi criado por Larry Ewing em meados de 1996, depois de um concurso de logotipos para o sistema operacional. A simpática criaturinha criada por Ewing venceu quase por aclamação de toda a comunidade. A idéia do pingüim foi casualmente sugerida pelo próprio Linus Torvalds, depois de mencionar publicamente que os achava engraçadinhos. Quando o concurso estava em andamento, Linus havia sugerido que o pingüim deveria ser gordinho e com um ar de satisfação depois de empanturrar-se com peixes. Para Linus, um pingüim como logotipo daria mais liberdade às pessoas que quisessem usar materiais relacionados ao sistema operacional. Outra razão que Linus salientou foi que, usando algo parecido com o pingüim daria ares mais avançado na discussão do tema. Ele relatou que o software livre é um exemplo de como a globalização pode ser benéfica, pois pessoas de diferentes países podem trabalhar juntas desenvolvendo programas livres. É a globalização da cooperação e do conhecimento. Sobre a inclusão digital Stallman relatou: imagine-se na cozinha, você recebeu uma receita e resolveu mudá-la. Acrescentou ou retirou um ingrediente. Você fez uma cópia dessa nova receita e a forneceu a seus amigos. Por isso, quem fez a receita original chama você de 'pirata' e tenta lhe colocar na cadeia. Isso seria um absurdo. Felizmente, no caso das receitas de cozinha isso não acontece, mas é exatamente o que vemos hoje no mundo do software proprietário. Nos anos 70, estávamos acostumados a estudar e intercambiar programas justamente como todos fazem como receitas. Depois quiseram nos proibir de fazê-lo. Espero que percebam onde reside o ultraje. Software livre em países pobres significa que cópias podem ser distribuídas sem ninguém ter que pagar por isso. Pessoas pobres não têm que arcar com esse custo. Isso não resolve todos os problemas do mundo. Afinal, o computador continuará tendo um custo, conexões de Internet também. Acabar com o problema do software proprietário não dará a todos acesso a computadores da noite para o dia, mas contribuirá para que isso ocorra. Fernando Lozano, professor e consultor de TI, relatou na Revista do Linux que atualmente existem bancos de dados livres adequados para sistemas de informação de todos os portes, contando inclusive com suporte comercial, no entanto fazendo uma avaliação realista, admite-se que nenhum deles ainda é adequado para aplicações OLAP como Data Warehouses e Data Mining. O motivo é que os bancos livres ainda não implementam otimizações como Star Schems, Views materializadas e índices de Bitmap. Outra área onde bancos livres ainda não são adequados é a área de bancos de dados distribuídos. Mas a maioria dos bancos deste tipo em produção poderia ter sido implementadas com vantagens como bancos replicados ou então hospedados em servidores maiores, coisa que o Linux torna viável e barato.

53 INICIATIVAS No Rio Grande Do Sul, a Secretaria de Estado da Educação e a PROCERGS, trabalham na implantação da Rede Escolar Livre viabilizada por uma série de parcerias. No ato de lançamento, a CRT Brasil Telecom firmou protocolo de intenções com o Governo do Estado para disponibilizar canal de acesso à Internet para cerca de 40 escolas integrantes do projeto. A PROCERGS participou com a doação de computadores, mais acesso à rede local e Internet. As empresas Dell Computer, Conectiva (PR) e Samurai também doaram equipamentos para as escolas. As escolas do projeto-piloto contarão com aplicativos livres em seus laboratórios, entre eles o Linux e o StarOffice. Os programas podem ser instalados em quantas máquinas o usuário desejar. A economia com o custo do software livre é outra vantagem. Com a sua utilização na Rede Escolar Livre, Rio Grande do Sul, serão economizados cerca de R$ 40 milhões. No estado do Paraná, o governador Roberto Requião sancionou a lei estadual sobre o uso de software livre no Estado. A nova lei, de autoria do deputado Edson Luiz Praczyk, prevê que órgãos do governo e empresas estatais devem, a partir de agora, utilizar preferencialmente softwares livres - sistemas operacionais ou programas com código-fonte aberto, que reduzem os custos com licenças. O Secretário Especial para Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira, relatou que "O Paraná demonstra, de forma objetiva, sua definição por esta forma de software, que é a grande revolução na informática. Até aqui, o Paraná já economizou mais de R$ 2 milhões em função da opção pelo software livre e, até o final do ano, deverá chegar aos R$ 3 milhões. São recursos que podem ser investidos em projetos de inclusão social e digital e que ficam no Brasil". A PRODEMGE, Companhia de Processamento de Dados do Estado de Minas Gerais, realiza testes com Softwares Livres desde 1988, hoje já utiliza esta tecnologia para várias tarefas como servidores DNS, Proxy, E-mail, Firewall, FTP, banco de dados, DHCP, servidores de arquivos e servidores de impressão. Já são mais 70 servidores em todo o estado. Ainda em Minas Gerais, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) criou o programa "Tecnologias da Informação e Comunicações", um programa de incentivo. Treze projetos foram selecionados para receber mais de R$ 336 mil da fundação. Estes projetos envolvem o desenvolvimento de soluções com a utilização de software livre, e estas soluções serão disponibilizadas para a comunidade sem custo de licença. No Estado de São Paulo tem-se vários projetos que usam software livre, por exemplo, os TeleCentros da Prefeitura Municipal de São Paulo são espaços com computadores conectados à Internet banda larga. Cada unidade possui entre 10 e 20 micros. O uso livre dos equipamentos, cursos de informática básica e oficinas especiais são as principais atividades oferecidas à população.

54 Nos computadores dos TeleCentros são utilizados o GNU/Linux, com interface gráfica GNOME e os aplicativos disponíveis no pacote OPEN OFFICE, que está disponível no site www.openoffice.org e permite ao usuário a execução das principais tarefas desenvolvidas em escritórios. Em setembro de 2003 reuniram-se representantes de órgãos governamentais, organizações não-governamentais, universidades e empresas, com o objetivo de criar o Programa de Software Livre do Rio de Janeiro (PSL-RJ). Ficou decidido que o programa funcionaria como um espaço de reflexão conceitual; de articulação política com interfaces junto ao Executivo, Legislativo e Judiciário; de disseminação das idéias do Software Livre; de aglutinação de autores interessados no tema, para promover encontros, eventos, debates em torno desta temática. Também ficou acertado que o PSL-RJ se comportaria como uma articulação em rede, não havendo entre seus membros nenhum tipo de hierarquia. Faz parte da estratégia tecnológica da Editora Abril, a utilização do Software Livre. De acordo com o Diretor de Tecnologia Luiz Agmir, vários fatores contribuem para que o Software Livre entre nas corporações. A aquisição das licenças de softwares requer sempre uma cifra considerável e, para administrar estas licenças, há um custo extra de 37%, normalmente desprezado. Isto significa que para cada R$ 100,00 em licenças ainda gasta-se R$ 37,00 para gerenciá-la. Neste custo contabiliza-se cadastramento, registro, controle de selos, software, etc. A estratégia para obter aprovação da diretoria em um projeto baseado em Software Livre, é poder relatar casos de sucesso, quando for indagado sobre quem usa esta tecnologia, para não ter que escutar "você quer ser o primeiro?". É preocupação constante a conservação do acesso ao legado, nestes casos o custo de manutenção de softwares proprietários é menor do que a conversão para um novo padrão. COMO, QUANDO E ONDE A escolha de uma solução tecnológica é bem complexa, envolve uma série de variáveis: confiabilidade, performance, segurança, suporte, evolução, escalabilidade, custos, treinamentos, conflitos, retorno, disponibilidade, etc. Estes parâmetros devem ser considerados independentemente do software escolhido, seja ele livre ou não. As decisões devem ser sempre norteadas por critérios técnicos adequados à situação. Este é um processo cíclico, a cada período a solução tecnológica escolhida é questionada, dentro de um novo cenário cheio de novidades, novos hardwares, softwares, conceitos e metodologias. É neste momento que a solução escolhida deve ser madura e estável, a equipe de

55 tecnologia teve que reiniciar o processo, afinal tem-se uma série de novidades tecnológicas que podem dar maior eficiência ou produtividade ao negócio. A consolidação do Software Livre está mexendo nesse cenário, principalmente nas soluções que utilizam softwares pagos. Em alguns casos, o alto custo das licenças leva a organização a optar por uma nova alternativa, mesmo antes da implantação ou amadurecimento do projeto. Esta mudança é justificada principalmente pela economia considerável dos recursos a serem investidos, mesmo considerando os valores gastos e já programados. O Metrô de São Paulo por exemplo, utilizava o software pagos para escritório Microsoft Office, com sua substituição pelo Star Office, deixou de gastar R$1.000.000,00 com a renovação de licenças das mais de 5.000 cópias em uso. A parte mais complexa deste processo foi a adaptação dos funcionários ao novo software. Para o sucesso desta transição algumas ações foram fundamentais : elaboração de apostilas, palestras, trabalho corpo a corpo, grupo de atendimento para apoio e treinamento, criação de uma central de atendimento para suporte a dúvidas e distribuição de cds. Evidentemente estas ações tiveram seus respectivos custos, mas certamente não são representativos em comparação com o custo das licenças. Na Editora Abril, o Software Livre está sendo implantado em etapas. Na automação de escritório à idéia é substituir Windows por Linux, MS-Office por Star Ofice e Outlook por WebMail. Para enfrentar a resistência dos funcionários à mudança, foram colocados computadores com Softwares Livres em locais estratégicos. A primeira meta é atingir 20% da empresa e o projeto piloto iniciou-se no Departamento de Informática. Como usar softwares livres ou não? Neste aspecto não há diferença se a opção for o Software Livre, tudo deve ser planejado, desenvolvido, testado e implementado de acordo com os padrões utilizados na empresa. Quando usá-los? Não há mais motivo nenhum para esperar, já existem várias boas opções de Software Livre para as mais diversas situações. Onde usar? O início deve ser sempre pelos processos que não têm relação direta com a produtividade da empresa, por exemplo, em um supermercado, deve deixar por último o sistema de vendas utilizados pelos caixas. Não se deve correr riscos, deve-se procurar outras instituições que já passaram pelo mesmo processo e informar-se dos passos adotados e problemas enfrentados.

56 CONCLUSÃO Está mais do que claro que Software Livre é uma realidade, basta alguns dias de pesquisa na internet para conhecer o universo desta tecnologia. O sucesso se deve principalmente ao modelo colaborativo, adotado pelos adeptos da chamada Comunidade do Software Livre. Profissionais de várias partes do mundo compartilham conhecimento, problemas, experiências e juntos desenvolvem softwares para atender necessidades comuns. Estes softwares são disponibilizados para que qualquer pessoa ou instituição utilize, se necessário fazendo adaptações. Só depois da primeira experiência poder-se-á experimentar o sentimento de liberdade e, então, passar a viver uma nova realidade : Não há preocupação com licenças; Passa-se a ter prazer em compartilhar as fontes que até então eram guardados no cofre; Não há mais a preocupação em proteger Software dos piratas ; Na hora da dificuldade pode-se manda um E-mail e receber ajuda de várias partes do mundo, neste momento lembra-se que, antigamente, ter-se-ia que pedir socorro para uma empresa a um custo de R$ 120,00 a hora; O ponto de partida para o desenvolvimento de um novo projeto é buscar na internet um Software Livre, que atenda parcialmente ou totalmente as necessidades. Quando esse sentimento de liberdade é percebido, pode-se considerar bem vindo à comunidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ComCiência Revista Eletrônica de Jornalista Científico. Seção Jornalismo. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/softliv/softliv6.htm. Acesso em: 18 nov 2003. Revista do Linux. Seção. Disponível em: http://www.revistadolinux.com.br/ed/020/assinantes/capa.php3. Acesso em: 20 nov 2003. IME-USP. Disponível em: http://www.linux.ime.usp.br. Acesso em: 22 nov 2003.

57 Mundo Virtual. Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/useg/economia/mundovirtual/artigo/0,,1320583,00.html.. Acesso em: 24 nov 2003. Software Livre Unicamp. Seção Artigos. Disponível em http://www.softwarelivre.unicamp.br/sl/artigos/pastas/lista_zartigos. Acesso em: 21 nov 2003. Revista do Linux. Disponível em http://www.revistadolinux.com.br/ed/028/assinantes/banco_de_dados.php3. Acesso em 17 nov 2003. Processamento de Dados do Estado de Minas Gerais. Disponível em http://www.prodemge.gov.br/cli258.html. Acesso em 15 nov 2003. Projeto Software Livre - RJ. Disponível em http://livre.pmro.rj.gov.br/psl-rj/. Acesso em 15 nov 2003.