Preparação da Visita do Santo Padre ao Patriarcado de Lisboa. Segunda catequese preparatória dirigida ao Povo de Deus



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Transcrição:

Preparação da Visita do Santo Padre ao Patriarcado de Lisboa Segunda catequese preparatória dirigida ao Povo de Deus Visita do Papa: desafios à Igreja de Lisboa 1. Para diálogo em grupo O Santo Padre, o Papa Bento XVI, vem a Portugal de 11 a 14 de Maio. Em Lisboa, presidirá à celebração da Eucaristia no Terreiro do Paço, no dia da chegada, 11 de Maio, às 18.15H. Toda a Visita do Papa Bento XVI pode e deve ser aproveitada por nós cristãos para crescermos na Fé e reforçar o nosso sentido de pertença a Cristo e à Sua Igreja e o nosso estímulo e compromisso apostólicos. Vejamos algumas questões para suscitar o diálogo e porventura a valorização pastoral da Visita do Santo Padre. Tendo em conta a realidade social portuguesa, a realidade das Comunidades cristãs e dos Movimentos de Apostolado que somos e temos na nossa Diocese; 1 Quais as expectativas desta visita do Papa Bento XVI? 2 Qual o bem mais desejável para a Igreja em Portugal e particularmente para a Igreja de Lisboa que esta visita do Santo Padre pode contribuir? 3 Estarão os cristãos da Igreja Diocesana de Lisboa dispostos a novos desafios? Em contexto de crise; 4 Que razões têm os cristãos de Lisboa para receberem o Papa em alegria e festa cristã? 5 Como aproveitar esta Visita e dar lugar à Esperança? 2. Para leitura e reflexão Introdução O Santo Padre vem visitar nos na sua Missão de Pastor universal da Igreja; vem como peregrino, vem como sucessor do Apóstolo Pedro visitar a Igreja que está em Portugal para nos confirmar na Fé em Jesus Cristo. Vamos procurar estar atentos para escutar a Palavra do Papa. A sua visita será por nós interpretada como mais um sinal que Deus nos oferece. Como é sua tradição, Portugal vai receber bem o Papa e ouvi lo atentamente. 1

Para nós cristãos, porém, esta é uma oportunidade para crescermos na Fé, para manifestarmos o Amor a Cristo e à Igreja. As manifestações de alegria que possamos fazer pela presença do Papa, serão tão autênticas na medida em que estivermos em sintonia com ele no amor a Jesus Cristo e na missão confiada à Igreja, missão de que o Papa tem a responsabilidade de presidir. Presidida pelo nosso Pastor, o Senhor Cardeal Patriarca, D. José Policarpo, a Igreja Diocesana de Lisboa, a que temos a alegria pertencer, vai receber o Bispo de Roma, Pontífice universal da Igreja. Preparemo nos pela leitura e pela reflexão, individual e em grupo, para melhor nos situarmos na compreensão da Igreja e da sua missão. Preparemo nos também espiritualmente pelos Sacramentos e supliquemos em oração pelo bom êxito apostólico da Visita do Papa Bento XVI a Portugal. Quando queremos valorizar um determinado momento, um acontecimento ou um evento e desejamos que tenha beleza, significado e boas consequências, então necessitamos de o preparar bem. O que se segue, ainda que breve, poderá servir de contributo para essa necessária preparação da recepção do Santo Padre, o Papa Bento XVI. A Igreja Apostólica Entendamos aqui Igreja não como um espaço onde nos reunimos, mas como um povo convocado pelo anúncio do Evangelho. Um povo reunido por ter acreditado na Palavra de Deus, no anúncio do Evangelho, e por isso mesmo celebra a Fé em Cristo Ressuscitado. Esta Assembleia vai aumentando pelo testemunho dos cristãos e pelo dom do Baptismo pelo qual, passando pela Morte e Ressurreição do Senhor, renascemos para a vida nova em Cristo. Como ensina São Paulo Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova. De facto, se estamos integrados nele por uma morte idêntica à sua, também o estaremos pela sua ressurreição (Rom 6, 4 5). O Senhor Jesus escolheu doze Apóstolos e assim indicava que a Igreja no desígnio salvífico de Deus havia de ser a continuidade de Povo Santo de Deus que se formara no Antigo Testamento com as doze tribos de Israel. Jesus subiu a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar (Mc 3,13 14). Apóstolo significa enviado. No Evangelho de S. João, o Espírito Santo é o dom de Deus transmitido por Cristo Ressuscitado aos Seus Apóstolos está associado à missão que lhes é confiada. Estavam cheios de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer lhes: a Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio. Em seguida, soprou sobre eles e disse lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos (Jo 20,20 23). Jesus deu origem à Igreja escolhendo e contando com a colaboração dos seus Apóstolos. Reconheçamos aqui toda a pedagogia de Jesus na formação dos Apóstolos levando os a fazerem rotura com dimensões da vida anterior ao seu chamamento; levando os a deixar uma profissão e a iniciarem se numa vida cheia de esperança mas marcada pela disponibilidade e pela pobreza; formando os no espírito de serviço e a porem em prática o mandamento novo do Amor; a serem capazes de assumir uma missão em situações difíceis; etc. A Igreja, tem origem em Jesus e seus Apóstolos e sem deixar de afirmar a centralidade do acontecimento Pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, consideremos a experiência de vida de Jesus com os Apóstolos como fonte de inspiração para a nossa vida concreta de cristãos, leigos, religiosos e ministros ordenados. 2

Os Bispos são os Sucessores dos Apóstolos Os 12 Apóstolos garantem a continuidade da salvação e da sua actualidade em cada tempo, até ao fim. Já vimos que o número de 12 sugere a continuidade com o Antigo Testamento. Eles garantem, sobretudo, a continuidade entre a missão terrena de Jesus e a Sua ressurreição em que se inaugura o tempo definitivo. Este é o critério para a escolha de Matias, para preencher o lugar de Judas: alguém que tenha acompanhado Jesus desde o início e que tenha sido testemunha da Sua ressurreição. A explicitação da missão dos Apóstolos fica completa, com as palavras que Jesus lhes dirige antes da Ascensão: Os onze discípulos foram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado, e, vendo o, o adoraram; mas houve alguns que tinham duvidado. Aproximou se lhes Jesus e falou lhes nestes termos foime dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando as a observar tudo o que vos mandei. E eis que Eu estou convosco todos os dias até ai fim do mundo (Mt. 28, 16 20) O horizonte da missão é universal: destina se aos homens de todos os tempos e até ao fim dos tempos. Vê se que Jesus queria que eles escolhessem sucessores. (D. José Policarpo, Patriarca de Lisboa, 3ª Catequese Quaresmal de 2010). Os Bispos são na Igreja os sucessores dos Apóstolos; são chamados a estarem sempre com o Senhor Jesus e a serem por Ele enviados. Jesus infunde lhes coragem para enfrentarem a missão: Não fostes vós que me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e vos constitui para irdes e dardes muito fruto, e fruto que permaneça; (Jo 15,16). Como legítimos sucessores dos Apóstolos, pela cadeia ininterrupta da imposição das mãos desde os Apóstolos, os Bispos formam um colégio episcopal considerando se unidos na mesma solicitude por todas as Igrejas Diocesanas espalhadas pelo mundo. Assim, sob a autoridade do Papa, Sucessor do Apóstolo Pedro, os Bispos são todos responsáveis por toda a Igreja. Jesus enviou os Apóstolos para continuarem a Sua Missão mas quis que estivessem unidos pelo Seu Amor e a Sua Paz assegurando lhes continuar com eles pelo seu Espírito e escolhendo o Apóstolo Pedro para presidir à unidade do grupo, isto é, à comunhão e unidade da Fé. O lugar do Apóstolo Pedro entre os Doze O Senhor Jesus formou os Seus Apóstolos durante cerca de três anos. Durante esse tempo e no centro do seu Evangelho, São Mateus destaca a confissão de Fé do Apóstolo Pedro: 13 Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» 14* Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» 15 Perguntou lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» 16 Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» 17* Jesus disse lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. 18* Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. 19* Dar te ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.» Mt. 16, 13 19). 3

Jesus deu a Simão o nome de Pedro para lhe atribuir uma responsabilidade de especial comunhão com Ele. Cristo é a Pedra rejeitada pelos homens, que veio a tornar se Pedra Angular. Cristo é a Pedra fundamental da Igreja e Pedro pelo próprio nome está associado à particular Missão de Cristo de presidir ao grupo dos Apóstolos. Pedro, vem do termo grego petros e traduz o aramaico cefas que significa rocha. Portanto, o nome de Pedro dado ao Apóstolo designa também a sua participação na necessária firmeza de Cristo para a construção e condução da Igreja. Como ensina o Concílio Vat. II, Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica; depois da ressurreição, o nosso Salvador entregou a a Pedro para que a apascentasse (Jo. 21,17), confiando também a ele e aos demais Apóstolos a sua difusão e governo (cf. Mt. 28,18 ss), e erigindo a para sempre em coluna e fundamento da verdade (1ª Tim. 3,5). (Lúmen Gentium 8) O Papa, é o sucessor do Apóstolo Pedro Os Bispos são todos os sucessores dos Apóstolos. Porém, quanto ao Bispo de Roma, é afirmado com fundamento que ele é o sucessor do Apóstolo Pedro. Roma foi a cidade onde o Apóstolo foi mártir e onde foi sepultado. É conhecida a lista de todos os sucessores do Apóstolo Pedro em Roma até ao Papa actual, Bento XVI. Portanto, assim como o Apóstolo Pedro assumiu a presidência do grupo dos Doze Apóstolos, assim o seu sucessor, o actual Papa Bento XVI tem a missão especial de presidir ao Colégio Episcopal dos sucessores dos Apóstolos, e com eles garantir a unidade e a comunhão da Igreja. Papa é uma palavra cheia de carinho, usado pelas crianças tratando o seu pai por papá ou paizinho. O Papa é o Bispo de Roma, tem também a sua Diocese para pastorear e para isso necessariamente tem colaboradores. O Papa é o Vigário de Cristo porque sucede ao Apóstolo Pedro na responsabilidade de presidir à Igreja em nome de Cristo. É o Sumo Pontífice porque é o primeiro na responsabilidade da Igreja de em nome de Cristo ser ponte entre o céu e a terra. É o Santo Padre porque nele se espelha a santidade de Cristo presente na Sua Igreja. No tratamento directo com o Papa, pode dizer se Santo Padre mas é usado também a expressão Santidade. Dentro de Roma existe o Vaticano, considerado uma Cidade Estado. Deste modo, o Papa tem liberdade pessoal perante outros poderes e no contexto das Nações é considerado Chefe de Estado; e assim é recebido em algumas circunstâncias. Porém, a razão de ser do Vaticano é a de ser ali que está a sepultura do Apóstolo Pedro e de ser ali que está a Cadeira ou Sede do Papa. Por isso se designa também o Vaticano por Santa Sé. Durante três dias o Papa terá a sua Sede em Portugal pois vem visitar nos. Sentir essa visita como um sinal de Deus e ver aí um impulso para ser Igreja em tempos difíceis, eis uma expectativa. Porém, como diz o Concílio: A luz dos povos é Cristo (Lúmen Gentium 1). Em Cristo se joga a nossa identificação como filhos de Deus, a nossa pertença à Igreja e a nossa comunhão com o Santo Padre e com o Senhor Patriarca. Em nome de Cristo, a visita do Papa tem essa dimensão: confirmar nos na mesma comunhão de Fé. A Palavra do Papa Bento XVI: O indispensável encontro com Cristo Ressuscitado Comentando a 1ª Carta de São Paulo aos Coríntios a propósito do Fogo que há de manifestar o que é o homem, o Papa Bento XVI adianta um comentário que diz bem como é importante e fundamental o nosso encontro com Cristo Ressuscitado: 4

Alguns teólogos recentes são de parecer que o fogo que simultaneamente queima e salva é o próprio Cristo, o Juiz e Salvador. O encontro com Ele é o acto decisivo do Juízo. Ante o seu olhar, funde se toda a falsidade. É o encontro com Ele que, queimando nos, nos transforma e liberta para nos tornar verdadeiramente nós mesmos. As coisas edificadas durante a vida podem então revelar se palha seca, pura fanfarronice e desmoronar se. Porém, na dor deste encontro, em que o impuro e o nocivo do nosso ser se tornam evidentes, está a salvação. O seu olhar, o toque do seu coração cura nos através de uma transformação certamente dolorosa «como pelo fogo». Contudo, é uma dor feliz, em que o poder santo do seu amor nos penetra como chama, consentindo nos no final sermos totalmente nós mesmos e, por isso mesmo totalmente de Deus. Deste modo, torna se evidente também a compenetração entre justiça e graça: o nosso modo de viver não é irrelevante, mas a nossa sujeira não nos mancha para sempre, se ao menos continuámos inclinados para Cristo, para a verdade e para o amor. No fim de contas, esta sujeira já foi queimada na Paixão de Cristo. (Spe Salvi 47) 3. Para assumir novos desafios Sem Deus, o homem não sabe quem é nem para onde vai (Papa Bento XVI, in Caritas in Veritate, 78) Em comunhão com os sucessores do Apóstolos, o Santo Padre o Papa Bento XVI, Pastor da Igreja Universal, o Senhor Patriarca D. José Policarpo, Pastor da Igreja de Lisboa, e demais Bispos da Igreja, Deus chama nos a ser testemunhas de Cristo Ressuscitado. Cristo está Vivo! Animados pelo mesmo Espírito, afirmemos a nossa Fé em Deus, Trindade Santíssima; Pai, Filho e Espírito Santo. E assumamos o propósito: ser homens e mulheres de Fé, manifestando a nossa Confiança no Senhor Jesus, celebrando e seguindo O testemunhando que n Ele há vida nova. O fim da esperança cristã é o reino de Deus, isto é, a união do homem e do mundo com Deus, mediante um acto de poder e amor divinos. O objectivo próximo, que nos aponta o caminho e nos confirma a justeza do grande fim, é a contínua presença deste amor e deste poder, que nos acompanham na nossa actividade e nos socorrem quando as nossas possibilidades se acabam (Joseph Ratzinger, in Olhar para Cristo, p.59) Em comunhão com os nossos Pastores e com os irmãos dos nossos Movimentos e Comunidades Paroquiais, empenhados com toda a Igreja em ser luz do mundo e sal da terra, reconheçamos que a Esperança se funda na vinda de Cristo ao mundo. Em Cristo tudo de bom é possível. E bom será o homem encontrar se com Deus e poder tratá LO por Pai. A Esperança desta graça se alimenta na escuta da Palavra reveladora da Paixão de Deus pela humanidade que aconteceu em Cristo. Assumamos o propósito da escuta da Palavra de Deus que nos revela Jesus Cristo e nos faz homens e mulheres de Esperança, animados na construção do Seu Reino. O amor de Deus chama nos a sair daquilo que é limitado e não definitivo, dá nos coragem de agir, continuando a procurar o bem de todos (Papa Bento XVI, in Caritas in Veritate, 78) Decididamente admitamos Cristo Vivo, no centro da nossa vida interior. Guardemos a Sua Palavra procurando pô la em prática. 5

Amar a Cristo e amar a Sua Igreja, nossa Mãe, que nos gerou na Fé como Filhos de Deus. Igreja a que preside o Papa, sucessor do Apóstolo Pedro, a quem O Senhor Jesus responsabilizou de apascentar o Seu rebanho. É este Amor de Deus que nos coloca em conversão permanente, em busca da nossa melhor identificação com Cristo. E n Ele, descobrimos liberdade, pobreza evangélica e disponibilidade para colaborar alegremente na construção do Seu Reino. Propósito a assumir: pertencer a Cristo e, apesar das limitações pessoais, manifestar Lhe disponibilidade para generosamente participar com alegria na construção do bem comum. A oração, como meio para haurir continuamente força de Cristo, torna se aqui uma urgência inteiramente concreta. Quem reza não desperdiça o tempo, mesmo quando a situação apresenta todas as características duma emergência e parece impelir unicamente para a acção (Papa Bento XVI, in Deus Caritas est, 36) Buscar a Fidelidade da vida cristã pela frequência dos sacramentos da Eucaristia e da Penitência e Oração diária; e assim, assumir com alegria os desafios de Fé, vivendo em Esperança, fazendo da nossa vida de cristãos um sacramento do Amor de Cristo no mundo. A Igreja de Lisboa, tem a responsabilidade de ser a maior Diocese de Portugal; tem a responsabilidade de ser a Diocese onde está a cidade Capital do País; a Igreja de Lisboa tem a responsabilidade de ser referência para as outras Dioceses de Portugal. A Igreja de Lisboa tem necessidade de uma Graça especial: uma renovada adesão de Fé ao Evangelho, um Sim a Cristo, a começar pelos seus ministros mais responsáveis, passando por todos os cristãos mais empenhados na vida da Igreja e da Sociedade e chegar a todos os cristãos; a acontecer em experiência de comunidade e a testemunhar numa sociedade onde carecem ideais nobres. A Igreja de Lisboa, tem necessidade de uma nova geração de jovens cristãos que se disponha a fazer da vida uma afirmação de Amor e Verdade. Assumir: o nosso ideal é Jesus Cristo e para o manter necessitamos de cultivar a oração individualmente e em comunidade. O amor é possível, e nós somos capazes de o praticar, porque somos criados à imagem e semelhança de Deus. Viver o amor e, deste modo, fazer entrar a luz de Deus no mundo: tal é o convite que vos queria deixar (Papa Bento XVI, in Deus Caritas est, 39) 4. Para a oração em grupo Hino Cristológico (Ef 1, 3 10) Bendito seja Deus, * Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos de céu nos abençoou * com todas as bênçãos espirituais em Cristo. 6

Ele nos escolheu antes da criação do mundo * para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, de sua livre vontade, * para sermos seus filhos adoptivos, por Jesus Cristo, para que fosse enaltecida a glória da sua graça * com a qual nos favoreceu em seu amado Filho; n Ele temos a redenção, pelo seu Sangue, * a remissão dos nossos pecados; segundo a riqueza da sua graça * que Ele nos concedeu em abundância, com plena sabedoria e inteligência, * deu nos a conhecer o mistério da sua vontade: segundo o beneplácito que n Ele de antemão estabelecera * para se realizar na plenitude dos tempos: instaurar todas as coisas em Cristo, * tudo o que há nos céus e na terra. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo * como era no princípio, agora e sempre. Amen Preces Pai Nosso Oração conclusiva Autor do Texto: Cónego José Augusto Traquina Maria Secretariado de Acção Pastoral do Patriarcado de Lisboa, 2010 7