A EFICÁCIA DA CORRENTE GALVÂNICA EM ESTRIAS NACARADAS: Revisão Bibliográfica Kathelin Taline Gertler 1, Roberta Kochan 2 1 Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Cosmética da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2 Fisioterapeuta Dermatofuncional, Prof. Universidade Tuiuti do Paraná. Endereço para correspondência: Kathelin Taline Gertler, kathelingertler@gmail.com RESUMO: As estrias são atrofias adquiridas localizadas na derme. Exercícios físicos rigorosos, gravidez, corticoides e a predisposição genética são alguns dos fatores que podem levar ao seu aparecimento. Elas acometem principalmente as mulheres, o que acaba se tornando um problema estético e muitas vezes para o bem-estar físico e psicossocial. A corrente galvânica tem o objetivo de promover um processo inflamatório local, para assim, regenerar o tecido. Essa revisão bibliográfica teve como objetivo estudar e compreender os resultados obtidos com o uso da corrente galvânica para o tratamento das estrias nacaradas. Concluindo que o tratamento com a corrente possui bons resultados, desde que as variáveis sejam controladas. Palavras-chave: estrias, corrente galvânica, escarificação. Abstract: Strech marks are atrophies located in the dermis. Harsh exercises, pregnancy, corticosteroids and genetic predisposition are some factors for its occurrence. They appear mostly in women wich eventually becomes an aesthetic problem, influencing their physical and social well-being. The Galvanic treatment aims to produce a local inflammatory process and then regenerate the tissue. This literature review aimed to analyze and provide the results obtained from the use of galvanic treatment for striae alba. Concluding that treatment with galvanic current has good results, provided that the variables are controlled. Key words: stretch marks, galvanic current, scarification. 1
INTRODUÇÃO As estrias são consideradas algo irreversível, pois, afetam as fibras colágenas e elásticas, as quais não têm o poder de se regenerar. É indicado que elas sejam tratadas em sua fase inicial (estria rubra), onde a cicatrização ainda não se encerrou (ALMEIDA et. al, 2013). A pele estriada apresenta modificações nas fibras colágenas, nos fibroblastos e também na substância fundamental amorfa. As estrias podem variar seu tamanho de um ou mais milímetros de largura. A sua cor, primeiramente é avermelhada (rubra) e vai se tornando esbranquiçada e abrilhantada (nacarada), com o passar do tempo (GUIRRO, 2004). Atualmente, a corrente galvânica é muito utilizada para o tratamento de estrias. Entretanto, é pouco pesquisada, ocasionando a falta de um protocolo adequado para o tratamento (BRAVIM; KIMURA, 2007). A técnica une os benefícios da corrente como, por exemplo, estímulo sensorial, aumento da circulação sanguínea, nutrição da área tratada e aceleração do processo de cicatrização, com os efeitos do processo inflamatório induzido por uma agulha, que é também o meio pelo qual a corrente penetra na pele (OLIVEIRA, 2012). O objetivo desse artigo é revisar bibliografias, para assim, chegar a uma conclusão quanto ao efeito da corrente galvânica em estrias nacaradas. ETIOLOGIA DAS ESTRIAS Devido ao fato de estarem relacionadas com diferentes situações clínicas, existe uma dificuldade em determinar a etiologia exata das estrias (MILANI et al, 2005). Todas são atrofias adquiridas e a causa é multifatorial. Dentre elas há o fator endocrinológico, mecânico e também a predisposição genética (GUIRRO, 2004). Essa atrofia é resultado da ruptura das fibras elásticas da derme, tendo um ou mais milímetros de largura (BRAVIM; KIMURA, 2007). Para Costa (2013), existem três teorias para o aparecimento das estrias. A primeira é a teoria mecânica, em consequência do crescimento rápido as fibras colágenas e elásticas sofrem danos, o que torna as estrias uma sequela. A segunda teoria é a endocrinológica, que justifica o aparecimento das estrias por alterações 2
hormonais, especialmente nos hormônios corticoides. E a terceira é a teoria infecciosa, a qual não possui muitos seguidores. Esta justifica o aparecimento das estrias através de processos infecciosos que provocam danos ás fibras colágenas. Para Milani et. al, (2005), exercícios físicos rigorosos, febre tifóide, hanseníase, gravidez e o crescimento rápido também são considerados fatores importantes para o aparecimento das estrias. Segundo Borges (2010), as estrias surgem com maior frequência na puberdade e principalmente no sexo feminino. Abdômen, quadril, glúteo, região sacrolombar e as mamas, são regiões com maior tendência ao aparecimento de estrias. Bravim e Kimura (2007), relatam um estudo onde indica que as adolescentes são acometidas com 45,5% de incidência, a obesidade com 30,5%, gestantes com 19,5% e pacientes com terapia medicamentosa com 4,5% de acometimento. As estrias são causadas pelo rompimento das fibras que estão presentes na derme, quando a pele não tem a elasticidade suficiente para acompanhar certos processos de transformação do corpo (TABORDA, 2005). Segundo Costa (2013), a derme é constituída de vasos linfáticos e sanguíneos, nervos, fibras colágenas e elásticas, e glândulas. É um tecido muito vascularizado, onde os fibroblastos são responsáveis pela formação das principais células dessa camada, que são as fibras elásticas e colágenas. Muitos autores consideram as estrias, como sequelas irreversíveis. Esta resistência pode ser notada porque há uma diminuição no número e volume dos elementos da pele e o rompimento das fibras elásticas. É possível observar que a epiderme é delgada e há a diminuição da espessura da derme. As fibras colágenas estão separadas e no centro não há muitas dessas fibras se comparadas com as da periferia, que são onduladas e agrupadas (GUIRRO, 2004). Uma análise ultraestrutural feita na área de derme com estria, mostrou que a matriz dérmica estava mais fina e flocular. Os tonofilamentos verticais e as fibras elásticas encontravam-se significativamente reduzidos (MAIO, 2004). Para Taborda (2005), as estrias tendem a ser simétricas e bilaterais. Seu comprimento pode variar de alguns milímetros até 30 cm, e a sua largura de 2mm a 3 cm, e em alguns casos, até 6 cm. 3
O período do aparecimento da estria pode ser caracterizado através da sua cor. A estria rubra (vermelha), que está na fase inicial, apresenta fibroblastos ativos o que evidencia uma ação inflamatória. Após a evolução, as estrias são denominadas albas (nacaradas), apresentando uma coloração clara, diminuição ou ausência de fibras colágenas, perda de tensão e de turgor (REBONATO, et. al, 2012). Segundo Rocha e Mejia (2012), as estrias geralmente não apresentam sintomas, mas alguns pacientes relatam um leve prurido na fase inflamatória. CORRENTE GALVÂNICA É um tratamento que utiliza a corrente contínua, com intensidade reduzida para o nível de microamperes. No entanto, também pode ser usada a corrente contínua pulsada com uma frequência mais elevada. Para tratamento em estrias é comumente encontrado profissionais utilizando de 70 a 100 microamperes. (BORGES, 2010). Conforme Costa (2013), por ser uma corrente contínua e de baixa frequência os seus resultados são obtidos em grande parte por seus efeitos polares nas células do organismo. O equipamento possui dois eletrodos, um passivo (placa) e um ativo especial que consiste de uma fina agulha que fica acoplada em uma caneta com polo negativo (GUIRRO, 2004). Segundo Borges (2010), a agulha deve ser introduzida entre as camadas da epiderme, onde não ocasionará sangramento. Porém, a agulha não deve ser inserida muito superficialmente, pois, não terá o efeito desejado. Porque nesta área, as células já estão totalmente cornificadas. Para Milani et. al, (2005), o estímulo da corrente faz com que o organismo realize um processo de reparação, causando uma inflamação aguda no local que a corrente foi aplicada. Esse processo tende a restabelecer consideravelmente a integridade dos tecidos que foram tratados. Com o estímulo da corrente, o fibroblasto tende a aumentar sua replicação e com isso aumentar a sua produção de fibras e substância fundamental amorfa (ALMEIDA et. al, 2013). 4
Segundo Rocha e Mejia (2012), a corrente tem como objetivo provocar um processo inflamatório agudo no tecido estriado, para causar a regeneração do mesmo. O trauma aumenta a atividade metabólica local, o que leva a formação de tecido colágeno, fazendo com que a área degenerada seja preenchida. Ainda existe uma dificuldade para saber a intensidade, frequência, tipo de estimulo e número de sessões, pois, a falta de estudos e um protocolo adequado dificultam a definição de um tratamento correto (DIAS; GALDINO, 2010). CONTRAINDICAÇÕES Por ser um tratamento invasivo, porém superficial, é necessário perguntar para o paciente se existe a predisposição para o aparecimento de quelóides, onde peles negras e amarelas têm uma maior incidência. O preenchimento da ficha de avaliação é algo imprescindível para a obtenção de bons resultados (GUIRRO, 2004). Segundo Borges (2010), a terapia não deve ser aplicada: em pacientes que apresentarem níveis altos de glicocorticoides, endógenos ou exógenos; durante a gravidez ou até que os níveis hormonais voltem aos seus níveis anteriores; durante a puberdade, por ser um período de grandes alterações hormonais, os quais, alguns autores consideram ser um dos fatores de aparecimento das estrias; estimulação sobre feridas recentes ou com o processo inflamatório ainda ativo; pacientes com alergia ou irritação à corrente. Pois, podem ter a técnica dificultada ou impedida; é proibida à exposição ao sol durante o processo inflamatório, pois pode causar alterações discrômicas na pele. Para Bravim e Kimura (2007), pacientes portadores de diabetes, hemofilia, vitiligo, síndrome de Cushing e que façam uso de esteroides ou corticosteroides, também são contraindicados para realizar o tratamento. METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa bibliográfica com publicações entre os anos de 2004 a 2013 por meio de livros contidos no acervo da Universidade Tuiuti do Paraná e do site do Google Scholar para consulta de sua base de dados. 5
DISCUSSÃO As estrias são um desequilíbrio elástico localizado, caracterizados por atrofias cutâneas lineares formadas através da tensão do tecido tegumentar que provoca uma lesão do conectivo dérmico, o que ocasiona uma dilaceração das fibras colágenas e elásticas (REBONATO et. al, 2012) Em estudos nos tecidos estriados, foram observadas a redução da expressão genética para formar colágeno I e III, fibronectinas, elastina e β-actina, o que não acontece em um tecido normal, indicando uma alteração do metabolismo dos fibroblastos que estão presentes nas estrias (MAIO, 2004). Segundo Guirro (2004), o tratamento tem uma grande eficácia, desde que as variáveis sejam controladas. O número de sessões deve variar de acordo com a cor da pele, idade e tamanho das estrias. Tendo assim, uma variação do resultado final como em qualquer outro tratamento. Dias e Galdino (2010), analisaram os resultados obtidos com sua pesquisa e concluíram que o aparelho utilizado como recurso de tratamento para estria foi eficaz após 10 sessões de terapia. Com o resultado, comprovaram que a corrente microgalvânica é realmente eficaz no tratamento de estrias e que proporcionou um bom aspecto na pele tratada. Para Rebonato et. al (2012), após o tratamento com a corrente, observou-se a melhora da estria tanto em sua cor, que passou a ser de um tonalidade próxima da pele normal, como em sua espessura e comprimento. Segundo Bravim e Kimura (2007), estudos mostram a eficácia da aplicação subcutânea da corrente galvânica em estrias. Onde, após a realização do estímulo elétrico, ocorre um aumento no número de fibroblastos jovens, uma neovascularização e a recuperação das funções inerentes da pele, ocorre também o retorno da sensibilidade dolorosa após algumas sessões, o aspecto da pele mais próximo ao normal e algum tipo de reorganização das fibras colágenas. Observa-se também que a epiderme fica mais espessa. Em análise realizada, Costa (2013), relaciona diretamente o número de sessões com os resultados encontrados. Segundo o autor, se o número de sessões for maior, o resultado obtido será mais satisfatório. Dias e Galdino (2010) e Costa (2013) concordam e destacam que há uma falta de estudos em relação aos protocolos de tratamentos de estrias nacaradas que 6
prezem pelo número correto e necessário de sessões para atenuar as mesmas. O que acaba dificultando a criação de um tratamento adequado. CONSIDERAÇÕES FINAIS As estrias são irreversíveis, o que as torna um problema estético que afeta principalmente as mulheres. Elas podem prejudicar o bem-estar físico e psicossocial da pessoa acometida. Puberdade, gravidez e genética são alguns dos fatores de seu aparecimento. O uso de corrente galvânica em protocolos de tratamento de estrias é algo muito utilizado, pois, o tratamento não é invasivo, é de fácil aplicação e tem resultados satisfatórios. Mas, ainda há uma falta de estudos sobre o efeito da corrente em estrias nacaradas, indicando o número exato de sessões e microamperes que devem ser utilizados. O que muitas vezes, torna-se difícil a criação de um protocolo adequado para tratá-las. Aos tecnólogos em estética e outros profissionais de saúde, compete uma correta avaliação, levando-se em conta o desejo, a expectativa e a necessidade de cada paciente, empenhando-se na busca de um tratamento correto e auxiliando-o no que for preciso, visando o bem estar, o aumento da autoestima e a melhora física do mesmo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALMEIDA, O. C., Ana Luiza; OLIVEIRA, F. C., Núbia; TORRES, M. D., Rosa; Estudo comparativo do tratamento de estrias atróficas com microcorrente galvânica utilizando as técnicas de escarificação e punturação. Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, Belo Horizonte-MG, 2013. 2. BORGES, FÁBIO dos S. Dermato-funcional: Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas, 2ª edição. Editora Phorte, 2010. 3. BRAVIM, R. M, ALYA; KIMURA, M., EDUARDO; O uso da eletroacupuntura nas estrias atróficas: Uma revisão bibliográfica. Faculda de Educação, Ciência e Saúde- UNISAÚDE, Brasília, 2007. 7
4. COSTA, L. Gustavo; Tratramente estético da estria Alba através da microgalvanopuntura: Revisão de literatura. Centro Universitário de Formiga (UNIFOR-MG), Formiga-MG, 2013. 5. DIAS, M., Karla; GALDINO, G., P., Ana; Análise comparativa do efeito da corrente microgalvânica: Estudo de casa no tratamento de estrias. R Revista Eletrônica: Saúde CESUC, nº 1, 2010. 6. GUIRRO, ELAINE; GUIRRO, RINALDO. Fisioterapia Dermato- Funcional, 3ª edição. Editora Manole, 2004. 7. MAIO, Maurício; Tratamento de Medicina Estética, 2ª edição. Editora Roca, 2004. 8. MILANI, G. B; JOÃO, S. M. A; FARAH, E. A; Fundamentos da fisioterapia dermato-funcional: revisão de literatura. Fisioterapia e Pesquisa, 2006. 9. OLIVEIRA, L., Elisabete; Efeito da microcorrente galvânica na epiderme e na vascularização de pele com estrias albas. Relato de caso. 10ª Mostra Acadêmica UNIMEP- 10ª Congresso de Pósgraduação, 2012. Acesso em: 18 mai. 2014. 10. REBONATO, A. Thaiza; DEON, C. Keila; FORNAZARI, P. Lorena; BARP, Simone; Aplicação de microgalvanopuntura em estrias cutâneas albas. Revista Inspirar- Movimento e saúde, volume 4, nº 6, Edição 21, 2012. 11. ROCHA, S., C., Karla; MEJIA, M., P., Dayana; Uso da corrente galvânica no tratamento das estrias atróficas: Uma revisão bibliográfica. Pós-graduação em Fisioterapia dermato- funcional- Faculdade Ávila, 2012. 12. TABORDA, S., Jennifer; Tratamento de estrias com corrente galvânica associado ao uso diário dos ácidos retinóico e glicólico. Faculda Assis Gurgacz, Cascavel, 2005. 8